Capítulo 11

Point of view — Any Gabrielly

Não me comovo nem um pouco por Noah ter pedido por favor, eu não vou me abalar com isso. Ele está louco se pensa que irei viajar com ele e muito menos sem saber para onde e o porquê.

— A minha resposta ainda é não.— Quebro meu quadril para o lado, esperando seu ataque de raiva.

Ele se vira com brutalidade e diferente do que eu pensei, ele sai da minha frente indo até o banheiro socando a porta com força, por mim que quebre tudo aqui, não é minha casa mesmo.

Começo cantarolar uma música da Rihanna que eu amo demais, enquanto acerto o vestido em meu corpo.

Estou muito feliz, pois daqui alguns minutos encontrarei meu namorado e sei que o dia será perfeito.

Abro o frigobar e um sorriso nasce em meu rosto ao deparar-me com tantas coisas gostosas, desde o início a geladeira tinha que estar assim.

Pego um iogurte de chocolate e uma pequena colher, ouço a todo instante Noah andar pelo trailer e seus suspiros de raiva. Que som maravilhoso para se ouvir pela manhã! Gargalho sozinha enquanto com colheres recheadas me delicio com o meu iogurte.

Jogo o potinho no lixo depois que como todo o creme de chocolate e vou até o quarto, agora que meus cabelos estão um pouco mais seco penso em fazer uma trança, com muita paciência faço uma trança francesa gostando do resultado final. Uso apenas um gloss em meus lábios, minha pele está incrível, estou iluminada e ninguém vai me tirar isso.

Dormir cedo noite passada e receber uma mensagem do meu namorado dizendo estar com saudade me deu toda essa alegria.

— Quando eu chegar vamos conversar melhor, bonequinha de plástico.

Não faço questão alguma de responder a Noah que sai do quarto sem dizer mais nada. Eu não tenho mais nada para falar com ele.

Pego minha pequena bolsa preta, colocando dentro da mesma um batom, meu cartão e uma caixinha de O.B.

Meu celular apita e vou até o aparelho branco vendo ser uma mensagem do meu moreno, aviso que já estou indo ao seu encontro, depois que pego a chave do meu carro entro no motorista e assim que ligo meu dvd player, Demi Lovato aparece na tela do mesmo cantando  hitchhiker, a batida sensual me envolve, dou partida no carro e anseio estar ao lado do meu namorado logo.

(...)

— Como você está? — Benjamin me pergunta depois que encerra o beijo longo e repleto de saudade. Suas mãos ainda estão em em minha cintura, comigo encostada em seu corpo, ele está apoiado no carro.

— Eu estou muito bem— mordo seu lábio inferior, clamando por mais um beijo, ele me cola ainda mais em seu corpo esguio e desliza a mão pela minha bunda apertando levemente.

— Péssima hora para você estar menstruada, eu estou louco para fazer sexo com você.

Sorrio um pouco, pois também estou louca para transar com ele.

— Daqui a dois dias— agarro sua nuca e o beijo mais uma vez, mas dessa vez um pouco mais rápido. — E então como estão as coisas em casa?

Ele solta um suspiro, mas, dessa vez não se zanga por eu perguntar, o que é ótimo, eu odeio e me sinto mal quando ele me trata rudemente, quando quero saber sobre suas discussões com os pais. Eu entendo que ele quer me poupar, porém vou mostrar a ele que, estou com ele em todos os momentos.

— Mal, o velho pega demais no meu pé, sempre arruma algum motivo para me infernizar e dessa vez me tirou meu cartão por tempo indeterminado e a mesada.— ele suspira—️ Logo agora que vi um relógio na Dior que me agradou.

Uma onda de tristeza me invade, eu sei como meu namorado é vaidoso e estar sem seus cartões ou dinheiro é a morte para ele.

Nunca entendi o porquê do pai fazer isso com ele, sei que é um homem rigoroso e que Benjamin tem que ficar na linha. Esses é um dos motivos de não ter conhecido meus sogros, Benjamin não se dá bem com eles e não sente vontade alguma de apresentar-me como sua namorada.

— Vamos me leve até a loja, vou te dar o relógio.

Ele se assusta, pois vejo que ele não esperava minha reação.

— Claro que não, Any! Logo eu mesmo compro.— Ele me abraça com um braço e o outro acaricia minha coluna.

— Presente não se recusa.

Entro dentro do carro no passageiro, ele fica uns segundos parado, esperando que eu saia do carro, mas quando percebe que isso não irá acontecer, ele dá volta no carro, e ocupa o motorista.

Fico em silêncio deixando que ele nos guie para o centro da cidade, pois estamos em uma praça distante.

(...)

— Adorei passar essa tarde com você, me fez perceber que nada mudou.— Benjamin me beija assim que acaba de agradecer, ouvir de sua boca que nada mudou, fez esta quarta feira ser ainda melhor. — nos vemos em breve?

— Claro, neste fim de semana vamos dormir juntos.

