¹⁹|Você vai me punir, daddy?
Mordi o nariz dele. Jesus. Tem coisa mais infantil que isso?
Eu poderia ter lhe dado uma cabeçada, uma joelhada nas bolas ou simplesmente tê-lo derrubado. Já derrubei homens maiores e mais fortes que ele. Mas ultimamente, sempre que estou na presença de Khalil, me sinto desarmada e indefesa. Parece até piada.
Não só com ele, mas com seu perseguidor também.
Estremeço com a verdade. Fugi do meu perseguidor naquele dia, para me entregar em seus braços e deixá-lo me tocar, me fazer gozar.
Pelo menos um deles está fazendo isso certo.
Engasgo com o vinho. Com um subconsciente igual ao meu, não preciso de inimigos.
— O que é tão engraçado? — Eros questiona ao encher minha taça novamente.
— Nada.
Seu olhar me diz que ele não acredita nisso, mas não insiste no assunto. Sábio da sua parte, pois ainda não voltamos a nos falar cem por cento. Ainda estou chateada com ele se intrometendo na minha vida, seja para me proteger ou não.
Isso, no entanto, não me impediu de aceitar o convite de Genevieve para vir provar bolos. Então agora eu estou cheia de bolo e vinho. É uma combinação deliciosa, contanto que eu não precise levantar por um bom tempo.
— Ela não quer dormir. — Genevieve aparece do lado de fora, onde estamos. É uma pequena área protegida e com poltronas fofas e dois daqueles puffs enormes e macios. Estou em um desses, com uma coberta já que está ventando pra caralho e a pequena lareira não estava fazendo nada para me aquecer.
— Juro por Deus que eu vou matar o Khalil — Eros promete ao se levantar. Genevieve dá um tapinha no ombro dele quando passa por ela.
— Ainda o negócio do bicho papão? — pergunto.
— Sim. E eu estou com Eros nessa. Khalil terá uma morte longa e terrível.
— Posso ajudar. Na verdade, faço questão.
Minha amiga ri, ocupando a poltrona que Eros estava. Entrego a ela sua taça que estava em cima do centro e depois a encho com vinho.
— Acho que vou ficar sem comer bolo até o casamento — comenta de repente. Também estou um pouco enjoada.
— Ansiosa para se tornar uma mulher casada?
— Apesar de já viver como uma e ter experimentado todos os prazeres do casamento — um sorrisinho se forma em seus lábios —, eu estou. Sempre sonhei em me casar.
Somos bem diferentes nisso. Não tenho nada contra casamentos, mas não me vejo em um vestido de noiva, caminhando para o altar e para o amor da minha vida. Isso pra mim é apenas um conto de fadas, mas estou feliz que meus melhores amigos estão vivendo esse momento.
Genevieve solta um suspiro, franzindo levemente as sobrancelhas. Não sei se ela percebe que faz isso ou que está tensa.
— Ei. — Chuto seu pé para chamar sua atenção. Ela me encara. — Qual o problema?
— Não quero que Emma seja minha madrinha, mas achei que era correto convidá-la. — Com isso, ela suspira novamente e afunda na cadeira, tomando um longo gole de vinho antes de voltar a falar. — E não sei como desconvidá-la sem piorar as coisas entre nós. Além disso, não tenho outras amigas que eu gostaria que fossem madrinhas do meu casamento. Pensei na Lorelei, mas ela é tão contra misturar vida pessoal com a profissional, que não sei se ela…
— Ela vai — garanto. — Se você decidir convidá-la, ela irá aceitar.
— Como você sabe?
Dou de ombros. Talvez eu não devesse lhe dar tanta certeza, mas não tenho dúvidas sobre isso. Podemos não conhecer muito Lorelei, mas todas nós somos amigas, por mais que ela tenha tentado resistir a isso.
— Preciso pensar — Genevieve diz, mas acho que ela já tomou sua decisão. — Preciso fazer muitas coisas. Ainda tenho mais duas provas do vestido e o aniversário de Freya é semana que vem, o que significa que também preciso organizar isso. E antes que você pergunte porque não deixo Eros ajudar, ele está proibido. Sabe o que ele me disse ontem? Que seria legal montar "um pequeno parque aquático". Ele faz absolutamente todas as vontades de Freya, porque eu sei que essa ideia mirabolante de parque aquático foi dela.
— Ele é um bom pai.
