𝗰𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 𝗾𝘂𝗮𝘁𝗿𝗼 | o jogo de Hadria

CAPÍTULO QUATRO.
── ❝o jogo de Hadria.❞

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Já estava chegando o horário combinado para que
Hadria fosse para a casa de Rosalie para fazer o trabalho. A vampira morena não se encontrava nada feliz com isso. Desde que chegara em casa, após a escola, subiu as escadas do castelo em direção ao seu quarto e trancou-se lá, recusando-se a falar com qualquer um dos irmãos ou com Enoir.

O ambiente ao seu redor refletia seu humor: as cortinas pesadas bloqueavam a pouca luz que ousava atravessar as janelas, e o silêncio era perturbador. Hadria andava de um lado para o outro, os braços cruzados e a expressão cerrada. A ideia de passar horas na companhia de Rosalie – sua alma gêmea que insistia em ignorar o vínculo que compartilhavam – era suficiente para deixá-la inquieta.

Hadria sentou-se na beira da cama, tentando acalmar a mente. Não era apenas a obrigação do trabalho que a incomodava; era o medo de perder o controle, algo que sempre se orgulhara de manter. Afinal, ela não era como os outros. Não era frágil, não era previsível, e, acima de tudo, não deveria estar suscetível a emoções humanas. Porém, ali estava ela, inquieta por causa de uma única vampira.

Dalibor bateu na porta, interrompendo seus pensamentos. Sem esperar uma resposta, ele entrou.

── Está pronta? ── ele perguntou, com uma sobrancelha arqueada.

── Não. ── Hadria respondeu, cruzando os braços. ── Não quero ir.

Dalibor soltou uma risada sarcástica.

── Você não tem escolha, irmãzinha. Lilith deixou bem claro que precisamos nos aproximar dessa família, e isso inclui você cumprir sua parte.

── Não é só isso! ── Hadria rebateu, levantando-se de repente. ── Você sabe muito bem o que Rosalie significa para mim. Como você pode esperar que eu me comporte normalmente?

Dalibor aproximou-se dela, colocando as mãos em seus ombros.

── Você é uma Relish, Hadria. Nós não sucumbimos. Nós controlamos. Use isso a seu favor. Mostre a Rosalie quem você realmente é.

Hadria suspirou, ciente de que não tinha outra escolha. Levantou-se e caminhou até o espelho, ajustando seu cabelo e verificando sua aparência.

── Se for para fazer isso, que seja do meu jeito.

Dalibor abriu um sorriso satisfeito.

── Assim que se fala. Agora vá, antes que eu tenha que arrastá-la até lá.

Hadria revirou os olhos, pegou sua bolsa e saiu do quarto, descendo as escadas com passos firmes. Ela não sabia o que esperar dessa noite, mas tinha certeza de uma coisa: Rosalie Hale descobriria exatamente quem era Hadria Relish.

Erebus estava do lado de fora do castelo, encostado em seu carro, um Packard Super Eight conversível de 1937. O veículo, com sua pintura preta impecável e detalhes cromados, emanava um charme clássico que parecia combinar perfeitamente com a aura elegante e imponente dos Relish. Assim que viu Hadria sair pela porta principal, ele se endireitou e abriu a porta do passageiro com um sorriso suave.

── Você demorou ── comentou, embora não houvesse nenhum tom de reclamação em sua voz.

Hadria revirou os olhos e entrou no carro, ajeitando sua bolsa no colo.
── Não estava com pressa.

Erebus deu a volta e sentou-se ao volante, ajustando os óculos escuros que usava, mesmo sendo quase noite. Ele ligou o motor, e o ronco baixo e potente do carro ecoou pelo pátio. Enquanto dirigia para fora dos portões da propriedade, o silêncio se instalou entre eles, mas não era desconfortável.

── Dalibor está certo, sabe? ── Erebus disse, quebrando a quietude.

Hadria virou o rosto para ele, arqueando uma sobrancelha.
── Certo sobre o quê?

