24
Park Jimin
Fiquei martelando aquela mensagem de texto o resto do dia, que depois disso, ficou uma bosta. Uma bosta fedorenta e grande. Sério, quem hoje em dia manda mensagens de texto? Certo, eu tenho que parar de me apegar em mínimos detalhes e focar no carro preto que ficou parado em frente ao meu apartamento e essa mensagem enigmática.
Juro por Deus que se for o lixo não reciclável do ex de Taehyung que está rondando a minha casa, ele vai precisar trabalhar em cinco empregos para poder pagar uma plástica naquela cara horrorosa, por que vou bater tanto nele que ele vai chegar a rezar sete ave Marias.
Todas as pessoas que me cercam, me dizem que preciso ser uma pessoa muito mais calma e paciente. Mas quem foi o caralho que disse que não sou calmo e paciente? São alguns seres humanos que decidem infernizar a vida do belo rapaz aqui. E outra, tenho coragem de falar na cara de muitos o que várias pessoas não tem. Isso eu considero uma qualidade e tanto.
Conforme eu resolvia todas as situações do evento, minha cabeça ainda fazia questão de trazer a mensagem de texto de volta para me atormentar. Eu sei, eu não deveria estar assim por uma mensagem de um desconhecido que pegou meu número e me mandou mensagem como se me conhecesse, não mesmo. Eu não deveria estar agora com uma mão apoiada na parede e com a respiração ofegante. Não, eu não deveria estar tremendo e com as mãos suando, eu deveria estar calmo.
Droga! Minha bolsa ficou no quarto do hotel, droga mais uma vez! Yoongi tirou da minha bolsa os remédios que me mantêm calma em situações como essa. Às vezes eu tenho vontade de dar um chute na boca desse doente, mas meu coração amolece quando eu lembro que ele está fazendo isso para o meu bem. No fundo odeio as pessoas cuidando de mim, mas ultimamente tenho gostado e muito, principalmente quando esse cuidado vem do meu chefe que agora é meu ficante.
A ideia de manter Jungkook afastado ainda é uma ótima, mas agora a porra do meu coração não quer deixar mais ele ir, e isso não é bom. Desde o dia da boate, o dia que ele se revelou que era o mascarado que me virou do avesso, eu quase caí de joelhos. Digamos que sou um ômega, um tanto quanto diferente dos outros. Não fico fazendo birra que os ômegas fazem quando estão em seus períodos de fluxo. Se um alfa me quer e eu quero ele, bingo! Partiu motel! Agora se eu não quero, não é não! Me arrumo feito um príncipe da Disney, mas tenho atitudes de servente de pedreiro. Meu vocabulário se iguala a de um marginal que vende drogas na esquina e se comparar o meu com o dele, sou mais bruto ainda.
Comigo é oito ou oitenta. Quer? Só vamos! Não quer? Puxa teu barco! Direto e reto.
Decidi respirar fundo mais três vezes e consegui aos poucos me acalmar. Decidi também continuar o meu trabalho e manter a minha cabeça ocupada, mas uma coisa é certa: eu vou descobrir quem está me mandando essas mensagens e se for algum engraçadinho, a surra que eu vou dar vai ser pouco.
Quando me acalmei por completo, caminhei até o salão e meus olhos arderam por ver a cena de Luhan no meio de cinco modelos tentando abraçar todas de uma vez. Alfas apelativos deveriam ser extintos.
- Oi, meu querido! - de repente levo um susto gigante que fez cair meu celular, minha agenda, minha caneta e minha dignidade, tudo ao mesmo tempo
- Senhora Jeon - falei em um fio de voz, juntando minhas coisas na velocidade da luz, praticamente.
Me recompus rapidamente, arrumando meu paletó e me organizando fisicamente e levo um baque ao ver que a mãe de Jungkook, minha pseudo sogra, é mais bonita ainda de perto. Santo Deus, a ômega parece uma dádiva.
Quando eu ficar mais velho, quero ficar inteiro desse mesmo jeitinho.
- Me desculpe por assustar você... - alguém avisa ela por gentileza, que quem tem que pedir desculpas sou eu por respirar perto dela?
- Imagina! Não me assustou em nada. Eu que me distrai por alguns segundos - eu queria enfiar minha cabeça no meu cu agora - Posso ajudá-la em alguma coisa, senhora Jeon?
