[06] #UMPASSOPARATRAS


Não, não era ela, nunca foi e talvez nunca seria, Jung Yeeun não era ela. A escola entrou em um completo caos, alguns dos alunos que estavam no meio do caminho de volta para casa voltaram para ver o escândalo que estava acontecendo. Muitos corriam pelos corredores espaçosos do colégio à procura do professor Kim Heechul. O mesmo estava escondido na sala do diretor enquanto ouvia o mais velho martelar na sua cabeça, dizendo o quanto era errado e que aquilo traria uma péssima imagem ao colégio, mas Heechul não ligava. Naquele momento ele estava preocupado com a namorada, tinha medo de que alguém tivesse desconfiado dela, não queria que ela fosse exposta, ela não merecia isso. Não queria imaginar seu rostinho triste enquanto chorava, ele detestava a ver chorar e sentia que tudo aquilo era culpa dele. 

— Vamos Heechul me diga, quem é a garota?! 

Ele queria poder 'socar a cara' de seu patrão e sair correndo a procura de sua namorada, que naquele momento deveria estar chorando. Como Hirai Momo lidaria com os pais? Ele não podia dar o nome da garota ao diretor.

Ainda no estacionamento o trio permanecia da mesma forma de antes. Yeeun encostada na parede (porém sem seu pirulito, o mesmo havia caído no chão ao ler a notícia) enquanto olhava assustada para o celular. Changkyun da mesma forma, parado e completamente assustado com a revelação. Já Yerim? Seria exagero se eu dissesse que estava como os colegas de sala? Porém como ela era ótima em esconder sentimentos, não revelou uma expressão se quer, continuava com aquela sua feição de "garota nervosa, não mexa com ela" porém por dentro, oh por céus, por dentro Yeri estava em um completo estado de choque. 

— Então...acho que está muito claro de que Yeeun não é a Queen. — Changkyun pronunciou. — Mas o quê você dizia antes, Yeeun? Você ficou com o Jooheon? 

Yeeun saiu de seu transe e voltou para sua mesma feição de sempre. Se desencostou da parede e se aproximou mais de Changkyun, uma forma de tentar intimidá-lo, o que acabava sendo inútil, ninguém nunca o intimidou, nem mesmo Kim Yerim com todo aquele estresse. 

— Você nunca ouviu isso sair da minha e se ouviu tá inventando, escutou Im bastardo!? — disse o ameaçando. — O mesmo serve para você loirinha. Au revoir. 

E então, Jung Yeeun saiu. O barulho de seu salto alto era extremamente irritante, porém as gritarias dos alunos pelo estacionamento eram cem vezes mais altas e pior de aturar. Yeri estava nervosa, pensou que finalmente se livraria da "praga Queen" mas não passava de um alarme falso, em sua visão tudo aquilo era culpa de Changkyun e somente dele. Afinal foi ele quem lhe contou toda aquela baboseira de Yeeun × Queen of broken hearts. 

Sem algum aviso prévio, Yerim saiu andando deixando Changkyun para trás, o mesmo a seguiu em questão de segundos após a sua partida. Ele tentava de qualquer forma falar com a loira, porém a mesma fingia não lhe ouvir, como muitas das vezes (falhas).

— O quê é caramba?! — exclamou. 

— Você não está brava comigo, está? 

Yerim suspirou, odiava aquele rostinho de coitadinho de Im Changkyun. 

— Claro que estou, você me fez passar um mico gigante na frente da idiota da Jung, sua sorte é que eu não gosto dela assim como não gosto de você! — suspirou — Sinceramente eu não sei porque pensei que de alguma forma você pudesse me ajudar, me deixe em paz de uma vez Changkyun! 

Yeri gritou as palavras e andou até Joy e Wonho que ainda lhe esperavam. O Im por sua vez permaneceu parado. As palavras de Yerim de fato lhe atingiram e ele queria desistir de tentar recuperar a amizade dela, mas lembrou que disse à seu melhor amigo que iria se esforçar para consegui-la de volta. Ele poderia dizer que a Queen era a própria Yerim, já que ela vivia quebrando o seu coração. Queria tanto poder entender o porquê daquilo tudo, ele sequer nunca fez nada e se tivesse feito estava disposto a consertar seu erro. 

Changkyun resolveu que deveria ir logo embora, afinal não tinha mais nada que fazer naquele lugar. Seu motorista já estava do lado de fora então ele entrou no carro sem ao menos pensar em ver se Somi já havia ido ou se preocupar com Kihyun, ele só queria descansar em sua cama enquanto ouvia uma boa música. 