── Sobre você precisar controlar isso. ── Ele manteve os olhos na estrada, mas sua voz carregava um tom sério. ── Rosalie ser sua companheira não é algo que você pode simplesmente ignorar.

Hadria soltou uma risada curta e amarga.
── E quem disse que eu quero ignorar? Eu só não quero que isso me controle. Não sou fraca.

Erebus suspirou, apertando levemente o volante.
── Não é uma questão de fraqueza, Hadria. É sobre aceitar. Resista o quanto quiser, mas saiba que quanto mais lutar contra, mais difícil será.

Ela cruzou os braços, desviando o olhar para a janela. A noite lá fora parecia tranquila, mas dentro dela, uma tempestade se formava.
── Não preciso de conselhos sentimentais agora, Erebus. Só me leve até lá e me deixe lidar com isso do meu jeito.

Erebus olhou para ela de soslaio e abriu um sorriso leve.
── Sempre a teimosa. Mas, por favor, Hadria, não destrua a casa dos Cullens se as coisas saírem do controle.

Ela riu, embora o som fosse mais sarcástico do que genuíno.
── Não posso prometer nada.

O carro deslizou pelas ruas silenciosas de Forks, e, em poucos minutos, as luzes da propriedade dos Cullens começaram a aparecer entre as árvores. Erebus reduziu a velocidade e estacionou na entrada impecavelmente organizada. Ele desligou o motor e virou-se para ela, mais sério desta vez.

── Seja quem você precisa ser, Hadria. Mas lembre-se, estamos todos nisso juntos.

Hadria não respondeu. Ela apenas abriu a porta e saiu do carro, ajustando sua postura e erguendo o queixo, como se estivesse se preparando para enfrentar uma batalha. Ela sabia que a noite seria complicada, mas uma coisa era certa: ela nunca recuaria.

Hadria havia dado apenas alguns passos quando ouviu Erebus chamá-la novamente. Ela parou e olhou por cima do ombro, a expressão levemente impaciente, mas curiosa.

── Você está bonita ── disse ele, com um meio sorriso.

Ela ergueu uma sobrancelha, sua confiança habitual brilhando.
── Eu sei disso.

Ela virou-se novamente, ajeitando a barra de seu blazer curto, parte de um conjunto impecável. O blazer era preto, com um corte ajustado que destacava sua silhueta, enquanto a saia combinava, caindo elegantemente logo acima dos joelhos. Por baixo, ela usava uma blusa de seda branca com um decote discreto, mas sofisticado. Nos pés, um par de saltos altos pretos completava o visual, fazendo-a parecer uma verdadeira mulher de negócios — ou uma predadora disfarçada.

Enquanto caminhava pela entrada dos Cullens, seu olhar caiu sobre a casa que agora estava bem diante dela. Era uma construção moderna e imponente, mas ainda assim acolhedora. A residência dos Cullens era feita principalmente de vidro e madeira, com grandes janelas que iam do chão ao teto, permitindo uma vista deslumbrante da floresta ao redor. As linhas retas e o design minimalista davam um ar contemporâneo, mas havia algo quase etéreo sobre o lugar, como se fosse uma extensão natural da paisagem ao redor.

Hadria observou as luzes quentes que brilhavam de dentro da casa, lançando reflexos suaves nas janelas de vidro. Apesar de toda a elegância da residência, para ela, parecia mais um símbolo de domesticação — algo que ela desprezava.

Ela respirou fundo e deu os primeiros passos em direção à porta, cada clique de seus saltos ecoando na entrada tranquila.
── Vamos ver o que me espera lá dentro ── murmurou para si mesma, antes de apertar a campainha.

A porta foi aberta por um casal cuja presença era tão impecável quanto a casa. O homem, que Hadria imediatamente assumiu ser Carlisle Cullen, exalava serenidade e liderança. Ele era alto, com cabelos loiros cuidadosamente penteados e uma expressão gentil, mas firme. Seus olhos dourados, devido à dieta de "sangue animal", pareciam quase brilhar sob a luz da entrada, e ele vestia um suéter cinza ajustado com uma camisa branca por baixo, juntamente com calças escuras, transmitindo uma aura de elegância casual.

