|| 35 ||
- Você quebraria as regras? - Louis questionou, sentado na cama e coberto pelos cobertores.
Harry não se importava mais de sair da casa de banho em t-shirt e boxers, ou de calças sem t-shirt. Mas ele abusou dessa vez, saindo só de toalha, graças a ter entrado sem ao menos pegar uns boxers. Ele trazia outra toalha na mão, passando-a pelos cachos, e gotas escorriam por todo o seu corpo. Ele parou no meio do quarto, tentando entender a pergunta.
- Quais regras? - Harry voltou a passar a toalha pelos cachos e depois pelo peitoral e braços.
- As regras. - Louis salientou mas não adiantou. - Dessa coisa... Desse jogo que a gente faz.
- Qual jogo?
Louis não conseguia perceber se Styles não sabia de verdade ou se estava apenas... jogando.
- Sério Harry? - Louis se mexeu na cama. - Você sabe... Aquilo de a gente falar... Meio que no escuro...
- O quê? Desde quando a gente faz isso? - Harry questionou incrédulo, então Louis percebeu. Levantou-se da cama e caminhou até Harry tapando os seus olhos e esperando sentir as pestanas na sua mão, assim que fechadas. Harry fechou os olhos e Louis tirou as mãos quase que como automaticamente. - Lou? - Harry esticou as mãos cegamente para a frente. Louis agarrou os seus pulsos e abaixou-os antes que acabasse por levar um tapa aleatório.
- Você quebraria as regras? - Louis perguntou de novo, ainda sério.
- Você tá de olho fechado? - Harry abriu apenas um dos seus para espreitar o veredicto: Louis estava sim. - Eu não quebraria.
- Hummm. - Louis pareceu pensar. - E se eu contasse uma coisa para você... Aqui, e outra lá?
- Não quebraria.
- Não?
- Eu suponho que a sua resposta mais honesta seja a... Daqui. - Harry segurou os pulsos de Louis também. - É o que isso é, certo? É que eu não tenho feito mais nada do que ser honesto e... Porque você mentiria? - Harry suspirou pensando na possibilidade.
- Há coisas que eu não quero que os outros saibam. Por ventura, você poderia saber e eu mentir para os outros... Algo assim.
- Isso já aconteceu? - Harry questionou. - Porque eu devo ser muito lerdo... Eu não notei.
- Nunca aconteceu. Apenas imaginando. - Louis passou os seus dedos pelas costas das mãos de Harry fazendo desenhos incompreensíveis lá. - E se fosse um caso de vida ou de morte?
- Eu te salvaria. - Harry disse simples fazendo Louis rir. - Brega, eu sei. Mas se você me dissesse que pretendia suicídio no dia seguinte, eu não ia fingir, certo?
- Eu nunca me suicidaria. O mundo perderia imenso. - Louis disse rápido, descartando a opção.
- Só imaginando. - Harry imitou Louis que sorriu, mesmo que ninguém ali pudesse ver. - Eu não quebraria as regras. - Harry admitiu por fim. - Porquê isso? Você quebraria? Você quebrou?
- Não. Não. - Tomlinson assegurou. - Eu só não quero que você quebre. As regras.
- Merda. - Harry murmurou. - Não abra a porra dos olhos agora. Não abra. - Harry ordenou, largando os pulsos de Louis e soltando os seus dele, ao que se abaixou para pegar a toalha que havia caído. Não a do cabelo, a da cintura mesmo.
Quando Harry olhou de novo, para seu alívio, Louis ainda estava de olhos fechados mas o que ele não sabia era que Louis não conseguiu se impedir de abrir os olhos quando o soltar brusco de Harry o assustou.
-x-
- Hey, você está de saída, pode abrir a porta para quem quer que seja? - Harry perguntou enquanto vestia as calças rapidamente.
- HUm, sim, tudo bem. - Louis falou enquanto andava para o corredor.
- Hey! - Harry chamou da porta do seu quarto ao que Louis teve de subir os 3 degraus que já havia descido para o encarar. - Você vai voltar? Tipo... Mais logo?
- Eu não sei. - Louis deu de ombros voltando a descer as escadas. Ele abriu a porta lentamente mas logo esta foi empurrada por uma Gemma furiosa, empurrando a porta na cara de Louis que grunhiu em dor. Gemma se parecia exatamente com Tomlinson quando este a conheceu: o ignorando por completo, pensando ser Harry.
- Harry Styles! Quantas vezes eu já ligue para vo- Louis! - Ele se virou vendo Tomlinson especado ainda com a mão na maçaneta.
- Sério? Não vai nem tirar a camisola? - Louis troçou fazendo troço de si próprio.
- Você queria. - Gemma piscou para Louis. - Onde está Harry?
- Aqui. - Styles desceu as escadas, ainda puxando a camisola do pescoço e arranjando o seu cabelo.
