Capítulo 16

Point of view - Any Gabrielly

Coço meus olhos totalmente preguiçosa, os dois edredons cumpre a função em me manter bem aquecida e também me deixam com aquele desejo de permanecer mais cinco minutos cada vez que o celular desperta.

Abraço meu corpo sentindo a textura do pijama de inverno aquecendo ainda mais meu corpo.

O silêncio faz com que o sono ainda presente em meu corpo ganhe essa briga entre levantar ou permanecer na cama.

Eu sei que deveria estar preocupada como o caipira vai sair da delegacia, entretanto não vou mentir em dizer que me preocupo, pois essa seria a maior mentira da minha vida.

Eu estou sentindo-me vingada, ele fez tantas coisas ruins para mim nos últimos dias que o que eu fiz é pouco.

Afinal, não fui eu que mandei ele se meter em uma briga e me tratar como merda quando tentei ajudá-lo.

Não é minha obrigação ir até onde ele está para salvá-lo como se fosse uma donzela em perigo, a única coisa que posso fazer é que se nas próximas horas da manhã se ele não der sinal de vida é contar a sua mãe o que houve noite passada para então ela pagar a fiança e pronto.

Todos ficamos felizes.

A mensagem que li ontem a noite no celular do Noah me deixa perturbada novamente, lembro-me de ter lido e relido incontáveis vezes.

Li tantas vezes que eu decorei todo o conteúdo da mensagem.

Eu não sei o porquê, mas quando o celular de Noah vibrou pela segunda vez e eu pensei ser a tal Callie, peguei o celular pronta para desligar totalmente o aparelho, porém reconheci o número da minha melhor amiga e eu quis ler o conteúdo.

Fiquei com tanta raiva do que li que apaguei a mensagem, não me arrependo por ter apagado. Ela está me usando para ficar com um cara que de repente passou agradá-la por que ela descobriu por mim que ele tem dinheiro.

Repito mais uma vez a mensagem em minha mente para saber se eu estou sendo dramática em não conseguir ignorar a mensagem.

"Quando chegar em San Diego me procure, com certeza você deve estar cansado de ficar ao lado da bonequinha de plástico e precisa tirar todo estresse e eu posso ajudar com isso" Blair."

Meu celular toca pela terceira vez em menos de cinco minutos, o mesmo que me acordou antes das nove da manhã, eu ainda não entendo o porquê de eu estar tão chateada com a Blair, eu sei que a mensagem idiota foi para se aproximar do caipira, porém me irrita a forma como ela está me usando.

Isso é o que uma amiga faz? Eu realmente não sei! Eu não sei se estou sendo paranoica ou agindo impulsivamente em pensar que eu não agiria assim se estivesse tentando pegar um cara.

Eu acho que jamais a usaria como "isca" para aproximar-me de um homem que supostamente eu estivesse afim, achei sua atitude muito inconveniente e por isso não quero conversa com ela por agora.

Quando o celular cessa o toque irritante, eu desligo totalmente o aparelho, nada como a desculpa que descarregou completamente. Sinto que tudo está errado em minha vida.

Hoje eu pretendia conversar com o Benjamin e marcar um encontro para amanhã, mas quer saber? Nem com saco pra isso eu estou.

Eu o amo demais, mas de uns meses para cá, estou percebendo que nosso relacionamento está sendo unilateral, um pensamento que a todo custo venho reprimindo por doer ao imaginar que só eu estou disposta a fazer qualquer coisa para nosso namoro funcionar.

Benjamin sempre foi um amor comigo, porém eu sempre senti que tem algo errado ou faltando, mas sei que pode ser coisa de minha cabeça, pois quando estou com ele, vejo em seu olhar doçura, eu não posso obrigá-lo a contar coisas de sua família, sei que ele não se sente à vontade para isso.

Outra questão que vem me atormentando também é que depois do fatídico dia em que amanheci casada com o Urrea, meu Ben se tornou um homem frio, distante e o pior de tudo, ele se tornou possessivo.

Sei que ele teme me perder, mas isso jamais irá acontecer, enquanto eu tiver o amor dele nada no mundo fará com que eu desista de nós.

Um sorriso nasce em meu rosto quando lembro que Noah me prometeu que assim que voltarmos para casa, ele faria de tudo para que esse castigo absurdo do meu pai chegasse ao fim e então sei que tudo voltará a sua normalidade.