A mulher ao seu lado, Esme Cullen, era igualmente impressionante. Seus cabelos castanhos claros caíam em ondas suaves sobre os ombros, e havia algo maternal e acolhedor em sua postura e sorriso. Ela vestia um cardigã creme delicado sobre uma blusa floral e jeans escuros, simples, mas sofisticada. Seus olhos dourados eram gentis, refletindo um calor natural que fazia Hadria, por um breve momento, sentir-se como se estivesse diante de uma mãe orgulhosa, apesar de toda a sua relutância em se envolver com os "frios".

Com o rosto mais amigável que conseguiu conjurar, Hadria abriu um sorriso encantador e deu um passo à frente.
── Boa noite. ── Sua voz saiu doce, mas ainda carregando o tom confiante que era característico dela. ── Vocês devem ser o Dr. Carlisle e Esme Cullen. Sou Hadria Relish, vim fazer um trabalho escolar com a filha de vocês, Rosalie.

Esme foi a primeira a responder, o sorriso em seu rosto se alargando levemente.
── Oh, claro. Bem-vinda, Hadria. É um prazer conhecê-la. ── A voz de Esme era suave, acolhedora, quase como um abraço em forma de palavras.

Carlisle fez um leve aceno de cabeça e sorriu educadamente.
── Seja bem-vinda à nossa casa. Rosalie está lá dentro. Entre, por favor.

Hadria inclinou ligeiramente a cabeça em agradecimento, mantendo a compostura perfeita enquanto entrava na casa. Por dentro, o espaço era tão impressionante quanto o exterior: amplo, com móveis modernos e toques pessoais que indicavam uma família unida, embora, para ela, ainda faltasse uma certa autenticidade que só os humanos podiam oferecer.

Enquanto seguia Carlisle e Esme para encontrar Rosalie, Hadria não deixou de pensar no contraste daquela recepção calorosa com a tempestade de emoções que sabia que a aguardava ao encontrar sua "alma gêmea".

Ao entrar na sala de estar, Hadria rapidamente observou o ambiente e as pessoas presentes. Emmett, com sua postura relaxada, estava concentrado em um controle de videogame, enquanto sua expressão alternava entre entusiasmo e frustração dependendo do andamento do jogo. Jasper, calmo e reservado, parecia mergulhado em um livro grosso de capa de couro, a imagem da serenidade em contraste com o caos ao seu redor. Sentada ao lado dele, Alice folheava uma revista de moda, seus olhos brilhando de interesse enquanto murmurava comentários sobre as tendências que via.

No canto da sala, Edward estava no piano, ajeitando algumas partituras enquanto seus dedos deslizavam preguiçosamente pelas teclas, produzindo acordes suaves. Ele parecia absorto em seus próprios pensamentos, mas ainda assim ciente de tudo ao redor.

E então havia Rosalie, a razão para Hadria estar ali. Ela estava sentada de forma elegante em um dos sofás, os braços cruzados sobre o peito, a postura ereta, com os olhos fixos em Emmett e o jogo que ele jogava. Porém, era evidente que sua mente estava longe dali. Sua expressão era neutra, mas seus olhos traíam o desconforto que sentia ao ver Hadria.

Esme foi a primeira a falar, interrompendo a leve tensão no ar:
── Hadria, esses são nossos filhos. Acho que você já conhece alguns deles da escola.

Hadria inclinou levemente a cabeça em um cumprimento educado.
── Sim, tive o prazer de conhecer alguns. ── Sua voz era cortês, mas seus olhos se demoraram por um segundo a mais em Rosalie, que, ao notar, desviou o olhar rapidamente.

Emmett foi o primeiro a quebrar o gelo, largando o controle e se inclinando para frente com um sorriso travesso.
── Então, você é a nova aluna que tá fazendo os professores se apaixonarem pelas suas respostas? ── Ele riu, claramente se divertindo, mas foi silenciado por um olhar irritado de Rosalie.

