12

Park Jimin

Eu sei que depois de algum tempo sozinho refletindo, eu irei colocar toda essa merda para fora. Eu sou uma pessoa que se eu estiver com dor, porém ter uma pessoa com uma dor pior que a minha, eu vou esquecer a minha dor e tentar ajudar a curar a dor do meu próximo. Eu levo muito a sério esse lance de amar o próximo, porém não me arrependo disso.

Todos os meus sentimentos estão confusos. Eu queria abrir a cabeça do Taehyung e fazer ele entender que já é um homem adulto, e que ele não está sozinho nessa. Queria pegar a mão do meu chefe, fazer ele sentar numa cadeira e eu de frente pra ele, falaria tudo o que está entalado na garganta. Mas antes que isso aconteça, eu respiro fundo umas sete vezes.

Às vezes, eu sentia falta de alguém próximo. Alguém que segure minha mão e diga que vai estar tudo bem.

Sinto falta da minha mãe, dos conselhos malucos e maternais. Muitas vezes eu queria pegar uma almofada, vestir um pijama, deitar na minha cama e chorar por horas e depois tirar aquele sono gostoso.

Eu aqui, olhando para a cafetera me dispus a contar as gotas de café que caíam na jarra de vidro, só assim para que eu não enlouquecesse.

Agora voltando o assunto da noite com o mascarado, ele me tirou do chão, me fez sentir coisas que eu jamais pensei em sentir na vida. Parecia que eu o conhecia a anos, que ele sabia onde e como tocar meu corpo. E tem o meu chefe que está atrás de mim sentado com Taehyung e Yoongi na mesa.

Os três falavam de um assunto que eu não prestava atenção, mas o cheiro, o cheiro dele, que é o mesmo cheiro do mascarado, está me deixando louco. Eu gostei de estar nos braços de Jungkook hoje, porém não imaginava que ele sentia alguma atração por mim. Jurava que a atração escondida que eu tinha por ele era só entre mim e minha imaginação, eu jamais poderia imaginar que era recíproco.

Mas, alguém como Jeon Jungkook, se envolveria com um ômega cheio de problemas como eu?

- Você precisa acordar para a vida, Taehyung - falei do nada chamando a atenção dos três para mim, fazendo cortar o assunto que falavam e ficarem em silêncio - O que aconteceu hoje, não pode voltar a se repetir.

- E o que aconteceu? - Taehyung já se levantou alarmado, e enquanto o café passava, me virei de frente para eles, que tinham olhares atentos em mim.

- Félix foi atrás de mim na empresa. E eu dei uma surra nele, mais uma vez, Tae.

- Pensa na surra - Yoongi falou tentando quebrar o clima tenso que criei - Uma surra bonita.

- Ji, eu sinto muito... - Taehyung começou a chorar.

Mas eu tinha que ser firme com ele agora ou ele nunca vai acordar.

- Lágrimas não vão te adiantar de nada Taehyung, só depende de você dar o basta. Quantas surras terei que dar no Félix pra ver se ele acorda de vez e te deixa em paz? - perguntei e o vi abaixar a cabeça - Quantas vezes vou precisar te manter longe dele para que ele venha cometer um ato que ele vai se arrepender pro resto da vida? Hoje foi um tapa na minha cara, e amanhã?

- Ji, ele te bateu?! - Taehyung gritou no meio da cozinha e pareceu que só naquele momento viu a marca no meu rosto, o ômega chorou mais ainda.

Eu sei, ele não tem culpa, mas ele precisa agir.

- Bateu - dessa vez foi Jungkook que levantou-se da cadeira e parou do meu lado - Um alfa que bate em um ômega Taehyung, não merece perdão. Cadeia para esse tipo de alfa é pouco e se ele encostar em Jimin mais uma vez, o próximo encontro de vocês será no velório dele.

- Eu sei. Meu Deus, eu não sei nem o que dizer - Tae voltou a sentar sob o olhar de Yoongi enquanto Jungkook continuava ao meu lado - Eu já terminei tudo com ele mas não é fácil. Ele não me deixa em paz.

- Acredite - Jungkook voltou a falar - Queremos ajudar. O que vi hoje foi um alfa que não aceita um término e que precisa de ajuda psicológica, por mais que eu não acredite que um abusador tenha problemas mentais, mas vamos acreditar que sim.

