Capítulo 15
Point of view - Any Gabrielly
- Me solta, seu idiota - reclamo irritada por Noah segurar minha mão esquerda com força enquanto me puxa em direção ao seu carro estacionado do outro lado da rua.
Por mais que eu tente soltar-me parece impossível. - O que deu em você? Porque voltar a se portar como um caipira? - Grito em alto em bom som, finalmente conseguindo sua atenção.
Ele leva a mão ao rosto e depois ao cabelo os puxando, algo que percebi que ele faz quando está nervoso e quer buscar um pouco de paciência.
- Porque saiu daquele jeito? - fecho meus olhos e solto o ar pela boca, eu vou me odiar por admitir isso, mas ele precisa saber. - Estávamos nos divertindo, essa é a primeira vez que não discutimos em tanto tempo e você faz isso? Poxa, Noah. Vamos voltar lá dentro, por incrível que pareça eu quero passar mais tempo com você.
Surpreendo tanto a mim quanto a ele com minha revelação, contudo não posso agir como uma vaca mimada, realmente estava sendo uma noite agradável.
- Vamos para outro lugar, então. - sua voz sai mansa, porém confiante. Mais uma surpresa nesta noite, ele umedece os lábios e parece estar surpreso como eu. Nunca conseguimos falar palavras suaves um com o outro e isso é surpreendente.
Eu assinto ainda embaraçada com a intensidade de seu olhar, eu nunca tinha o visto assim: calmo, sabendo ouvir e acima de tudo, me olhar com um certo... carinho? Não sei dizer ao certo.
Não sei se estou sendo paranóica, mas toda vez que eu o pegava me encarando eu percebia deboche, nojo, irritação, curiosidade e algumas vezes com ódio.
E hoje, seus olhos estão doces, a luz do poste os deixam mais dourados. Porque isso agora? Eu namoro e ele sabe disso, e uma noite de tranquilidade entre nós não significa nada, sei que amanhã ou provavelmente em algumas horas vamos estar insultando um ao outro novamente.
Possa ser que ele esteja tentando compensar a maldade de mais cedo, ao me chamar de desnecessária. Isso, é exatamente isso que está acontecendo, ele quer se remediar, entretanto é algo que jamais irei esquecer e a primeira oportunidade que tiver vou me vingar.
- Any - Noah dá um passo para frente e sem que eu perceba dou outro para trás, não sei se o chopp que ele tomou uma hora atrás subiu para o seu cérebro, vai saber o que ele pensa em fazer. Posso ver um sorriso sacana nascer em seu rosto - não precisa ter medo, bonequinha de plástico, eu não vou agarrar você, já te disse mil vezes, que você não me atrai. Vamos.
Sorrio aliviada, não acredito que cheguei a cogitar a possibilidade do caipira tentar algo comigo.
Deus me livre! Eu faria um escândalo no meio da rua.
- Vamos.
Agora por vontade própria ponho-me caminhar ao seu lado, ele sorrir para si discretamente e coloca as mãos no bolso do seu jeans, falta apenas alguns passos para que possamos entrar dentro do seu carro e livrarmos desse frio.
- Porque saiu daquela forma? Digo, aquele tal de Alex ficou surpreso com a notícia que está casado, inclusive a ruiva ao seu lado.
Ele solta um risinho baixo percebendo que fui perspicaz com o que aconteceu lá dentro.
- Nada demais, digamos que os irmãos Patterson e eu temos assuntos pendentes.
Ele fala simples, não esperava que o casal dentro do bar fosse irmãos, será que Noah quebrou o coração da menina ruiva? Mas porque ele apenas me apresentou como sua esposa e saiu sem ao menos dizer nada e me levando junto, deixando os irmãos com cara de tacho?
Eu não consigo entender esse homem, quando penso que ele não pode despertar em mim a maldita curiosidade ele me parece com uma nova incógnita.
- Urrea - Noah que até então se preparava para destravar seu carro olha para trás e não parece nada contente ao ver Alex vir em sua direção a passos rápidos.
- O que você quer, Alex?- Noah encosta seu corpo na lataria preta do seu cerato e cruza seus braços, porém seu maxilar está travado. A menina que ainda não sei o nome vem correndo tentando se equilibrar no salto enquanto chama pelo irmão despreparada.
- O que eu quero? Você não se acha demais não, Urrea? Como pode dizer tão tranquilamente que está casado? Por acaso enlouqueceu?
Dou um passo para trás assustada quando Alex se aproxima de Noah e o peita, deixando em evidência a diferença de tamanhos entre eles. Noah não se intimida pelo ao contrário, ele se desencosta do carro e empurra o corpo do Alex para trás.
