22
Park Jimin
- Não comece, por favor, Jungkook. - Eu disse saindo do seu colo. Peguei sua camisa e vesti.
-- Não dá para adiar mais, Jimin. O que custa você me contar o que aconteceu com você? - disse sentando na cama e eu me ajoelhei na frente dele.
- São assuntos que mexem muito comigo. Nem meu irmão sabe dessas coisas que sinto. Odeio dividir minhas dores com alguém, odeio passar a imagem de que sou fraco, vulnerável...
-Se tem uma coisa que você não é mesmo, é ser fraco - Jungkook disse segurando minha mão carinhosamente - Se vamos ter algo, é melhor você começar a confiar em mim.
- Não é assim que funciona também, Jungkook. Começamos a nos relacionar ontem...
- No seu rabo que começamos a nos relacionar ontem!
- Como é que é? - agora fiquei confuso.
Esse alfa não bate bem da cabeça.
- Isso mesmo que você ouviu. Você já é meu desde que transamos pela primeira vez na Secret.
- Ah, que lindo! Você esqueceu de um detalhe, gênio. Eu não sabia que era você!
- Não quero saber, já pertencemos um ao outro desde lá. Eu precisava te ter para comprovar meus sentimentos por você, garoto! - disse assim, na minha cara como se ele acabasse de fazer um teste drive.
- Uau! Que profundo! Me diga então, qual foi o resultado dessa sua pesquisa?
- Que sou um alfa completamente apaixonado por você.
Se minha alma pudesse falar comigo agora, ela estaria rindo da cara que eu devo estar fazendo. Meus olhos estão arregalados e minha boca aberta em formato de O, e meu coração bombeava rápido demais. Jeon Jungkook apaixonado por mim. Esse homem que paga meu salário e que me faz ter sonhos eróticos me quer e não sai uma maldita palavra da minha boca.
- Eu...
- Não precisa dizer nada, Jimin. Não precisa dizer que também está apaixonado por mim, por que mesmo se não estiver, eu vou lutar para que você me ame.
- Eu pensei que... Iríamos transar, somente... Eu... - eu sei, eu fico mais patético ainda quando fico nervoso.
- Vê se eu tenho cara de que quer somente transar por transar, Jimin.
- Quer mesmo que eu responda? - perguntei com medo da resposta
- Você me respeita... - falou e sorriu diabolicamente pra mim - Ainda sou seu chefe!
- Você acabou de me foder maravilhosamente e ainda disse que quer ter algo sério comigo. Como você não quer que eu deboche da situação? - ri alto e ele também.
- Não fuja do assunto, pequeno. Você precisa ter confiança em mim. Só quero ajudar e te proteger, e não adianta dizer que não precisa de proteção e essa parafernalha toda, que não estou nem aí para o que você acha.
- Mas que audácia... - falei colocando a mão no peito, fingindo desapontamento.
- Me conte - acariciou meu rosto e eu fechei os olhos, sentindo a mão dele me trazer tranquilidade - Nem que seja aos poucos, mas me conte. Não me deixe no escuro.
Permaneci com os olhos fechados e meu corpo tremeu.
Eu sei que era bobagem isso tudo que eu fazia, mas era extremamente difícil para mim voltar no passado, voltar em um dia que marcou muito. A morte da minha mãe já havia feito um estrago enorme em mim, mas ver meu pai abandonado a mim e meu irmão pequeno, foi o ápice do fracasso.
Isso foi pra acabar comigo.
Só não me dei ao luxo de sofrer pois eu tinha Namjoon, que precisaria de mim.
- Eu tinha quatorze anos, quando minha omma faleceu de câncer de mama, deixando eu, meu pai e meu irmão... - comecei falando da parte mais difícil da minha vida.
- Eu sinto muito, meu amor.
- Minha omma era tudo pra mim, Jungkook. Era uma ômega incrível, que me ensinou tudo o que era certo e o que era errado. Me mostrou qual caminho eu poderia seguir, mas eu enfrentaria as consequências - respirei fundo - Durante o jantar, ela sentiu fortes dores de cabeças e enjoos constantes. Levamos ela no médico, mas a princípio estava tudo bem, mas durante o banho, ela me disse que havia sentido um pequeno caroço embaixo do seu selo esquerdo. Bom, como eu era uma adolescente e não sabia nada disso, eu achava que estava tudo bem. Mas com o tempo aquele caroço foi crescendo e cada vez mais minha mãe passava mal, até de depois de muitas idas em médicos, descobrimos o pior. Minha omma estava com câncer de mama.
- Mas ela descobriu logo no começo?
- Infelizmente não, o câncer estava tão escondido que nem os médicos conseguiram descobrir de primeira que ele estava em um estágio de avanço gigantesco - Jungkook me colocou no meio das suas pernas, com as minhas costas apoiadas no seu peitoral - E ali começou nosso sofrimento. Quimioterapia em cima de quimioterapia e minha omma só piorava. Meu pai foi o que mais sofria, pois ele era muito apegado nela. Até que um dia, ela desmaiou no meio da cozinha, levamos ela para o hospital e o dia da minha morte em vida havia chegado. Os meus pesadelos começariam ali
- Sua mãe se foi... - Jungkook disse, apertando seus braços na minha volta.