No dia seguinte, como de costume a escola estava uma completa bagunça devido a postagem do dia anterior. Haviam alguns pais pedindo e exigindo para falar com o diretor com medo de que suas filhas pudessem ser a garota com quem o professor estava envolvido. E por dizer nele, Heechul havia ganhado uma licença de uma semana para "colocar a cabeça no lugar". No estacionamento do colégio a jornalista Son estava junto de sua filha, Wendy. A mulher ajeitou o uniforme da garota enquanto passava algumas "instruções" (ou como ela gostava de dizer, lista de afazeres). 

— Lembre-se bebê, seja insistente, corajosa e confiante assim como a mamãe. — Passou a mão sobre os curtos fios castanhos de Wendy. 

— Mãe, as pessoas me acham exibidas de mais. Eu tenho poucos amigos, não quero ser uma isolada! 

A mulher sorriu. 

— Wen, filha. Às vezes o trabalho duro vale muito mais a pena do que uma simples amizade, pense bem nisso, certo? — beijou o topo da cabeça da filha. — Agora vá já para a aula e descubra algo sobre aquele professor, te amo! 

Wendy suspirou e foi até a entrada, colocando seu melhor sorriso no rosto antes de entrar. Não, Wendy Son não era a Queen of broken hearts quanto menos sua mãe. O que aconteceu foi uma mera coincidência na vida da garota e de sua mãe. 

Por conta da profissão de jornalista a mulher vivia de fofocas e reportagens, ela sempre precisava de uma notícia e naquele ano a mãe de Wendy estava prestes a subir de cargo e finalmente ser a âncora do maior e mais assistido jornal coreano e para isso ela precisava de um grande furo de reportagem, feito esse que ela estava correndo atrás como uma desesperada. Acontece que quando ela colocou Wendy no colégio de Seungmin jamais imaginou que pudesse usar a estadia da filha na escola ao seu favor. 

Ao saber do blog de fofocas da escola, Sohyun quis fazer disto o seu grande furo de reportagem e a sua passagem vip direto para o cargo de âncora no telejornal, ela anotava cada passo do QOBH antes de fazê-lo bombar na televisão. Então ela pedia para que Wendy fosse a sua porta voz, sempre bisbilhotando tudo o que podia e descobrindo coisas antes mesmo de qualquer outro aluno daquele colégio. Era de fato uma coisa boa para Sohyun mas para Wendy, apenas a deixava mal falada. Por mais que a garota tentasse fazer tudo escondido, os alunos notavam o quanto ela era segura de si, quer dizer a Wendy que a mãe dela queria que ela fosse, a verdadeira Wendy estava longe de ser assim. 

E um dos grandes motivos da Son sempre aceitar os pedidos da mãe era que seu sonho também era ser jornalista e ela pretendia seguir todos os passos de sua mãe para ser uma grande jornalista e futura âncora, assim como Sohyun. Porém ela sabia que as coisas seriam difíceis com Kim Yerim por perto. Ela sabia que Yeri desconfiava dela desde a vez em que teve que mentir dizendo que a chamaram para conhecer o colégio. 

Wendy já havia conhecido o colégio no dia em que fez a matrícula. Naquele dia ela usou aquela desculpa para poder vasculhar a secretaria sem que ninguém desconfiasse de si. A Son tirou fotos de várias fichas escolares dos alunos mais "cobiçados" do colégio para que pudesse aprender mais de cada um deles, entre essas fichas estavam Kim Yerim e Im Changkyun. Meio maluco não? Porém foi tudo invenção de sua mãe, segundo ela poderia ser útil para algo e foi. No dia seguinte o Queen of broken hearts explodiu e no dia da reunião, Sohyun usou seu conhecimento dado pela filha sobre os alunos para poder tocar nas feridas dos pais. 

Por mais que Wendy não gostasse muito de fazer aquilo, era por sua mãe que ela amava tanto todo aquele esforço. 

Quando de fato entrou no colégio procurou por um rosto conhecido até encontrar Hoseok acompanhado de Sooyoung. Resolveu que não deveria atrapalhar e que aquela seria a hora perfeita para tentar descobrir algo sem que ninguém soubesse ou desconfiasse dela. Ela andou calmamente até seu armário e fingiu guardar algumas coisas no mesmo apenas para poder ouvir a conversa de duas alunas que estavam encostadas no armário ao lado.

— Eu ouvi dizer que ele não vai ser expulso do colégio. Sabe como é, ele é um dos melhores professores, o diretor Hwang não iria mandá-lo embora. Por isso vai tentar amenizar o caso para poder ficar com ele na equipe. — Uma das garotas disse. 

Ouvi dizer nunca é uma certeza, mas é uma possibilidade. Pensou consigo. 

— Bem, se o velho-Hwang não vai mandá-lo embora, onde está o nosso amado professor? — A garota de cabelos platinados perguntou. 

