¹⁰|Não sou sua inimiga
- Obrigado por vir, senhorita. Eu tentei ligar para o irmão dele, mas ninguém atendeu - Arnold Corbett, síndico do prédio de Khalil, está dizendo quando chego depois de vir correndo após receber sua ligação.
- Sem problemas. Você sabe o que aconteceu? - Nós nos dirigimos para o elevador.
- Não, senhorita. Aquele amigo dele... Pax. É, esse é o nome dele. Ele esteve aqui mais cedo. Chegou primeiro que o Sr Khalil. O senhor chegou depois e após alguns minutos, Pax saiu. Ele não parecia feliz. Mais ou menos meia hora depois disso, a música começou.
Anuo enquanto entramos no elevador.
Pax Doyle. Não o conheço pessoalmente, mas sei algumas coisas sobre ele. Por exemplo: ele é o melhor amigo de Khalil desde a época da faculdade e parece que os dois têm um tipo de relação estranha onde não são exatamente namorados mas estão envolvidos de alguma forma. Pax também é o companheiro mais fiel de Khalil quando se trata de se drogar e sair nos tablóides depois de cometerem algum "incidente". Nos últimos anos uma garota estava com eles, também envolvida em confusões, mas não sei muito sobre ela e se também se envolvia com Khalil. Provavelmente.
- Obrigada por esperar e não chamar a polícia - lembro-me de dizer a Arnold.
- O Sr Khalil é uma boa pessoa, mas ele está meio perdido. - Arnold balança a cabeça, suspirando. - Meu filho era igual a ele, andava sempre com as companhias erradas que só faziam arrastá-lo mais para o fundo do poço. Mas ele conseguiu achar a luz de novo e hoje é um bom rapaz. Espero que o senhor Khalil consiga achar a luz.
Forço um sorriso e saio do elevador quando para no andar de Khalil, estremecendo com o barulho inconfundível da música alta. São quase meia-noite.
- Qualquer coisa, pode me chamar, senhorita.
- Ok. Obrigada mais uma vez, Arnold.
Com um último aceno, caminho pelo corredor até o seu apartamento e tiro a chave da bolsa. Eu tenho uma reserva porque Eros me deu para caso de emergência. Ele é o primeiro contato, mas eu sou o segundo porque Eros não quer preocupar seus pais e seu irmão caçula mais do que o necessário.
Eu nunca fui chamada aqui, no entanto. Eros sempre esteve de prontidão para situações como essa, mas imagino que com Genevieve e Freya agora em sua vida, ele tenha relaxado um pouco. Eu não o culpo. Ele passou anos largando tudo depois de um telefonema para correr para qualquer que fosse a confusão que seu irmão tenha se metido.
E apesar do fato de que eu estava em casa, no meu sofá, devorando o resto da torta que sobrou do jantar - e que Carlota colocou num pote para mim - enquanto maratonava a sexta temporada de CSI (Las Vegas, é claro) de novo, não me importo de estar aqui também porque sei que meu melhor amigo merece um descanso.
Então respiro fundo e entro no apartamento.
Juro que meus molares tremem com o estrondo violento da música, mas eu ignoro, fechando e trancando a porta antes de me virar.
Sentado no sofá no meio da sala, Khalil não dá indícios de que reconhece a minha presença enquanto encara quase sem piscar a tv de tela plana grudada na parede. Ele ainda está usando as mesmas roupas do jantar, sinal de que ele não tomou banho ou esse é mais um conjunto idêntico que ele tem, como nos desenhos animados onde os personagens sempre estão com a mesma roupa.
Dou uma rápida olhada em volta, vendo que seu apartamento está "ok". É maior do que o meu, mas o meu pelo menos tem alguma... vida. Isso aqui parece o santuário de um morcego: tudo preto e mal iluminado. Sério, as paredes são de um preto fosco, assim como o tapete, as cortinas - que estão fechadas -, até seu sofá é preto e de couro. Ele tem pouquíssimos móveis: além dos dois sofás, uma mesa de centro (preta), um quadro estranho na parede (preto e branco), uma prateleira na parede com alguns livros (as capas dos livros são pretas e a prateleira também).
