Capítulo 04 - 920 Milhas
Jamie
Nós chegamos a Viena apenas a tempo de desembarcar e embarcar imediatamente para Munique, onde conseguiríamos um trem noturno para Londres.
Eu me acomodei em minha poltrona, me preparando para passar mais quatro horas ali. Assim que desembarcássemos na Alemanha, eu arrumaria um quarto de hotel e tomaria um bom banho antes de entrar novamente no maldito trem. Eu não imaginava que essa viagem pudesse ser tão cansativa.
Summer estava acomodada uma fileira à frente da minha, do outro lado do corredor. Nós não conversamos mais, mas a cada minuto daquela viagem eu me sentia mais disposto a ceder e lhe pedir desculpas mais uma vez. Era um trajeto longo e cansativo e ter alguém com quem conversar me ajudaria a passar o tempo e ocupar minha mente. E Deus era testemunha do quanto eu ansiava por uma distração.
Eu a observei ali distraída, olhando pela janela. O trem logo partiria e nos colocaria a caminho de Munique. Em outra época eu certamente adoraria aproveitar pelo menos um dia em cada uma daquelas cidades, mas agora eu apenas desejava que aquele inferno terminasse de uma vez.
Olhei com interesse o assento vazio ao lado de Summer, cogitando a possibilidade de me sentar ali se não fosse ocupado até o início da viagem. Minhas intenções, porém, foram frustradas quando um rapaz que não aparentava ter mais que dezoito anos assumiu o lugar.
Eu suspirei, sabendo que havia perdido minha chance, encostando novamente minha cabeça no encosto de meu assento.
Seria uma longa viagem. O trem logo começou a se mover para meu alívio.
Eu notei o rapaz puxando assunto com Summer e logo desviei minha atenção para uma notificação em meu celular.
"Você realmente vai me ignorar por uma vadia qualquer? Isso é típico!"
Eu respirei fundo ao ler a mensagem de Meilin.
"Não é isso o que está acontecendo"
Por que eu sequer me dava o trabalho de responder?
"Aposto que já estava com ela. Se você não tirar suas coisas da minha casa até o fim de semana, eu vou jogar tudo no lixo!"
Mais isso agora. Que direito ela pensa que têm de ter ciúmes de mim, sendo que foi ela quem terminou?
"Queime se quiser, eu não vou buscar"
Ótimo, agora tudo o que me resta é o que está dentro de minha mala. Quando as coisas começarão a melhorar um pouco?
Meu celular logo começou a vibrar em minha mão, me obrigando a ignorar a chamada de Meilin, eu estava prestes a desligar de vez o aparelho quando a voz de Summer chamou minha atenção.
— Eu já disse que não falo seu idioma! — ela exclamou parecendo incomodada.
Eu olhei em sua direção, ela estava com o rosto levemente virado para olhar o rapaz, mas não parecia com vontade de fazê-lo.
— Americana… Vocês não são tão sem graça quanto eu imaginei — o rapaz gracejou com um sotaque alemão arrastado.
Eu conseguia visualizar apenas parte de seu rosto, mas conseguia imaginá-la revirando os olhos naquele momento. Ela se limitou a colocar os fones de ouvido e desviar o olhar para a janela.
Aparentemente a viagem seria longa para nós dois.
Foi quando para surpresa de Summer, e minha também, o rapaz retirou o fone de seu ouvido sem cerimônia alguma.
— Hey!
— Nós vamos nos conhecer melhor — ele gracejou.
— Eu não tenho interesse nenhum em te conhecer — ela rosnou, colocando novamente o fone no ouvido.
— Mas eu quero te conhecer — aquele babaca arrancou o fone dela mais uma vez, parecendo incomodado pela rejeição.
Foi quando decidi que já era hora de interferir. Independente da situação entre nós, eu não a deixaria aguentando aquele tipo de comportamento e desrespeito por quatro horas.
— Summer — os dois olharam em minha direção.