- Não precisa ficar tão perto, eu escuto com as orelhas.
Levo as mãos a boca chocada, ele está nitidamente usando seu sarcasmo, esse cara vai matar o Noah e eu vou ter que servir de testemunha. Puta que me pariu, eu só posso ter sido uma vadia em alguma vida passada e estou pagando agora por isso, pois não tem cabimento.
- Alex, vamos embora, por favor. - A menina agarra a mão do mais alto e quase chora, ela olha pra mim de relance e depois para o Noah. - Deixa isso para lá, não vale a pena.
Sinto-me incomodada depois que mais uma vez ela me olha, eu não sei o que está acontecendo aqui, entretanto não estou gostando do que meus olhos presenciam.
- Claro que vale a pena, Emily. Ele está fazendo todos nós de trouxa.
Alex puxa sua mão com uma certa brutalidade, sua irmã se afasta e suspira.
- Papai vai matar você e depois a mim. - Ela fala cansada e volta encarar-me seus olhos verdes como do irmão me analisa, tenho vontade de perguntar o que ela perdeu em mim, entretanto contenho-me e apenas coloco a expressão de não estou nem aí para você e volto encarar os dois machos alfa a minha frente.
- Sua família tinha um acordo com a minha, Urrea, e você me aparece casado com uma qualquer faltando apenas alguns meses para o casamento.
Imediatamente a fala de Wendy vem em minha mente.
"Marco tinha planos para o Noah."
Começo somar dois mais dois e o resultado é simplesmente fácil, um casamento por conveniência, Noah me usou como um escudo para não se casar com essa garota.
Escuto Emily soltar um grito assustada e sei exatamente o por que e fico igualmente assustada. Noah agora segura Alex pelo colarinho da camisa preta bem passada.
- Não se atreva a chamar minha mulher de qualquer, se tem uma qualquer aqui, é a fedelha da sua irmã que se aceitou casar comigo por causa de dinheiro.
Dou um grito quando vejo Alex dar Noah uma porrada bem em sua bochecha, eu me assusto pelo soco e pelo caipira ter me defendido, eu fiquei tão desnorteada com a descoberta que mal ouvi o insulto.
Noah cospe um pouco de sangue e então sorrir.
- Você não devia ter feito isso, tem tempos que quero quebrar essa sua cara de mamãe passou talquinho e esperava pacientemente pelo motivo certo, afinal só o fato de você ter nascido já me irrita.
Ele ironiza fazendo Alex trancar o maxilar e mais uma vez erguer o punho, mas dessa vez Noah se abaixa com maestria e soca bem em seu estômago, Alex se curva um pouco para baixo, Noah aproveita a deixa e levanta o joelho acertando com força o rosto do mais alto com uma extrema força o fazendo cair no chão. Grito horrorizada, que diabos eu vou fazer para conter dois homens enormes? Eu vou tomar um soco se me meter nessa confusão, que baixaria!
Noah o pega mais uma vez pelo colarinho, começo a tremer, nunca em toda minha vida presenciei tanta violência. Ouço passos apressados e então Emily agarra os braços do Noah aos gritos.
- Por favor, pare com isso, Noah. - o caipira olha a irmã do cara que tirou toda sua paciência, porém parece não ser suficiente e ele quer bater mais. - Faça pela sua mãe e irmã, elas não merecem isso.
Ele fecha os olhos e então solta o Alex que cai com força no chão, o sangue sai de sua boca com certeza foi onde a ajoelhada pegou.
- Você tem sorte de ter uma irmã que pensa e não é um jumento como você. Eu estou cansado de suas perseguições, eu não quero contato algum com sua família, muito menos alguma ligação. Se meu pai quiser que case com sua irmã, ou até mesmo com a sua mãe, mas que me deixem em paz. Não pense que só porque é filho do prefeito que eu iria te poupar seu verme. - Noah o prende pisando em seu peito quando Alex tenta se levantar.
- Fale para o papai prefeito que não haverá casamento algum, pois não fui eu que firmei compromisso com ele e que bigamia em nosso país, não é permitido.
O choque é grande em meu rosto, eu sempre vi Noah se portar como um ogro e ter pose de bad boy mas jamais pensei que ele fosse tão forte e por isso sempre anda como se fosse auto suficiente, ele soube domar um homem com quase dez centímetros maior que ele e com mais massa muscular.
- O que está acontecendo aqui? - Todos os presentes olham para trás, oh merda! É o pensamento que vem em minha mente quando vejo o policial vindo em nossa direção.
