Capítulo 31

Point of view — Any Gabrielly

Procurando se divertir essa noite, as dúvidas rondam sua mente. Ele está esperando, se escondendo atrás de um cigarro.

É divertido ver Noah nervoso por causa de uma pessoa, ainda mais quando essa pessoa tem somente cinco anos. Noah que é sempre tão seguro de si, que nunca teme nada e nem ninguém tem seu calcanhar de Aquiles. Seguro a vontade de rir ao vê-lo andar de um lado para o outro no aeroporto e volto a prestar atenção no aparelho novo do celular que adquiri a poucos minutos.

Observo os aplicativos que necessito sendo feitos em downloads simultâneos, enquanto beberico meu refrigerante cherry coke extremamente gelado.

— Ela está demorando, não está? — Noah se senta ao meu lado e acende um cigarro preto, ele decidiu usar o mentolado por um tempo por causa da Ariel, Noah não quer que a irmã sinta o odor forte e característico do cigarro em seu corpo e boca durante os três dias.

Olho em meu pulso e constato que ainda faltam três minutos para que o avião pouse além da possibilidade de ocorrer atraso, o que seria natural.

— Fique calmo, caipira, daqui a pouquinho a pequena Ariel vai chegar, ok?

Sorrio pequeno para ele e lhe dou dois tapinhas em seu joelho , ele apenas confirma com um leve aceno de cabeça e volta a fumar seu cigarro sem se importar com o fato de estarmos na área de não fumantes, o problema é dele se quer levar puxão de orelha.

Cruzo minhas pernas desnudas devido eu ter decidido colocar um vestido simples amarelo com sandália de tiras finas preta, sorrio feliz por ver minhas pernas completamente lisas pela depilação que resolvi fazer essa manhã, não só minhas pernas passaram pela remoção de pelos, como também resolvi limpar minha virilha, meus braços e axilas. Aproveitando que estava no salão, resolvi fazer manicure e pedicure e para finalizar fiz uma hidratação em meus cabelos.

Assim que acordei esta manhã, decidi que homem nenhum faria com que eu deixasse de cuidar do meu exterior, eu sempre gostei de me cuidar assim, sempre me sinto melhor quando estou com sobrancelha, depilação e unhas em dia. Não que uma mulher precise dessas coisas para ser linda, mas faço porque eu gosto e, posso fazer com o meu corpo o que eu quiser. Já do meu interior vou cuidar dia após dia, minha libertação refletirá em meu rosto.

— Eles chegaram. — Noah levanta com rapidez jogando o cotoco do cigarro no chão e pisando em seguida, olho para o portão de desembarque e lá está Ariel com uma pequena mochila rosa nas costas e o motorista da família logo atrás com uma pequena mala também rosa e uma mochila preta nas costas.

Quando Wendy ligou para Noah, ela disse que Maciel viria com a pequena e ficaria com a família dele durante esses dias e que Ariel voltaria com o empregado da família, Noah concordou prontamente, pois não queria ir até Stratford e muito menos receber sua mãe na cidade, e já que Maciel era de extrema confiança foi fácil a negociação entre eles.

A pequena menina corre quando vê o irmão e o mesmo se abaixa para receber o baque suave de Ariel. O abraço é singelo e gargalhadas fininhas são ouvidas por mim, fazendo com que eu sorria junto.

Eu sempre amei e sempre vou amar a inocência de uma criança.

— Como vai senhora Urrea?— ainda é estranho ouvir esse sobrenome, mas sei que na casa do caipira todos acreditam no casamento.

Faço uma careta, pois aquilo jamais será um casamento, eu não sei nem como ocorreu, mas a ideia de estar casada hoje já não me aterroriza tanto como nos primeiros dias depois da descoberta.

— Boa tarde! E me chame somente de Any, ok? — O motorista sorri e sei que ele não vai me chamar como quero, ele é formal demais.

— Princesa Any. — dois bracinhos agarram minha coxa direita, curvo-me um pouco e pego a pequena Ariel no colo, lhe dando inúmeros beijos no rosto, enquanto a pequena agarra meu pescoço.

— Vamos nos divertir muito. Eu e o seu Nono vamos te mimar tanto.— Seus dentinhos pequeninos aparecem com o sorriso grande que Ariel me lança. Ela começa a me contar como foi a viagem até aqui e todas as recomendações que sua mãe passou, diz ter um segredo e que não pode contar de jeito nenhum para o Nono.