A única luz da casa vem do corredor que leva até a cozinha e a tv ligada na sala.
Vou até seu aparelho de som e abaixo o volume até estar aceitável, percebendo que ele não está conectado na tv, ou seja, o que Khalil está assistindo não são clipes de música, mas...
- Você está assistindo Downton Abbey? - pergunto em voz alta, talvez um pouco chocada. Definitivamente é Downton Abbey. Qualquer um reconheceria o cenário e as vestimentas do início do século XX. A tv está no mudo, mas ele está assistindo legendado.
Eu sinto sua aproximação antes mesmo de virar para encará-lo.
Quando faço, Khalil está tão próximo que dou um passo para trás, mas não há para onde ir. As luzes da tv passam por sua face e me impeço de engolir em seco quando observo a tensão gravada no seu rosto esculpido e bonito. Seu maxilar está tenso e seus olhos estão... Deus, eu nem sei descrever. Parece que ele vai me despedaçar. Isso. Essa é a energia que está vibrando dele agora. Está gritando "Eu sou uma besta e preciso de sangue humano e inocente para saciar a minha ira".
Acertou quem deduziu de quem é o sangue humano e inocente que ele está pensando em derramar.
- Oi - digo, ajeitando minha postura enquanto encaro-o de volta. Não tenho medo de você, idiota. - Sabia que você tem vizinhos? Eu sei, é chato pra caralho, mas isso significa que você não pode ouvir música alta à meia-noite. Não porque não seja legal, mas porque eles chamam a polícia.
Suas narinas se dilatam - você sabe, daquele jeito bestial que os homens fazem - e ele respira fundo.
- Saia.
Tão carismático.
- Não.
Seu maxilar aperta e ele fecha os olhos por uns segundos.
- Kathryn. - Não consigo evitar o arrepio que atravessa meu corpo. Não sei porquê dessa reação, principalmente quando odeio que ele me chame assim.
Você gostou quando ele te chamou assim no banheiro.
Eu não sei nem como começar a descrever o que aconteceu naquele banheiro, para início de conversa. Não consegui olhar para o rosto de ninguém depois que saí de lá, ainda sentindo a sensação do seu polegar sobre o meu mamilo. Nós sempre jogamos, mas com silêncio e palavras, nunca tão... fisicamente. Eu até comecei a reconsiderar sobre ser sua assistente pessoal, decidida que ele iria me humilhar com isso toda vez.
Mas não pensei duas vezes em vir ajudá-lo.
Fiz isso pelo Eros, digo a mim mesma. Eu não gosto de Khalil ou... ou do seu toque.
- Sim? - pergunto inocentemente.
Khalil abre os olhos e tento permanecer firme sob a ira desse olhar esmeralda.
- Se os vizinhos chamarem a polícia - começo -, algum jornalista irá descobrir e amanhã cedo isso estará na mídia. "CEO da Blackburn Empire recebe visita de policiais depois de incomodar seus vizinhos com o som alto". E sabe lá mais o quê eles vão dizer porque com certeza vão aumentar a história. Você sabe como isso funciona. Não cairá bem para sua imagem e para a da empresa. Faz apenas pouco tempo que nos recuperamos do estrago que Tobias causou.
Khalil sabe que estou certa, mas parece que isso só faz sua tensão aumentar. De alguma forma, piorei as coisas. Foi isso que Eros quis dizer com palavras e reações erradas. Lidar com Khalil é como pisar em ovos.
- Quer me contar o que aconteceu? Talvez eu possa...
- Não.
Fecho minha boca. Tudo bem, então, nada de bancar a psicóloga.
Depois de um momento desconfortável, Khalil suspira, passando a mão pelo cabelo. Ele estremece e é nessa hora que noto todo o sangue em sua mão. Os nós dos seus dedos estão destruídos e deve ser agoniante apenas movê-los.