- Você de novo, Urrea. Não cansa de causar problemas? Sempre que está na cidade é uma nova confusão e hoje mexeu com um Patterson, seu pai e o prefeito não vão ficar satisfeitos.
- Foda-se. - Noah fala sem medo algum, não demonstra respeito mesmo se tratando de um policial. Alex se levanta com ajuda da irmã e olha mortalmente para o Noah.
- Policial se me permite dizer, o Alex que o provocou. - eu tento de certa forma aliviar para Noah, porém ele segura meu braço.
- Não se meta, bonequinha de plástico, ou pensa que eu soquei aquele cara por você? Não seja tola! Já faz tempo que quero um motivo para acabar com essa palhaçada e hoje eu consegui. Tudo que tem que fazer é me seguir atrás da viatura e pagar a merda da fiança, amanhã vamos embora desse lugar e eu darei um jeito de me livrar de você.
Ele fala baixinho, enquanto Alex inventa mil mentiras sobre o ocorrido ao policial que o ouve atentamente. Noah não faz questão de se defender, pelo ao contrário ele me olha com raiva, como se eu tivesse culpa do que aconteceu aqui. Meu corpo começa tremer de raiva, tudo que aconteceu desde de manhã até agora volta como avalanche, eu estou cansada de ser tratada como algo desnecessário, ele já está acabando com toda minha paciência, eu não me importo se ele gosta ou não de mim, mas o mínimo que eu mereço é respeito.
- Quer saber, se vire. - Falo extremamente seca, quando vejo o policial vir até nós dois, Noah abre a boca pra falar algo, mas não consegue, pois o policial coloca a mão em seu ombro.
- Terá que me acompanhar até a delegacia, Noah. Tomarei seu depoimento e do Alex. - Ele tira a algema de seu coldre e Noah estala a língua no céu de sua boca.
- Sabe que eu não vou fugir, policial Garrett. Não lembra da última vez que me levou? Sabe que sou homem o suficiente para assumir meus problemas, sabe também que não conto mentiras. - Noah olha dentro dos olhos do homem sério, parece que Noah tem uma certa "fama" na cidade por arrumar confusão, o policial suspira fundo e parece ceder em não algemar o maldito caipira.
- Ok, vamos até a delegacia, somente entre na viatura com o senhor Patterson.
Os dois mal se encaram enquanto vão até o carro branco, o policial nos olha.
- Com certeza eles poderão sair sob fiança, se já são de maiores podem me seguir, caso ao contrário, somente os pais dos detentos poderão pedir soltura. - Ele se vira e vai até a viatura, eu faço o mesmo.
Vou até o carro do Noah, pelo retrovisor vejo que Emily entra no carro do irmão e vai atrás da viatura, eu não vou, por mim que ele se exploda lá dentro, vou depois de muitos dias dormir sozinha em uma cama decente e não ter a presença daquele ser repugnante. Pego o celular de Noah que havia ficado no carro e na tela vejo algumas mensagens de uma mesma pessoa.
Callie: Saudades de ser fodida por você, que tal um revival nesse final de semana? Nós pod...
Não consigo ler o resto, por somente isto ser mostrado abaixo do nome na tela do IPhone, também não tenho curiosidade em saber o restante, com certeza, é uma "namorada" do caipira e falo namorada para não pensar algo pior da pobre coitada.
Fico surpresa por seu telefone não ter senha, todo mundo hoje em dia tem celular bloqueado, inclusive Benjamin, o que já causou muitas brigas entre a gente por eu não saber qual é.
Procuro pelo número de Ryan e quando ponho para chamar ligo o GPS, eu não sei voltar para casa do ogro, apenas alguns toques posso ouvir a voz em meia bagunça.
- Já está preocupado, docinho? Eu cheguei bem e já estou indo para casa. - Ele rir logo em seguida.
- Ryan, sou eu a Any. Pode me passar o endereço da casa do caipira, eu não sei qual é.- falo e posso ouvir o seu oh surpreso.
- O que aquele idiota fez agora?
Conto detalhadamente o que aconteceu e posso ver perfeitamente Ryan ficando com raiva do outro lado da linha, os dois parecem ser muito amigos, um é razão e o outro emoção. Não é difícil saber qual é qual. Ele me passa o endereço e então volta a falar comigo.
- Any, eu sei que ele merece essa "retaliação" que quer fazer, mas amanhã é o d...
- Não me interessa, Ryan. Eu cansei de ser humilhada por aquele babaca, vou desligar, está muito frio aqui e quero dormir.
- Depois não diga que eu tentei te avisar.
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