A ideia

Florença, Itália, vinte e cinco de junho.


Já faz um mês que Adam sugeriu uma sociedade entre nós.
No dia que experimentou as receitas, nas quais eu adicionei flores ele simplesmente se apaixonou por cada uma delas, no mesmo dia ligou para um amigo que teria uma recepção e ofereceu os doces.

Não tardou para que mais e mais pedidos chegassem a cada segundo, Adam realmente tinha o dom para venda e eu não poderia está mais feliz. Pela primeira vez eu estava vendo as coisas darem certo, várias pessoas me ligam a cada segundo do dia, ou porque ouviram falar ou por indicação do próprio Adam.

Bolos e flores nunca haviam dado tão certo antes.

Naquela manhã de sábado, caminhei até a cozinha depois de um relaxante banho, a noite anterior me tirou bastante energia, não era fácil fazer 150 mini bolos recheados, sozinha, era gratificante no entanto e eu não poderia me da ao luxo de reclamar, já que toda minha vida eu sonhei exatamente com isso.

- Um café, bem forte - Falei pra mim mesma passando a mão pelo rosto sonolento - É disso que eu preciso.

Depois de recarregar as energias com uma bela xícara de café, caminhei até os armários, além da encomenda que havia feito na noite anterior que deve ser entregue hoje a noite em um casamento, tenho mais 150 para o dia seguinte, e como não quero passar a noite em claro, começarei logo.

Juntei os ingredientes e depois de uma rápida conferida mentalmente me dei conta de uma coisa. As rosas e as violetas haviam chegado ao fim, um fino sorriso se acendeu em meus lábios, era uma chance de poder voltar ao Beco Dubai, já que meus fins de tarde por lá chegaram ao fim desde as encomendas.

A manhã estava um tanto nublada, vesti um casaco e peguei minha bolsa, quanto antes saísse, mais rápido retornaria e daria início a preparação. O telefone tocou antes mesmo que eu chegasse a porta, e pela data de hoje eu já sabia exatamente quem era.

- Meredith - A voz do meu pai retumbou do outro lado, sorri.

- Ah, olá papai.

- E então como você anda ? - Seu ar debochado era inegável, alarguei meu sorriso, era minha chance de me vingar por todos esses meses nos quais ele me importunou.

- Estou maravilhosamente bem, e ocupada.

- Ocupada? - Perguntou cauteloso.

- Pois é, estou lotada com encomendas que devem ser entregues o mais rápido possível - O ouvir engasgar do outro lado da linha - E como o senhor sempre diz, não devemos deixar nossos clientes esperando.

- Você está cheia de encomendas de que? - Ele indagou vagarosamente.

- O senhor não tardará a saber, logo verá meu nome estampado pelos outdoors da cidade, até mais papai - E então desliguei o telefone, soltando uma boa gargalhada em seguida. Se eu exagerei? Talvez um pouco, mas foi sublime deixa-lo com cara de indignação, porque eu tenho certeza de que é assim que ele está agora.

Depois de me deliciar com um pão recheado da padaria, caminhei até a floricultura de Madame Bertolli. A rua um tanto estreita estava como sempre está naquele horário da manhã, lotada de pessoas que não perdem a oportunidade de experimentar uma boa comida.
Na loja de Madame Bertolli não era diferente do restante, muitas pessoas circulavam, observavam e encomendavam das lindas bancas com todo tipo delicado de flores.
A senhora de meia idade mais adorável daquele lugar sorriu simpaticamente assim que me viu.

- Minha doce Meredith - Ela caminhou em minha direção, retribui seu sorriso.

- Madame - A abracei - Como vai ?

- Estou indo bem, e quanto a você ? Mas, vejam só essas olheiras - Ela disparou passando a mão pelo meu rosto.

- A senhora sempre tão doce, as olheiras são os efeitos colaterais do meu trabalho.

- Continua indo bem, eu suponho.

