06


O centro de treinamento do Barcelona estava mais agitado do que nunca naquela manhã. Héctor chegava, como sempre, com o foco no treino, mas ao abrir a porta do CT, foi imediatamente atingido por uma onda de flashes. Microfones eram empurrados para seu rosto, enquanto perguntas se misturavam em uma só:

———— Héctor, você está namorando a Carol? — Um repórter perguntou, quase gritando por causa da proximidade do microfone.

———— O que você tem a dizer sobre esse relacionamento? É verdade? — Outro jornalista insistiu.

Héctor sentiu o estômago se revirar. Tentou andar mais rápido, mas logo se viu cercado, a pressão de ser o centro das atenções o sufocando. Ele tentava escapar, mas os jornalistas eram implacáveis. Só quando finalmente conseguiu se desvencilhar e entrou no vestiário, sentiu um breve alívio. Era o único lugar seguro. Fechou a porta atrás de si com um suspiro, antes de se jogar em uma das poltronas vazias.

João Félix, que estava ali, olhou-o com um sorriso divertido.

———— O que tá acontecendo, cara? — João perguntou, sem tirar os olhos do celular.

Héctor, ainda tentando recuperar a compostura, passou a mão na testa.

———— Não me diz que você não viu — João riu, pegando o celular e abrindo rapidamente uma pasta cheia de fofocas.

———— Me dá isso — Héctor pegou o celular com pressa, os dedos tremendo. Quando viu a manchete, seu rosto empalideceu. A notícia era a mais comentada na cidade e em todos os meios de comunicação: "Héctor, o novo namorado de Carol? A fofoca do momento!"

O pânico o atingiu em cheio.

———— A Carol vai me matar — ele resmungou, os olhos arregalados. Tentou ligar para ela imediatamente, mas as mãos estavam tão suadas que o celular parecia escorregar.

João observou a situação com diversão, mas não conseguiu esconder o tom de preocupação.

———— Se fudeu mesmo, hein? — Ele gargalhou, mas sua voz estava carregada de um certo desconforto. Ele sabia que, apesar de todo o escárnio, Héctor realmente estava em apuros.

Antes que Héctor pudesse responder, a porta do vestiário se abriu e Xavi entrou, fazendo todos caírem em um silêncio imediato. O clima no ambiente mudou instantaneamente. Todos sabiam do ocorrido com Héctor, mas ninguém esperava que fosse tomar proporções tão grandes.

———— Atenção, pessoal — Xavi falou, olhando diretamente para Héctor. Ele queria garantir que o jovem se sentisse ainda mais desconfortável. — Acho que vocês já viram a manchete sobre o Fort, não?

Todos os jogadores concordaram com a cabeça. A fofoca tinha viralizado rapidamente, e as redes sociais estavam a mil.

———— Graças a isso, ganhamos novos patrocinadores, muitos contratos de publicidade, mas também muita gente maluca surgindo por aí — Xavi completou, tentando aliviar o clima pesado com uma piada. O tom de sarcasmo fez todos os jogadores rirem.

———— Parabéns, Hectorzinho — Yamal brincou, com um sorriso travesso. — Vai comer muita buceta agora, né?

Héctor olhou para ele e riu, mas o riso era forçado. A piada até o fez relaxar por um segundo, mas, no fundo, ele sabia que o maior problema estava em outro lugar: Carol. A ideia de que ela poderia nunca mais falar com ele o consumia. Ele olhou para o celular novamente, a ansiedade tomando conta.

———— Idiota — ele disse, mas a raiva de João não conseguia mascarar a angústia em seu peito.

Xavi, percebendo que o clima já estava pesado demais, interveio:

———— Vamos focar no treino agora, galera — ele falou, tentando acalmar a situação. Mas, para Héctor, a ideia de treinar estava distante. Ele ainda estava preso na ideia de que havia perdido Carol.