— Sungsook disse que Youngheun contou a ele, que a Goeun ouviu Yeji dizer a Kihyun que ele pegou uma licença de uma semana. 

— Que cafajeste! 

E bingo! Wendy tinha uma notícia quente que podia muito bem deixar a mãe alegre, mas não era o suficiente ela precisava de mais coisas. Fechou o armário atraindo olhares das duas garotas que conversavam antes (que só naquele momento notaram a presença dela), ela deu um sorriso e saiu de perto das duas amigas. Checou o horário em seu relógio digital e viu que ainda faltavam quinze minutos para a primeira aula, que provavelmente seria atrasada devido a chegada de alguns pais na escola. A Son resolveu que iria investigar mais sobre a possível garota do professor Kim. Ela tirou seu celular da mochila e abriu direto no QOBH, procurou pela última fofoca e começou a olhar para as fotos do casal proibido que estavam estampadas pelo blog, e então ela começou a comparar as supostas cores de cabelos da garota com outras alunas ali presentes. 

Aparentemente na foto mais recente ela tinha cabelos escuros, longos e com uma franja. Não era difícil procurar por esta aparência, afinal esse era um corte extremamente comum entre as garotas coreanas daquela idade. Então Wendy resolveu analisar pela feição de cada aluna, se alguma estava assustada e nervosa devido às proporções que aquela postagem havia tomado. E se tinha uma coisa que Wendy era ótima, essa coisa com certeza era observar todos e tudo à sua volta. 

Foi quando Wendy avistou, de longe, duas garotas conversando, encostadas no muro da instituição. Uma das estudantes tinha o cabelo grande e castanho, já a outra era curto e preto. Nenhuma das duas se encaixavam na descrição que Wendy estava atrás, porém o jeito que elas conversavam parecia ser sobre algo sério. Ela sabia muito bem quem eram aquelas garotas, Wendy se lembrava de ter lido suas fichas escolares. Minatozaki Sana, era a de cabelo castanho e Hirai Momo, a de cabelo curto e preto. Ambas as garotas eram primas e seus pais eram empresários japoneses extremamente ricos e importantes no mundo dos negócios. 

Sana parecia dar algum tipo de conselho para a prima que, pelo jeito, havia acabado de chorar, seu rosto vermelho entregava tudo. Wendy levantou suspeitas e talvez o cabelo da namorada de seu professor não fosse longo e sim curto. A Son com certeza ficaria de olho na Hirai. 

O sinal para a primeira aula havia tocado, contra a vontade os alunos foram às suas respectivas salas. A primeira a entrar foi Jeon Somi que entrou junto de sua melhor amiga, Bona. Ambas sorriam e se sentaram em sua mesa como de costume. Em seguida Yeri e Joy entraram acompanhadas de Wonho, as duas garotas se sentaram em seu mesmo lugar de sempre e Hoseok se sentou na carteira que estava usando desde o dia em que chegou, o garoto ficou batucando a mesa enquanto esperava sua parceira, Wendy. Alguns minutos depois mais alunos entraram e entre eles estavam Kihyun e Changkyun, que agora por conta da separação de Yoo com a Kim, tinham que sentar em lugares alternados todos os dias, naquela manhã se sentaram na mesa da frente de Lee Hoetaek, o único aluno que se sentava sozinho. 

Faltavam menos de cinco minutos para a aula começar e Wendy ainda não havia chegado até a sala, muito menos o professor que ficaria no lugar de Heechul. Wonho estranhou aquilo, afinal Wendy nunca havia atrasado nos primeiros dias de aula, por quê faria isso agora? Checou o relógio novamente e quando estava faltando apenas dois minutos, Son Seungwan adentra a sala ofegante, atraindo alguns olhares em sua direção. Ela andou rapidamente até sua carteira e agradecendo aos deuses por ainda não ter professor algum na sala. 

— Onde estava? — Hoseok perguntou. 

— Minha mãe teve que passar em um lugar antes de vir me trazer para o colégio, acabei me atrasando. — mentiu. 

Wonho não respondeu nada, apenas assentiu com a cabeça. Naquele mesmo momento o professor substituto entrou na sala fazendo com que todos os alunos reclamassem ao verem quem daria a aula. Era um professor bem conhecido por ter uma fama nada boa. Ele era chamado de sr.chato pelos corredores daquele colégio. 

— Bom dia alunos, a maioria de vocês aqui já me conhecem, mas os que ainda não tiveram o prazer de estudar comigo, me chamo Im Jinhyuk. — falou escrevendo seu nome da lousa. — Como vocês sabem, devido ao ocorrido recente com o professor de vocês, eu estarei o substituindo até que a escola tome alguma providência a respeito do caso. 

— O Sr.Heechul sairá da instituição? — um aluno que estava no fundo perguntou.