- Muito bem - Sorri enquanto seguíamos para a banca que continha lindas violetas. Madame sabia de tudo que eu havia passado até ali, ela, assim como Adam, sempre me deu apoio e eu lhe sou muito grata por isso.

- Não esqueça do meu convite para a inauguração da sua loja, porque eu sei que não tardará a acontecer, não diante desse sucesso.

- A senhora estará em minha lista vip - Sorri para ela enquanto aspirava o aroma de algumas rosas.

- Muito bom saber disso - Depois de um tempo me despedi de Madame Bertolli, as mãos cheias de sacolas apinhadas com flores. Mas, antes de seguir para casa não pude deixar de da uma passada e admirar, o n° 27 do Beco Dubai, seu tom creme, sua fachada com pequenas vitrines em vidro e até mesmo sua simples cobertura em frente, tudo ali me conquistava e eu sonhava com o dia em que poderia chama-lo de meu.

Em casa, logo após um rápido almoço entrei em ação.

Era quase sete da noite quando coloquei os últimos cinquenta mini bolos para assarem, eu já estava pensando na possibilidade de adquirir um novo forno, aquele era bom, mas pequeno para a demanda que eu tinha agora. Dando um tempo entre eles assarem um pouco e a hora de fazer o recheio, sentei-me no sofá para descansar.

E no mesmo instante a campainha tocou, suspirei e caminhei até ela. Abri a porta e um sorriso iluminou meu rosto.

- Adam - Me joguei em seus braços, era bom ve-lo, principalmente agora que ele vinha me ajudando tanto, mal sabe ele que só fazia com que minha paixão aumentasse.

- Olá Meredith - O senti sorri entre meus cabelos, que agora era um emaranhado cor de caramelo que havia passado dias sem ser cuidado.

- Vem, entra - O puxei pela mão.

- Você ainda não está pronta porque? - Ele parou de supetão, e só então me dei conta de como ele estava lindo, usava um smoking preto, com uma camisa branca e uma gravata borboleta, seu corpo não era musculoso, mas era lindo, uma calça também preta e um sapato oxford completavam o look.

- Pronta ? - Indaguei depois de da uma rápida conferida nele - Pronta para que?

- Para o casamento, se esqueceu ? - Seus olhos percorreram os meus, que agora deviam está arregalados.

- O casamento - Levei as mãos a boca, Adam havia me dito que os mini bolos de lavanda e violeta que ele levaria esta noite seriam para o casamento de um cara que ele conhecia, não eram muito próximos, mas ele e a noiva fizeram questão de me conhecer depois que experimentaram os doces, e então me convidaram para ir a festa com o Adam.

- Você esqueceu não foi? - Ele chamou minha atenção.

- Completamente - Disse lentamente - Estou com tantas coisas na cabeça que esse convite acabou passando despercebido.

- E o que você está esperando que ainda não correu pra se arrumar ? - Encarei Adam que sorria - No entanto só temos pouco mais de vinte minutos, já que o casamento começa as sete e os mini bolos devem está lá as seis e quarenta e cinco - Completou encarando o relógio no pulso.

- Vinte minutos ? - Gritei esganiçada, e ele riu estericamente, eu poderia passar toda a minha vida ouvindo aquele som.

- Meredith, acorda - Adam me sacudiu pelo ombro e eu voltei a mim.

- Ai meu Deus, vinte minutos - Corri indo em direção ao banheiro, mas voltei segundos depois - Tenho cinquenta mini bolos no forno, Adam não poss..

- Eu os verificarei enquanto se arruma - Corri os olhos pela sala até encontra-lo apanhando meu avental colorido com flores - Sou um perfeito chefe de cozinha.

Sorri e girei indo ao banheiro, vinte minutos, meus primeiros clientes que eu iria conhecer e eu só tinha vinte minutos para me fazer apresentável. Corri para o quarto depois de um rápido banho, abri o armário e corri os olhos pelas roupas, eu definitivamente não tinha o que vesti. Passei as peças uma a uma sussurrando um lento e doloroso não, acabei perdendo uns cinco minutos nessa procura.