O rapaz ao seu lado não parecia satisfeito com a intromissão, mas eu não poderia me importar menos com a sua opinião.
— Troque de lugar comigo — eu instruí, recebendo um olhar agradecido em troca.
Ela logo se colocou em pé, tentando seguir o que lhe disse, mas em um movimento rápido ele a segurou pelo pulso.
Eu senti meus músculos se retesaram ao ver aquele contato. Se ele não soltá-la imediatamente...
— Ela está bem aqui, cara. É melhor você cuidar da sua vida.
— Me solta — Summer balançou o braço com violência para se livrar dele.
Ele se levantou, encarando com uma expressão irritada. Aquela confusão já havia chamado bastante atenção, mas ninguém parecia disposto a interferir em favor da garota.
— Escuta aqui, vadia…
Eu me levantei, agarrando o rapaz pela parte de trás de seu pescoço, o puxando para trás antes de me colocar entre os dois.
— Hey, o que…
— Você tem duas opções, garoto. Trocar de lugar comigo e passar as próximas quatro horas em silêncio — eu o encarei de cima, já que era consideravelmente mais alto que ele.
— Ou o quê?
— Ou nós vamos resolver isso de outra maneira, e eu posso te garantir que não será agradável — eu enfatizei.
— Você vai acabar nos colocando em outra lista negra — Summer sussurrou, segurando meu braço na tentativa de me afastar do idiota.
— O que está acontecendo aqui? — um casal de comissários de bordo se aproximaram, avaliando nossa situação.
— Esse cara está arrumando confusão comigo porque não quero trocar de lugar com ele — o babaca se adiantou em explicar.
Eu senti o aperto da mão de Summer em meu braço, provavelmente na tentativa de me impedir de partir o idiota em dois.
— Senhor, isso é verdade? — a comissária me encarou.
— Não foi o que aconteceu — Summer se apressou em dizer — só queria mudar de lugar porque…
— Senhora, em nossa companhia os assentos são escolhidos no ato da compra da passagem — o homem interferiu — ele não pode obrigar outro passageiro a mudar de lugar.
Ótimo, nos entenderam errado mais uma vez, a pior parte era ver o sorriso vitorioso no rosto do rapaz.
— Mas…
— Nós estamos operando com nossa capacidade máxima de lotação, não…
— Não foi o que aconteceu, o rapaz magrelo começou a importunar a namorada dele — uma velha senhora que estava acomodada ao meu lado se levantou — ele tentou trocar de lugar com ela, mas o rapaz não permitiu, e a segurou no lugar.
Summer e eu trocamos um breve olhar diante da explicação da mulher, poderíamos esclarecer que ela não era minha namorada, mas não parecia ser o momento certo.
— Senhorita, isso é verdade? — o comissário questionou.
— É claro que não, eu só estava conversando com ela e esse cara veio para cima de mim! Ela também estava me dando atenção — o rapaz mentiu.
Eu tentei avançar em sua direção, mas Summer foi mais rápida em me segurar.
— Senhorita? — a comissária a encarou aguardando uma resposta.
— Ele arrancou meu fone de ouvido, me segurou no lugar quando tentei sair e me chamou de vadia — Summer explicou — Jamie apenas me defendeu, eu não me sinto segura viajando ao lado desse rapaz.
— Ela está mentindo! Eu…
— Se você abrir a boca de novo — eu o ameacei enquanto os dois comissários discutiam baixo entre si, decidindo o que fazer.
— Eu não vou passar todo esse tempo ao lado dele! — Summer avisou.
— Senhorita, nós estamos com lotação máxima, não podemos jogá-lo do trem!
O homem tentou acalmar os ânimos enquanto a mulher se afastava falando em um rádio.
— Ele não vai sentar ao lado dela — eu avisei.
— Mas senhor…
— Eu já resolvi — a mulher retornou — vocês dois estão juntos, certo?
— Sim — Summer se apressou em confirmar.
— Por favor, peguem suas malas e venham comigo.