- Meu Deus! - Gemma guinchou. - Vocês estavam transando?
Harry parou no meio das escadas e Louis apenas gargalhou soltando um 'não' risonho e saindo em seguida.
Harry acordou e desceu o resto das escadas enquanto Gemma atravessava a sala a correr e decidia saltar para cima do irmão. Styles se assustou mas conseguiu pegar a irmã a tempo de não caírem os dois no chão. Gemma saltou do colo de Harry e passou a abraça-lo com a maior força de sempre.
- NOSSA! - Ela gritou. - Você viu?! Ele nem veio com um - Gemma pigareou, interpretando a personagem e preparando sua voz mais fina e mais bela imitação de Louis Tomlinson. - Eu sou hétero, eu nunca transaria com nenhum homem. Ele só disse que não. E ele riu! Vocês beijaram? - Gemma respirou fundo, como estando cansada, e esperou a resposta do irmão.
- O quê? Não. Nem pensar. - Harry abanou a cabeça freneticamente e saiu do abraço da irmã, indo para a cozinha.
- Isso é um avanço, certo?
- Gem, quantas vezes vou ter que dizer para você
- Que Louis é hétero?
- Que eu não gosto de Louis! - Harry interrompeu a própria interrupção, se é que isso é remotamente possível. - Sério Gem, pare com isso. - Ele falou mais sério.
- Nope. Nem pensar. Louis não se importa. Porque você se importaria? Daisy e Phoebe não se importam também.
- O QUÊ?! - Harry guinchou esganiçado arrancado uma risada sem fim de Gemma. - Me diga que não está falando sério. Gemma!
Ela apenas continuava rindo e acenando com a cabeça afirmativamente, com aquela cara de ''Oh sim, eu fiz''. Harry arregalou os olhos. Crianças não esquecem coisas de um dia para o outro. O que elas diriam para Louis? O que elas distorceriam? O que Gemma teria contado?
Harry correu escada acima, agarrando o telemóvel e mandando mensagem para Louis.
Eu: Não fale com as gémeas, não fale, não fale, não fale.
LouLou: O quê? Porque eu não falaria com minhas irmãs inocentes de qualquer crime?
Louis sabia? Era tarde?
Eu: Você está com elas?
LouLou: Não, ainda não cheguei em casa...
LouLou: O que é?
LouLou: Aconteceu algo com as gémeas?
Eu: Não. É que Gemma é bem idiota sabe...
LouLou: Gemma não quer que eu fale com as gémeas?
LouLou: Elas fizeram algo lá no balet ou assim?
Eu: Louis, caramba, seu lerdo. Gemma disse algo para as gémeas.
LouLou: O quê?
LouLou: Eu estou chegando
LouLou: Eu descubro
Eu: Não! Não! Não fale com as gémeas!
LouLou: Idiota, eu não vou ignorar as minhas irmãs, sim?
Eu: Me conta depois, por favor.
Como assim? Harry não sabia ou sabia?
A curiosidade só fez Louis quase correr para chegar a casa. Imagine o seu desgosto ao que entrou e encontrou a casa sem brinquedos pelo chão, sem barulho... Sem gémeas. Ele ligou para a sua mãe e a mesma disse: ''Lou, se passasse mais tempo em casa saberia que eu disse que levaria as gémeas para comprar novos tutus''. Jay não entendeu toda a histeria de Louis quando ele gritou um não representativo e dramático. Ele obrigou a sua mãe a prometer que tentaria, pelo menos, se despachar. Sim, porque o problema não eram as crianças... Era Jay. Num shopping. Terrível.
Depois de uma meia hora de Louis fazendo zapping, comendo coisas aleatórias e não fazendo nenhum, a porta da entrada foi aberta. Imagine a tristeza quando Lottie e Fizzy entraram ali sem ao menos dirigir a palavra ao irmão, que fingiu estar dormindo.
Mas, quando Jay finalmente chegou, Louis arrastou as irmãs escadas acima sendo obrigado a descer porque as mesmas tinham que lanchar antes de brincar. Louis ainda disse ''Não é brincadeira, é sério, mesmo sério''. Mas a sua cara o denunciava. Sua cara de curiosidade. Afinal, o que Louis poderia ter a fazer com duas crianças? Ele ficou lá, na cozinha, vendo Phoebe e Daisy trincando lentamente e bebendo da palhinha sem alguma preocupação enquanto Louis estava ali quase implorando, roendo suas unhas. Louis Tomlinson transpirava curiosidade. Ele era muito curioso.
As gémeas levantaram e Louis as seguiu até ao seu próprio quarto. Estranho.
- Lou, nós precisamos falar com você. - Daisy falou, subindo na sua cama e se sentando ao lado de Phoebe que acenava em concordância.
- Certo.