- Pode. Começando por não me chamar mais de senhora Jeon. Pode me chamar de Jin-ri.
- Claro - não sou nem louco de contrariar.
- Meu filho falou muito bem de você.
Ah não! Eu espero que meu chefe querido não tenha mencionando que estamos transando feito dois animais por que, essa sim seria uma situação constrangedora. Juro por Deus que eu não saberia onde enfiar minha cara. E também espero que ele tenha falado bem do meu trabalho e nada mais que isso.
- Mesmo? - minha voz saiu tão fina que parece que inalei um balão com gás hélio - Posso saber o que ele diz a meu respeito? - tentei sorrir galanteador mas acho que não deu certo.
- Ora, ele sempre mencionou que o senhor Park Jimin, foi o melhor secretário que ele teve. Realmente, querido, eu conferia a agenda dele às vezes, se é você que organiza, você está de parabéns, porque nem a gaveta de cuecas Jungkook se prestava a organizar.
Ah mas o meu dia está começando a ficar bom, vocês acreditam?
- Modéstia da parte dele. Eu sempre fui dedicado e muito empenhado no que eu fiz na minha vida, então sempre dei o meu melhor. - se é que me entende...
- Admiro isso em você! Pessoas que sabem do seu potencial e sabem falar com clareza deles.
- É apenas a verdade.
- Mas eu espero de verdade que esteja gostando de fazer parte da nossa corporação. Jeon não daria uma oportunidade assim para qualquer secretário, e convenhamos, você daria um ótimo modelo! - Oh, de novo não!
- Oh, não. Eu não tenho vocação pra isso... - falei meio sem graça. Jeon Jin-ri conseguiu me deixar sem graça em meia dúzia de palavras que trocou comigo.
- Beleza você tem de sobra, querido.
- São os seus olhos, Jin-ri. Agradeço de coração o elogio, mas odeio me expor. Gosto de ficar, digamos, mais na minha, se é que me entende.
- Perfeitamente. Nada melhor que o silêncio e a paz. Isso dinheiro nenhum consegue comprar, na minha opinião.
- Na nossa, então! - rimos juntos.
- Você é muito simpático, Jimin. Eu adorei conhecer você pessoalmente! - eu saio pulando agora ou depois?
- Eu que adorei conhecê-la, Jin-ri. Foi um prazer imenso.
- Ah, e mais uma coisa - ela disse chegando mais perto e pegou na minha mão. Santa Maria de Deus, que mão macia. Só o creme que ela deve usar deve custar o valor da minha moto - Não deixe Jeongyeon aborrecê-lo. Ela sabe ser inconveniente quando quer.
- Não se preocupe. Se ela quiser infernizar, mostrarei o próprio capeta em pessoa para ela - pisquei sapeca.
- Uau! Depois dessa você está convidadíssimo para jantar na minha casa quando o desfile acabar.
- Oi? - agora sim ela pode levar minha alma, por que é toda dela.
- Até depois, querido.
E saiu como se nada tivesse acontecido. Saiu caminhando perfeitamente naquele salto Labutoin que custa mais que todas as minhas roupas juntas. Eu não esperava fazer amizade com a mãe de Jeon tão rápido, mas se o destino quiser assim, quem sou eu para recusar. Pisquei mais algumas vezes para ver se eu realmente estava nesse mundo e para meu desprazer eu estava.
- E aí, anão. Partiu zona hoje a noite? - Yoongi surgiu na minha frente exalando essa beleza irritante que só ele tem.
- Não me confunda com suas irmãs, Min.
Eu tenho dignidade.
- O que a rainha, deusa soberana da Inglaterra queria com você?
- Sabe me dizer onde eu assinei? - perguntei me fazendo de desentendido.
- Assinou o quê, Jimin? - perguntou confuso.
- O contrato que diz onde eu devo satisfação da minha vida a você. Por que você quer saber?
- Amo seu jeito doce - falou apertando meu nariz de leve - Agora fala que eu não tenho o dia todo.
- Se você fizesse algo de útil nesse evento você estaria ocupado, não aqui enchendo minha paciência.
- Anda logo, caralho!
- Veio dizer que adorou me conhecer e que Jeon sempre falou bem de mim e do meu trabalho.
- Hum! Olha só quem já conquistou o coração da sogrinha... - disse rindo me beliscando de leve.
- Yoongi, você me respeita...
- Mas é sério agora. Você deve ter conquistado mesmo Jeon Jin-ri. Ela não se abre para ninguém.