Nós dois nos entreolhamos antes de seguir suas instruções, para o alívio de todos os outros passageiros, que gostariam de continuar a viagem sem toda aquela confusão.
Nós a acompanhamos para outro vagão, sem saber ao certo qual seria nosso destino.
— Sinto muito que isso tenha acontecido, saibam que nossa companhia repudia qualquer forma de assédio — a mulher garantiu.
— Obrigada.
— Conseguimos uma cabine vaga e podemos acomodá-los aqui — ela parou diante de uma porta de correr, a abrindo em seguida — Espero que o restante da viagem seja agradável.
Nós agradecemos a mulher e logo entramos na cabine, que era composta por dois assentos compridos que podiam ser usados como cama, um de frente para o outro. Coloquei minha mala no bagageiro que ficava acima dos assentos antes de cuidar da de Summer.
— Obrigada — sua voz quase inaudível acabou rompendo o silêncio.
— Como?
— Você sabe, por me ajudar com aquele abusado — ela mordeu o lábio inferior — você não tinha obrigação de se envolver.
Eu franzi o cenho, me sentando enquanto a observava. Claro que era minha obrigação, qualquer um deveria se envolver em um caso assim, mesmo se não a conhecesse, isso poderia acontecer com minhas irmãs ou até mesmo minha mãe, e é uma situação inaceitável. Minha mente voltou a processar todos os pensamentos de antes de toda aquela confusão se iniciar.
— Talvez a gente possa recomeçar — dei um meio sorriso — me desculpe mais uma vez pela história de atriz pornô.
— E eu sinto muito por toda a confusão do banheiro — ela suspirou, se sentando de frente para mim.
— Não foi tão ruim, apenas… minha vida está em um estado caótico e eu descontei em você — acabei admitindo.
Como se adivinhasse, meu celular começou a tocar, eu vi a foto de Meilin estampada ali antes de recusar a ligação, notando outras chamadas perdidas.
— E essa mulher que você está ignorando tem culpa nisso? — Summer seguiu meu olhar.
Suspirei audivelmente, guardando o celular no bolso.
— É uma longa história — forcei um sorriso.
— Ótimo, nós temos tempo — Summer zombou.
Eu estava prestes a inventar uma desculpa e mudar assunto, mas algo em sua expressão me deu confiança o suficiente para me abrir.
— Ela é minha noiva, ou melhor, era — eu comecei.
Passei as próximas horas relatando-lhe com detalhes tudo o que havia acontecido comigo na última semana, me sentindo mais leve a cada palavra dita.
— Mas que vaca! — Summer exclamou ao fim do relato de minhas desventuras.
— Ela ouviu você quando estávamos no banheiro e cismou que eu estou com outra mulher — eu relatei — Meilin…
— Vaca dissimulada — Summer me interrompeu.
— Como?
— Acabei de renomeá-la, vaca dissimulada combina mais do que Meilin — Summer começou — é isso que ela é.
— Eu não a ofenderia assim — contive um pequeno sorriso.
— Claro que não, você é um cavalheiro, mas sou eu quem a estou ofendendo — ela me provocou.
— Bom, Meilin…
— Vaca dissimulada — Summer me corrigiu — continue…
— Ela quer que eu tire todas as minhas coisas da casa dela no fim de semana ou queimará tudo — continuei meu relato — então, basicamente tudo o que restou de minha vida está nessa mala.
— Você pode comprar coisas novas — ela deu de ombros.
— Com todo o dinheiro que ganharei agora que fui demitido? — eu a encarei.
— Ah sim, eu esqueci que você está na merda em todas as áreas de sua vida — ela gargalhou — isso quase faz com que eu me sinta melhor com a minha.
— Pelo menos serve para algo — revirei os olhos, rejeitando uma nova chamada de Meilin.
— Deixa eu atender? — Summer pediu animada
— Claro que não — eu devolvi.
