35
NÃO REVISADO ⚠️
Park Jimin
Dor.
Isso era tudo que eu conseguia sentir.
Dor por dentro e dor por fora. Eu havia comentado antes que eu nunca tive medo do escuro, mas o escuro que me rodeou, me deixou em pânico. Eu não sabia qual era meu destino, mas despertando para a realidade agora, a ficha que eu havia sido sequestrado caiu como uma luva.
Mas por quem? Meu pai? Isso sim seria o auge das decepções que ia para o meu caderninho imaginário.
Mas eu já esperava isso dele, não?
Eu ainda poderia me lembrar de tudo o que aconteceu a última vez. Hyein falando com uma pessoa ao telefone, eu acabei descobrindo que ela havia desviado o dinheiro da empresa, mas por trás disso tem outra pessoa, pois ela sozinha não teria inteligência e nem cabeça para armar tudo isso.
Minha cabeça doía para um caralho quando tentei me levantar devagar.
Que horror, se alguém me deu uma pancada na cabeça, eu vou rezar para Deus tão forte para ele mostrar quem foi, pois essa pessoa ia se arrepender amargamente de ter tocado no meu preciso cabelo.
Por instinto, passei a mão na minha barriga conversando mentalmente com meu filho, dizendo a ele que vamos ficar bem. Jamais aceitarei morrer sem antes vê-lo crescer e me dar muito orgulho.
Abri os olhos aos poucos para ver a situação precária onde me colocaram.
Me sequestraram e não se prestaram em me colocar em um quarto decente. Parece que estou em uma cela de manicômio, porque louco eu já estou, não é possível. Eu me encontrava com as mesmas roupas que eu tinha ido trabalhar...
Ontem? Hoje? Aliás, que dia é hoje? Passei quanto tempo desacordado?
Juro por Deus que se Hyein aparecesse na minha frente agora, ela levaria uma surra que nunca mais ela ia esquecer meu nome.
Ouvi a porta ser destrancada, não deu tempo nem de ficar apavorado se esse seria meu fim ou não, mas aí vejo um Félix entrar pela porta com um sorriso mais ridículo do mundo estampado naquela cara de cachorro sarmento.
— Ora, Park, já acordou? — perguntou sorrindo. Passei a mão no meu rosto desacreditado na pergunta idiota feito por um mais idiota ainda.
— Agora você se superou em todas, Lee. Me sequestrar vai te custar o quê?
— Isso não é da sua conta!
— Ai desculpa, ficou ofendidinha, foi mal — coloquei as mãos para cima.
— Você não me provoca, garoto! — me pegou pelo pescoço quase me deixando sem ar — Ué, cadê sua força? Quer me dar mais uma surra, Jimin?
Nisso ele foi me deitando, ficando por cima de mim, suavizando a força da sua mão no meu pescoço, porém com uma mão só ele segurava minha duas mãos. Eu não poderia revidar nem se eu quisesse. Uma por ele estar, no momento, mais forte que eu, outra que não posso arriscar fazer qualquer movimento brusco arriscando perder meu filho.
— Sabe de uma coisa, Park — disse passando o nariz pelo meu pescoço — Sempre achei você mais bonito e mais gostoso que Taehyung — apertei meus olhos com força segurando a raiva e o nojo — Você com esses seus olhos azuis, cada vez ficava com um corpo que meu Deus...
— Não se atreva, Félix — disse em lágrimas — Não é isso que você quer...
— Como não? — disse me dando beijos nojentos no meu pescoço. Agora sim seria um bom momento para Deus me levar.
— Me solta, Félix! — gritei o mais alto que eu pude. Inútil, eu sei, mas não vou dar para esse verme!
— Cala a boca, Park e só fica quietinho, vai ser legalzinho.
Eu não estou acreditando que Deus está me fazendo passar por isso.
Sequestrado e ainda o ex namorado abusador do meu melhor amigo está tentando transar comigo a força, para não dizer outra palavra. Olha, eu esperava que meu destino fosse outro, e não esse.
Em uma rapidez absurda, Félix foi tirado de cima de mim bruscamente e eu sem ver quem me "Salvou" corri para o canto da sala.