Como ele causou esse ferimento? Ele brigou com Pax? Arnold não relatou ter visto o amigo de Khalil machucado.
Eu não fiz isso antes porque queria acreditar que cheguei a tempo, mas me vejo procurando em Khalil sinais de que ele usou. Seus olhos, apesar de frios e mortais, não estão vermelhos ou nebulosos, como já vi algumas vezes. Ele também não cheira a bebida.
Sinto um pequeno alívio com isso.
- Precisamos limpar a sua mão.
Ele abaixa a mão, olhando para o estrago nela sem muita emoção e depois a fecha. Isso deve ter doído.
- Não preciso da sua pena.
Bufo, revirando os olhos.
- Não é "pena", é precaução. Se infeccionar, você está ferrado. Então engole seu ego e deixa eu fazer o que sei fazer de melhor.
Ele não parece nenhum pouco tocado quando pergunta secamente:
- Que seria?
- Consertar as coisas.
Algo se passa em seu rosto, mas é rápido e logo ele repõe sua máscara de indiferença.
Estendo meu braço, apontando para o corredor.
- Lidere o caminho.
Khalil ainda me avalia por alguns segundos, como se estivesse meditando se vale a apena me deixar ajudar ou não, mas logo toma sua decisão ao marchar pelo corredor.
Antes de segui-lo, pego o controle da tv e pauso a série.
Downton Abbey. Ainda não consigo acreditar. Quem diria que um bad boy gosta de uma série clássica de época?
☠️
Khalil felizmente tem um kit de primeiros socorros, o que facilita as coisas.
Depois de lavarmos sua mão, ele sentou na borda da banheira e me observou enquanto eu procurava o kit e depois, separava o que iria precisar. Agora estou parada na sua frente enquanto limpo cuidadosamente os nós dos seus dedos, ocasionalmente olhando para seu rosto, mas ele só faz piscar, apesar de eu ter certeza que isso está ardendo. Será que ele tem aquela doença que impede as pessoas de sentirem dor?
Franzo as sobrancelhas. Apesar de parecer tentador, eu odiaria se tivesse. Muitas vezes, a dor foi o que salvou minha vida. Algumas delas, quando minha mente mergulhava na inconsciência, a dor era o que me trazia de volta. Eu sempre odiei anestesias, então quando precisava levar pontos, eu buscava conforto na dor. Por muito tempo, a dor foi minha melhor amiga e nem sempre ela se limitava a atingir apenas meu corpo.
- A música acalma a minha mente. - A voz de Khalil me faz pular, surpresa com o som rouco e com o simples fato de ele estar falando. Felizmente, ele me ignora. - Quando tenho uma crise, isso faz... ficar melhor.
Não precisa ser um gênio para saber que se isso fosse antes, ele teria procurado alívio no álcool e nas drogas.
Encaro seu rosto enquanto enrolo a gaze nos nós dos seus dedos. Sem surpresa, Khalil já está me encarando. Suas bochechas estão um pouco coradas e me pergunto se é por causa da revelação que ele acabou de fazer. Nunca aconteceu nada assim antes e tento controlar minha própria surpresa também. O que ele revelou é pouca coisa, mas me ajuda a entendê-lo um pouco melhor agora.
Talvez seja por isso que eu revele algo meu também, minha voz mais suave do que eu jamais usei com ele:
- Eu pratico boxe. Isso ajuda minha mente a... se acalmar também. - O que quero dizer é: eu entendo você, não sou sua inimiga apesar de não gostar de você.
Termino de enfaixar sua mão e dou um passo para trás.
- Você tem Tylenol? Vai ajudar com a dor. - Enquanto assente, Khalil flexiona a mão machucada. - E é recomendável que você não faça isso também.
Lhe dou as costas e vou até a pia para lavar minhas mãos.