— Por que não? Você não vai voltar com ela mesmo. Eu posso fazer você recuperar pelo menos um pouco de dignidade — ela se levantou, se sentando em seguida ao meu lado.
— Tudo bem, chega de falar de mim. E a sua dignidade? — Eu decidi mudar de assunto.
— Não fui eu quem levou um fora por ter sido demitido — Ela devolveu.
— Não, mas é você quem vive sendo morta de maneiras humilhantes nos filmes — eu lembrei.
Summer riu antes de me dar um soco no braço.
— Hey, pelo menos isso paga meu salário. Eu posso te conseguir um papel, para você ser morto de maneira humilhante. Assim você vai ter um pouco de dinheiro, e pode, sei lá, não virar um sem teto, ou comprar comida. Com esse rostinho bonito, não seria difícil — ela piscou.
— Você não devia usar o que te contei contra mim — eu a lhe observei com o canto de meu olho.
— Você deveria ter mais cuidado com o que conta para estranhos então — ela gargalhou.
Não pude evitar acompanhá-la na risada, me sentindo um pouco melhor sobre tudo o que havia acontecido pela primeira vez em dias.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, até que Summer esticou o celular para mim.
— Aqui, esse é o motivo da minha viagem — ela mostrou a foto de uma menina loira de olhos azuis.
Apesar da cor do cabelo e olhos, as duas tinham alguma semelhança. Eu logo levantei meus olhos em busca de uma explicação.
— Ela é minha irmã. Se chama Autumn — ela sorriu, voltando a observar a foto com carinho.
— Autumn?
— Minha mãe gosta das estações — sua risada tomou conta do ambiente.
— Ela é muito bonita. Quantos anos tem?
— Nove, eu prometi a ela que soltaremos fogos na virada do ano — Summer narrou — ela me adora e está sempre pedindo que eu volte para casa.
Eu notei uma sombra de culpa em seu rosto, mas ela logo afastou aquela expressão, sorrindo antes de guardar novamente o aparelho.
— Parece ter uma história por trás disso — eu a provoquei.
— Não é nada…
— Vamos, eu contei a minha história — eu insisti.
Ela deu um sorriso sem graça, desviando o olhar para a porta de nossa cabine, antes de suspirar.
— Tudo bem, mas só vou te contar porque eu nos prendi no banheiro mais cedo — Summer me encarou.
— Eu não posso mais viajar da Romênia para a Hungria por sua culpa, então é o mínimo que você pode fazer para me compensar — eu pisquei um dos olhos para ela.
— Ok, Autumn me adora, sempre que eu venho ela pede que eu volte depressa e não quer que eu vá embora — ela começou.
— E isso é algo ruim?
— É horrível, porque eu perdi a última Páscoa e o aniversário dela! — Summer gemeu — minha mãe disse que ela ficou tão decepcionada que não quis comer o próprio bolo. Eu não tive coragem de aparecer depois disso.
Summer parecia extremamente envergonhada com aquilo, e eu não conseguia entender o motivo.
— E por que você não foi?
— Eu tive uma audição. Não podia perder, mas no fim nem consegui o papel e minha mãe ficou furiosa comigo — ela mordeu o lábio inferior — quando prometi que estaria lá, ela ameaçou me esfolar viva se eu não cumprisse a promessa.
Eu a observei, pensando quantos feriados e comemorações eu havia perdido por conta do meu trabalho. Suponho que no final, não somos tão diferentes assim.
— Você parece evitar a casa de sua mãe — aquele comentário saiu antes que eu me desse conta.
Summer me lançou um olhar surpreso e por um momento tive a impressão de vê-la corar, mas ela conseguiu se recompor depressa.
— Desculpe.
— Não, você não está errado — ela suspirou — eu amo minha mãe e minha irmã, mas meu padrasto…
Ah claro, o padrasto.
Com a situação dos meus pais, eu tive dezenas de padrastos e madrastas. Alguns eram melhores que outros, mas eu nunca me importei em dar atenção a qualquer um deles, já que sabia que não duraria.