Hadria apenas ergueu uma sobrancelha e deu um sorriso de lado.
── Acho que o mérito é mais dos professores por fazerem boas perguntas.

Alice, sempre curiosa e animada, fechou a revista e se aproximou rapidamente.
── Hadria, certo? Você tem um estilo incrível. Podemos conversar sobre moda algum dia?

Hadria riu suavemente, ainda que sem muita intenção de aprofundar a conversa.
── Quem sabe.

Carlisle então fez um gesto discreto em direção a Rosalie.
── Rosalie, por que você não leva Hadria para a sala de jantar? Assim vocês podem começar o trabalho com mais privacidade.

Rosalie assentiu de forma quase imperceptível e levantou-se, ajustando a postura.
── Por aqui, Hadria.

Hadria seguiu Rosalie para fora da sala, mas não sem antes notar o leve sussurro de Emmett, que dizia algo sobre "energia estranha entre elas". Isso foi seguido por uma risada abafada de Alice, o que quase a fez perder a compostura por um segundo.

── Espero que tenha trazido tudo o que precisa. Não gosto de perder tempo.

Hadria sorriu, embora por dentro estivesse já armando como provocá-la sem levantar suspeitas.
── Não se preocupe, Rosalie. Prometo que não vamos desperdiçar o seu precioso tempo.

Hadria sussurrou enquanto seguia Rosalie para a sala de jantar:
── Até porque a última coisa que eu quero é estar aqui.

Ela sabia exatamente o que estava fazendo. Seu tom era baixo o suficiente para parecer um desabafo, mas perfeitamente audível para os ouvidos sobrenaturais dos Cullens. Ao chegar à sala de jantar, ela fingiu ignorar completamente a reação que causou.

Na sala de estar, Emmett, com seu típico humor despreocupado, soltou uma risada e comentou alto:
── Parece que a companheira da Rosalie não gosta muito da gente. O que será que fizemos?

A provocação arrancou um leve sorriso de Alice, mas o ambiente ficou mais tenso quando os olhos de Rosalie se estreitaram por uma fração de segundo, sua postura rígida denunciando que o comentário a atingiu mais do que deveria.

Embora tentasse manter a compostura, o desconforto em seu rosto era evidente. A ideia de que Hadria não queria estar ali, perto dela, mexeu profundamente com a loira. Ela mordeu levemente o lábio inferior e apertou os dedos contra a superfície da mesa antes de murmurar:
── Não é como se ela tivesse muita escolha.

Apesar da tentativa de parecer indiferente, a mágoa em sua voz era clara para aqueles que a conheciam bem.

Na sala de jantar, Hadria ouviu tudo. Seus lábios se curvaram em um sorriso irônico, e ela apoiou os cotovelos sobre a mesa, descansando o queixo nas mãos enquanto observava Rosalie.
── Algo errado? ── perguntou com uma falsa inocência que só ela sabia fazer tão bem.

Rosalie não levantou o olhar imediatamente, ocupada demais em organizar os materiais do trabalho como uma desculpa para evitar a tensão que sentia. Após um momento, ela respirou fundo, levantando os olhos para encontrar os de Hadria.
── Nada que vá atrapalhar o trabalho ── respondeu com frieza, mas sua voz vacilou ligeiramente.

Hadria inclinou a cabeça de leve, avaliando Rosalie com o mesmo olhar analítico que costumava usar com suas vítimas antes de atacar.
── Bom, espero que consiga manter o foco. Não quero que minha presença seja uma distração para ninguém.

O comentário carregava um veneno sutil, mas o impacto em Rosalie foi evidente. Seu maxilar travou, e ela desviou o olhar novamente, fingindo ignorar. Por dentro, entretanto, um turbilhão de emoções crescia, uma mistura de irritação e dor que a fazia odiar ainda mais a situação.