- Bingo... - fechei os olhos, a vontade de gritar e de chorar veio como um soco na minha garganta - O começo dos meus pesadelos...
- Por que não me disse que você sofre assim por causa da morte da sua omma, anjo? - Jungkook me beijou no topo da minha cabeça.
Ah se ele soubesse que isso não era nem o pior.
- Acredite, a morte da minha omma foi fácil de superar. Eu sofro sim com a morte dela, mas o pior não foi isso.
- O quê?!
Jungkook me olhou assustado assim que me virou de frente pra ele. Nem ele acreditava, mas a morte da minha mãe velo cedo demais. Eu comecei a aceitar que uma hora, todos nós vamos dessa pra melhor... Ou pior.
- Não sei se tenho forças para isso, Jungkook... - tapei meu rosto com as mãos. Eu sentia a fraqueza e o desespero acompanhado da angústia me atingir com tudo.
-Não, não. Você está indo bem, meu amor... - senti suas mãos tirarem com delicadeza as minhas do meu rosto - Vai fazer um bem enorme você colocar tudo isso para fora. Confie em mim, não falarei pra ninguém, mas me veja como se eu fosse seu porto seguro agora...
- Três meses depois da morte da minha mãe, pela janela do quarto de Namjoon, meu irmão mais novo, eu vi...
- O que você viu?
- Meu pai... Indo embora para sempre, deixando eu e meu irmão sozinhos no mundo.
- O QUÊ?!
Jeon já envolvia meu corpo em um abraço forte.
Eu já estava totalmente em lágrimas. Eu comecei a chorar no alfa que está me prometendo o mundo, o que eu não chorei em anos. Estou colocando para fora toda a dor pela morte da minha mãe, a raiva e o asco pelo meu pai, a dor dilacerante do abandono e da solidão.
- Quando isso aconteceu, Jimin? Me diga, não me esconda nada.
- Namjoon tinha sete anos, Jungkook e eu quatorze! - suspirei alto - Dez anos atrás.
- Filho da puta! - Jungkook me soltou e andou de um lado para o outro no quarto - Meu deus, duas crianças praticamente. Por que você nunca me falou isso? Por que carregou esse fardo sozinho, Jimin?
- Eu odeio falar dos meus problemas. Eu não sei o que me deu pra te contar essas coisas...
- Jimin, seu pai abandonou você e seu irmão. Olha que grave isso. Nem uma cadela abandona seus filhotes...
- Para você ver... - comentei olhando pro teto.
- Dez anos. E ele nunca mais voltou? Nenhuma ligação, e-mail...?
- Não. Dez anos sem saber se ele está vivo ou se está morto - limpei minhas lágrimas com o dorso da minha mão - E também não quero saber. Ele vivo ou morto é a mesma coisa para mim. Criei meu irmão e me cuidei sozinho sem ajuda dele, não vai ser agora que irei precisar dos cuidados paterno dele.
- Você não precisa mais dele - Jungkook voltou a sentar na cama de frente para mim - Você tem a mim agora, você e seu irmão. Não carregue mais essa cruz sozinho. Vamos carregar juntos se for preciso.
- Jungkook, eu sou cheio de problemas, cheio de traumas...
- Ninguém é perfeito, Jimin. Eu te quero com suas qualidades e com seus defeitos. Poxa, foram um ano e meio sonhando com você, sonhando com o momento que você estaria nos meus braços. Te trouxe sim para essa viagem pra você crescer na empresa, mas também, porque queria ficar mais perto de você.
- Eu sabia que tinha interesse da sua parte nisso! - sorri
- Vai dizer que você não gostou também? - me deu um selinho rápido.
- Não sei nem do que você está falando, Jeon. - fingi desinteresse. Ele riu alto.
- Não se faça de bobo! - Jungkook atacou minha boca em um beijo que se eu dependesse dele para respirar, tiraria a sorte grande.
- Confesso pra você que tenho medo dele aparecer... Temo por Namjoon que sempre foi apegado ao merda do meu pai.
- Você não tem curiosidade em saber o porquê ele tomou essa atitude? Uma explicação pelo menos?
- Sim, eu tenho. Mas a ideia de ver meu pai novamente, me assusta pra caralho.
- Não precisa ter medo, pequeno - me deitou na cama com seu corpo por cima - Se ele aparecer, seu namorado aqui vai estar sempre por perto, para nada te fazer mal mais.
- Meu o quê?! - meu cu foi parar no meu pé depois dessa informação.
- Seu namorado...?
- Que eu me lembre, eu não tenho namorado, não chefe.
- Pois agora você tem! E fique quietinho que vou te fazer esquecer os problemas pelas próximas cinco horas, namorado.
- Só vem então, namorado.
Pois é, quem disse que Jeon Jungkook estava brincando? Ele acabou comigo praticamente a noite inteira. E depois dessa noite, eu jamais imaginaria que minha vida iria dar uma reviravolta gigante.
Agora sou namorado desse filho da puta gostoso, contei para ele todos meus problemas e agora ele tá aqui, acabando comigo com o sexo mais louco que tive na minha vida.
É pedir demais não acordar desse sonho?
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