Encontrei um lindo vestido escondido entre alguns casacos, ele era de veludo, na cor grená, muito delicado, e com um discreto decote em v, calcei um scarpin preto e peguei a primeira bolsa que encontrei, uma clutche também preta.

Passei as mãos pelos cabelos, que nem eram tão compridos, estavam pouco abaixo dos meus ombros, no entanto eram grandes o suficiente para prender cada um dos meus dedos em todos os nós que ele possuía agora. Enfim, passei uma escova por ele e fiz uma rápida maquiagem. Dei uma última olhada no espelho, e para vinte minutos, até que não estava nada mal. Caminhei de volta a sala, a tempo de ver o Adam queimar o dedo na borda da forma.

- Droga - Ele murmurou soltando-a sobre a bancada e levando o dedo a boca, a sorri caminhando até ele.

- O que marcaria um bom chefe de cozinha se não suas queimaduras - Disse-lhe sorrindo e tirando uma bolsa de gelo do congelador, lhe entregando em seguida.

- Obrig... - Ele parou de falar ao levantar os olhos, e percorrer cada parte do meu corpo com eles.

- Está tão ruim assim ? - Perguntei aflita passando a mão rapidamente pelo cabelo e analisando meu vestido.

- Ruim? - Ele soltou uma risada - Você está magnífica - Senti um solavanco no estômago, e quis guardar aquele momento pra sempre na minha memória.

- Obrigada - Disse, sentindo minhas bochechas corarem. Ficamos nos encarando por longos segundos, e eu pensei que aquela pudesse ser a hora perfeita para eu dizer tudo o que sentia por ele, talvez ele retribuísse. E quando eu abri a boca, ele disse subitamente.

- Temos pouco mais de cinco minutos, Meredith - Voltei a mim, o que eu iria fazer pelo amor de Deus,  não queria e nem podia dizer nada, queria pelo menos manter nossa amizade.

- Ah,  claro.  Vamos - Disse rapidamente pegando as caixas com os mini bolos.

- Eu sou um cavalheiro senhorita - Adam disse quando fiz menção  de entregar uma caixa e carregar a outra - Não posso estragar toda sua produção, dei-me as caixas que eu levo.

E foi o que eu fiz,  com um sorriso e um olhar pra lá de abobados no rosto.

Na festa tudo transcorreu da melhor maneira, Giovanni e Antonella, os noivos, não pararam de elogiar os doces e além de tudo indicaram para vários amigos, que lá mesmo fizeram suas encomendas,  foi realmente uma noite muito bem aproveitada.

Em casa,  depois de me trocar e colocar uma roupa mais confortável, para o estérico fim de noite que me aguardava, voltei a sala. Adam havia tirado o smoking e literalmente arregaçado as mangas, ele lavava as mãos na pia.

- O que está fazendo ?  - Perguntei quando ele se virou e pegou mais uma vez meu avental, que estava sobre a bancada.

- Vamos trabalhar - Sorriu  e se virou para que eu desse um laço as suas costas.

- Vamos ? - Perguntei contendo o sorriso.

- É,  nós  vamos.  Você  não  achou que eu iria te deixar fazer todo esse trabalho sozinha não é ?

- Na verdade, eu achei.

- Ora,  Meredith - Ele acompanhou minha risada - Diga-me o que fazer que em poucos instantes teremos terminado essa tarefa - Completou se virando para os armários, neguei lentamente com a cabeça.

- Você não existe - Falei por fim.

E então  fiquei mais alguns segundos parada pensando,  será  que existe sobre a terra um homem mais perfeito que esse ? Foi preciso Adam atiçar gotas de água  em meu rosto para que eu saísse dos meus devaneios.

E enfim caminhei até ele para que pudéssemos dar início a essa noite de trabalho, que na companhia dele,  eu imaginei, seria bem mais divertida.

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