— O melhor. — O rosto de Genevieve se enche de amor, apesar de ela ainda estar reclamando. — Mas isso quer dizer que se ela pedir um pônei de presente, ele vai construir um celeiro depois de comprar três pôneis para ela. Deus, eu realmente espero que ela nunca peça um pônei a ele.
— Eu queria um pônei quando era criança — confesso, lembrando que foi meu pedido ao Papai Noel quando eu tinha dez anos.
— É adequado para o seu tamanho.
— Ei! — Chuto seu pé com mais força dessa vez e nós duas caímos na risada.
Depois de alguns minutos, finalmente nos recuperamos.
— A ideia do parque aquático é legal — digo em solidariedade a Freya.
Genevieve bufa e depois suspira.
— Também temos que ir na casa de campo que alugamos para o casamento. Mandamos limpar e ajustar algumas coisas, mas ainda não fomos ver como ficou.
— Posso ir, se você quiser.
Ela olha para mim.
Dou de ombros.
— Felizmente o Diabo me dá folga nos fins de semana, então estou livre.
— Tem certeza? Você deve ter outr…
— Certeza absoluta.
O sorriso que ela me dá é enorme.
— Talvez eu me case com você, mas não conte ao Eros.
— Não contar o quê ao meu irmão?
Nós duas nos assustamos com a voz de Anthony.
— Filho da puta. Tá dando uma de Khalil agora? — questiono o idiota, mas antes que ele responda, como se eu tivesse convocado o Diabo, Khalil passa pela porta também. — Estava bom demais para ser verdade.
— Assustamos você, Kathryn? — murmura.
— Vai se foder.
— Quando você quiser, querida.
Mordo minha língua para guardar minha resposta, lembrando que temos um público.
Anthony se joga no outro puff e Khalil ocupa uma poltrona. Nós não nos falamos direito desde que eu mordi o seu nariz. Na empresa, usei a desculpa que Genevieve e Eros precisavam de mim e trabalhei de lá, ao invés de ficar no andar da presidência. Não foi uma mentira completa: a nova secretária deles, Susie, ainda está aprendendo algumas coisas e eu a ajudei.
Mas é claro que Khalil não me daria uma folga da sua presença.
Como sempre, ele está com sua farda de bad boy. Tão típico que eu reviro os olhos.
Enquanto Genevieve e Anthony conversam, meu celular vibra em algum lugar debaixo da coberta. Deixo para lá, com muita preguiça de procurá-lo, mas então vibra de novo.
Perco preciosos segundos procurando a bendita coisa, mas finalmente acho. Há duas mensagens de Khalil.
Olho para ele, semicerrando os olhos. Ele arqueia a sobrancelha e depois seus dedos se movem sobre a tela do celular.
O meu vibra na minha mão de novo.
Revirando os olhos novamente, abro as mensagens.
Meu nariz ainda dói
Estou pensando na sua próxima punição. Alguma ideia?
Sua bunda ficaria mais linda com as marcas do meu cinto nela, você não acha?
Junte o vinho com a minha raiva por esse idiota e você terá o meu rosto parecendo um pimentão.
Tenho consciência de Eros voltando e perguntando o que seus irmãos estão fazendo aqui, mas perco a resposta de Anthony quando começo a digitar. Levo quase um minuto inteiro porque a porcaria do meu celular está ruim. A queda ontem danificou alguma coisa e agora não consigo apertar as letras "o", "i", "l" e "m". Mas felizmente consigo.
Vai se foder
— …então eu arrastei esse idiota. — Ouço metade do que Anthony estava dizendo enquanto encaro a bolinha que indica que Khalil está digitando.
— Ainda tem bolo. É todo seu — Genevieve fala.
Vc só tem isso a dizer? Está ficando chato.
Oq aconteceu com o seu celular?
×
N é da sua conta.
×
Melhore sua atitude.
×
Ou oq?
Sinto seus olhos em mim e ergo meu olhar para ele. Eu não deveria desafiá-lo já que ele mostrou gostar tanto disso, mas não consigo me impedir.
Quanto vinho vc tomou?
×
Menos do que você em
seus dias de glória.
Percebendo a resposta babaca que eu dei, me apresso em me desculpar.
Desculpe. Isso foi muito bwbacq.
Babaca.
×
Chega de vinho pra você, Kathryn.
