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Apareci hein, saudades?
NÃO REVISADO ⚠︎
Park Jimin
Os dias aqui no evento foram se passando rápido, para minha tristeza e alegria. Tristeza porque eu vou sentir falta dessa correria toda, e de tudo o que eu aprendi aqui, de fato, foi uma grande oportunidade. Alegria, pois eu queria ir logo para minha casa, deitar na minha cama e desfrutar do meu próprio chuveiro.
Mas confesso que vou sentir falta disso tudo. Nunca serei capaz de agradecer ao Jungkook, meu chefe, e meu pseudo namorado por essa oportunidade, que nesse momento está abotoando seu terno que o deixa ainda mais irresistível.
- Me diga uma coisa, querido chefe - perguntei sentado na cama calçando meus sapatos.
- O que quiser, meu funcionário.
- Qual era seu real propósito em me trazer para esse evento? Quero a verdade, pois ao meu ver, já passamos da fase de joguinhos bobos.
- Concordo. Então, eu quis trazê-lo para que tivesse uma oportunidade de crescer dentro da empresa. Sempre vi um grande potencial em você. O jeito que você cuida da minha agenda, a competência que você faz o seu trabalho é surreal, parece tão natural. E você tem determinação, é esforçado. Por isso quis trazer você.
- Só por isso?
- Não. Me encantei por você, então era a desculpa perfeita para ficar mais perto ainda de você.
Senti todo o sangue parar no meu rosto, tenho certeza que eu estava mais vermelho que um tomate.
Pela primeira vez na vida, Jeon Jungkook me deixou totalmente tímido. Eu nunca pensei que um alfa desse porte iria olhar para mim. Eu sei que não sou um ômega feio, sei o meu valor e a beleza que possuo, mas não fico tirando vantagens com isso ou elevando um ego que não existe em mim.
- Desde o dia que você entrou na minha sala, nunca mais esqueci a cor dos seus olhos. Pensei que fosse uma coisa e era totalmente outra.
- Como assim?
- Você tem tudo para ser um ômega frágil, delicado, não que você não seja, mas imaginei isso de você. Até que te conheci por completo e vi que era totalmente o contrário. Eu vi um ômega determinado, forte e decidido e isso me encantou pra caralho.
- Quando as coisas saem do controle, aprendemos muito a amadurecer depressa - olhei para o chão perdido em pensamentos - Tive que cuidar do Namjoon de uma casa sendo muito novo, e isso foi bom, pois hoje provo pra mim mesmo que não preciso de um amor paterno para sobreviver.
- Mas você tem a mim agora - Jungkook me puxou para sentar em seu colo - Nunca mais você estará sozinho. Tente colocar isso na sua cabeça de uma vez por todas, será que você consegue fazer isso?
- Com o tempo, preciso ver como vai fluir as coisas, Jungkook. Eu sempre fui sozinho depois que meu pai foi embora, mas peço que tenha paciência comigo.
- Terei toda a paciência do mundo com você.
Nisso, levantou para que ficássemos de pé, com seus braços rodeando minha cintura e me dando um beijo delicado nos lábios. E o melhor de tudo era que eu estava me sentindo bem ao lado de Jungkook, e aquela sensação de abandono que estava acostumado a ficar com ela, se despedaçava aos poucos.
Comecei a fazer algo que não estava na minha rotina desde que mamãe se foi, que era falar com ela através de orações. Taehyung sempre me falava que se eu rezasse por ela, é como se eu estivesse falando diretamente com ela. De uns tempos pra cá, comecei a ter esse hábito, de falar com minha mãe em pensamentos. E vem dando certo. Toda vez que rezo por ela, a sensação boa que toma meu coração por inteiro me deixa bem.
- Já está com suas malas prontas?
Jungkook me perguntou puxando a sua mala consigo. Esqueci de mencionar que o evento já tinha acabado e estávamos indo para casa hoje, com a glória e honra do senhor divino.
- Sim, já está arrumada. O imprestável do Min já está pronto ou temos que esperar ele terminar de depilar os pelos da bunda? - Jungkook gargalhou.
- Yoongi foi antes da gente, disse que tinha umas coisas para resolver.
- Vou até o quarto pegar minha mala. Volto em um minuto.
Sai deixando Jungkook gargalhando mais alto atrás de mim, pois ele já sabia das minhas constantes mudanças de humor.
Queria ir pra casa logo então fui apressadamente pegar minha mala, saudades do meu irmão e do cabeça oca do Taehyung. Entrei no quarto e passei em frente ao espelho que tinha perto da cama, e como de costume, parei para me olhar um pouco mais. Sim eu tenho essa mania chata de ficar me olhando em qualquer coisa que reflete minha imagem, então decidi tirar uma última foto nesse quarto maravilhoso.