— Isto é uma coisa que ainda não sabemos, mas fiquem tranquilos que a gestão da escola está cuidando do assunto. Bem, chega de falar sobre coisas ruins e vamos falar sobre a matéria! Abram o livro na página cinquenta e dois. 

Alguns alunos reclamaram, mas todos obedeceram o pedido do professor, mas nem todo mundo prestava atenção no que ele dizia. Wendy estava em um grande dilema entre contar a mãe que talvez soubesse quem era a garota de seu professor, ou ela podia manter em segredo. Se ela contasse, sua mãe poderia acabar com a vida de Momo contando essa notícia para todos em uma possível próxima reunião. E se a Hirai não fosse a suposta namorada de Heechul? Ela daria uma pista falsa e poderia ouvir um grande sermão da mãe, era melhor ter certeza antes de tomar qualquer decisão que fosse colocar alguém em perigo. 

Enquanto o professor dava sua explicação, Hoseok percebeu que Seungwan estava meio perdida em seus próprios pensamentos, o que era estranho já que ela sempre falava tanto e a todo momento. 

— Ei, Wen...— Wonho a chamou. — Você parece meio, sei lá, avoada. Está tudo bem? 

A garota pareceu sair dos seus pensamentos por um segundo e olhou para o amigo ao lado.

— Está sim, — sorriu — estou apenas pensando em algumas coisas. 

E com algumas coisas Seungwan quis dizer: maneiras de me "safar" dessa. Ela amava sua mãe mais que tudo e não queria desapontar a mulher, porém por outro lado Hirai Momo ficaria completamente destruída. Wendy não sabia o que sua mãe faria com as informações fornecidas por ela, cada passo de Sohyun era desconhecido pela Son mais nova, então ficava difícil para ela saber o que sua mãe faria.

Wendy sabia que, pelo fato de ser extremamente segura de si, fazia com que muitas das garotas populares do colégio não quisessem ser sua amiga por medo de que ela fosse melhor. E isso acaba sendo ruim para ela, Seungwan queria poder ter amigos, conhecer pessoas legais e ter um status no colégio, não precisava necessariamente ser um dos melhores, apenas queria ser uma adolescente vivendo normalmente. 

As primeiras aulas se passaram e logo chegou o intervalo. Por incrível que pareça a escola não estava tão agitada quanto no primeiro dia da postagem, talvez estivessem começando a aceitar o blog. Igualmente ao dia anterior, Jiyeon não obrigou Somi a se sentar com ela, o que fez a Jeon estar livre para se sentar com o namorado. Novamente Kihyun e Yeji se sentaram juntos. E pela primeira vez, Yerim, Hoseok, Sooyoung e Seungwan se sentaram na mesma mesa.

Yerim não prestava muita atenção na conversa que os três tinham sobre a mesa, ela estava ocupada demais mexendo em seu celular, o que despertou a curiosidade de Wendy. 

— E você, Wendy, o que mais gostou aqui do colégio? — Seungwan ouviu a voz de Joy a chamar. 

— Hmm, bem...— pensou — os alunos são bem interessantes. 

Essa frase despertou a atenção de Yeri, que levantou o olhar sobre Wendy.

— Defina "alunos", Seungwan. — Yerim disse fazendo aspas com as mãos.

— Bem...você sabe, — Wendy sorriu a desafiando. — eu nunca estudei em um colégio onde a cada dia tem uma fofoca diferente. Saber sobre essas coisas ocultas dos alunos é interessante. — concluiu. 

A loira juntou as sobrancelhas, fazendo cara feia para a Son, e voltou sua atenção ao aparelho em suas mãos. Não era preciso dizer que ela ainda era cismada com Wendy, isso era mais que perceptível.

Logo Joy deu um jeito de voltar ao assunto e a mesa não ficou em silêncio por muito tempo. Seungwan sabia que Yerim havia despertado interesse em si ao dizer coisas sobre os alunos, a Son queria saber se Yeri ainda duvidava de si sobre ser a Queen, e pelo jeito ela ainda não acreditava em Wendy. Estava aí a parte ruim de todo aquele plano de sua mãe, poucas pessoas se aproximavam dela, era como se todos já soubessem que ela estava tramando algo com a mãe. 

Wendy ainda não havia decidido o que faria sobre a informação de Momo, se a guardaria ou contaria para sua mãe. Por este motivo ela decidiu dar uma última olhada nas fichas escolares salvas no seu celular e checar para ver se, de repente, alguma coisa pudesse lhe ajudar. Faltando menos de sete minutos para o fim do intervalo, Seungwan se retirou da mesa e disse que não precisariam esperar por ela. 