- Vocês não vão mais se envolver - falei já pegando as xícaras mas tenho certeza que Jungkook soube que eu estava falando com ele - Agradeço o que fizeram por mim hoje, mas isso acaba aqui. Essa briga é minha e do Taehyung.

- Você não entende, Park! - dessa vez foi Yoongi que decidiu falar - Isso não está mais nas suas mãos. Não depende mais de vocês dois.

- Está sim. Não quero vocês dois envolvidos. Vou ter que falar pela terceira vez? - eu já estava nervoso. Creio que terei que me acalmar urgentemente.

- Fale quantas vezes você quiser! - Jungkook falou - Vocês dois não estão mais sozinhos. Vocês tem a nós agora.

- Jimin está certo, Jeon - Taehyung disse ainda de cabeça baixa - Não vale a pena bater de frente com Félix.

- Vocês não ganham nada nessa briga. Essa briga é de anos, então por favor, não se envolvam. - eu já estava irritado.

- Já estamos envolvidos, só você que não percebeu ainda - Jungkook disse me olhando nos olhos e senti um calafrio imenso na minha nuca - Muito mais do que você pensa.

- Não preciso de proteção, nunca precisei e não vai ser agora que irei precisar. Estou acostumado, então eu sei lidar com o Félix. Uma hora ele vai cansar, ou ele cansa no amor ou cansa na dor. No amor ele já esgotou as cotas, agora ele está sentindo na dor que se ele não parar, a tendência é só piorar.

Jungkook me olhava agora com um olhar de decepção e raiva. Foda-se, essa batalha é minha e de Taehyung, uma hora ele vai embora ou encontra alguém e deixa o meu amigo em paz, até lá, farei meu papel de amigo e o protegerei.

- Podem nos deixar a sós? - Jungkook perguntou a Yoongi e Taehyung, sem tirar os olhos de mim.

Os dois sem falarem nada, pegam suas xícaras de café e seguiram para a sala.

Eu não sei o que mais esse alfa quer de mim. Eu já estou envergonhado o bastante com tudo o que aconteceu na frente dele e da empresa, e eu ainda acho que está custando meu emprego. Fechei os olhos e suspirei fundo mais uma vez.

- Por que você é assim?

- Assim como? - sussurrei de volta,

- Por que quer carregar todo o peso sozinho? Eu sinto que não é só isso, Jimin. Sinto que você é uma pessoa distante às vezes, que está machucado.

Não, não, não, não! Isso não! Pare de olhar minhas dores. Foram anos treinando para que ninguém perceba minhas fraquezas e ele vem, em menos de trinta segundos, me lê de uma forma que nenhum psicólogo conseguiria. Isso não pode acontecer!

- De onde você tirou isso? - perguntei desviando o olhar.

- Um ano e meio te observando. Um ano e meio tentando desvendar o mistério que é você.

- Então pare com isso, por que você não vai achar nada aqui.

- Isso é o que a gente vai ver.

- Jeon - cheguei mais perto dele - Eu não preciso de ninguém me protegendo. Eu sei me cuidar sozinho, e muito bem. Então a única coisa que peço a você, se tem algum respeito por mim, não me leia, não me descubra. Minhas dores é algo que jamais será compartilhado, minhas dores não interessam a ninguém.

- Interessam a mim.

- Está enganado.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Não tenho. Mas não pretendo arriscar - falei desviando o olhar do chão e olhando para a escuridão dos seus olhos - Eu sou esse Jimin que está na sua frente. Forte e determinado.

- Quem te machucou? - coloquei a mão nos meus ouvidos, não querendo ouvir - Quem te deixou sozinho? Quem te deixou desprotegido? - senti suas mãos e braços fortes rodearem minha cintura e me levarem até seu corpo.

- Não faça isso... - não chore, bastardo. Você não é fraco!

- Eu irei fazer - levou seu rosto até meu pescoço e ali ele depositava beijos delicados - Eu vou descobrir cada pedacinho seu, cada dor sua, cada fraqueza e vou tirar você desse buraco, mais rápido do que você pensa.

- Não permitirei isso... - eu já estava mole em seus braços, e eu nem havia percebido que ele estava me pressionando na pia, me fazendo sentir seu pau delicioso esmagando minha virilha - O que você quer de mim?

- Você... - lambeu toda extensão do meu pescoço me fazendo ficar excitado, arrepiado e molhado - Você todinho.