Arrumei mais um pouco do meu cabelo, retoquei o batom de cor fraquinha rapidamente e então peguei minha mala saindo do quarto dando pulinhos, só faltei cantarolar a música do lobo mau.
Caminhei tranquilamente quando sinto meu celular vibrar no cós da minha calça. Pois então, na falta de bolsos, eu colocava meu celular na cintura por dentro da calça, pois era mais prático e seguro.
Parei no meio do corredor e quando peguei meu celular para ver quem que estava me ligando, meu ar começou a faltar aos poucos ao ver o número desconhecido brilhar na tela. Parei alguns instantes de pensar e precisar respirar para me acalmar, por que quer que seja que está tentando me colocar algum medo, eu não posso deixar com que isso aconteça.
Decido desligar e ignorar, por que se for algum engraçadinho, uma hora vai cansar de ser ignorado e me esquecer, ou achar outro boboca pra incomodar. Quando eu ia colocar meu celular de volta no cós da minha calça, meu celular vibrou, anunciando a chegada de uma mensagem. Abri a mensagem e eu fiquei ainda mais assustado.
"Por que não me atende?"
- Está tudo bem?
Com o susto que tomei, dei um grito exagerado colocando a mão no peito. A sensação que eu tinha agora era que meu coração ia sair pela boca e eu ia morrer. Sei perfeitamente que Jungkook não teve intenção nenhuma de me assustar, mas se tem uma coisa que eu odeio era me assustar.
- Está tudo bem, sim. Você só me assustou, eu estava... Distraído, olhando as... Mensagens - merda, odeio ficar nervoso.
- Tem certeza? Você parece nervoso. Está tudo bem mesmo, Ji?
- Não se preocupe, está tudo sobre o controle.
- Desculpe tê-lo assustado, achei que tinha notado que eu estava chegando perto.
- Não se preocupe, apenas me distrai olhando o celular e não vi você chegar - fomos andando, quando ele pegou minha mão e olhou para nossas mãos entrelaçadas com um olhar estranho.
- Você está suando frio, Jimin. Você está se sentindo bem? - perguntou me olhando - Você viu alguma coisa no seu celular que o deixou assim? Recebeu alguma notícia ruim?
- Alguém já te disse que você faz perguntas demais? Não lembro nem da primeira que você fez, francamente, Jungkook, vai com calma.
- Responda uma delas, pelo menos, acredito que isso você consegue fazer.
- Já disse que está tudo bem, gato! Acredite quando falo que está tudo bem, eu fico assim quando levo um susto grande. Ou seja, está tudo bem!
A cada passo que dávamos em direção a recepção, Jungkook mantinha um olhar desconfiado sobre mim. Eu sabia que ele não iria descansar até arrancar alguma informação de mim, mas enquanto eu puder fugir disso, irei fazer.
- Já que você diz, amor, irei confiar.
É normal querer casar, querer ter sete filhos, três gatos e quatro cachorros com esse alfa a cada vez que ele me chama de amor? Se não for normal, eu estou totalmente fodido e rendido por esse homem.
Chegando na recepção, encontramos Jin-ri e Hoseok conversando animadamente, quando nos viram, principalmente minha sogrinha amada, abriu um enorme sorriso ao ver eu e o filho amado dela de mãos dadas. Pelo menos eu acho que ela gostou de mim.
- Bom dia aos pombinhos.
- Bom dia, mãe, e sem melação pela manhã, gratidão! - Jungkook já fez o favor de cortar as doçuras da mãe. Achei desnecessário, mas quem sou eu para me intrometer.
- Bom dia, Jin-ri e Hoseok - cumprimentei os dois recebendo um sorriso de Hoseok e um abraço apertado de Jin-ri.
- Pena que o evento já terminou, eu fico tão triste ter que esperar até ano que vem - comentou a mãe de Jungkook.
- Posso ver que você ama o que faz - falei sorrindo. Eu podia ver o amor dessa mulher pelo trabalho e isso era admirável.
- Vai muito além disso, cunhado - Hoseok falou - Todo ano é assim, quando chega perto da data do evento, três meses antes ela já anda pela casa inteira planejamento tudo o que ela fará durante o desfile.
- Isso é admirável! Muitas pessoas não gostam dos seus respectivos trabalhos e fazem somente pelo salário no fim do mês.
- Que pena que algumas pessoas pensam assim, por isso sou a favor de se fazer o que ama - sorriu - Você pensa em fazer algo que ama futuramente, querido?
- Ah, futuramente sim.