Como eu, ele sorri malicioso.

— Eu irei adorar, obrigado mais uma vez pelo relógio.

Ele olha fascinado seu pulso e o relógio de três mil dólares reluz em seu braço esquerdo.

— Não me agradeça de novo, estamos perto do seu aniversário, vamos fazer o nosso combinado, te dei o presente adiantado.

Foi a única maneira de o convencer aceitar o mimo, porém, ambos sabemos que eu não vou seguir o combinado.

— Isso mesmo.— Ele me olha severamente, mostrando que dessa vez, terá que ser como ele pediu.

O beijo mais uma vez e entro no motorista a fim de ir para o trailer, ele acena depois que piso no acelerador.

Saio devagar da sorveteria que estávamos e já me imagino fazendo uma salada de batata e frango, o prato leva tempo para ser preparado, entretanto,  não tenho aula hoje, vou fazer algo gostoso e assistir pelo menos três filmes em silêncio.

Deus, por favor, arrume alguns rabos de saia para o caipira, para que eu possa realizar o meu desejo.

Peço com toda minha fé, eu amo silêncio e aquele lugar me proporciona isso.

Ligo meu dvd e a voz de Camila Cabello preenche o carro, me remexo ao som de havana enquanto a floresta de San Diego aparece.

Tenho vontade de chorar quando vejo a moto daquele ser está em frente ao trailer.

Oh Deus, o que eu fiz para merecer isso?!

Estaciono meu carro, e vou em direção ao trailer, quando entro posso ouvir o chuveiro ligado, a esperança me preenche novamente, talvez ele esteja de saída e só volte amanhã.

Deixo a bolsa em cima da cama e vou até a cozinha, lavo minhas mãos para que eu possa começar preparar meu jantar.

Abro minha pasta com minhas músicas e deixo que toquem aleatoriamente, começo a temperar a carne enquanto danço discretamente.

— Você precisa ir —  Viro-me assustada, eu não ouvi nenhum barulho com sua aproximação, vejo Noah em pé na cozinha, somente com uma toalha enrolada em volta do seu quadril.

Tenho vontade de rir com sua ousadia, quem ele pensa que é para me impor algo? Patético!

— Eu não sei de onde tirou isso, mas eu não preciso ir a lugar algum com você. Acredite, se estou aqui é por causa do meu pai.

Posso ver sua mão se fechar e apertar em punhos, eu não estou nem aí para sua raiva.

Volto atenção para a carne, ouço sua respiração um pouco mais apressada e ele murmurar algumas coisas inaudivelmente. Eu não entendo sua necessidade de me levar em algum lugar com ele.

Percebi também que mesmo tentando manter sua pose de nada me atinge, pude ver uma certa aflição em seu rosto, seus olhos parecem distantes e algo o incomoda.

Porém, eu não tenho nada a ver com sua vida, ele fez a minha vida um inferno e eu não preciso facilitar a sua.

— Any, eu faço o que você quiser, fico te devendo uma.

Suavizo minha  expressão de choque e surpresa em meu rosto e viro-me para ele, agora as coisas estão ficando interessantes.

— O que eu quiser? — Sua expressão ganha um descontentamento ao ver um sorriso em meu rosto, ele pensa por alguns segundos e meio relutante afirma apenas com um balançar de cabeça.

— Não senti firmeza, caipira.

— Eu sou um homem de palavra, bonequinha de plástico. Você vai?

Eu ainda nao sei o que pedir a ele, mas sinto que ter esta carta na manga será mais que perfeito, talvez em algum  momento venha a calhar esse favor.

— Para onde vamos e porque?

— Stratford, o motivo é simples, é minha mulher, não? — odeio esse sarcasmo mais que tudo, não gosto do seu jeito todo debochado. O que ele quer fazer nesse lugar? O que tem lá? Eu devo mesmo fazer isso? — Leve mais roupa de frio, saímos em quarenta minutos.

Ele se vira e vai em direção ao quarto, eu não acredito que irei fazer isso.

— É por um bem maior, Any. Lembre-se do favor que ele vai te dever.— falo comigo mesma como se fosse louca, pois eu preciso me segurar em algo para não enlouquecer com tantas perguntas com essa viagem repentina.

Vou até o quarto vendo Noah arrumar uma pequena mochila, ele não me olha enquanto ajeita tudo.

— Não precisa levar muita coisa, vamos ficar somente três dias, no sábado estamos de volta.

Ele fala sem me direcionar o olhar, pego minha mala e começo colocar muita coisa mesmo, não sei pra onde estamos indo e eu não vou me arriscar precisar de alguma coisa e não ter.

(...)

— Prazer, sou Ryan. Sou o melhor amigo desse ranzinza.— O tal do Ryan dá um puta tapa nas costas de Noah que fuma enlouquecidamente enquanto conversa com alguém pelo celular, Noah lança um olhar severo ao amigo.