Reviro os olhos. Aqui estou eu me desculpando e ele vai lá e age como o verdadeiro babaca da situação.
Mas como eu disse ontem, ele não manda em mim, então viro a taça na boca, bebendo todo o vinho que tinha.
— Tudo bem aí? — Genevieve pergunta, a sobrancelha arqueada. Agora ela está sentada no colo de Eros, ambos olhando para mim.
— Uhum. — Estendo minha taça para Anthony, que em algum momento foi na cozinha e agora está com um prato com vários pedaços de bolo. Ele é o mais próximo da garrafa.
Mas antes que Anthony encha minha taça, Khalil pega a garrafa da mão dele.
Num piscar de olhos, nosso pequeno círculo fica tenso. Eu sei o que todos estão pensando: Khalil é alcoólatra e está com uma garrafa de vinho na mão. Não é uma boa combinação.
Khalil, por outro lado, ignora seus irmãos e sua cunhada ao colocar a garrafa de volta na mesa de centro. Posso jurar que todos relaxam ao mesmo tempo.
Aqueles olhos verdes estão focados em mim.
— Você já bebeu demais.
— Eu bebo o quanto eu quiser.
Me inclino para pegar a garrafa, mas ele a agarra de novo.
— Deixa de ser idiota — disparo.
— Deixa de ser irresponsável.
Dessa vez eu me ofendo.
— Eu sou irresponsável? Você já se olhou no espelho, Sr Eu Não Quero Nada Com A Vida E Que Se Foda Todos Ao Meu Redor?
— Ok. Por que vocês… — Anthony tenta interromper, mas é cortado por Khalil que ainda está olhando para mim. Ele parece aborrecido. Que se foda.
— Você veio de carro, Kathryn. E agora está bêbada.
Que fofo. Ele está preocupado comigo? Conta outra.
Mas minha mente meio alcoolizada vê isso como uma oportunidade.
— Eu tenho uma carona. Um amigo meu está vindo me buscar.
— "Amigo"? — Genevieve murmura com um sorriso malicioso. Desvio meu olhar de Khalil para devolver o sorriso a minha amiga.
— Amigo — anuo, deixando claro que tipo de amigo eu estou falando.
Anthony e Eros fazem caretas.
— Informação demais — o primeiro resmunga.
Rindo, me recosto de volta no puff, minha taça ainda vazia e meu celular em minha mão enquanto digito para o meu "amigo". Na verdade, eu estou pedindo um Uber, mas ninguém precisa saber, principalmente um certo Blackburn que ainda está me encarando.
— Fico comovida com a sua preocupação, Khalil, mas meu amigo já está chegando.
Como ele não diz nada, a conversa volta a fluir normalmente, apesar de eu ter a impressão que os outros três estão de olho em nós.
Meu celular vibra de novo.
Cancele. Eu levo vc.
×
N, obrigada.
×
Kathryn.
Pare de teimosia
×
Não fale comigo
como se eu fosse uma criança
×
Então pare de agir como uma, porra
×
Pq vc está tão irritado?
Vc estava preocupado que eu
dirigisse bêbada, certo?
Bom, agr tenho uma carona.
N era isso q vc queria????
×
Vc está me testando?
×
Pq eu faria isso?
×
Eu vou bater tanto na sua bunda
que você vai ficar sem sentar
por dias.
×
Palavras, palavras…
Nenhuma delas é verdadeira.
Levanto o rosto para ver seu olhar em mim. Sua mandíbula está tensa e suas sobrancelhas franzidas. Oh, ele está mesmo muito irritado comigo. A veia em seu pescoço está nitidamente pulsando mais rápido. O Todo Insensível e Controlado, Khalil Blackburn, está perdendo as estribeiras por minha causa.
Faço um péssimo trabalho em tentar esconder meu sorriso enquanto mordo o lábio.
Você parece bravo.
Acho que estou sendo uma garota má.
Você vai me punir, daddy?
Todos olham para Khalil quando ele faz um som estranho. Há uma leve coloração em seu pescoço e em suas bochechas, mas não sei dizer se é de raiva ou outra coisa.
Não importa, no entanto, pois ouvimos uma buzina vindo da frente da casa.
Meu Uber chegou.
— Deve ser o meu amigo.
— Esse seu amigo tem nome? — Anthony questiona. Tenho a sensação de que Khalil está grato por ser seu irmão a perguntar.
— Gregory.