Eu e Benjamin tornaremos o casal cobiçado da faculdade como sempre.

Minha festa será preparada e todos esperaram por um convite meu.

E finalmente poderei trancar a faculdade de Relações Públicas e começarei a de Gastronomia.

Só de ter tais pensamentos o ânimo em levantar e encarar esse dia aparece. Não adianta eu me afundar em pensamentos, a vida só muda quando paramos de pensar e mudamos o pensar para o agir.

A porta bate com força na parede quando tiro o edredom do meu corpo, levo a mão ao coração assustada e depois que consigo ver de quem se trata, não consigo evitar um sorriso filho da puta em meu rosto.

- Conseguiu voltar para casa? Pensei que teria que contar para a sua mamãe como o filho dela se porta como um ogro.

Calço minhas pantufas com maior paciência, mas antes que eu possa conseguir, meu corpo é segurado com força, suas mãos estão em meus braços, olho o rosto impassível do Noah e posso ver sangue em seus olhos, ele está puto, não, ele está muito puto.

- Dessa vez você passou de todos os limites, Any. Como me deixou passar a noite naquele lugar? Porra, por acaso você enlouqueceu? - Ele praticamente grita contra meu rosto, eu quase me encolho por medo, entretanto mantenho minha coluna o mais ereta possível. - Eu quero matar você, por que fez essa merda? - ainda sem soltar-me ele me pergunta, solto um sorriso debochado ao ouvir sua pergunta tosca. Consigo soltar meus braços e então olho dentro dos seus olhos.

- Porque você mereceu, e porque estava cansada de olhar para sua cara, eu quis tirar uma folga de você e dormir como um anjo, simples assim.

Faço um gesto banal com a mão esquerda vendo a incredulidade em seu rosto. Ele demonstra raiva, então fecha os olhos e parece contar de um a dez mentalmente e quando o verde de seus olhos se encontram com os meus castanhos, eu vejo o quão frio e distante estão.

- Você é tão patética, não sei como me meti nessa enrascada de me casar com você. - ele estala a língua no céu da boca, ele faz isso toda vez que quer ser irônico ou mostrar que não se importa com algo ou alguém. - Você tenta ser um mulherão, mas suas atitudes são de uma adolescente com auto estima baixa e que precisa chamar atenção para se sentir bem consigo mesma.

Sua voz sai ríspida, eu olho dentro dos seus olhos sem demonstrar fraqueza.

- Não perguntei sua opinião sobre mim, caipira. Ela não vai mudar ou acrescentar nada em minha vida. Sabe o que é estranho? Você vive dizendo que não me suporta, que sou mimada e muito fútil, mas mesmo assim está sempre por perto.

Ele rir anasalado como se eu tivesse dito a coisa mais idiota do mundo a ele.

- Está achando que eu quero ficar perto de você? Me poupe, Any. Pensei que fosse mais inteligente, vejo que me enganei.

Nós dois a cada minuto que se passa ficamos mais irritados, coisa que eu não lembro se aconteceu algum dia. Sinto que estou pisando em um campo minado, mas está na hora de pôr as cartas na mesa, não quero continuar sendo alvo de sua raiva sem ao menos saber o motivo.

- Você me irrita, eu vou fumar. - Ele tenta sair do quarto, entretanto antes que ele consiga suprir sua necessidade de sair de perto de mim eu seguro sua blusa cinza.

- Porque você começou a implicar comigo e sempre fazer questão em demonstrar seu ódio e descontentamento por mim? Não que eu me preocupe, claro. - Agora sim, eu pareço o surpreender, ele não esperava por isso. - Eu entendo que certas pessoas não nos descem e isso aconteceu entre a gente, mas... porque você distribui tanto ódio gratuito? Eu não lembro de fazer algo contra você.

Falo o que me incomoda a meses, e quando o vejo trocar o peso da perna para a outra, sei perfeitamente que o peguei desprevenido.

- Que? Você bebeu, porra? - Ele tenta sair do quarto, mas eu não solto sua blusa, ele olha meus dedos enrolados em sua blusa e depois olha em meu rosto - Me solta, Any.