Noah combina a entrega da irmã com o senhor de quarenta anos e o mesmo vai de encontro ao irmão que acabara de chegar.

— Que tal irmos a uma pizzaria? — Noah pega a menina do meu colo e eu olho para ele estarrecida depois que percebo que Ariel adorou a idéia de comer pizza durante a tarde.

Não que eu seja contra uma pizza, até acho que pizza poderia ser considerada a oitava maravilha do mundo. Mas acho que jamais deve substituir uma refeição.

— Você não está pensando que vai encher a menina de porcaria durante esses três dias, né? — ele só pode estar louco se pensa que eu permitiria algo assim. — Vocês tem a mim e irão comer a melhor comida do mundo todinho.

— Mas pizza é muito mais gostoso, tia.— Ariel tenta argumentar e eu me atento a palavra tia, a mesma me enche de alegria, contudo não deixarei que a menina me compre com carinhos.

— Hoje podemos comer pizza, mas nos outros dias você será minha ajudante na cozinha, combinado?!

Estico minha mão e Ariel imediatamente aperta a mesma exalando alegria.

— Então vamos logo pois eu estou com fome.— Noah coloca Ariel no chão, seguro sua mão imediatamente devido a  superlotação no aeroporto. Noah carrega a mala depois que pega um cigarro preto de seu maço e vamos em direção ao meu carro que está bem perto.

(...)

Levo o garfo à boca assim que corto um pedaço da pizza de calabresa, Noah brinca com a irmã de: quem come mais, pois a menina comeu muito pouco e foi a forma que ele encontrou para fazê-la comer.

— Eu tenho um segredo, Nono, e eu não posso te contar. — Ariel fala depois que coloca um pedacinho de bacon na boca com seus dedos gordinhos. Seguro a risada. É engraçado confiar segredo a uma criança, elas não sabem mesmo guardar.

— Qual segredo, princesa? — Noah questiona realmente interessado. Pego meu celular depois que o mesmo vibra em cima da mesa, respondo imediatamente a mensagem feliz por termos encontrado a solução para minha festa de vinte e um anos.

O tema se encaixou melhor do que nunca a realidade da minha vida agora.
E minha promoter conseguiu não fugir tanto do que planejei desde o início e tudo que eu já comprei não será perdido.

Bendita seja Cristina!

Olho para os irmãos e vejo Noah tentando convencer a menor a contar do que se trata.

— Se é segredo eu não posso contar, Nono. — meu sorriso é amplo com a resposta, essa é com certeza uma Urrea nata.

— Eu te dou dez dólares se me falar do que se trata.

Agora sim eu gargalho ao ver Noah tentar comprar a menina, devido a sua enorme curiosidade.

— A mamãe me deu vinte para eu não falar nada a você, ela disse que você poderia ficar muito bravo, por isso não posso contar.

A coca cola gelada que estou tomando parece chegar ao meu cérebro quando engasgo com a mesma. Agora sim os olhos do Noah irradiam raiva com o que escuta. Eu ainda não consigo entender cem por cento o que ele tem contra sua família.

— Prometemos nunca ter segredos um com o outro lembra?

Ariel assente depois de ouvir seu irmão com atenção.

— Mamãe pediu que eu contasse tudo sobre o lugar que você mora, pois ela disse que você não deixa ela vir.

Noah relaxa completamente sobre sua cadeira e é nítido que ele está aliviado.

— Ok, eu te dou quarenta dólares para não falar nada, você vai falar apenas o que eu mandar.

Ariel aperta a mão do irmão, feliz, mostrando o pequeno sorriso com alguns dentinhos pontiagudos o que a deixa ainda mais adorável.

Eu preciso mudar isso, Noah não pode continuar evitando a mãe, é notório que a mulher baixinha de olhos verdes sofre com o comportamento do filho.

Noah pega o celular quando o mesmo vibra e então olha um pouco chateado para a irmã.

— Eu quero mesmo ficar com você, eu só preciso ir rapidinho até a oficina e volto.

Noah avisa a irmã que o entende perfeitamente, me surpreendo por uma criança aceitar tão facilmente, contudo recordo-me que ela é filha de Marco Urrea deve entender a vida complicada de um adulto que trabalha.

Noah deixa o dinheiro em cima da mesa e saímos da pizzaria do Gabriel, a pizzaria que encontramos perto do aeroporto.

O caminho de volta é todo silencioso, Noah está concentrado no volante, Ariel pegou no sono no banco de trás e eu apenas me concentro nas músicas que tocam no rádio em um tom baixo e calmo.

