𝐂apítulo único.






⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀DIZEM QUE o tempo é capaz de curar todas as feridas, e talvez de fato seja para algumas pessoas, porém não era um remédio para Dongmin, mas sim o próprio veneno que a cada dia o contaminava ainda mais. Faziam dois anos que havia se separado de sua ex-esposa, uma decisão que partiu dela e ele apenas respeitou, mesmo que não concordasse com aquilo. Olhando para as gotas de chuva que batiam contra o vidro de seu carro conseguia revisitar as memórias daquele fatídico dia, perdeu a paciência por uma briga tão besta, tudo parecia mais fácil de lidar quando eram um jovem casal de namorados, entretanto como casados e tendo um pequeno bebê de apenas dois anos de vida as brigas e a exaustão afligiram a ambos. Era fácil olhar para trás e ver cada ponto em que havia errado, ou cada ponto em que ela havia errado, mas se tornava doloroso quando percebia que a solução estava tão óbvia.

Depois da separação Rine, sua ex-esposa, guardou um imenso rancor por ele, que perdurou por meses. Dongmin ficou com a guarda do filho como era previsto pela lei sul coreana, mas sabia que seu garotinho era apegado à mãe, e quando permitiu que eles se vissem aos finais de semana Rine deixou de lado todo o rancor e a raiva que havia guardado de seu ex-esposo. Tentavam manter uma boa amizade em prol do pequeno Donghyuk, que agora tinha seus quatro anos, mas obviamente aquilo não estava dando muito certo, ao menos para uma das partes. Dongmin sentia falta dela todos os dias depois que se separaram, por meses pensou que ela iria desistir e voltar para seus braços, porém, estava errado, Rine estava cada vez mais distante, e quanto mais o tempo passava maior aquela dor se tornava.

Parou o carro no sinal vermelho e olhou para o banco de trás, seu filho estava quieto, olhando para o vidro do carro, talvez o pequeno estivesse quase a adormecer pois seus olhos estavam entreabertos. Dongmin voltou a olhar para a frente, olhando para o sinal vermelho enquanto batia seus dedos contra o volante nervosamente, esperava que no mínimo ao chegar na casa de Rine não fosse atendido pelo novo namorado insuportável dela. Sequer sabia o nome daquele imbecil, mesmo que Donghyuk falasse do quanto gostava de jogar dados com aquele infeliz, Dongmin não queria guardar sequer o nome daquele infame em sua mente, não importava se seu filho gostava dele, se todos diziam que ele era alguém legal, trabalhador e admirável, se Rine estava apaixonada por ele, Dongmin o desprezava. Talvez por ciúmes, inveja muito provavelmente, nunca destratou o tal dito cujo e sempre tentou agir com educação em frente a ele, mas não mudava que assim que virasse as costas se imaginasse chutando ele para longe.

O sinal ficou verde e Dongmin acelerou o caro impacientemente, sempre ficava ansioso para rever Rine aos finais de semana, mesmo que depois entrasse em um abismo absurdamente doloroso derivado da dor causada pela saudade, gostava daquela faísca de pura alegria que tomava seu peito ao ouvi-la lhe desejar um boa noite com um sorriso simpático nos lábios. Estava vivendo de migalhas, talvez devesse procurar esquecê-la se caso ainda não fosse completamente apaixonado por ela, não importava onde fosse ou que fosse fazer, Dongmin sempre iria querer tê-la novamente em seus braços. Entrou em uma curva de uma rua sem saída, havia belas casas ali, não de pessoas milionárias mas de quem era de uma classe média. Parou o carro em frente a casa dela, sentindo a alegria florescer em seu peito quando não viu o carro do namorado pamonha dela, se virou para trás e notou que Donghyuk coçava seus olhinhos sonolento, bocejando logo após.

⸺ Já chegamos, papai? ⸺ O garotinho perguntou, com sua voz carregada de sono.

⸺ Chegamos ⸺ respondeu. Abriu a porta do carro pegando o guarda chuva que havia deixado no banco ao lado do seu, abriu o guarda chuva e logo depois a porta do banco de trás, onde Donghyuk estava. Fez um malabarismo para tirar o pequeno da cadeirinha sem derrubar o guarda chuva, por sorte Donghyuk lhe ajudou, e assim que pegou o garotinho nos braços, fechou a porta do carro mesmo com o pé.