De volta à sala de estar, Jasper, sempre sensível às emoções, percebeu a agitação de Rosalie mesmo à distância. Ele ergueu uma sobrancelha, curioso, e lançou um olhar interrogativo para Alice, que apenas deu de ombros, sem esconder a diversão com a dinâmica crescente entre as duas.

Já Emmett, sem perceber a profundidade do que havia provocado, continuava sorrindo, satisfeito por ter cutucado a irmã mais velha sem saber que havia atingido um nervo muito mais sensível do que imaginava.

O clima entre Rosalie e Hadria, que já era tenso, tornou-se ainda mais carregado depois da troca de farpas. Rosalie mantinha uma expressão fria, mas seu olhar esquentava toda vez que recaía sobre a morena. Antes que algo mais pudesse acontecer, Bella e Renesmee entraram na sala de jantar.

Bella, sempre educada, sorriu para Hadria e se apresentou:
── Olá, eu sou Bella. Você deve ser a colega da Rosalie para o trabalho, certo?

Hadria ergueu o olhar com um sorriso controlado.
── Exatamente. Hadria Relish. É um prazer.

Renesmee, por sua vez, desviou o olhar, tímida, mas ainda assim falou:
── Nós já nos conhecemos... no corredor mais cedo.

O sorriso de Hadria se alargou, mas seu olhar ficou mais afiado enquanto olhava para a jovem.
── Ah, claro, como poderia esquecer? ── disse suavemente, mas seu tom parecia esconder um significado mais profundo.

Curiosa, Hadria então perguntou casualmente:
── Então vocês duas também são filhas adotivas do doutor Cullen?

Bella assentiu, mantendo um tom calmo:
── Sim, somos.

Hadria inclinou levemente a cabeça, como se estivesse analisando-as com mais cuidado.
── Hmm, interessante. Vocês têm algum parentesco sanguíneo ou é só coincidência?

Bella trocou um rápido olhar com Renesmee antes de negar:
── Não, não temos parentesco sanguíneo.

Hadria deixou escapar uma risadinha inocente, cruzando os braços sobre a mesa.
── Engraçado, porque vocês se parecem bastante... Quero dizer, algo nos traços de vocês... especialmente na forma como vocês olham. ── Ela parou por um segundo, fingindo pensar, antes de acrescentar: ── Na verdade, agora que eu reparo, Renesmee também tem algo no rosto que lembra o Edward, talvez?

Renesmee arregalou os olhos por um instante, mas logo disfarçou, desviando o olhar. Bella, por outro lado, manteve a expressão serena, mas uma tensão evidente passou por sua postura.

── Ah, mas deve ser coisa da minha cabeça ── completou Hadria com um sorriso enigmático, como se estivesse rindo de si mesma. ── Apenas uma coincidência bizarra.

Rosalie, que havia ficado quieta até aquele momento, soltou um pequeno suspiro, como se estivesse prestes a interromper, mas optou por não dizer nada. Seus olhos, no entanto, estavam fixos em Hadria, avaliando cada palavra dita.

Na sala de estar, os demais Cullens, que haviam escutado tudo, trocaram olhares discretos. Edward, especialmente, ficou rígido, sua mandíbula apertada enquanto tentava se concentrar nas partituras diante dele. Jasper, por outro lado, sentiu o aumento da tensão na sala de jantar e lançou um olhar preocupado para Alice, que apenas balançou a cabeça levemente, como se dissesse para ele não intervir.

Hadria mal conseguia esconder sua satisfação interior. Ela sabia exatamente o que estava fazendo, cutucando um segredo que os Cullens tentavam proteger com tanto cuidado. Ela não era apenas uma novata qualquer; ela estava sempre alguns passos à frente.

Rosalie, percebendo que a conversa estava se desviando perigosamente, cortou o clima tenso com firmeza:
── Hadria, vamos focar no trabalho.

A morena ergueu os olhos lentamente para a loira, com um pequeno sorriso que era quase um desafio.
── Claro, vamos.