- E o que pretende ser, Ji? - Hoseok me perguntou.
- Eu estava fazendo faculdade de medicina, meu sonho é ser pediatra - os dois me olharam espantados e com admiração. Sim, os dois, pois Jungkook tinha ido acertar a conta do hotel.
- E por que você parou com a faculdade? - Ah, chegamos na parte em que eu mais temia.
- Tive alguns problemas... Familiares que me forçaram a deixar minha vida acadêmica de lado.
- Se precisar de alguma coisa, pode contar comigo, meu querido. Mas não deixe esse projeto lindo de lado - será que seria exagerado demais da minha parte pedir para que ela me adotasse?
- Obrigado, Jin-ri! Você é muito iluminada! - falei sorrindo.
- Todos prontos? - Jungkook perguntou me abraçando de lado.
- Sim, já podemos ir, meu filho.
[...]
Depois de algumas horas de vôo, já estamos de volta a Seul. Voltar para a minha cidade, minha casa era a sensação mais maravilhosa que poderia existir.
Jungkook estava me levando de carro pra casa, mesmo eu brigando dizendo que eu pegava um táxi, ele ainda brigou comigo e insistiu em me deixar na porta da minha casa.
Eu ainda pensava naquela mensagem que não saia da minha cabeça, que tudo indicava que era uma pessoa disposta a encher minha paciência.
O estranho disso tudo era que eu ficava nervoso e a ponto de ter uma crise toda vez que esse estranho entrava em contato comigo. Meu coração palpitava de uma forma muito estranha que eu não sabia explicar.
- Quer me dizer o porquê você ficou estranho no corredor do hotel? - sabia que ele não desistiria tão fácil.
- Jungkook, já disse pra você, foi só um susto.
- Jimin, além de ser o seu chefe, sou seu
namorado - meu coração bateu mais forte - Quero que saiba que pode me contar tudo o que estiver tirando sua paz, quero ser seu ponto de equilíbrio e paz nessa vida. Me deixaria extremamente chateado por estar acontecendo alguma coisa com você, eu percebo isso e você prefere guardar pra si. Então por favor, por tudo o que há de mais sagrado, confie em mim.
A vontade de chorar agora veio forte, apertei meus punhos em nervosismo porque eu o entendo perfeitamente. Ele está sendo meu maior ponto de paz nesse momento, só que os meus traumas estão me atrapalhando demais.
- Estou recebendo ligações de um número desconhecido.
- Há quanto tempo isso vem acontecendo?
- Um mês antes de irmos para o evento - falei quase que em um sussurro.
- E a pessoa que liga para você fala o quê?
- Eu atendi uma única vez, só que ninguém falava nada da linha. Desliguei e cinco minutos depois recebi uma mensagem dizendo que estava com saudades.
- Há possibilidade de ser algum ex namorado? Por que se for... - esse homem com ciúmes me deixa excitado demais para o momento importuno.
- Essa possibilidade não existe.
- E por que não? - me dei conta que Jungkook havia estacionado em frente ao meu prédio.
- Por que não tenho ex-namorados.
Jungkook me olhou com um olhar indecifrável ao mesmo tempo, esse olhar transmitia felicidade pelo o que eu acabei de falar. Pode parecer estranho, mas nunca namorei na vida, apenas sai sem compromisso.
- Quer dizer que sou seu primeiro e único namorado? - me perguntou acariciando minhas coxas com a ponta dos dedos.
- Como tem tanta certeza que será meu único namorado? - não me chamo mais Park Jimin se eu não provocar um pouquinho.
- Esperei pra ter você a muito tempo. Não serei otário e deixarei um ômega lindo e maravilhoso como você dando sopa por aí, então sim, serei seu único namorado e trate de entender isso.
- Já entendi!
- Gosto assim! - finalizou - Mas continue, você recebeu essa ligação desconhecida hoje quando estava parado no meio do corredor?
- Sim e mais uma vez resolvi não atender, mas recebi uma outra mensagem.
- E o que dizia? - perguntou curioso.
- "Por que você não me atende?"
- Noventa e nove por cento de certeza que é alguém que conheça você. Não há outra explicação.
- Também acho isso, mas não faço ideia de quem seja - ou fazia, mas não queria que essa possibilidade sequer existisse.
- Eu tenho um amigo que é detetive, ele é muito bom no que faz! Pedirei a ele que investigue.
- Jungkook, olha, acho que não vale a pena perder tempo. Quando vê, é somente uma pessoa sem ter o que fazer e logo vai se cansar de me perturbar.
- Vamos tirar a prova se é realmente um trote, se não for, já sabemos o que fazer.
