• Capítulo 4

Olha a autora aiiii!!

Boa leitura ❤️

Surpreendendo O Inimigo

• Por, Melissa...

Aos quinze anos, eu era a típica adolescente que não se encaixava em lugar nenhum. Eu estava naquela transição de sair da infância e ir para a adolescência e todas as suas aventuras complicadas.

Eu tinha amigas que começaram a mudar as roupas, falar sobre garotos e compartilhar experiências de primeiro beijo. E também aquelas que ainda me chamavam para brincar, assistir desenhos e jogar qualquer jogo.

Eu não sabia o que fazer!

E com meu irmão protetor ao extremo, eu não podia nem pensar em garotos perto dele ou sentia que ele iria ler meus pensamentos e me bater.
Foi um tempo difícil e eu desejava todos os dias para que aquilo acabasse logo. E acabou.

Eu só não esperava que o mundo fosse acabar junto.

.••.

— Então, é isso? — Tess perguntou por fim, olhando para o nada. — Uau!

— É isso. — respondi desanimada.

Eu acabei optando por contar a verdade para eles sobre mim. Claro que eu omiti a parte do meu pai ter se matado em minha frente. Disse apenas que ele morreu e após não ter motivos para continuar sendo escrava, resolvi me vingar.

Se isso tudo for verdade, eu tenho que admitir... — ela parou me olhando. — Você tem uma puta coragem!

— Obrigada... Eu acho. — dei um meio sorriso. — E é a verdade!

— É o que vamos ver. — foi a única coisa que Joel disse, antes de abrir a porta do quarto e sair.

Mas qual era o problema dele?

Tess pediu um momento e logo foi atrás dele, me deixando sozinha novamente. Só então, resolvi dar uma olhada pelo quarto todo e ao que pude perceber, ainda era noite.

Eu sabia que eles ainda estavam discutindo sobre o que fazer comigo, mas algo em mim sabia que não iriam me machucar.

E falando em machucar...

Eu estava me controlando na frente deles, mas meu tornozelo doía muito mesmo. Puxei minha perna mais para perto delicadamente e resolvi abrir o curativo improvisado que a Tess fez em mim.

Estava horrível!
Eu sentia ele pulsar como se a pancada fosse eterna. Tudo indicava que eu ficaria dias, semanas sem conseguir andar direito e isso, isso tudo se ele não me der uma bela de uma infecção.

Talvez eu não devesse ter olhado, porque agora parecia estar doendo o dobro do que estava antes. Eu sabia que não conseguiria pular pela janela e mesmo se o fizesse, não iria para longe e muito menos teria como me defender de qualquer ameaça la fora.

Minha única escolha foi me deitar novamente, ficar lá enquanto duas pessoas estranhas decidiam o rumo da minha vida.

Se é que eu ainda tinha alguma.

.••.

Eu apaguei.

Não sei em qual momento, mas a dor estava tão insuportável que a última coisa que me lembro, foi de olhar para o teto daquele quarto e desejar que aquilo tudo acabasse logo.

Mas para a minha infelicidade, aquilo era só o começo.

— Cara.... Você tá morta? — escutei uma voz feminina e bem jovem.

Logo senti algo ser aproximado do meu nariz e depois um toque em minha bochecha.

— Eu não e você? — respondi abrindo os olhos.

Era aquela garotinha de ontem.
Ellie o nome dela.

— Puta merda! — ela pulou assustada. — Você me deu um susto do caralho, hein! — ela disse rindo e colocando a mão no peito.

— Só queria testar se o seu coração estava batendo certinho. — sorri fraco. — E que boquinha suja, hein! Seus pais não vão gostar nada disso.

Eu queria me levantar e sentar, mas meu corpo parecia estar tão mole e pesado, como se eu estivesse presa na cama. Eu mal conseguia mover minha cabeça.

Aos poucos, fui sentindo meu tornozelo doer e doer e doer... A dor só aumentava e eu queria gritar.

— O-o que? Droga! — olhei para a garota que ainda estava ajoelhada ao lado da cama me olhando. — Ellie, certo? — perguntei e ela assentiu. — Onde estão seus pais?

Eles não deixaram ela aqui e foram embora, né?

Eles não fariam isso ou fariam?

Eles não são meus pais. — ela revirou os olhos. — Joel está fora, foi atrás de algum remédio, antibiótico para você. E a Tess... Eu vou chamar ela.

O Que?
Aquele cara super ignorante foi atrás de remédios pra mim?

Por que?

Eu iria perguntar a garota, mas ela simplesmente se levantou e saiu rapido, desaparecendo de minha visão. Eu queria me levantar, sentar e tentar raciocinar tudo o que aconteceu, mas meu corpo não obedecia.

Eu estava coberta, sentia minha pele queimar e uma fraqueza horrível junto a dor infernal no tornozelo.

— Melissa? — de volta ao mundo, escutei a voz de Tess se aproximar.

— O que está acontecendo? — perguntei. — Você e Joel já se decidiram? — eu sentia que minha voz estava baixa, mas não conseguia falar mais alto que aquilo. — Por que Joel está atrás de remédios pra mim?

Tess me olhou de um jeito estranho, eu não conseguia entender nada direito com toda aquela dor em meu tornozelo que parecia subir para o corpo todo.

— Cara, você morreu! — de repente, escutei a voz de Ellie e vi ela sair de trás da Tess.

Eu estava alucinando?