- Isso realmente me impressiona.
- Mas eu vi você também respirando fundo no canto antes. Você está bem? - eu deveria imaginar mesmo que ele estava me cuidando de canto.
- Estou, já passou.
- Você sabe que não pode me esconder nada, não sabe? - falou baixo para que eu somente pudesse ouvir.
- Olha Yoon, eu sei disso, ok? Mas eu tenho meus traumas. Então só te peço uma coisa, quando me ver assim, não saia feito uma gazela saltitante contar ao Jungkook e também não fique no meu pé, beleza?
- Não adianta você ficar na auto defesa, Jimin. Eu quero te ajudar e vou te ajudar, sou seu amigo, quase um irmão. Então pode chorar a vontade, não estou nem aí para você.
- Vamos trabalhar antes que eu dê um soco nessa sua cara bonita.
(...)
Depois de alguns contratos assinados, conversas com patrocinadores, verificação de documentos, o dia passou mais tranquilo. Não vi Jeon o dia inteiro e isso me conforta um pouco, pois é bom tê-lo longe quando meu interior não está bem. Jungkook está sabendo lidar melhor com as minhas dores do que eu mesmo e isso já mencionei que me tira totalmente da minha zona de conforto. Então vê-lo durante o dia seria um pouco mais complicado.
Meus pés já doíam de tanto andar para lá e pra cá. Eu imaginava que esse evento seria agitado, isso que nem começou ainda. O grande desfile vai acontecer no último dia, com grandes estilistas e marcas famosas do mundo inteiro. Confesso que estou ansioso pelo desfile da Gucci, que é uma marca que sempre sonhei em ter pelo menos uma bolsa. Não sou de me apegar em bens materiais, mas às vezes, sei apreciar uma bolsa linda ou um vestido de alta costura.
O expediente já havia acabado, então fui direto para as suítes do hotel. Eu estava tão cansado que não iria nem comer nada. Só queria uma boa noite de sono porque amanhã seria outro dia daqueles.
Fui caminhando com os meus coturnos na mão quando eu vi uma cena tão peculiar. Cobra concentra, vulgo Jeongyeon, e a amostra grátis do Jackie Chan, mais conhecido como Mark Luhan, encostados praticamente na parede do corredor que dá acesso ao meu quarto, o de Jungkook e Yoongi. Não notaram a minha presença, parece que conversam sobre algo muito importante. Até que fiz questão de mostrar minha presença a essa dupla ridícula. Jeongyeon arrumou sua postura de pilantra trocada em questão de segundos.
- Ora, vejam só, se não é o aproveitador - o ódio que estava dormindo acordou feito criança, cheio de energia.
- Você tá sujinha aqui, não te falaram ainda? - apontei com o dedo em direção a boca. É tão tonta que acreditou.
- Mesmo? Luhan e você não me avisa nada! - o outro pateta que nem se ligou e ficou procurando a sujeira no focinho da cadela.
- É seu veneno escorrendo, aprendiz de vagabunda! - eu disse firme.
- Como é que é? - ela já vinha na minha direção quando Luhan se pôs no meio de nós dois.
- Calma por favor, sem escândalos!
- Como se atreve, seu ladrão de marido?
- Que marido, sua descontrolada? Pelo o que eu fiquei sabendo, você nunca foi casada. Prefiriu fazer o pau de outro cara de trampolim
- Jimin, por favor... - Luhan pediu, segurando a bruxa pela cintura.
- Luhan, por que você não cala essa sua boca e faz algo de útil? Solte o cão raivoso e deixe ela vim para cima de mim. Vamos ver o quanto ela vai adorar a estadia dela no hospital por vinte dias, por que te garanto Jeongyeon, pensa bem antes de vir querer encostar a mão em mim, por que vou te quebrar inteira!
- Você se acha o gostoso, né? - ela já quase gritava no meio do corredor.
- Não me acho. Eu sou! Meu chefe também me acha, sabia? - provoquei ainda mais e dessa vez fiquei com pena de Luhan segurando essa vaca, por que se ela pudesse agora, ela voava no meu pescoço.
- Isso por que você é fácil, você já abriu as pernas para ele na primeira oportunidade. Não pensou duas vezes em dar para ele, seu puto! - observei minhas unhas em forma de deboche e deixei o cão latir - Mas escuta bem, Park Jimin, ele vai voltar para mim. Jungkook me ama, ele só está se divertindo com você!