Eu só sabia chorar, até ouvir a voz dele.
— O que pensa que você está fazendo, seu filho da puta? — Hwong gritou com Félix — Você ia estuprar o meu filho, seu doente?!
— Claro que não, Hwong! Estava tentando tirar informações dele — mentiroso desgraçado.
— Eu deveria dar um tiro bem no meio da sua fuça, seu imbecil — gritei de pavor quando de relance vi meu pai apontar uma arma bem no meio da cara de Félix — Some daqui, seu merda!
Continuei tampando meu rosto com as duas mãos quando ouço a porta bater bruscamente.
Eu tremia muito, minha cabeça girava demais e eu queria apenas vomitar. Minhas lágrimas já não tinham mais o ritmo lento em cair dos meus olhos, mas eu poderia sentir o olhar dele em cima de mim.
Que ele não fale comigo, que ele não fale comigo, que ele saia daqui me deixando sozinho.
Por favor, preciso sair daqui!
— Ji... — me chamou relutante — Me desculpe por assustar você desse jeito. — As coisas saíram do controle — ah ele acha isso? — Mas por favor, olhe para mim, deixe eu o ver de perto.
Eu não queria olhar na cara dele. Eu não queria olhar na cara do alfa que me sequestrou e me abandonou quando eu tinha quatorze anos. O que ele ia dizer para mim a esta altura? Que me ama, que se arrepende mas não pode voltar atrás de tudo o que fez?
Relutante se era a opção correta ou não, retirei lentamente as mãos do meu rosto, e me obriguei a olhá-lo nos olhos. Não tinha mais volta, era enfrentar ou enfrentar.
— Fale comigo, meu amor. Não me deixe falando sozinho... — decido não falar e apenas escutar.
— Certo, já que você não quer falar comigo, eu fico feliz somente por você me escutar. Filho, eu sinto muito, de verdade — pronto, resolveu toda a cagada que ele fez em um único pedido de desculpas — Eu sei que fiz muitas merdas por aí, mas a pior de todas foi ter abandonado você e Namjoon quando mais precisaram de um pai — suspirou — Eu sei que nada do que eu disser vai consertar o que fiz, mas quero que saiba que se eu pudesse voltar atrás, eu faria tudo diferente.
Se ele soubesse que se eu pudesse voltar atrás, eu nunca teria nascido nesse mundo de merda e em uma família onde tenho um pai mal caráter.
— Mas eu precisei me envolver com algumas coisas para sobreviver — ele nunca ouviu falar de trabalho honesto? — Não me orgulho de nada, mas não posso voltar atrás com a decisão que escolhi.
— O que você quer de mim? — resolvi perguntar sem olhar em seus olhos — O que você ganha me sequestrando? Você não vai conseguir dinheiro com esse meu sequestro.
— Eu já consegui — que bomba caiu agora no meu colo! Tudo fez sentido agora.
— Você que desviou esses milhões da Jeon's! Como você pode? Tudo bem desviar os milhões, isso Jungkook ergueria de volta em um mês, mas me sequestrar? — perguntei incrédulo.
Antes que ele responda, mais uma vez a porta é aberta e nela aparece uma pessoa que eu jamais poderia esperar que estivesse envolvido até os cabelos nisso.
— Olá, meu príncipe! — Luhan vinha com um sorriso ridículo em minha direção — Surpresa em me ver?
— Ah, estou emocionado — coloquei a mão no peito fingindo emoção.
— Sempre amei o senso de humor dele — sorriu em direção ao meu pai — Pena que ele não me deu uma chance de ser seu alfa. — me olhou de cima a baixo.
— Você disse bem. Alfa, não protejo de um. — o sorriso de Luhan desapareceu.
— Certo, o que você quer? — Hwong perguntou impaciente.
— A chefia disse que quer uma reunião e quer ele presente.
Pronto, agora vão me matar com direito a plateia e tudo.
Uma morte incrível, Park Jimin!
Meu pai não falou nada, apenas veio em minha direção com uma corda grossa e sem pestanejar, amarrou minhas mãos. Como disse, não posso me atrever a lutar e arriscar a vida do meu bebê, aliás, ninguém aqui pode saber que estou grávido.