— Não me entenda errado. Ele é uma boa pessoa. É um bom pai e marido — ela se apressou em dizer.
— Mas?
— Ele é, não sei explicar. Desde que conheceu minha mãe, ele se esforçava demais pra me agradar, fazia piadas sobre meu desejo de ser atriz e fazia piadas sobre o meu pai — ela suspirou — ele pode ter muitos defeitos e não ter dado certo com minha mãe, mas é um ótimo pai e eu não quero ninguém o transformando em uma piada.
— Oh
— Ele é como aqueles tios desagradáveis que fazem piada sem graça e citam assuntos íntimos no meio de todos — seu sorriso foi mínimo.
— Mas faz sua mãe feliz…
— Isso sem a menor dúvida, então eu procuro conviver pouco com ele, mas mantenho a paz — ela suspirou olhando em volta.
Eu observei seu rosto, imaginando como eu poderia fazer com que ela se sentisse melhor.
— E você tem uma madrasta?
— Ah sim, Ayla. A nova namorada do meu pai.
— Com ela você se dá bem? — eu questionei.
— Muito, ela é um doce, temos os mesmos gostos para música, filmes e roupas. E ela é apenas dois anos mais velha que eu — Summer gargalhou.
— Você não está falando sério, não é?
— O pior é que estou, quando ele me falou que eu tinha muito em comum com ela, eu não esperava que fosse tanto — ela gargalhou.
Nós dois voltamos a ficar em um silêncio confortável. Toda a confusão desde que nos conhecemos, foi esquecida.
— Quer ouvir uma história maluca? — eu a instiguei, atraindo sua atenção.
— Sempre.
— Minha mãe foi expulsa do casamento do meu pai — eu comecei.
— Por quê?
Ela se ajeitou no assento, se virando de frente para mim.
— Ela ficou bêbada e jogou uma taça de vinho no vestido da noiva. Por sorte, era vinho branco.
Aquela lembrança de quatro anos atrás ainda estava fresca em minha memória. Ao ouvir a gargalhada de Summer, eu me lembrei de não ter achado aquilo nem um pouco divertido na época.
— Um brinde às nossas famílias disfuncionais — ela ergueu uma garrafinha de água em minha direção, me fazendo rir.
Summer voltou a ocupar o assento de frente para mim, se distraindo com seu celular, me deixando à vontade para voltar a ler meu livro.
Nós estávamos quase em Munique quando ela voltou a falar.
— Escuta, eu acabei de reservar uma cabine para mim no trem noturno para Londres, se você quiser, posso reservar para você também.
— Uma cabine? Mesmo? Seria ótimo — eu vou adorar não passar mais uma noite em uma poltrona desconfortável.
— Nós demos sorte, esse trem está vazio. Mas eu peguei a última cabine com chuveiro — ela me provocou.
Um chuveiro... Isso era tudo o que eu precisava.
— Que horas o trem parte?
Talvez eu tivesse tempo para seguir meu plano original e conseguir um lugar para tomar banho.
— Daqui a vinte minutos, vamos chegar a Munique em dez, então teremos que correr para conseguir embarcar a tempo. Mas era o único trem disponível — ela suspirou.
Droga!
— Tudo bem. Não é o ideal mas…
— Você pode tomar um banho na minha cabine, se quiser — ela me interrompeu.
— Como?
— Eu paguei a mais por essa cabine porque eu estou matando por um banho. Imagino que você esteja na mesma situação
Ela explicou, se espreguiçando enquanto era anunciado que chegaríamos a Munique em breve.
— Você não se importa?
Eu a encarei desconfiado. Tudo bem, estávamos em bons termos agora, mas não fazia tanto tempo que estávamos brigando.
— Pode considerar uma compensação pela história de nos trancar no banheiro — ela gargalhou — mas a gente precisa se apressar, Sr. Burton.
Um sorriso mínimo chegou aos meus lábios, talvez essa viagem seja mais agradável daqui pra frente.
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