- Tudo bem!
Resolvi me dar por vencido a esse assunto, pois lá no fundo, eu estava gostando de todo esse cuidado que ele está tendo comigo. Desci do carro e fui direto para o porta malas, com Jungkook já com a minha mala em mãos. Logo senti seus braços rodearem minha cintura em um gesto carinhoso.
- Já depositei o seu salário e mais o bônus que combinamos antes de viajar na sua conta - sorri com sua preocupação.
- Obrigada, já havia esquecido disso.
- Sai para jantar comigo hoje? - disse sussurrando bem próximo a minha boca.
- Passarmos quinze dias colados um no outro, não está enjoado da minha beleza do Egito? - brinquei.
- Nunca me cansaria da sua beleza e a noite tenho planos para nós dois - Sorriu maliciosamente.
- Esses planos inclui você me pegando de quatro?
- Isso é só a ponta do Iceberg, meu querido!
Senti sua boca colar na minha em questão de segundos, ele já estava me tirando o fôlego com aquele beijo que só ele sabia dar. Santa Maria mãe de Deus, esse homem precisa ser estudado urgentemente, é totalmente impossível um ser humano beijar tão bem ao ponto das coisas ficarem um pouco mais úmidas nas regiões lá embaixo.
- Nos vemos à noite.
Nos despedimos com mais um selinho e entrei no meu prédio sorrindo feito um pateta que ganhou na loteria. Se tem uma coisa que pedi à minha mãe nas minhas orações era isso, se era para ser pra mim, que me mostrasse claramente. Entrei na portaria em busca do senhor Choi, mas infelizmente encontrei o encosto do filho dele.
- Oi, sumido - deu aquele sorriso que só ele acha que é galanteador - Quanto tempo, senti saudades sabia?
- Você já tomou no cu hoje, seu fedelho de merda?
Não dei chances para que ele respondesse pois graças a Deus, o elevador já havia chegado e as portas já haviam se fechado. Deus me defenda, mas um dia darei uma surra nesse garoto abusado. Cheguei no meu andar, louco de saudade do meu aconchego. Peguei as chaves da bolsa e assim que entrei, logo senti aquele cheirinho de bolo que só Taehyung sabia fazer.
- Puto da minha vida, cheguei! - gritei - Vem receber o seu melhor amigo!
- Ah meu Deus, Chimchim! - e assim ele saiu da cozinha correndo em minha direção, me dando um abraço super apertado, mas que eu tanto amava!
- Ah que saudades de você, meu moreno!
- Saudades de você também, meu birrento!
- Como você está? Como estão as coisas? - sentei no sofá já tirando meu tênis - Não me esconda nada.
- Está tudo calmo por enquanto - ele disse se sentando do meu lado - Desde que você viajou, Félix não me ligou e nem me procurou.
- Isso é ótimo de ouvir, ou eu quebraria ele inteiro novamente.
- Foram quinze dias de paz.
- Foram mesmo, meu amor, pois eu cheguei, então pode ir dando adeus ao seu sossego.
- Bobinho - sorriu - E você, alguma novidade?
- Sim, estou namorando Jeon Jungkook.
- Oi?!
- Oi, tudo bem com você?
- Sério, Ji? Então rolou de tudo naquela viagem? Ah meu Deus, que felicidade!
- Rolou muito mais que isso, mas deixa eu tomar um banho primeiro, aí você serve um pedaço de bolo pra mim que te conto tudo!
- É pra ontem! Te espero na cozinha!
E saiu saltitando e rindo da situação.
Peguei minha mala e meus tênis indo direto para o meu quarto. Que saudade do meu cafofo, nada melhor que o cantinho da gente! Coloquei minha mala no canto da cama e larguei meus tênis no chão.
Arrumei minhas roupas para que eu vestisse depois do banho, tirei meu relógio de pulso vendo na minha mesinha ao lado da cama uma foto minha com a minha mãe. Peguei o porta retrato beijando o lado que minha mãe sorria. Meu celular vibrou, vi rapidamente um número que eu não tinha salvo na agenda. Resolvo atender ponderando ser Jungkook tentando falar comigo em um outro número.
- Alô? - falei mas ninguém respondeu - Alô, consegue me ouvir?
- Filho?
Meus olhos arregalaram-se, minha boca ficou seca e meu coração disparou em uma velocidade fora do comum. Filho? Eu só posso estar em um pesadelo sem fim.
Não, não, não!
Não ouvi e nem vi mais nada na minha frente, só soube gritar até tudo ficar preto e meu corpo todo amolecer indo de encontro ao chão.
Agora que eu já joguei a bomba, vou meter o pé! Até logo!
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