Assim que terminou de me amarrar, Hwong me olhou nos olhos e sussurrou um "desculpa meu anjo" antes de tampar minha boca com uma fita crepe grossa.
Eu não sabia se esse era meu fim, pois a sensação era essa caminhando por aquele corredor com Luhan em minha frente e meu pai ao meu lado me segurando pelo braço.
Assim que passamos por uma porta gigante, onde era um belo escritório, já de cara pude ver Hyein sentada em um enorme sofá, com as mãos e pernas juntas. Ela parecia preocupada e assim que me viu, lançou um olhar arrependido para mim.
Agora não adianta, sua puta, o que é seu está guardado.
E logo atrás de uma cadeira, assim que virou, era nada mais e nada menos que Jeongyeon que levantou dela, usando um vestido ridiculamente curto e uma maquiagem fortíssima.
Está a caráter de uma vagabunda, como ela.
Mas o que mais me deixou surpreso é que ela também estava preocupada com alguma coisa e assim que nos viu, já reclamou.
— Escuta, eu não mandei vocês fazerem tudo certinho? — Jeongyeon gritou.
— Que eu saiba, tudo saiu certo. — Luhan falou — O que houve de errado dessa vez?
— Luhan, qual dinheiro eu mandei vocês desviarem? — Não me surpreende essa vadia esta no rolo disso tudo.
— O da Jeon's, como você pediu! — Luhan respondeu.
— Ah é mesmo? — disse sarcástica — Quero avisar a todos vocês que se não formos embora daqui o mais rápido possível, todos nós estaremos mortos em menos de vinte e quatro horas.
— Por que? — meu pai perguntou.
— Acontece que essa burra — apontou pra Hyein — Em vez de desviar somente dinheiro do Jungkook, teve que pegar o dinheiro da máfia Russa! — Máfia da Rússia?
— O QUE?! — Luhan disse apavorado — Não é possível! Hyein, você sabe ao menos de quem é esse dinheiro? — Hyein simplesmente baixou a cabeça.
— De quem é? — Félix perguntou.
— Essa estúpida roubou nada mais nada menos que Danila Barkov!
— Quem é Danila Barkov? — me fiz a mesma pergunta.
Jeongyeon riu de nervosa.
— Danila Barkov é o mafioso mais perigoso da Ásia e da Europa. Ele é amigo de Jungkook há anos, o alfa é um poço de maldade!
— O que podemos fazer? Chamar nosso pessoal?
— VOCÊS NÃO ESTÃO ENTENDENDO! — Jeongyeon gritou histérica — Danila Barkov é o diabo em pessoa. Ele manda nesse país mais que o presidente! A polícia não pode com ele, o exército americano não pode com ele, se ele nos encontrar, não vai ter um pingo de piedade — disse andando de um lado para o outro — Eu já vi ele fazendo vários trabalhos sujos para Jeon e Min. Estamos fodidos!
— Cara, só transfere de volta esse dinheiro e pronto.
— Não adianta mais, a essa hora ele já deve ter ficado sabendo e já deve ter nossos nomes e todas as nossas fichas. Não adianta devolver o dinheiro, Danila não admite ser roubado.
— O que você pretende fazer? — meu pai perguntou.
— Sair do país enquanto é tempo, mas antes — seu olhar se direcionou a mim e eu senti medo pois eu estou vendo em seus olhos a maldade que ela pretende fazer comigo — Ou mato esse vagabundo agora ou se ele for junto, vai pro tráfico.
Ah que legal, ela ainda está me dando a chance de escolher entre morrer ou ser traficado. Mais trágico que isso, impossível.
— Eu sempre detestei a sua cara desde que você entrou naquela maldita empresa. — passou o cano da arma pela minha bochecha — Jeon não tirava os olhos de você por um segundo sequer. Que ódio que eu sentia de você, por que aos poucos, você, Park Jimin, acabou tirando de mim o alfa que eu amava — Amava tanto que foi sentar em outro, piranha mal comida — O que eu faço com você, hein?
— Resolve logo isso Jeongyeon — Luhan dizia sem paciência.
— Preciso de todos vocês agora, deixe ele ai e logo um de vocês vem buscar ele. Precisamos deixar tudo pronto, me acompanhem.