Depois de exatos quarenta e cinco minutos e exatas doze músicas, Noah estaciona em frente ao trailer, ele pega sua irmã no colo e a coloca em sua cama ainda adormecida.

— Você poderia por favor apenas correr um olho nela, prometo não demorar.

Noah aproxima de mim falando baixinho, enquanto olha a loirinha dormindo.

— Pode ir tranquilo, caipira. Ela ficará bem, eu cuidarei dela.

Ele assente e pega o capacete que estava até então no chão em um canto do quarto.

— Vou indo nessa, obrigado pela ajuda, bonequinha de plástico.

Noah olha dentro dos meus olhos e então ele se vira um pouco hesitante, ele está evitando sair do quarto, é como se não quisesse sair daqui.

Eu até consigo entender, sua irmã está aqui pela primeira vez e cada minuto desses três dias são cruciais para esse passeio ser perfeito.

Mas então por que ele me olha assim? Por que ele está focado em mim? Ele não para de me olhar e eu me sinto um pouco acuada por não saber o que se passa em sua mente.

Noah se vira e finalmente começa ir em direção à porta do nosso quarto, mas a voz fininha interrompe sua pequena caminhada, tirando minha atenção das costas largas do caipira.

Olhamos para menina que está sentada na cama observando nós dois com os olhos curiosos e infantis.

— Você não vai dar um beijo na tia Any, Nono? O papai sempre beija a mamãe antes de sair!

Noah me olha e vem até mim com dois passos largos.

— Claro que eu vou, princesinha.

Então sua mão vai de encontro a minha cintura fazendo com que meu corpo esbarre em seu peito duro e sua boca encontra a minha, o beijo é rápido, apenas um selinho, mas ele faz com vontade e pressão, deixando-me entender que ele queria aquilo.

— Tchau, bonequinha de plástico. — Seus olhos verdes estão dentro dos meus castanhos. Sua voz é baixa e rouca.

— Tchau, Noah.

Apenas um sussurro sai de meus lábios, eu estou atônita com todo poder que ele exala. Noah tem um magnetismo que nunca percebi e cada vez mais estou sendo arrastada para essa força que ele tem, sem ao menos perceber e entender como isso está acontecendo.

Quando fico a sós com Ariel, sento-me na cama ainda assustada, olhando a loirinha revirar sua mochila rosa com certa pressa.

— O que tanto procura, Ariel? — Ela para de procurar e me olha com os olhos cheios de lágrimas.

— Acho que esqueci meu caderno de desenhos no avião, e eu gosto muito deles.

Agora sim as lágrimas descem pelo seu rosto redondo igual ao biscoito Trakinas. A pego em meu colo e aperto seu corpo ao meu.

— Eu sei que é muito triste perder aquilo que você fez com tanto amor, mas vamos tentar recuperar, ok? — A pequena assente secando as lágrimas que partem meu coração, eu vou ser uma mãe muito mole. — Mas enquanto não conseguimos recuperar, que tal comprarmos um caderno novo e você desenhar seus dias comigo e o Noah.

Ariel pula do meu colo e seus olhos brilham.

— Eu vou desenhar no caderno do Nono, seu caderno roxo é que tem os desenhos mais lindos. Ele me mostrou uma vez, e é nele que vou desenhar. Ele guarda os cadernos como esconde lá em casa?

Agora sim eu não entendo, nunca vi Noah desenhar, desde do episódio na casa de seus pais, nunca mais voltamos ao assunto e jamais imaginaria que ele tivesse mais de um caderno, muito menos que os escondia.

— Me ajuda a levantar o colchão, Tia.

Ariel está na ponta da cama e tenta puxar o colchão, me aproximo da mesma e com facilidade o levanto  vendo três cadernos ali. Um vermelho, roxo e preto.

Como isso é sequer possível? Eu jamais suspeitaria disso.

Ariel pega os três cadernos e eu coloco o colchão no lugar. Ariel senta no tapete preto feliz e começa a folhear o caderno vermelho, por curiosidade pego o preto e começo a ver as belas paisagens e jardins.

Ele tem muito talento, é como se as imagens fossem reais. Passo meus dedos no lírio e suspiro, é incrível o que meus olhos vêem.

Quantas facetas ele tem mais?

— Tia, esse são os desenhos mais lindos olha, senta aqui comigo.

Me sento ao lado de Ariel e meus olhos quase saltam do rosto devido ao espanto que senti quando vi o primeiro desenho do caderno roxo.

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