Donghyuk deitou sua cabeça no ombro de seu pai, quase a adormecer enquanto caminhavam até a porta da casa de sua mãe, o pequeno tinha uma mochilinha em suas costas, com tudo o que precisava para o final de semana. Dongmin deveria leva-lo apenas no sábado de manhã, mas bastou dar cinco horas da tarde para que Donghyuk lhe implorasse para que o levasse para a casa de sua mãe, não havia como resistir ao pedido daquele pequeno garotinho de olhos escuros cintilantes, e também não era como se Dongmin fosse ser contra, afinal poderia ver Rine e isso era um grande benefício, além de deixar seu filho feliz.

Tocou a campainha duas vezes, e pouco tempo depois Rine a abriu rapidamente, lhe dando aquele mesmo sorriso simpático de sempre, e mesmo que Dongmin estivesse imerso na dor aquele sorriso fazia seu coração flutuar como se ainda fosse um jovem bobo apaixonado. Rine pegou Donghyuk de seus braços quando o garotinho estendeu suas mãozinhas em direção a ela, em silêncio, Donghyuk apenas se encolheu no aconchego dos braços de sua mãe, se deixando levar pelo sono.

⸺ Cadê o seu namorado novo? Não veio nos cumprimentar desta vez. ⸺ Dongmin perguntou, enquanto tentava espiar por trás dos ombros da mais jovem.

Ah, terminamos, descobri que ele estava saindo com outra, mas tudo bem, você tinha razão quando disse que ele era um banana. ⸺ Um levíssimo sorriso surgiu nos lábios de Dongmin, por dentro estava soltando fogos de artifício e por essa razão não conteve nem mesmo o pequeno sorriso que se formou em seus lábios.

⸺ Espero que esteja bem, você não merece sofrer por um idiota qualquer. ⸺ Rine apenas suspirou, mas tentou manter-se firme em frente ao seu ex-esposo, e principalmente pois estava com Donghyuk a dormir em seus braços.

⸺ Obrigada, mas enfim, está frio aí fora, não quer entrar? ⸺ perguntou em uma tentativa de mudar aquele assunto.

⸺ Não, obrigado. Eu já vou indo, te vejo no domingo, Donghyuk ⸺ tocou os cabelos do pequeno, que apenas se encolheu adormecido nos braços de Rine. A mais jovem riu fraco, entretanto por um momento simplório seus olhares se cruzaram brevemente, Rine apenas lhe direcionou um sorriso singelo, mas foi o suficiente para que seu coração disparasse como na primeira vez em que conversaram a anos atrás.

Era como se Dongmin estivesse mais uma vez na fase de bobo apaixonado que não consegue dizer o que sente a garota que gosta porque são apenas bons amigos. Todavia, agora com seus trinta e seis anos, se encontrava feito um bobo apaixonado por sua ex-esposa, porém eram apenas bons amigos. Sabia que caso se declarasse poderia acontecer todo um caos, e pensando em seu filho, Dongmin ainda tentava esconder aquilo, quando fosse um momento propício talvez pudesse confessar-se mesmo sabendo que receberia um não, ao menos não queria ter uma relação ruim com a mãe de seu filho.

⸺ Certo, descanse bem e boa noite. ⸺ Era incrível como um simples boa noite vindo dela poderia lhe causar tantas emoções boas, e por bons segundos a resposta não saiu de seus lábios por estar apenas a apreciar a mulher incrível que estava diante de seus olhos.

⸺ Boa noite ⸺ respondeu, deu um sorriso simpático, e quando lentamente a porta se fechou se viu na escuridão da saudade que lhe destruía como uma bola de demolição.

Olhou para trás vendo a chuva forte cair, cada passo em direção ao seu carro era tão doloroso, ele ansiava para que Rine abrisse a porta, viesse correndo mesmo que na chuva e o abraçasse implorando para ficar, porém não iria acontecer. Parou ao lado de seu carro e olhou para trás, seus olhos queimavam em uma dor profunda, queria estar naquele final de semana chuvoso junto de seu filho e sua esposa, sentados juntos no sofá assistindo TV até que viessem a adormecer juntos ali. Gostaria de poder beber mais uma vez o chocolate quente com chantilly que sua esposa fazia, e aproveitar os abraços quentes dela quando se escondia em seu abraço pelo medo da chuva. Tantos momentos preciosos que poderiam ter juntos, foram simplesmente carregados por uma chuva torrencial, que arrastou tudo como em uma inundação, não deixando mais nada para trás.