Logo todos saíram daquela sala me deixando sozinho e apavorado.
Ótimo! Amarrado, sem poder falar e sem poder correr, não me adianta nada correr com as mãos amarradas e nem janela isso daqui tem. Será que já sentiram minha falta? Não sei quanto tempo fiquei desacordado e a troco de quê?
Eu nem queria mais segurar meu choro, só deixei que as lágrimas rolassem pelo meu rosto.
Só que eu penso que Deus é tão bom comigo, que vai permitir que esses filhos da puta paguem da pior maneira possível.
Cadeia é pouco pra eles, principalmente meu pai, que se diz arrependido, se quer me defendeu dessa puta.
Me assustei quando senti três pequenos chutes dentro da minha barriga, e a emoção que estava guardada explodiu dentro de mim e eu só conseguia chorar e soluçar de felicidade. É a primeira vez que sinto meu filho se manifestar dentro de mim e isso vai ser uma coisa que jamais vou esquecer.
Ah meu filho, eu não sou perfeito, mas se tem uma coisa que te prometo na minha vida e enquanto meu coração bater, que nunca irei te deixar sozinho. Não sou perfeito, mas vou me esforçar ao máximo para ser o melhor pai do mundo pra você.
Meus pensamentos são interrompidos por sons de gritos e tiros. Meu coração entrou em pânico, eu preciso me soltar daqui antes que alguém me encontre. Caminhei devagar até a mesa e tentei abrir umas das gavetas na tentativa de encontrar algo afiado, só que não achei nada. Mas que caralho, nem pra ter uma tesoura esse lugar serviu!
Até que vejo um abridor de cartas em cima de algumas folhas eu o pego e tento cortar as cordas, só que a dificuldade em cortar era demais, são muito grossas.
Os gritos e os barulhos altos continuavam e os sons pareciam que estavam cada vez mais perto. Tentava a todo custo cortar esse caralho de corda mas não dava mais tempo, me escondi embaixo da mesa assim que, depois de três baques, a porta foi colocada ao chão.
— Revira esse lugar! — Uma voz grossa, masculina e firme gritou pelo lugar.
Deus, eu te peço perdão por todos os meus pecados e que minha morte seja uma morte rápida, sem dor e que eu possa chegar, aí em cima, logo.
Os passos eram precisos quando eu menos esperava a mesa que eu estava escondido simplesmente foi jogada contra parede e eu gritei de desespero, colocando as mãos em cima da minha cabeça.
Mesa imprestável!
— Acho que é ele! — um alfa gritou — Ei! Acalme-se.
— Deixe comigo.
A voz grossa e impactante disse, ele me segurou pelos braços, delicadamente, e me sentou para que eu pudesse ver seu rosto, santa mãe de Deus, que Jeon me perdoe e eu sei que não é hora pra isso, mas que caralho de alfa lindo.
Ele é alto, ombros largos, de relance deu pra ver que ele é bem malhado e sem contar o rosto. Barba por fazer, nariz fino e uma boca muito beijável e pelo amor de Deus alguém me dá um tapa!
— Eu sou amigo de Jungkook, confie em mim — disse tão sério que eu não tinha opção a não ser confiar naquele ser que exalava perigo e com os olhos implorei para que não me machucasse — Não irei te machucar, apenas largue o que você tem escondido entre as cordas — então ele soltou as cordas com um único movimento, que se eu pudesse bater palmas eu batia — Isso aqui — me mostrou — É coisa que criança não pode brincar, venha!
Tirei aquela fita da minha boca enquanto ele ia me conduzindo para fora daquela sala toda quebrada, e por reflexo pude ver que ele era o dobro do tamanho de um alfa normal.
Olhei para os lados e pude ver o estrago que eles fizeram, mas o que me deixa curioso é onde estão Luhan, Félix, Jeongyeon e Hwong? Ouvi gritos antes, então...
Atrás de nós tinha mais cinco alfas, vestidos de preto da cabeça aos pés e sérios demais. Aliás, quem era esse alfa que estava me carregando, praticamente, com uma só mão?