Assim que Khalil sai do banheiro, eu solto um suspiro. Como fomos de ele me comparando com um cachorro, para eu ajudando-o com a mão machucada no mesmo dia? E sem mencionar aquela coisa estranha no banheiro da casa dos seus pais.
As últimas vinte e duas horas inteiras foram estranhas, para falar a verdade. E eu só dormi por quatro horas porque fiquei acordada até o sol nascer, temendo que ele voltasse ou que ainda estivesse atrás da porta, apenas esperando eu dormir para invadir meu apartamento. E depois, quando voltei para casa após o jantar, não consegui dormir e acabei indo assistir minha série preferida enquanto traduzia o que podia do diário da minha mãe.
A última parte, a propósito, não me rendeu nenhuma descoberta. Pelo menos até onde eu consegui traduzir e ler antes de receber a ligação de Arnold, só encontrei um tipo de relatório sobre a minha infância, começando dos oito anos. Mamãe nunca se referiu a pessoa para quem ela estava escrevendo como "ele" ou "ela" ou um nome próprio, apenas coisas como "Você deveria estar aqui para vê-la crescer." "Você iria amar a mulher que ela está se tornando". Sempre "você" e nunca um nome.
Tudo isso só me deixou mais frustrada e cansada.
Então por não estar me aguentando em pé, acabo me arrastando pelo corredor até a sala, onde Khalil já está de volta no sofá, os cotovelos apoiados nos joelhos e os olhos focados na TV, onde Downton Abbey voltou a ser reproduzida. A tensão que havia diminuído um pouco quando eu estava cuidando da sua mão, está de volta.
Vou até a minha bolsa que deixei no outro sofá e procuro por alguns segundos até achar meus fones de ouvido. São daqueles sem fios.
Entrego a Khalil.
- Você pode ouvir música sem incomodar ninguém assim.
Ele olha para minha mão aberta, mas não pega os fones. Suspiro e deixo os dispositivos na sua mesa de centro.
Volto para o outro sofá e suspiro novamente ao me sentar. Eu preciso chamar um Uber - estava cansada demais para vir com meu carro -, mas me vejo deitando no sofá e fechando os olhos.
Só preciso de cinco minutos.
☠️
- Você é o meu coração, Amaya. - Mamãe está sorrindo para mim enquanto giramos e rimos de mãos dadas. - Eu te amo.
- Também te amo, mamãe!
Mamãe ainda está sorrindo quando caímos no chão depois de tanto girar e ficarmos tontas. Ficamos deitadas, de frente uma para a outra enquanto nos encaramos.
- Você é o meu coração, Amaya - repete mamãe. - E eu te...
Pow!
- Mamãe? Mamãe!
Mas ela não responde. Seus olhos estão vazios e um líquido começa a escorrer pelo chão.
É vermelho.
É sangue.
Tem sangue por todo lugar. Tanto sangue..
Abro os olhos e me sento enquanto levo minha mão ao peito. Meu coração bate acelerado sob meus dedos trêmulos.
De novo. Tenho tido sonhos assim por três noites agora. Sempre acaba do mesmo jeito: com minha suposta mãe tendo seu crânio estourado. Como aconteceu no flashback.
Engulo em seco, passando minhas mãos por meus cabelos. Até quando terei esses pesadelos? O que eu...
Viro meu rosto de repente quando sinto aquela sensação esquisita de estar sendo observada... E dou de cara com Khalil me encarando.
Certo. Eu estou na sua casa.
Khalil não saiu da posição que estava quando adormeci no sofá, mas está usando os fones. E ainda me encarando.
Eu coro até a raiz do meu cabelo e espero que a pouca iluminação da TV não me denuncie.
- Eu devo ter caído no sono - digo estupidamente. Ele provavelmente nem está me ouvindo mesmo.
Pego meu celular que estava esquecido atrás da almofada. Quando vejo a hora, arregalo os olhos. São 02h26. Porra. Não vou conseguir um Uber a essa hora e mesmo que consiga, não é seguro.
Merda.