Dongmin entrou no carro, jogou o guarda chuva em qualquer parte e simplesmente acelerou o veículo sem um rumo exato, estava tão entorpecido pela própria dor que sequer notou Rine lhe observar pela janela do quarto de Donghyuk. Mesmo que seu relacionamento com seu ex-namorado houvesse tido um fim, Rine não estava nenhum pouco abalada por aquilo, era como se após sua separação com Dongmin nenhum outro fosse capaz de fazê-la sentir-se da mesma forma que ele conseguia fazê-la se sentir. Tudo era tão superficial, Rine já estava cansada daquilo e talvez fosse melhor assumir que passaria o restante de sua vida sozinha, não queria mais se envolver com relações vazias, e mesmo quando verdadeiramente amou alguém o perdeu da mesma forma, estava fadada à solidão e não lhe restava escolha a não ser aceitar aquele fato.

Dongmin parou o carro bruscamente em frente a um bar, era sua parada nos finais de semana, ou quando sentia aquela dor se apossar de seu ser. Respirou fundo e tentou manter-se firme, não havia outro remédio para aquela dor profunda a não ser altas doses de álcool, não se orgulhava daquilo e temia acabar se viciando, não queria ser um mal exemplo para seu filho, entretanto no momento ainda não havia encontrado outra forma que aliviasse a saudade. Saiu do carro e entrou no bar sem falar com ninguém, passou pelas pessoas que andavam por ali de cara amarrada, sentou-se em um banco próximo ao balcão e sequer precisou dizer qualquer coisa ao barman, logo foi recebido por uma garrafa de whisky importado e um copo próprio para aquela bebida.

Cinco goles para comemorar o fato de Rine ter se livrado daquele ex-banana, porém mais alguns dez goles pois mesmo assim ela não iria lhe querer de volta. Mais dez goles por todas as noites naquela semana que seu filho chorava pedindo para ligá-la, ou perguntando quando teria seus pais juntos novamente. Mais três goles pela gata da vizinha que parecia a gata de Rine, e cada vez que a via sentia falta até da gata tricolor dela. Mais dez goles por aquele "boa noite" com aquela voz tão carinhosa que lhe lembrava como era ouvi-la sussurrar desejando-lhe boa noite antes de adormecer em seus braços. Sendo assim sucessivamente para cada momento em que sentiu falta dela ao decorrer daquela semana.

Pediu outros drinks, mais garrafas de soju, ou whisky, apenas pararia de beber quando sua mente ficasse tão fora ao ponto de suas memórias sobre ela se embaralharem, cairia sobre o chão provavelmente e lá ficaria até o dia seguinte, mas aquilo pouco lhe importava. Sua visão estava embaçada, quase caía no chão mesmo estando sentado, entretanto, no meio de tantas pessoas igualmente embriagadas, ele reconheceu um rosto, o do infeliz que havia traído Rine. O bananão estava abraçado a uma jovem de vestido curto vermelho, Dongmin sentiu sua raiva ferver e mesmo tonto, saiu de seu lugar, cambaleando entre as pessoas andou até o infame dito cujo empurrando-o contra o chão.

Talvez se não estivesse tão bêbado, saberia que aquele cara não era o ex namorado de Rine, mas Dongmin sequer perdeu tempo tentando gravar todas as feições daquele infeliz.

⸺ Você está louco?! ⸺ gritou o homem caído sobre o chão, que com a ajuda de sua acompanhante levantou-se.

⸺ Seu merda! Você... ⸺ apontou para o infeliz vestido de camisa vermelha. ⸺ Roubou a minha Rine! E depois traiu ela! Você magoou a minha esposa seu merda!

⸺ O que?! Eu nem conheço a sua droga de esposa!

⸺ Ah, se fazendo de idiota ⸺ riu fraco, cambaleando ainda, acertou um soco desajeitado no homem. ⸺ Seu filho da puta! Se chegar perto dela novamente eu te mando para o inferno! ⸺ exclamou, tão embriagado que algumas palavras sequer soaram compreensíveis, porém pouco importava para o homem furioso, que o acertou um soco em cheio fazendo-o cair sobre o chão.