A Son andou até o banheiro feminino e entrou na cabine de pessoas com deficiências, sabia que ali era pouco usado e não tinha necessidade dela se trancar em uma das cabines normais. Quando foi ligar o seu celular, Wendy ouviu a porta do banheiro sendo aberta, em seguida passos e logo depois a porta sendo trancada. Também foi possível ouvir as três primeiras cabines sendo abertas, provavelmente a pessoa estava verificando se havia mais alguém. Para sua sorte ela estava em uma das cabines que a garota mal se preocuparia em olhar. 

Seungwan se encolheu ao sentir os passos se aproximarem. Mas em questão de segundos o barulho acabou e uma conversa entre duas garotas começou.

— Olha só, eu vou ser bem rápida com essa conversa. Você tem até sexta para me pagar ou seu papai irá saber que a filha dele é uma viciada! — Umas das garotas disse. 

Wendy se assustou com o tom de voz usado pela garota. E de repente, uma ideia um pouco maluca e talvez sem sentido se formou em sua mente: E se ela gravasse essa conversa e entregasse para a mãe no lugar da descoberta de seu professor e Momo? Ela iria ferrar com duas pessoas de todo o jeito, porém era de uma forma menos, vamos dizer assim, "estrondosa".

— Seo, eu já disse que vou pagar só me dá um tempo! — A outra garota parecia amedrontada. 

Seo? Era algum tipo de apelido para não descobrirem a identidade verdadeira? Wendy pensou. 

— Eu sei que você vai me pagar, se você não pagar pode esquecer essa reputação de merda que carrega nesse colégio! — Gritou. — Agora que a Queen of broken hearts deixou um número para contato vai ser ainda mais fácil dizer para todos que você usa drogas! 

Naquele momento Wendy se alertou, ela precisava urgentemente gravar aquela conversa. Ela então subiu sobre um apoio que tinha na parede da grande cabine, para que pudesse gravar aquela discussão. Quando tirou seu celular do bolso de seu uniforme, o mesmo acabou se desequilibrando de sua mão e caindo no chão, fazendo um barulho notável para as outras duas garotas. 

— O quê foi isso? — a tal Seo disse. — Tem alguém aí? 

Seungwan já se preparava para entrar em uma grande confusão, quando o sinal tocou, indicando o fim do intervalo. Wendy nunca agradeceu tanto ao seu anjo da guarda. As garotas que antes discutiam trocaram mais algumas palavras e saíram do banheiro. A Son esperou dois minutos e então pode sair do lugar. Ela desceu do suporte, pegou seu celular e então andou rumo a saída. 

O que Wendy não esperava era dar de cara com Yeri, parada na porta do banheiro, de braços cruzados e com um sorriso no rosto. 

— Então, presumo que você tenha algo a me explicar. — A loira disse. 

— Eu? O quê exatamente? — A de cabelos curtos desconversou. 

— Bem, talvez o fato de você sair logo depois que aquelas garotas saíram. 

Não seria muito difícil para Wendy sair daquela conversa, ela só não precisava se exaltar, seria fácil passar a perna em Yerim. Porém ela já estava nervosa. 

— O banheiro é para todas as garotas do colégio, não posso impedir que elas entrem também. 

Yerim riu, ela sabia de alguma coisa.

— Então por qual motivo a porta estava trancada? 

Pensa, pensa, pensa! Sua mente gritava.

— Elas devem ter trancado, eu estava retocando minha maquiagem nem percebi a presença delas. — sorriu. — Afinal não sei por quê ainda estamos discutindo isso, podemos ir para a sala? Não quero chegar atrasada. 

Novamente, outro sorriso de Yeri.

— E com qual maquiagem exatamente você retocava? — falou olhando para as mãos da garota. - Wendy, vamos lá não minta para mim. Eu conheço essa escola como ninguém, não é novidade que quando a porta do banheiro está trancada alguém está tratando um assunto muito sério lá dentro. Então ou você fazia parte do assunto ou espionava as duas garotas. 

Como mentir para Kim Yerim? Ela era um gênio. 

Mas Son Seungwan, ah, ela era mestre em mentir. 

— Olha, eu não faço ideia do quê você está falando e não ouvi conversa nenhuma daquelas garotas. Agora se puder me dar licença, eu quero chegar na minha aula ainda a tempo.

— Vamos ver se você fala a verdade. 

E em um impulso mais rápido, Yerim tomou o celular da mão de Wendy e correu para dentro do banheiro, se trancando em uma das cabines. Seungwan correu atrás da garota mas foi em vão, Yeri foi mais rápida, e ela nunca se amaldiçoou tanto por não ter colocado uma senha em seu celular. 

Ao ligar o aparelho, a primeira coisa que apareceu na tela foi uma pasta de fotos na galeria, intitulada como "Fichas escolares". Aquilo chamou a atenção da Kim e ela logo abriu. E assim como imaginou, se surpreendeu com o conteúdo. 