- Sente. - Phoebe ordenou e Louis riu por parecer que ele ia ter uma discussão com sua mãe, ou um aviso de que um dia ela proibiria ele de ir em festas porque ele sempre chegava... Tocado pelo álcool ou não chegava. Louis apenas obedeceu, sentando no chão, ficando assim mais baixo que as irmãs.
- Você namora Harry? - Daisy atacou.
- Daisy! - Phoebe resmungou. - Eu te disse que a gente ia pressionar primeiro.
- Sim, e depois eu te disse que
Louis deixou de ouvir. Era isso? Era com isso que Harry estava preocupado?
- O que - Louis pigarreou chamando a atenção das duas. Ele coçou a barba rala e encarou ambas. - O que Gemma disse para vocês?
Daisy e Phoebe trocaram um olhar cúmplice e soltaram uma risadinha.
- Promete aqui que não vai contar para Harry. - As duas esticaram um dedo para Louis e o mesmo enrolou o seu mindinho no delas, um de cada vez, selando a promessa. - Então. - Daisy pigareou.
- Tia Gemma acha que
- Tia?! - Louis retorquiu, se sentindo nada mais do que ridículo. Elas acenaram em perfeita sintonia e prosseguiram.
- Tia Gemma acha que você namora Harry. - Daisy tomou o lugar de Phoebe.
- E ela acha que Harry gosta de você. - Phoebe falou.
- E ela quer que nós perguntemos para você se você gosta de Harry. - Daisy de novo. As duas encarando. Era muito pressão.
Então Louis fez o que fazia melhor.
- Mamãe chamou! - Ele sorriu nervoso, tentando escapar dessa.
COMO ASSIM HARRY GOSTAVA DELE?
Louis já estava pensando o quão longe ele tinha ido nessa manhã.
- Ela não chamou. Chamou? - Phoebe perguntou para Daisy.
- Vão verificar. Agora. - Louis falou mais sério do que devia ou pretendia.
As duas, assustadas, saíram sorrateiramente, deixando Louis sozinho; Que era exatemente o que ninguém devia fazer em situações como aquela. Mas quando Daisy e Phoebe subiram as escadas de novo, a porta de Louis estava trancada e ninguém respondia de lá de dentro.
Louis estava deitado, ainda no mesmo sítio onde as gémeas o tinham deixado: no chão. Ele encarava o teto tão atentamente que quem visse ainda pensaria que ele estaria a ver um filme ou algo de muito muito interessante. Mas não. Apenas o puro branco do teto. O único movimento até agora tinha sido o das costas de Louis, deitando e caindo para o chão. O seu telemóvel tinha deslizado do bolso da calça para o chão mas ele nem havia reparado.
A questão era que Harry... Harry era realmente alguém para Louis. Porque nesse ultimo mês Louis nunca tinha confiado tanto em alguém. Nem em Zayn. Era como se Harry inspirasse algo. Ele nunca havia se sentido tão bem nos braços de alguém. Ele nunca havia dormido abraçado a alguém, quanto mais em cima dele, como havia feito essa manhã. O melhor que tudo isso era que Louis nunca tinha feito esse 'jogo' com ninguém, apenas Harry. E ele não gostava de chamar isso como um jogo porque ele levava muito mais a sério do que um mísero jogo que pode ser descartado. E o melhor era que Louis podia dizer o que quisesse porque Harry cumpria as regras a todo o custo, como ele havia descoberto essa manhã. Então Harry era alguém.
Então, Louis, agora sentia-se o mais babaca do mundo. Se Harry realmente gostasse dele seria em si próprio que Louis deitaria as culpas. Louis é que havia permitido isso e o sucedido da manhã tinha sido a maior 'permissão'. Mas ele não fazia de propósito. Ele só se sentia livre com Harry e de maneira alguma o queria tratar diferente só por este ser homossexual.
Mas seria quase terrível se Harry Styles gostasse de Louis Tomlinson.
Louis estava tão na sua de pensar no pior que aconteceria se o amigo gostasse dele que nem notou o seu telemóvel vibrar ao lado da sua perna.
Louis era o pessimista do bando. Ele já pensava que não poderia mais provocar Harry porque o mesmo poderia pensar que o sentimento era recíproco. Ou se Harry iria achar mal Louis dormir agarrado a ele.
Mas o que Louis não entendia era o que tinha mudado de à duas semanas para cá, quando ele pensou que Harry gostava dele por míseros segundos. Ele lembra-se do que disse para Harry nessa noite:
''Eu não ficaria bravo se você gostasse de mim.''
Mas ele também se lembrava das de Harry.
''Não seria estranho? Seria como você gostando de Zayn.''
Louis não sabia o que tinha mudado desde então para agora já haver a possibilidade de Harry gostar dele. Então ele lembrou das últimas palavras dele na conversa dessa noite:
''Adoro você.''
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