Entramos em uma sala muito maior que aquela e logo pude ver Jungkook e Yoongi, que correram em minha direção. Senti os braços de Jungkook passar por minha cintura enquanto eu chorava desesperadamente de alívio e felicidade por ser salvo.
— Meu amor — Jungkook sussurrava em meu ouvido cobrindo meu rosto de beijos — Você está bem? Nosso filho? Meu Deus, eu não acredito que você está em meus braços!
— Ah, Jimin! — Yoon abraçou nós dois em um abraço coletivo e pude ver que meu irmão de coração chorava — Como você está?
— Estou bem, só quero sair daqui... — falei quase sem voz de tanto chorar.
Ouvi a porta ser aberta mais uma vez e os alfas de preto, acompanhados pelo policial, amigo de Jungkook, Caleb, entraram com meu pai, Luhan e Félix amarrados, os jogaram no chão como lixo.
— O quê... O que o Luhan está fazendo aqui? — Jungkook perguntou surpreso.
— Te apresento nosso querido ladrão, irmão — o alfa bonito disse — A coisa vai ficar feia para o lado de vocês, hein... — ele disse tirando as fitas da boca deles — Faltam duas meliantes nesse grupinho de meia tigela. Acho bom um de vocês cooperarem com o papai aqui e dizer onde as vadias estão. Se eu tiver que buscá-las, a morte delas vai ser lenta e dolorosa, e a de vocês também. E tempo... — falou olhando para seu relógio de pulso — Tenho de sobra.
— A gente não sabe — Félix falou no desespero — Elas saíram correndo e...
— Não era isso que eu queria ouvir!
Então ele sacou uma arma e atirou na cabeça de Félix três vezes.
Eu gritei, escondi minha cabeça no peito de Jungkook, mas logo voltei a olhar a cena. Meu pai do céu, ele ia matar os três bem na nossa frente? E por que eu não estava apavorado e nem um pouco com medo disso?
Só gritei porque me assustei com o barulho.
— Meu Deus, Jungkook... — disse em sussurro.
— Me perdoe meu amor — disse me abraçando — Quer sair daqui? Danila vai matá-los e não se importa se estivermos olhando.
— Como assim? — me apavorei e olhei em direção ao meu pai que me olhava com nojo e desprezo — E vocês?
— Estamos acostumados, maninho — Yoongi explicou suavemente.
Mas olha só que coisa mais bizarra, eu não queria sair daqui. Eu queria ficar e assistir cada um deles sangrar até a morte, incluindo o cara que se diz meu pai.
— Eu quero ficar — disse sussurrando.
— Tem certeza? — Jungkook perguntou, me dando um selinho.
— Absoluta.
— É dos meus — O tal de Danila piscou para mim e eu sorri de volta.
— Cara, o seu dinheiro não estava nos planos — Luhan cara de pau disse — Foi mal, eu devolvo tudo...
— Eu caguei para esse dinheiro, Tuan! — Danila disse — O que você me roubou foi pouco, não vai me fazer falta, o que eu não admito é ladrãozinho pé de chinelo que não soube nem apagar seus rastros por onde passa.
— Mas me roubar foi normal, não é mesmo? — Jungkook gritou ficando ao lado de Danila — Eu que te dei oportunidade de crescer, e você me apunhalou!
— Você queria o quê? — Luhan grupo de volta — Era para eu ser o presidente da Jeon's! Eu! Não você! Seu pai tinha me prometido antes de morrer.
— Ah, então você me rouba milhões, e ainda quer ser o presidente? — Jeon riu enquanto Danila gargalhava.
— Jimin era pra ser meu! — gritou — Não seu! Você tinha que se meter no meu camin...
O homem ao lado de Jungkook calou a boca de Luhan com dois tiros bem no meio da sua cara, fazendo sangue espirrar para todos os lados.
Eu assistia tudo aquilo de olhos vidrados no corpo estirado no chão. Eu precisarei de uma boa terapia e um ótimo psicólogo depois daqui, mas vou me lembrar sempre desse dia.
— Blá Blá Blá — Danila disse — Não se cobiça ômega dos outros, otário! Tô sem paciência hoje e até o sangue desse animal fede.