— As fichas escolares dos alunos? Quem diria Son Seungwan. — Yeri falava, debochando, de dentro do pequeno cubículo. 

— Devolve o meu celular Kim Yerim! — A outra desferiu socos na porta. 

Yeri procurou por mais coisas "interessantes" no celular de Wendy. Porém alguns aplicativos onde poderiam ter mais informações, estavam bloqueados. Ela apenas achou mais algumas anotações no aplicativo de notas, coisas como "investigar Hirai Momo" ou "procurar saber sobre o professor" e até mesmo uma "lista de alunos bolsistas". No fim a Kim não tinha muitas outras opções além de devolver o aparelho. 

A menor destrancou a porta e Seungwan tomou o celular de suas mãos. 

— Quer me explicar? — Yeri disso com os braços cruzados. 

Wendy pensou. Ela poderia ir contra todos os princípios da mãe e, possivelmente, fazer uma amizade verdadeira com Yeri após contar toda a verdade. Ou ela poderia continuar fingindo ser aquela Wendy. 

— Você vai ouvir tudo? 

— Do começo ao fim. — Yerim sorriu. — Podemos ir para a minha casa no final da aula e você pode se explicar melhor. Claro, se você não for me passar a perna e usar isso a seu favor. 

Era a grande chance de Wendy, sua mãe teria que lhe desculpar, mas ela confiaria em Yeri. 

— Nos vemos na saída. 

Na sala de aula, a professora arrumava suas coisas para começar a fazer a chamada. Quando Wendy e Yerim entraram ofegantes na sala, ambas estavam sete minutos atrasadas. A mais velha as repreendeu com o olhar e mandou as duas se sentarem em seus respectivos lugares. Joy encheu Yeri de perguntas, ela nunca era de se atrasar e aquilo preocupou a melhor amiga. Hoseok também fez o mesmo, porém não estava com a mesma preocupação que Sooyoung, apenas curioso. Seungwan respondeu todas as perguntas de Wonho e aproveitou para mandar um SMS para a mãe avisando que demoraria voltar para a casa naquela tarde. 

Do seu lugar Changkyun observava Yeri. Ele também estava curioso e queria saber o porquê da garota ter chegado atrasada junto da novata. Durante todo o momento desde que falou com Yerim, a pequena discussão rondava em sua mente. Não era sua intenção deixar a Kim nervosa com aquela história, mas pelo que ele se lembrava, foi ela quem pediu para que ele ficasse de olho e trouxesse alguma informação sobre Jung Yeeun. Será que ela arrumava qualquer desculpa apenas para não ter que conversar com Chang? Seu ódio era tanto assim? 

As outras aulas passaram rápido e logo já era hora de todos irem embora. Naquela tarde todos esperavam mais uma postagem do blog, porém, assim como outro dia, nada veio à tona. Yerim explicou para Joy e Joohyun (Seulgi ainda não estava indo às aulas) que iria ir embora com Wendy pois as duas tinham coisas para resolver. Sooyoung disse para a mesma não fazer nada com que fosse se arrepender depois, já a Bae falou para a mesma tomar cuidado, pois não conhecia absolutamente nada de Seungwan. Mas quando Kim Yerim colocava algo em sua mente não tinha quem conseguisse tirar. 

Yeri e Wendy esperavam pelo carro dos Kim na porta do estacionamento. Não demorou muito e o mesmo chegou, as duas adentraram e durante todo o percurso ficaram em silêncio. Seungwan se perguntava a todo momento se estava fazendo a coisa certa ao trair a confiança de sua mãe, mas Sohyun não precisava saber daquilo, não é mesmo? Sim, ela de fato não precisava. Wendy queria fazer algo certo e que não fosse comandado pela mãe. 

Em questão de minutos o carro da família Kim chegou até o condomínio de luxo em que moravam. Seungwan olhava através da janela do automóvel, maravilhada com tudo aquilo. O jardim era muito bem cuidado e florido, as casas tinham um gramado cortado de forma simétrica e impecável. O condomínio era por si só muito bonito. Wendy era rica, estava acostumada com algumas coisas da classe alta, porém sem sombra de dúvidas os que moravam naquele lugar tinham o dobro de sua riqueza. Ela até mesmo pensou que alguma celebridade famosa deveria morar por ali, quis perguntar a Yeri, mas lembrou que o propósito que a levou até ali não tinha nada a ver com seus pensamentos. 

O motorista estacionou o carro na garagem da família e as meninas puderam descer. Seungwan olhava a casa de Yerim maravilhada, enquanto tentava disfarçar ao máximo. Era gigante, tinha três andares e muitas janelas. As paredes eram brancas com alguns detalhes em azul, esse foi o máximo que Wendy pôde resumir, caso ela fosse parar para pensar em todos os detalhes daquele lugar com certeza passaria horas. 