— Como assim, eu morri? — perguntei e olhei para Tess confusa.

— Melissa... — Tess se aproximou e sentou na cama ao meu lado. — Você apagou, por três dias. — ela disse calmamente.

O que ela disse?
Três dias?
Eu apaguei por três dias?

Eu queria falar alguma coisa, era tanta coisa para assimilar, mas eu me sentia fraca demais para isso.

Não force a falar, é melhor. — Tess disse. — Sua ferida infeccionou. Quando Joel e eu voltamos você estava dormindo, achamos que estava cansada, então deixamos você descansar... O problema é que você não acordou mais!— dito aquilo, ela aproximou sua mão e a depositou em minha testa, fazendo uma careta. — Você está queimando em febre desde então. Não sei como acordou, de verdade.

Logo, Ellie surge novamente com uma bacia e leva até Tess, que pega um pano e coloca em minha testa.

Eles estão cuidando de mim?
Como assim?

— Meu tornozelo... — juntei forças para dizer. — Dói muito.

— Eu sei... Sinto muito! — ela levantou a coberta e senti ela abrir o curativo lentamente para nao me machucar.

Sua cara não era boa.

— Mas Joel foi atrás de remédios, não é, Tess? — Ellie disse, de repente. — Ele vai voltar logo e então você vai melhorar! — ela sorriu, mas pude ver em seu nome olhar o quão nervosa ela estava.

Eu iria morrer.
Eu sabia que iria morrer logo.

— Tess... — falei, tentando encontrar sua mão na cama.

— Não diga nada, Melissa. — ela respondeu, segurando minha mão.

— Por que ele foi? — perguntei. — Por que vocês ainda estão aqui? — eu não conseguia entender.

— Você salvou minha vida! — a garota disse animadamente. — Então, não seria justo a gente não salvar a sua, né?! — ela completou, sua cabeça tombando para o lado de um jeito fofo.

Eles são boas pessoas!

Agora eu sabia que eles eram sim, boas pessoas. E era exatamente por isso que eles deveriam partir e me deixar aqui. Não era justo fazer com eles se arrisquem, percam seus mantimentos tentando me manter viva.

Sendo que nem eu mesmo quero isso.

— Vocês podem ir! — disse, voltando meu olhar ao de Tess. — Não percam seu tempo comigo. Apenas sigam sua viagem!

— Você não sabe o que está dizendo. — Tess disse, retirando o pano de minha testa e molhando novamente na bacia que estava nas mãos de Ellie. — Você precisa descansar e...

Não deixei ela finalizar e segurei sua mão com o pano que ela vinha para colocar em minha testa novamente.

— Eu sei o que estou dizendo e é por isso que vocês devem ir. — tentei parecer o mais ciente possível, mas comecei a sentir minha visão ficar turva e meu corpo mais leve. — Eu não quero aju...

E então eu apaguei.
De novo.

.••.

— Melissa? Melissa, acorde! — era a voz de meu pai.

— Só mais cinco minutinhos, papai. — respondi, ainda de olhos fechados.

— Você precisa acordar, querida. Precisa ir a escola. — sua voz era calma.

— Mas eu quero ficar aqui com você! — respondi manhosa.

— Você precisa acordar, meu amor. Deixe o papai ver esses olhinhos lindos, huh?

..

Então eu os abri.

Mas para a minha tristeza não encontrei os olhos do meu pai. Na verdade, eu não sei bem o que encontrei.

Pisquei mais algumas vezes e vi que estava olhando para um par de botas em movimento. Senti meu corpo balançar e estar pressionado em alguma coisa... em alguém!

Tentei olhar para o lado e só consegui ver mais outro par de pés em movimento, só que esses eram menores. Eu queira subir meu olhar, erguer meu corpo, mas aquela sensação de levesa tomou meu corpo novamente e eu senti que estava apagando de novo.

— Olha, ela abriu os olhos! — a voz daquela garotinha disse animada.

Mas eu não sei o que aconteceu depois, porque eu apaguei de novo.

.••.

Eu estava morta?

Será que tudo isso não se passa de uma alucinação pós morte ou sei lá?

Eu conseguia ouvir tantas vozes, mas não conseguia identificar se eram reais ou não.

— Eu posso pegá-la, Joel.

— Você não pode mais viver essa vida, minha filha.

— E se ela nunca mais acordar?

— Eu te amo, papai!

— Deixe de ser teimoso, Joel!

— Não podemos larga-la né, Joel?

— Abra os olhos, filha!

— Você é minha, Melissinha! E só minha!

— Acorde Melissa!

— Ninguém vai carregá-la além de mim!

— Joel!

Então eu abri os olhos mais uma vez, com muita dificuldade.

Sentia meu corpo balançar novamente, mas dessa vez ao invés do chão eu podia ver o céu. Os pássaros voando, as árvores... Parecia tudo calmo.

Ergui minha cabeça para frente e dei de cara com a camiseta jeans surrada contra meu rosto. Eu podia ver meus joelhos também e uma mão por baixo deles.

Eu estou sendo carregada?

Com muito esforço, subi meu olhar e então encontrei seu rosto.

Sua barba por fazer.
Seu cabelo meio cinzento.
Seus olhos focados para frente.
Seu maxilar se movia as vezes também.

Era ele!

— Joel? — perguntei, confusa.

Então seu olhar desceu.
Ele parou de se movimentar e me olhou.

Era ele mesmo!

.••.

Até a próxima ❤️

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