- Não, eu quero saber, você sempre me critica, sempre aponta defeitos em mim, mas mesmo assim sempre estar por perto. O que faz você agir assim?

Sem que eu perceba, estou quase gritando, eu jamais me importei por ele ser assim, sua presença sempre foi irrelevante, mas depois desses sete dias "casada" com ele, a cada dia me pergunto com mais frequência o porquê dele sempre implicar comigo, sendo que nossa roda de amigos tem mais cinco pessoas. E tem a mensagem da Blair, ela usou a raiva dele por mim para se aproximar e isso está me incomodando mais do que eu percebi.

- Porque não pode me deixar em paz? Por acaso você é algum tipo de sadomasoquista ou obsessivo? O que eu te fiz, Noah?

- Dá pra calar a boca? Sua voz me irrita. - Ele segura minhas mãos e as puxa com força, mesmo assim, eu percebo que ele toma cuidado para não me machucar. - Eu vou sair, preciso resolver uns lances, qualquer coisa é melhor que ficar ao seu lado.

- Eu odeio você, você sempre quer provar sua raiva por mim, o que eu te fiz, caralho?

Antes que eu perceba, estou batendo em seu peito, esse ódio todo dele está me deixando paranoica, eu quero que isso acabe, eu quero poder voltar minha vida antiga e parte da desgraça que está minha vida é culpa dele.

Arregalo meus olhos quando ele segura meu quadril e empurra meu corpo contra parede atrás de mim, ele pressiona seu corpo ao meu e me olha com raiva e algo que não sei identificar por eu nunca ter recibo esse olhar dele.

- Quer mesmo saber? Me irrita o fato que você seja uma irritante de merda, que faz somente as escolhas erradas e não enxerga um palmo à sua frente e eu ainda te achar gostosa pra caralho.

Meus lábios se partem quando abro minha boca em completo choque, eu jamais pensei em ouvir isso. Noah me olha dentro dos olhos e então uma de suas mãos agarra meu quadril, enquanto a outra ele apoia na parede atrás da minha cabeça.

- Você me leva ao extremo da raiva e do desejo e isso me tira do sério, eu tenho vontade de socar meio mundo por isso. Quer saber? Foda-se.

Meus olhos se arregalam o máximo que podem que chegam a doer quando seus lábios se chocam contra os meus.

Meu coração acelera, minhas mãos soam, eu continuo imóvel em choque total, não consigo evitar em ficar petrificada, isso deve ser um maldito sonho.

Ele está mesmo tentando me beijar? Fecho meus olhos quando sua língua umedece meu lábio inferior.

- Eu sinto que você quer também, Any. Mas só não percebeu por deixar seu ódio por mim falar mais alto, assim como eu faço, seu corpo quer tanto isso assim como o meu quer.

Sua voz sai baixa e rouca, eu estou confusa, metade de mim quer beijá-lo e outra metade quer empurrar essa parede que é seu peitoral.

Meu. Deus. Do. Céu.

É o pensamento que passa em minha quando sua mão aperta meu quadril, ele tem pegada, eu não sei o que acontece comigo, mas eu retribuo o beijo, sentindo em seguida ele relaxar a mão que estava na parede e levá-la até minha nuca, puxando os fios de cabelos curto que ficam naquela região, causando-me arrepios.

Seu beijo é bruto e gentil, selvagem e calmo. Eu fico confusa com tanta informação, porém acho que sei o que está acontecendo.

Nós dois estamos nos beijando como se quisesse e não quisesse tal ato.

Eu estou beijando o Noah? Eu namoro então por que estou fazendo isso?

Empurro seu corpo quando percebo o que estou fazendo, Noah me olha surpreso, em um ato desesperado levanto minha mão direita e acerto a maçã de seu rosto, meu peito sobe e desce com raiva e culpa. Isso não deveria ter acontecido.

- Você não devia ter feito isso. - Falo com raiva vendo local do tapa ganhar uma coloração vermelha, e por ele ser tão branquinho parece mais um rosado, pois meu tapa não foi tão forte como eu queria.

Ele me olha chocado e então sem falar nada ele sai do quarto, ainda atônita e com meus batimentos cardíacos descontrolados sento-me no chão frio.

- O que acabou de acontecer aqui?

Me pergunto olhando a porta bater contra o batente deixando-me sozinha no gritante e silencioso quarto.

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