Não consigo evitar analisar esse caipira, ele está tenso, seu maxilar está travado, seu corpo está com uma postura impecável, ele está claramente irritado por estar nesta cidade.

— Você mora aqui?— Pergunto ao seu amigo, que sorrir docemente.

— Não, eu moro em San Diego também. Noah e eu trabalhamos juntos, como minha esposa não pode vir, vim mais cedo para surpreender meus pais.

O olho de cima a baixo, ele não deve ser muito mais velho que eu e já está casado.

O aeroporto está lotado, segundo o caipira é uma data comemorativa da cidade, nada grande.

— Eu já disse que não precisa vir me buscar caralho, Ryan está aqui e mesmo se não estivesse, eu pegava a merda de um táxi.

Surpreendo-me com sua grosseria no telefone, Ryan meio que o adverte com o olhar e Noah parece se acalmar.

— Sempre um doce com a família.— Ryan solta uma risada amarga.

Nesse momento quase engasgo com meu cappuccino, ele me trouxe para casa da sua família? Mas que diabos esse homem pensa?

— Família? — Pergunto para ter certeza que não ouvi errado.

— Esse idiota não te disse que estava vindo para casa dos pais? É a única data que ele vem para casa, ele vem por causa da...

— Vamos? Quero acabar com essa merda logo.

Noah corta nossa conversa, ele pega somente a mala dele e começa andar na frente. Ogro.

Abaixo-me para pegar minha mala, mas, Ryan não deixa  ele a pega primeiro. Vamos em silêncio até o carro, 

Entro atrás, Ryan ocupa o motorista e Noah o passageiro, os dois parecem conversar pelo olhar e cada minuto que se passa Noah parece relaxar um pouco mais.

— Cristina não veio? — Noah pergunta depois que acende um cigarro e abre a janela para que a fumaça não incomode.

— Não, o ordinário do chefe dela não a liberou e ela tem um TCC para terminar. Foda.

Ryan parece chateado por não ter a esposa com ele, e eu admiro isso, é evidente o quanto ele a ama. Parece Benjamin e eu.

Pego meu celular e ainda ele não respondeu minha mensagem, ele deve estar me odiando por ter vindo, espero que ele entenda que eu preciso ter esse caipira nem que seja um pouco em minhas mãos.

O carro começa a diminuir a velocidade, olho pela janela e minha boca se abre em total choque.

Eu não esperava por isso.

Como se quer ele mora em um trailer no meio do nada, sendo que isso aqui é algo surreal.

Por que ele esconde quem é e o que tem? Quem ele é na verdade? Eu jamais ouvi o sobrenome Urrea antes de o conhecer.

Um enorme jardim está a minha frente, uma grama é bem aparada e verde. Cada vez mais que o carro vai entrando eu me admiro a beleza do local, uma mansão branca agora se faz presente.

— Mas o que?— falo comigo mesma, como uma criança estou com as mãos no vidro olhando tudo com curiosidade.

Isso é incrível! Ele esconde sua verdadeira condição financeira por quê?

Estou chocada, surpresa e tentando entender o homem que está no passageiro com os olhos fechados e respirando audivelmente, ele parece não gostar daqui.

A minha porta é aberta e vejo um senhor baixo e careca estendendo a mão para mim.

— Boa tarde senhora.

Eu a seguro e desço do carro com calma, Noah ainda conversa com Ryan que fala algumas coisas seriamente com ele, os dois não saíram do carro.

— Boa Tarde — Sorrio para o senhor baixinho e olho ele indo até onde Noah está, olho para o loiro inquisitiva, porém sou ignorada com sucesso.

— Pode deixar que eu mesmo abro, Mark. Eu tenho a merda de uma mão.

Noah fala todo bruto dentro do carro e desce, não consigo o recriminar por sua atitude imbecil, tudo que vi, jamais passou por minha mente.

—Como quiser senhor.

— Você não me disse que era rico.— Acuso quando Mark vai pegar nossas malas, ele se vira para mim e cruza os braços.

— Porque eu tinha que te contar? Agora eu me tornei mais interessante para você, bonequinha de plástico?

— Meu amor que saudade...—  Uma voz doce impede que nós dois continue a nossa conversa, e eu o ponha em seu lugar, nem com todo esse dinheiro, o torna mais atraente. Ele se vira e o vejo revirar os olhos quando uma mulher de olhos verdes e cabelos loiros se aproxima e o abraça.

— Oi mãe.

Ele a abraça mesmo não se sentindo confortável com o contato. A mulher beija seu peitoral repetidas vezes e o enfim o solta.

— Então, essa é a minha nora?— Noah vêm para perto de mim, e abraça minha cintura, um sorriso falso nasce em seu rosto e ele beija minha bochecha.

— Essa é a Any, minha esposa.— Apresenta-me e sua mão continua em meu quadril.

A mulher agarra nós dois em um abraço me deixando petrificada tentando entender o que está acontecendo aqui.

Mas que merda é essa?

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