E depois de muita tortura, senti novamente os seus lábios tomando os meus em um beijo gostoso pra caralho. Ele faz eu esquecer todos os meus problemas só com esses beijos dele e eu claro, não desperdiçaria jamais. Minhas mãos foram para os seus cabelos e massagearam sua nuca, e ele parecia gostar disso.

Sua boca era macia e se encaixava perfeitamente na minha, me fazendo delirar. Eu só conseguia imaginar ele dentro de mim, me fodendo a noite toda. Jungkook me pressionava e me apertava contra o seu corpo com possessividade e eu amava isso. Suas mãos passavam das minhas costas indo para a minha bunda. Suas mãos faziam tour pelo meu corpo, parecia que ele queria gravar cada parte minha.

Paramos o beijo ofegantes e com as testas coladas uma na outra. Ele vai me fazer ficar viciado nos beijos dele e ele nem sabe disso.

- Aceite - ele disse assim que me deu um selinho, mas ainda continua colado em mim - Você não está mais sozinho.

- Eu sou sozinho. Aceite você - falei acariciando seu peitoral.

- Tarde demais para você fazer exigências. Trate de aceitar que estarei presente mais do que você imagina.

Queria muito perguntar o que ele queria dizer com aquilo, mas me contive. Se ele estiver falando de relacionamento, não sei se sou capaz de aguentar. Sou problemático demais para ele.

- Isso não é você quem decide.

- Me diga - nisso ganhei mais um selinho - Me dê uma dica, de quem te fez ficar assim, por favor. Quero ouvir de você, não quero ter que descobrir isso do meu jeito.

- Alguém que deveria ser meu porto seguro... E não foi - minha voz vacilou, mas eu fui mais forte, engoli o choro.

- Essa pessoa é uma arrombada do caralho! - ele disse com raiva.

- Do caralho! - concordei e nisso ganhei mais um beijo daqueles. Oh, homem, não faz isso não!

- Preciso ir, tenho algumas coisas para resolver na empresa - com isso me soltou lentamente - Tire o dia de folga hoje e descanse.

- Obrigado - disse e fomos indo em direção a porta - Me desculpe mais uma vez, prometo que não irá se repetir.

- Eu sei disso, não se preocupe com isso - sorriu e eu sorri de volta - Vamos embora Yoongi!

- Não grita, eu já estou indo porra!

Nisso Yoongi e Taehyung aparecem juntos e a expressão do meu amigo parece melhor. Parece que ele ganhou um novo amigo, um novo amigo que com o tempo ele irá afastar por causa do Félix.

- Escuta Park, vê se toma vergonha nessa sua linda cara e pede um aumento para esse bastardo, pra você poder comprar um café decente por que nossa senhora - esse Yoongi não conhece limite.

- Sabe aquele lugar que não pega sol, Min? - perguntei.

- Sei sim.

- Então toma lá! E vê se me erra antes que eu te dê uma surra.

- Me protege, Jeon! - Yoongi riu espantado.

- Me erra, caralho! - Jeon disse e Taehyung ria da interação desses dois - Vamos logo que preciso trabalhar.

- Lógico que precisa. Se não você não paga a pensão para os seus sete filhos que você tem comigo, pai desnaturado!

- Eu mereço! - Jungkook disse entediado.

- Saíram todos por trás, foi? - perguntei afrontoso.

- Me segura Jeon, se não eu eu desço para ficar na altura dele.

- Sai logo da minha casa, inferno! - eu disse dando gargalhadas com Taehyung me acompanhando.

Como despedida, Yoongi abraçou e deu um beijo no rosto do meu amigo e quando veio se despedir de mim, me abraçou forte que eu poderia jurar que uma costela minha foi pro saco. Yoongi fez menção de me beijar no rosto mas parou me olhando esquisito.

- O que é isso aqui? - perguntou apontando para o canto da minha boca.

- O que? - perguntei preocupado já, pois ele falava tão sério.

- Seu veneno escorrendo! Tchau, meninos!

Filho da puta! Taehyung já estava com as mãos na barriga de tanto rir, outro bastardo! Yoongi passou pleno por mim e por Jungkook indo até o elevador apertando o botão do térreo. Quando fui fechar a porta, chamei Jungkook.

- Chefe?

- Sim? - virou-se de volta para me olhar.

- Saia do meu caminho - falei sorrindo e ele olhou pra baixo sorrindo também e depois voltou a me encarar.

- Vem você me tirar do seu caminho. - ele disse com um sorriso de lado.

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