Elas voltaram à mesa de jantar, o clima carregado permanecendo entre elas. Hadria, sempre elegante, se sentou de forma relaxada e puxou o notebook que Carlisle havia emprestado.

── Eu fico com a parte da pesquisa e coleto os dados, você faz o slide para a apresentação que Dalibor quer. ── Sua voz era prática, mas havia uma ponta de despreocupação que irritava Rosalie.

Rosalie, com sua postura impecável e olhar impassível, apenas assentiu, pegando seu próprio notebook para começar a formatar os slides.

Enquanto Hadria "pesquisava", fingindo digitar algo no notebook, ela se permitiu um pequeno sorriso interno. A verdade era que não precisava de pesquisa alguma. A Batalha de Waterloo era algo que ela conhecia profundamente, mesmo que na época de seu "sono profundo" o mundo estivesse avançando sem ela. Os Relish tinham uma memória imortal, e tudo que ela precisava já estava em sua mente como se tivesse vivido aquele evento.

Ela lançou um olhar discreto para Rosalie, que parecia profundamente concentrada no trabalho. A loira era impecável em tudo que fazia, o que era de certa forma irritante e, ao mesmo tempo, fascinante.

── Então, Rosalie ── começou Hadria, rompendo o silêncio propositalmente. ── Você sempre leva os trabalhos escolares tão a sério?

Rosalie, sem desviar os olhos da tela, respondeu:
── Sempre. E espero que você também.

Hadria riu suavemente, balançando a cabeça.
── Não se preocupe. Minha parte será impecável.

O tom dela era seguro, quase desafiador. Rosalie não respondeu, mas sua postura indicava que estava escutando. Hadria voltou a fingir que digitava algo no notebook, mas sua mente estava em outro lugar. Ela sabia que, de alguma forma, aquele trabalho seria mais do que uma simples tarefa escolar. Era um jogo de paciência e estratégia entre ela e Rosalie, e Hadria não tinha intenção de perder.

A próxima hora foi marcada por um silêncio quase absoluto, interrompido apenas pelo som das teclas dos notebooks. Ambas estavam focadas em cumprir suas respectivas partes do trabalho. Rosalie, com sua atenção aos detalhes, criava um slide visualmente impecável, enquanto Hadria revisava mentalmente os pontos principais da Batalha de Waterloo.

Após algum tempo, Rosalie girou seu notebook em direção a Hadria para que ela pudesse avaliar o que tinha feito.
── Aqui estão os slides. O que acha?

Hadria analisou atentamente. A apresentação era elegante e bem organizada, com imagens históricas e uma disposição limpa.
── Está muito bom. ── Ela assentiu, cruzando os braços enquanto continuava a observar a tela. ── A introdução sobre o contexto histórico está bem direta, e os mapas ajudam a visualizar os movimentos das tropas.

Rosalie não respondeu, mas a expressão dela suavizou levemente ao receber o elogio.

── Agora, sobre a apresentação em si... ── começou Hadria, voltando sua atenção para suas anotações. ── Acho que seria interessante começarmos falando sobre a queda de Napoleão após sua derrota na Rússia e como isso levou aos eventos de Waterloo.

Rosalie concordou com um breve aceno.
── Faz sentido. E depois podemos falar sobre como os erros de estratégia dele influenciaram a derrota.

Hadria sorriu, satisfeita.
── Exatamente. Depois, focamos na aliança entre os exércitos britânico e prussiano e como isso foi decisivo.

Rosalie voltou a digitar, ajustando o texto nos slides enquanto Hadria observava. A colaboração entre elas estava longe de ser amigável, mas era funcional. Ambas sabiam que Dalibor esperava um trabalho impecável, e nenhuma delas aceitaria menos do que isso.

Depois de alguns ajustes e mais alguns minutos de silêncio, Rosalie finalmente fechou o notebook.
── Acho que terminamos a parte principal.