- Ah, abri mesmo! Abriria de novo e de novo, quantas vezes ele quisesse. Oh alfa que sabe comer um ômega bem, hein! Me deixou dolorido por dias.
- SEU PUTO!!
- Se soubesse mesmo comer um ômega, Jeongyeon não precisava ter ido para a cama com o primo dele... - Luhan falou baixo mas consegui ouvir tudo.
- Olha só, quando você for falar, você fala para todos nós ouvir. Cria coragem e abre essa boca para falar algo útil. Vou te falar uma coisa Luhan, não foi Jungkook que não soube comer Jeongyeon direito, tanto que sou a prova viva de que ele sabe satisfazer um ômega na cama. Foi essa Vagabunda que não teve caráter mesmo e foi ciscar em outro galinheiro - falei com a atenção dos dois para mim - Jungkook tem milhares de ômegas aos seus pés, tenho certeza que nunca precisou mendigar um mísero beijo assim como você fez comigo, que aliás, foi um papel deplorável seu, vamos ser sinceros. - agora era ele que me olhava com raiva - Então cuide antes de sair falando o que você não sabe, e Jeongyeon - agora eu tinha atenção toda dela para mim, que chorava de raiva - Se ele vai ou não voltar para você, isso já não é problema meu. Ele é adulto, vacinado e sabe muito bem o que quer. Agora, reza para não aparecer um ômega na vida dele que vire o coração dele do avesso e faça ele te esquecer, por que se isso acontecer, meu amor... Você já era!
Segui em direção ao meu quarto com os gritos dela me chamando de puto para cima. Se eu me importo? Demais! Tanto que nem vou dormir essa noite, preocupadíssimo com o que a miss cinderela de quinta pensa de mim.
O que pensar de um ser humano assim? Sério, raciocina comigo. A mulher estava de casamento marcado e tudo, aí decide simplesmente ir para a cama com o primo do seu noivo um dia antes de se casar. Tem como perdoar um ser humano desse? Não tem!
Deixando a água do chuveiro cair pelo meu corpo eu ainda continuo refletindo, se eu tivesse no lugar dela, jamais iria procurar outro alfa. Não pelo fato de Jeon Jungkook ser rico, mas sim por ele ser um homem gentil, educado, que sabe como tratar um ômega dentro e fora de um quarto. Jamais deixaria escapar um homem desses. Mas também sei que o que temos não passa de um sexo casual, que logo vai terminar, pois sou sensato o bastante para saber que jamais teria potencial em ter um homem desse como meu alfa.
Jin-ri disse hoje que me admira por saber dos meus potenciais. Sim, confesso que como profissional eu sei muito bem o meu valor, agora como ômega, nesse quesito eu falho miseravelmente. E não falo isso para poder ganhar elogios e encher meu ego. Mas depois da partida da minha mãe, me senti um lixo como ômega. Sim, eu sei que sou bonito e muito privilegiado de corpo, isso eu sei e não nego. Mas nada adianta o físico de fora se o de dentro está destruído.
Imerso em pensamentos, com a cabeça longe, de repente sinto duas mãos grandes segurarem meus mamilos e um corpo musculoso e gigante colado no meu por trás. Eu não preciso nem me virar para saber quem é. Jungkook entrou no meu quarto e invadiu meu banho e isso foi a coisa mais excitante que aconteceu até agora. Sinto seus lábios massageando meu pescoço e eu me deixo levar pela sensação maravilhosa das suas mãos, boca e seu pau mega duro na minha bunda.
- Eu ouvi tudo... - ele sussurra no meu ouvido, me deixando mais louco ainda - Ouvi você me defendendo...
- Eu fiz o que a minha consciência mandou eu fazer - falei em um sussurro sofrido.
- Mesmo? - me virou de frente para ele em um único movimento brusco e preciso, me pressionando na parede - E o que seu coração mandou você fazer?
- Ele mandou eu sentar bem gostoso em você, chefinho... - sorri mordendo os lábios.
- É? - nisso ele passa as mãos na minha bunda, me jogando para cima, fazendo com que minhas pernas se entrelaçam na sua cintura - Pois o meu pediu exatamente que você dissesse isso!
E lá vai mais um dia sem andar. Oh, vida maravilhosa! Se reclamei algum dia? Nunca nem vi.
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