— Aquele Gregory? — Genevieve entra na conversa. — Achei que o jantar não tinha ido bem.
— Não foi, mas todos merecem uma segunda chance. — Dou de ombros, afastando a coberta e ficando de pé. Tudo se inclina para o lado por um breve segundo, mas me recupero rápido.
Khalil e seus olhos de águia, no entanto, não perdem isso.
— Você não vai embora com esse cara nesse estado.
— Por favor, me lembre onde foi que eu assinei dizendo que você manda na minha vida? — Revirando os olhos pela milionésima vez, calço minhas sandálias e ajeito minha saia longa e rodada. É um estilo diferente do que uso, mas combinei ela com um suéter folgado que deixa meus ombros de fora. Uma gracinha.
Certo. Talvez eu esteja bêbada se estou ocupada apreciando minhas roupas do que prestando atenção nos três Blackburn intrometidos.
— Anthony pode levar você — Eros interrompe, mais gentil do que ele costuma ser com as suas ordens.
— Ele não precisa se incomodar. — Vou até Genevieve e lhe dou um beijo na bochecha.
— Você sabe que não seria incômodo algum, Kate — Anthony se junta ao irmão. Está tão sério quanto os outros dois.
Encaro Genevieve.
— Você é a única pessoa que eu amo aqui, então diga a eles que estão sendo idiotas superprotetores e que ficarei bem com o Gregory. — Talvez eu devesse simplesmente dizer que vou de Uber, mas não acho que essa opção seria melhor no ponto de vista deles.
Para minha surpresa e decepção, Genevieve hesita e olha ao redor para os homens presentes antes de voltar seus olhos azuis para mim.
— Olha, talvez você devesse ir mesmo com o Anthony. Ou dormir aqui.
Deixo meus ombros caírem em derrota. Ela não é mais minha melhor amiga.
— Boa noite a todos. — Sem olhar para mais ninguém, entro dentro da casa.
Ouço resmungos e meu nome sendo chamado, mas não me viro.
Minha mãe com certeza reclamaria da minha teimosia e do meu orgulho, se estivesse aqui, mas ela não está e eu me virei muito bem desde que ela se foi. Entendo que meus amigos estejam preocupados comigo, mas eu já enfrentei coisa pior do que pegar Uber a noite enquanto estou alcoolizada.
Assim que chego na porta, uma mão segura meu pulso, me fazendo girar e ir de encontro com seu peito.
O ar é roubado dos meus pulmões e eu pisco algumas vezes, surpresa, antes dos meus olhos focarem no seu olhar de esmeralda.
— Eu disse pra você cancelar — Khalil fala, nossos rostos próximos um do outro.
— E eu já disse que você não manda em mim. Agora me solta.
— Não.
— Khalil…
— Você nem me ouviu chegando, Kathryn. — Sua voz endurece e eu recuo um pouco com a raiva tanto nela quanto em seus olhos. — Está literalmente tropeçando em seus pés. Vai estar desmaiada antes de chegar no seu apartamento. Esse tal de Gregory pode fazer o que quiser com você.
Sua raiva me enfurece e ergo meu outro punho para bater em seu peito, porém mais rápido do que meus olhos possam registrar agora, Khalil intercepta meu movimento e pega meu punho. Então ele coloca meus braços atrás das minhas costas e segura meus pulsos com uma só mão enquanto com a outra segura meu rosto. É rude, segurando minhas bochechas com força.
— Está vendo? Dominei você num piscar de olhos.
— Eu sei me cuidar!
Deve ser o vinho, mas juro que seu olhar suaviza e seu aperto em meu rosto afrouxa.
— Eu sei que pode, mas não nessas condições. Então engole essa teimosia ou faço você engolir.
— Oh, daddy, você vai me punir? — sussurro, lembrando das nossas mensagens momentos antes. — Vai fazer de mim uma boa garota?
Khalil solta meu rosto, balançando levemente a cabeça.
— Você não tem jeito.
— Então me deixe ir.
Seu sorriso aquece todas as partes erradas de mim e causa uma comoção em meu estômago.
— Nunca.
☠️
Nao sei se agradeci aos 5K de leituras, então obrigada!🖤🖤
Eu amo esse capítulo pq me divirto escrevendo troca de mensagens (??????? KSKSKSSK.
Enfim, espero que tenham gostado!
Sexta-feira tem capítulo... 💋
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