— Strike! — Yoon sussurrou ao meu lado sorrindo de leve enquanto eu me apoiava em seu braço.
— Sobrou um...
Meu sangue gelou ao saber que ele se referia ao meu pai.
Seria de doer o coração por saber que ele seria o próximo que Danila mataria na minha frente, mas, pelo contrário, eu rezo para ele ir para o inferno.
Ele não merece encontrar minha mãe onde ela está.
A porta foi aberta mais uma vez e agora os alfas de preto, que eu soube que trabalha para Danila, traziam Hyein e Jeongyeon, essa última gritava a todo custo. Hyein permanecia em silêncio.
Jeongyeon olhava para Jungkook pedindo piedade mas o mesmo fingia que ela nem mesmo estava ali.
— Vieram por conta própria? — Danila sorria ironicamente — Agora sim nossa festa vai ficar bem bacana!
— Jungkook, por favor, por favor! Me perdoe por tudo, por tudo. Você sabe que sempre quis construir uma família e eu sei que isso é o seu sonho, ser pai e...
— Eu já realizei esse meu sonho, Jeongyeon — Jungkook a cortou, ele olhou para mim com um sorriso singelo.
Em seus lindos olhos pretos haviam milhares de galáxias, as minhas galáxias.
Sorri de volta e coloquei a mão na minha barriga sentindo mais chutinhos.
— O-que?, como assim?! — ela gritava.
— Ah, cala essa boca — Danila revirou os olhos — Cadê meu dinheiro?
— O seu dinheiro não estava nos planos — Hyein começou a chorar.
— Hyein está arrependida, Yoon...— falei baixinho somente para ele ouvir.
— Não tem o que fazer, Ji. Danila não perdoa. Ele não vai fazer serviço pela metade. Hyein está no barco e vai sofrer as consequências junto.
— O que deu em você, Jeongyeon? O que deu em você para desviar um dinheiro que não era seu? — Jeon perguntou.
— Você me deixou por esse aí! — disse olhando para mim — E eu tinha planos de fazer meu império, mas eu tinha que fazer rápido...
— Ômega despeitada é foda! — Danila comentou.
— Acaba logo com isso Danila! Me mata logo, não quero mais olhar pra cara desse puto que roubou meu noivo!
— Não vou matar você — todos nós ficamos surpresos com a sua declaração — Pelo menos, eu não!
E fez o favor de olhar para mim com um sorriso convidativo, tirou a arma, que estava no coldre e esticou em minha direção. Arregalei meus olhos, porque assistir é uma coisa, agora fazer é totalmente outra.
— Faça as honras, futuro senhor Jeon! — eu o olhei apavorado não sabendo o que dizer a um alfa perigoso como esse — É brincadeira, criança! — e logo se virou dando dois tiros na cabeça de Jeongyeon e mais dois na cabeça de Hyein — E continuou sobrando mais um!
Meu pai olhava para Danila com desprezo, eu conhecia aquele olhar.
Meu pai não daria o braço a torcer nem por um segundo. Ele ia preferir morrer do que pedir por clemência, e isso era um defeito que ele tinha e por muitas vezes, esse defeito fazia com que ele e minha mãe brigassem. Por isso que eu não acreditei em nenhuma palavra que ele dizia a mim, sobre pedir perdão, pois sabia que ele estava mentindo.
— O papai que abandonou os filhos — Danila dizia enquanto caminhava para trás do meu pai — Seria cômico se não fosse tão trágico.
Meu pai olhava pra mim, mas eu não via nada no olhar dele. Nenhum pedido de ajuda, nenhuma clemência, nenhum arrependimento.
Nada.
Agora eu senti uma pequena dor por ele ainda continuar com essa casca. Voltar e me fazer mal não fez com que ele mudasse, pedisse perdão sincero e seguisse sua vida.
Meus olhos começaram a arder, minha cabeça a girar muito forte e meu estômago se contorcendo, pois eu sabia que ali era o fim dele. Eu sabia que eu estaria sozinho no mundo, e agora definitivamente, só não estava conseguindo processar.
Nada em minha volta fazia sentido mais, tudo estava ficando preto quando Yoon me segurou e eu desmaiei novamente.
Espero acordar só quando tudo estiver bem.
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