"






Maria Carolina estava voltando da farmácia, uma rotina qualquer de manhã, até que seu celular vibrou com várias chamadas de Bruna. Quatro chamadas perdidas. O que seria tão urgente a ponto de Bruna ligar tantas vezes?

Ela atendeu, ainda tentando entender o motivo da ansiedade da amiga.

———— O que foi, Bruna? Tá tudo bem? — perguntou, com a voz ainda sonolenta.

———— Comigo, sim. Mas com você... — Bruna respondeu de forma carregada de ironia. — Parece que você esqueceu da nossa promessa.

Carol franziu a testa e, sem dizer uma palavra, abriu o direct de Bruna. Quando viu a foto de Héctor no CT com a manchete bombástica, seu coração disparou. Era um link para uma publicação nas redes sociais: "Héctor, o novo namorado de Carol? Fãs em surto!"

Ela não queria acreditar, mas o pânico a consumiu. Como ele tinha se metido nessa?

———— Não aconteceu nada, você sabe disso — Carol disse com a voz mais firme possível, mas o nó na garganta já a traía. Ela ligou o carro sem hesitar, sentindo a raiva subir.

———— Você jurou que isso não ia acontecer, Carolina! Olha aí, o mundo inteiro agora acha que vocês dois estão juntos. — Bruna retrucou com um tom mais sarcástico.

Carol apertou os dentes, enquanto o motor do carro rugia. Ela não estava mais disposta a se acanhar. Seu sangue estava fervendo, e a raiva parecia a única coisa que podia guiá-la.

———— Eu vou até o CT do Barcelona agora — disse, acelerando sem pensar nas consequências. A cada quilômetro, sua raiva aumentava, e ela não parava nem para considerar o quão arriscado era enfrentar tudo aquilo.

———— Você vai sozinha? Carol, espera... — Bruna tentou se interpor, mas Carol desligou o telefone com pressa.

Ela estacionou o carro no CT, completamente fora de si. Sem olhar para o lado, desceu e atravessou o estacionamento com rapidez, ignorando os olhares curiosos e os cochichos. Quando entrou, o som do barulho da porta ecoou por todo o estádio, fazendo todos pararem o que estavam fazendo para olhar em sua direção.

Carol não se intimidou. Seus olhos estavam fixos no vestiário onde sabia que Héctor estava. Ela não queria mais saber de nada, apenas resolver aquela situação de uma vez.

Foi até a porta do vestiário, seus passos ecoando pelo corredor. Quando entrou, ninguém ousou dizer nada. Ela olhou para Xavi, que estava perto de Héctor.

———— Eu preciso falar com o seu jogador de merda — disse Carol, apontando para Héctor. Sua voz estava cortante.

Hector, com um sorriso cínico, se aproximou.

———— A única merda aqui é você, madridista — ele respondeu, provocando.

Carol não se intimidou e deu um passo à frente, encarando Hector com a mesma intensidade.

———— Quero ver me chamar de merda depois que o meu time te der outra surra. Ou eu posso fazer esse favor por eles — ela cruzou os braços e desafiou com o olhar. — Seu merdinha.

———— Para de ser infantil, foi só uma manchete idiota — ele falou, tentando se justificar.

Carol, com a raiva explodindo, empurrou Héctor com força.

———— A manchete "idiota" vai fazer eu perder a consideração do meu irmão, sabia? — ela retrucou, com os olhos afiados como lâminas. — Isso é culpa sua!

Ele a olhou com um ódio crescente, mas Carol não tinha mais paciência.

———— Isso aí é problema seu.

———— O único problema próprio aqui vai ser o tapa que vou deixar na sua cara, seu filho da puta — ela levantou a mão, mostrando o dedo do meio. — E espero que você se foda muito!

Sem olhar para trás, ela virou as costas e saiu do CT. Os olhares fixos nela queimavam a sua pele, mas ela não se importou. Ela tinha dado o recado, e agora só restava esperar o que Héctor faria a respeito.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top