Yeri ainda não havia dito nada além de um pedido para seguir ela. As duas adentraram na mansão e logo na entrada havia um tipo de sala de estar, uma grande lareira, sofás sofisticados, muitos vasos de plantas e uma mesinha de centro, onde continha algumas revistas. A senhora Kim estava sentada no sofá enquanto lia uma revista sobre moda. Seolhee usava roupas bonitas até mesmo dentro de casa, de fato era uma mulher chique. Ao notar a presença da filha, fechou a revista e olhou para as duas garotas, esperando que Yerim dissesse algo. 

— Bom dia, mãe. — a loira falou. 

— Bom dia, Yerim. Quem é essa amiga? não me lembro de você ter outra além de Sooyoung, Joohyun e Seulgi

Yerim revirou os olhos. Não queria ter que ficar dando explicações a sua mãe, apenas queria subir para seu quarto e finalmente ter essa conversa com Wendy.

— Sou Son Seungwan senhora Kim, mas pode me chamar de Wendy se preferir. — A jovem estendeu o braço para um aperto de mão enquanto tinha um enorme sorriso no rosto. 

— Não, prefiro Seungwan, detesto apelidos. — A mulher se levantou. — Também não gosto de apertos de mão. 

A frase foi o suficiente para que o sorriso de Son sumisse e que seu braço se abaixasse. Yeri quis morrer de vergonha. Sua mãe era tão obcecada com formalidades e, para variar, a filha odiava isso.

— Eu te conheço de algum lugar além do colégio da minha filha, Seungwan? — O olhar de Seolhee assustava a pobre Wendy.

— B-bem, eu não sei. Conhece? — Respondeu mas logo se arrependeu ao ver a expressão da mulher. 

— A mãe dela é a Son Sohyun, sabe, a moça do telejornal. Wendy é idêntica a ela. — Yerim respondeu de forma informal. 

— Ah, realmente. Olhando bem agora que você disse, são praticamente a mesma pessoa. 

Wendy sorriu, se sentindo mais leve. 

— Obrigada pelo elogio senhora Kim, muitos dizem isso, apesar de eu não pensar o mesmo. 

— Não foi um elogio, apenas uma observação. — disse ríspida. — Apesar de que, aprecio o trabalho da sua mãe. Não é qualquer um que tem toda aquela disposição para falar na televisão todos os dias. Você deve se orgulhar dela, eu me orgulharia.

Aquelas palavras foram o suficiente para fazer Wendy se arrepender amargamente de ter ido até lá para que pudesse contar tudo a Yerim. Estaria ela jogando todo trabalho de sua mãe no lixo após tanto esforço? Bem, agora não teria mais volta. 

— Wendy, vamos? — A Kim mais nova chamou a garota, lhe tirando de seus pensamentos. 

— Ah, claro. — piscou várias vezes. — Foi um prazer conhecer a senhora. 

— Agradecida, lhe digo o mesmo. — Seolhee voltou a se sentar no sofá. — Yerim deixe a porta do quarto aberta. Irei mandar a sra. Cho levar algo para que vocês possam comer enquanto… — pensou por alguns segundos. — O quê vocês irão fazer mesmo? 

As duas se entreolharam, não havia como explicar o que fariam para a mãe de Yerim sem que a mesma não as enchesse de perguntas. O que faria elas perderem tempo e provavelmente faria Wendy voltar para trás. 

— Tarefa, Wendy é novata, mãe. A professora indicou a melhor aluna da sala para ajudá-la. A senhora sabe como são minhas notas, não é preciso comprovar que eu sou a melhor.

A Kim mais velha deu um sorriso e olhou para a filha. 

— Sim minha querida, tem razão, você é a melhor. Sendo assim não vou tomar o tempo de vocês, subam para fazer a tarefa que a senhora Cho já leva alguns acompanhamentos. 

E assim, Yerim e Wendy subiram as escadas até o quarto da primeira. A de cabelo curto olhava tudo detalhadamente, gravando tudo que via ali em sua memória. O segundo andar era muito bem decorado. Nas paredes haviam algumas fotos, de Seolhee, seu marido, sua filha e algumas de todos eles juntos. Também continham alguns quadros de pintores famosos que com certeza custam caro, muito mais do que Seungwan poderia imaginar. A pintura era sofisticada e moderna. A pessoa que decorou aquela casa com certeza foi um profissional, o qual a família deve ter pagado muito. Wendy achou tudo muito lindo. Sua mãe iria adorar morar ali. Talvez quando ela fosse âncora do telejornal seu salário finalmente aumentasse e, quem sabe, a família Son se mude para um lugar como este. 