Pressiono meus dedos em meus olhos e tento pensar. Será que Khalil tem um carro? Eu só vejo ele com aquela moto e eu sei que ele nunca me emprestaria. Também não quero pedir para ele me levar em casa.
Então o que você vai fazer?
Como se estivesse ouvindo meus pensamentos, a voz profunda de Khalil flutua pela sala.
- Pode dormir na minha cama, se quiser.
Olho para ele, esperando ver alguma malícia na sua proposta, mas ele já voltou a encarar a TV que continua a exibir Downton Abbey. Nossa, parece que ele é mesmo fã dessa série.
- E onde você vai dormir? - Porque se ele acha que vamos dormir na mesma cama... Não, obrigada. Eu prefiro seu sofá. Nem é tão ruim se consegui dormir nele por quase duas horas.
- Eu não vou.
Então é isso. Estou tão cansada que nem brigo um pouco mais.
Ao invés disso, me arrasto para seu quarto. Está escuro como uma caverna, mas consigo achar a cama e me arrastar para cima dela também. Não acredito que estou prestes a dormir na cama de Khalil Idiota Blackburn.
Pelo menos a cama dele é macia. Humm... Seus lençóis são tão quentinhos. E seu travesseiro cheira bem. Droga, porque o travesseiro dele tinha que cheirar assim?
Eu adormeço com essa pergunta enquanto seu perfume me embala num sono profundo.
☠️
Meu próximo sonho não é com minha mãe e uma garotinha chamada Amaya que pode ou não ser eu. Não, o sonho de agora é com o meu perseguidor.
Ele está no canto do quarto, me observando. Ele sempre faz isso na vida real? Quantas vezes ele já me observou? Eu quero perguntar, mas minha exaustão faz o sonho se dissolver e tudo fica escuro antes que eu tenha a chance.
☠️
Não sei o que me acorda, mas sei que não é meu despertador. Quando procuro pelo meu celular na cama, abro os olhos ao não achá-lo. Sou do tipo de pessoa que dorme com o celular debaixo do travesseiro, o que não é nenhum pouco recomendável.
Frustrada por não achar meu celular, franzo as sobrancelhas para a escuridão no meu quarto e o silêncio. Eu moro em um bairro movimentado então tem sempre algum bagulho do caminhão de lixo lá embaixo ou idiotas bêbados voltando para casa depois de uma noitada - posição a qual eu me qualifico.
Além disso, essa não é a única coisa estranha: Warrick ainda não veio lamber meu rosto e miar no meu ouvido para eu colocar sua ração. Sério, esse gato é esfomeado e totalmente comprometido com os horários das suas refeições.
Rolo na cama, começando a fechar os olhos de novo porque a cama é tão macia... E os travesseiros tão cheirosos... Eu nunca tinha percebido isso. Como pode? Eu durmo nessa cama há anos...
Você dorme na cama de Khalil Blackburn há anos?
O quê?
Abro os olhos e sento no colchão. Em segundos, minha mente sonolenta clareia e eu lembro da noite passada.
Khalil e eu no banheiro da casa dos seus pais. Eu no meu apartamento, lendo o diário da minha mãe. A ligação de Arnold. Correr para o apartamento de Khalil. Música alta. Khalil com sua mão machucada. Eu e ele no banheiro de novo enquanto eu limpava seus ferimentos. Nossas pequenas revelações. Downton Abbey (Downton Abbey?). Então eu cochilei e depois me arrastei para sua cama.
Propositalmente ignoro os dois sonhos que tive.
Parece que o dia de ontem teve quarenta e oito horas, e não vinte e quatro.
Resmungo e saio cegamente da cama porque o Sr Todo Sombrio parece não gostar de luz.
Depois de um grande esforço consigo achar a porta do banheiro e nem questiono o fato de ter luz vazando das frestas da porta.
Meu erro. Talvez se todo meu cérebro estivesse funcionando e não apenas metade dele, eu perceberia que o banheiro está ocupado e não abriria a porta. Algo que eu definitivamente faço, então congelo no lugar.