Hadria olhou para o relógio e percebeu que mais de uma hora havia passado.
── Sim, acho que sim. ── Ela se inclinou para trás na cadeira, aliviada. ── Agora só precisamos garantir que Dalibor não nos torture com perguntas durante a apresentação.

Rosalie deu um sorriso discreto, quase imperceptível, mas não disse nada. As duas haviam conseguido trabalhar juntas, mesmo com toda a tensão pairando no ar. E, no fundo, ambas sabiam que aquela era apenas a primeira de muitas interações que ainda teriam.

Hadria e Rosalie caminharam de volta para a sala de estar, o clima entre elas ainda carregado com uma mistura de tensão e um resquício de entendimento tácito. Ao chegarem, Hadria lançou um olhar rápido para os outros Cullens antes de começar a se despedir.

── Bem, acho que já terminei por aqui. Obrigada por me receberem. ── A voz dela estava educada, mas tinha um tom calculado de distância.

Antes que pudesse dar mais um passo, Esme se aproximou com seu sorriso caloroso.
── Oh, mas por que não fica para o jantar, querida? Já está quase pronto, e seria um prazer ter você aqui.

Hadria congelou por um momento, mas rapidamente recobrou a compostura. Ela sorriu de volta, de forma quase ensaiada.
── Eu adoraria, mas meu irmão, Erebus, já deve estar chegando para me buscar.

Carlisle, que estava encostado próximo à entrada da sala, entrou na conversa com um brilho amistoso nos olhos.
── Nesse caso, por que não convida Erebus para se juntar a nós? Tenho certeza de que ele aceitaria. ── Ele sorriu gentilmente. ── Trabalhamos juntos no hospital, afinal.

A menção ao irmão a deixou sem uma saída fácil. Hadria sabia que recusar poderia parecer rude, mas a ideia de ficar ali por mais tempo, ainda mais compartilhando um jantar fictício, não era exatamente animadora. Ela controlou a vontade de revirar os olhos e manteve seu sorriso falso intacto.

── É uma ideia... interessante. Vou perguntar a ele quando chegar.

Nesse momento, Rosalie, que havia permanecido em silêncio desde que saíram do escritório, lançou um olhar levemente desconfiado para Hadria. A loira parecia estar avaliando cada reação dela, como se procurasse algo além das palavras educadas.

Hadria, por outro lado, evitou qualquer troca direta de olhares com Rosalie. Em vez disso, se virou em direção à janela, observando o lado de fora como se esperasse ver Erebus a qualquer momento.

Enquanto isso, Esme, sempre amável, gesticulou em direção à cozinha.
── Por favor, sinta-se à vontade até ele chegar.

Hadria assentiu, mas por dentro, já calculava como poderia evitar passar muito mais tempo naquela casa cheia de vampiros que a estavam observando com atenção excessiva.

Agora, Hadria estava encurralada. Não apenas teria que ficar mais tempo naquela casa, mas também se juntar aos Cullens em um jantar — algo que claramente era uma formalidade, considerando que nenhum deles comia de verdade. A ironia não passou despercebida por ela, e, por um breve momento, ela considerou recusar novamente. Contudo, ao perceber o leve desconforto nos olhos de Rosalie e a curiosidade velada nos outros, uma ideia surgiu.

Um sorriso lento e perigoso iluminou o rosto de Hadria. Se era para estar ali, faria valer a pena. Afinal, tinha algo que a espécie dela permitia: ingerir comida humana. E nada a impedia de usar isso a seu favor.

── Está bem ── disse ela, com uma doçura quase cínica. ── Vou ficar. Parece divertido.

Esme sorriu genuinamente, enquanto Carlisle assentiu satisfeito. Rosalie estreitou os olhos, desconfiada, mas não disse nada. Hadria lançou um último olhar para Rosalie antes de seguir Esme até a cozinha.

Enquanto caminhava, ela já começava a planejar seus próximos "comentários inocentes". Afinal, se era para ser um jogo, Hadria não tinha intenção de perder.

uma perguntinha, quem vocês acham que combinam com o Dalibor e com o Erebus?

4181 palavras.

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