Enquanto andavam rumo ao quarto da Kim mais nova, Seungwan sentiu seu celular vibrar no bolso da jaqueta de seu uniforme. Tirou o aparelho e viu que era uma mensagem vinda do KakaoTalk, ao notar o nome da pessoa que havia enviado a mensagem seu coração disparou, e novamente, ela se arrependeu de ter ido até o local. Era sua mãe. 

[Sohyun] Para onde você foi? 
[Sohyun] É perigoso andar sozinha. Me mande a localização que mandarei o motorista te buscar quando vier embora.

Deu um sorriso ao ver que a mãe se preocupava com ela. Porém o mesmo se desmanchou ao ler a próxima mensagem. 

[Sohyun] Espero que volte com boas notícias sobre seu professor. 

— Está teclando com a Queen? — Wendy ouviu Yeri dizer e então guardou o celular. — Vem, esse é meu quarto. 

As duas adentraram o cômodo. Era branco com alguns detalhes em roxo, quase violeta. O quarto de Yerim era extremamente organizado. Os livros na estante estavam por ordem de cores, a escrivaninha tinha tudo em seu devido lugar e todos os troféus que Yeri ganhou em olimpíadas escolares também tinham seu próprio lugar. Por um momento Wendy imaginou o quanto a senhora Kim deveria ser rigorosa para manter a organização do quarto da filha, está aí uma coisa que sua mãe não lhe cobrava e que ela agradecia. 

— Pode colocar sua mochila aqui. — A Kim disse jogando a sua em um puff que continha no quarto. Wendy fez o mesmo porém com cuidado. A loira então se sentou em sua cama. — Sente-se aqui e comece a sua explicação, do começo ao fim. 

Seungwan sentou, um pouco relutante. Pensou direito se era aquilo mesmo que ela queria fazer. Respirou fundo, era a hora, ela tinha que contar e seria agora.

— Ok, eu consigo. — respirou fundo. — Como você sabe, não é novidade para ninguém, minha mãe trabalha para o maior telejornal da Coreia. Isso é fato. Acontece que, a mais ou menos três meses, a empresa que gerencia o jornal ofereceu uma proposta irrecusável para a minha mãe, era simples: minha mãe seria âncora do Seoul TV News, mas para isso ela precisaria da maior reportagem de sua carreira inteira. Desde então ela está atrás desse feito. Como eu sempre fui apaixonada pelo trabalho da minha mãe e sempre quis seguir seu caminho, resolvi ajudá-la, e então nós nos mudamos para Seoul. Minha ida para Seungmin já estava marcada a praticamente uma semana com antecedência, e eu vi nesse colégio a minha chance de ajudar minha mãe.

— Espera, não estou entendendo. Isso significa que você é a Queen? Porque é o que me parece nesse momento. — Yerim interrompeu. 

— Não. — Seungwan disse. — Vai ouvindo.

Yeri arrumou sua postura antes de Wendy continuar a explicação.

— De início, meus planos eram tentar descobrir alguma falha no maior colégio sul-coreano. Tanto que, no primeiro dia eu usei a desculpa que a orientadora me apresentaria o colégio, mas na verdade isso foi um meio para que eu fugisse e, de repente, descobrisse algo. A única coisa que consegui ter acesso foi as fichas escolares. Pensei que aquilo poderia ser útil então tirei as fotos. No dia seguinte eu continuaria tentando achar algo, porém quando eu vi toda aquela bagunça pesquisei na hora sobre a tal Queen e contei a minha mãe. Ela resolveu que iria cobrir todo o caso e quando juntasse informações suficientes, saltaria tudo na TV para que o país todo pudesse ver. E bom, basicamente é isso. 

— Então, deixa eu ver se entendi. — Yerim a olhou. — Você queria acabar com a reputação do colégio apenas para ajudar a sua mãe, e agora recolhe informações sobre o Queen of broken hearts para que a sua mãe consiga vazar isso e conseguir a promoção de cargo?

— Resumidamente, — suspirou — sim.

Yeri se chocou com toda a história contada por Wendy. Sentiu pena da garota, não é como se ela quisesse fazer tudo aquilo, mas era a única forma que viu de ajudar a mãe. Yeri ficou envergonhada de culpá-la de ser a Queen ou até mesmo por ser grosseira com Wendy, e em um ato de impulso, lhe abraçou.

Wendy se sentiu reconfortada por finalmente poder desabafar e construir uma amizade que não fosse a base de mentiras, iria poder ter alguém em quem confiar e poder chamar de amiga.

Enquanto isso, na janela da casa a frente, Im Changkyun, observava tudo.

um capítulo mais voltado para a história da wendy e mostrando que ela não é uma vilã, não por agora...BRINCADEIRA.

até a próxima :))

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