Como se tivéssemos combinado, a porta do box é empurrada para o lado e Khalil sai do compartimento. E ele está... nu. Cada pedaço de pele exposta. Muitos membros. Um em particular chama minha atenção (é impossível não olhar, ok?). Eu pego apenas um vislumbre dele - o suficiente para saber que é grande e grosso - antes de desviar o olhar, corada. Infelizmente minha atenção se detém em outra parte do seu corpo, dessa vez é o seu abdômen com oito gominhos (sim, eu contei) que se flexionam quando ele enxuga seu cabelo com uma toalha. Seu abdômen é cheio de tatuagens, assim como seus braços e seu pescoço. Todos esses músculos sempre escondidos em trajes pretos e ternos, agora em exposição para mim.
- Bom dia, Kathryn.
Me assusto ao som da sua voz, como ontem a noite. Ele é sempre tão modesto com suas palavras que é sempre uma surpresa ouvir sua voz, que é geralmente rouca e monótona.
Encontro seu olhar e sei que ele me pegou olhando. Seus olhos estão enrugados daquele jeito que parece que ele quer rir, mas está se contendo, porque Deus nos livre de ouvi-lo rir com algo mais que sarcasmo ou desdém. Com certeza seria devastador.
Pigarreio, desviando o olhar para sua pia. É muito bonita. Bem melhor do que ficar encarando todo aquele... corpo musculoso e tatuado. Totalmente repulsivo.
- Bom dia. Achei que o banheiro estava vazio.
- Está surpresa de me encontrar no banheiro do meu próprio apartamento?
Encaro-o de novo, meus olhos semicerrados.
- Você parece de bom humor. - Duvido muito que tenha a ver com uma boa noite de sono. Há sombras debaixo dos seus olhos.
Khalil ignora meu comentário ao continuar se secando. Ele está fazendo um trabalho muito minucioso.
- Gostou da minha cama?
Esse homem...
Mas ponho um sorriso no rosto.
- É agradável.
Ele anue.
- Macia, certo? Perfeita para foder.
Luto para não deixar meu queixo cair com o seu atrevimento. E isso não tem nada a ver com o jeito que minhas partes íntimas parecem ganhar vida ao ouvi-lo dizer a palavra "foder".
- Tenho certeza que sim - respondo porque não quero que ele pense que eu estou desconfortável com essa conversa. O que eu não estou, só para deixar claro.
Dessa vez, Khalil realmente dá um sorriso de lado. É mínimo, mas ainda transmite a malícia que transborda em seus olhos.
- Não, querida, você ainda não tem certeza disso. - Então ele passa por mim e eu sou bombardeada pelo cheiro do seu sabonete. É totalmente masculino e selvagem, o que me faz pensar que devo estar imaginando.
O que não imagino, no entanto, é como um membro específico do seu corpo estava mais acordado do que quando ele saiu do box.
Eu ignoro essa imagem, assim como o "ainda" que ele disse, que soou tanto como uma promessa quanto como uma ameaça.
☠️
*O que é Downton Abbey?*
" ¹ Esta série britânica de drama segue a vida da família Crawley e seus empregados em uma casa de campo. A série começa com o naufrágio do Titanic, em 1912.
² Expondo o esnobismo e as maquinações de um sistema de classes em decadência, esta série retrata a vida da ilustre família Crawley e de seus diversos serventes.
³ Esta série aclamada pela crítica ganhou vários prêmios, incluindo três Globos de Ouro, 15 Emmys e três BAFTAs."
UM CAPÍTULO SÓ DELES DOIS😭😭🖤
Amo o fato do Khalil gostar de Downton Abbey, juro KKKKKKKKK. Eu já assisti duas temporadas e é muito boa, viu🤧🖤.
Gostaram do capítulo???
Por hoje é só! Até a próxima! (Terça-feira)
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2bjs, môres♥
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