A briga se estendeu, e mesmo bêbado Dongmin tentava acerta-lo com todos os golpes possíveis, imerso pela raiva desenfreada, ao menos sua falta de percepção devido as doses de bebidas que ingeriu lhe davam uma certa letargia em seus golpes, algumas vezes até atingindo o simples nada. Uma roda de pessoas acompanhou a briga, o homem de vermelho o empurrou contra o chão, chutando-o até ouvir a voz do barman chamando a atenção de todos ali.

⸺ Já chega dessa palhaçada! Saiam daí! ⸺ exclamou, fazendo com que as pessoas acabaram se dispersando pelo bar. O rapaz cutucou Dongmin, que estava quase desacordado sobre o chão. ⸺ Vou pagar um táxi para levá-lo até a sua casa, você sabe seu endereço?

⸺ Sei ⸺ respondeu de forma arrastada, tentando se levantar do chão mas por estar muito tonto, só acabou caindo mais uma vez.

O barman pegou seu celular, tinha o número de alguns taxistas, até porque não seria a primeira vez que um cliente causava confusões ali, mesmo que habitualmente Dongmin fosse um cliente tranquilo, aquele dia foi uma exceção à regra, e por já ser conhecido entre as pessoas que trabalhavam ali que mesmo tendo causado a briga eles decidiram não chamar as autoridades quanto a aquilo. Ao menos em um momento naquela noite pareceu que Dongmin teve alguma sorte.

Rine estava sentada em frente à TV assistindo a um documentário da Netflix sobre a vida na terra, Donghyuk estava dormindo em seu quarto, o garotinho simplesmente adormeceu sobre a cama e de lá não saiu mais. Tentando aliviar sua mente, assistir a um documentário talvez fosse uma boa forma de se manter pensativa em qualquer coisa que não fosse seu ex-esposo, parecia um tormento para Rine tê-lo sempre visitando seus pensamentos e invadindo-os, tomando sua mente de forma absoluta. Nos primeiros meses, os únicos momentos em que Dongmin entrava em sua mente era para lhe deixar tomada pela raiva, fazendo-a crer que se separar era a melhor opção, todavia atualmente ele lhe dava raiva por outra razão. Não conseguir supera-lo lhe dava raiva, não conseguir encontrar absolutamente ninguém que lhe causasse sensações além das que ele lhe causava dava uma raiva ainda maior, e vê-lo todos os finais de semana com aquele olhar de cachorrinho sem dono e o sorriso estúpido que se formava nos lábios dele toda vez que se viam lhe dava uma raiva sem fim. Era tão simples, se Dongmin fosse um imbecil seria mil vezes mais fácil odiá-lo de uma vez por todas, e por mais que Rine buscasse todos os defeitos dele para que viesse a deixar aquela paixão parecia que nenhum era motivo suficiente para seu coração deixá-lo de uma vez por todas. Estavam separados a dois anos, Dongmin tinha sua vida, uma reconciliação era completamente inviável, Rine estava cansada e não queria mais buscar preencher com qualquer outro aquele espaço que ele havia deixado, a solidão era o melhor e único remédio.

Não queria mais ouvir promessas falsas ou também dizê-las, ouvir juras de amor vazias de ambos os lados, não queria ouvir mais nada de ninguém, Rine apenas queria ficar sentadinha em seu sofá tentando ocupar sua mente com trabalho ou lazer. Tinha Donghyuk para cuidar ao menos nos finais de semana, e seria eternamente grata a Dongmin por lhe permitir passar algum tempo com seu filho, era a isso que Rine pretendia se dedicar e queria acreditar que com o tempo não viesse mais a ter espaço para Dongmin em sua mente. Era sua única esperança, já era tarde demais para continuar chorando pela burrada precipitada que havia feito, bastava apenas aceitar as consequências de seus atos e tentar viver da forma mais tranquila possível.

Ouviu o som da campainha ecoar por sua casa, deu pause no documentário e levantou-se do sofá, andou até a porta e olhou pelo olho mágico, sem pensar duas vezes abriu a porta bruscamente ao ver Dongmin encharcado apoiado na porta, entretanto ao abri-la, ele simplesmente caiu por cima de Rine, que se desequilibrou e caiu para trás. Ficou sem reação e prendeu o ar em seus pulmões, todavia ao ver o rosto dele ferido Rine rapidamente segurou seu o rosto com as mãos, olhando-o minuciosamente, o cheiro forte de álcool já lhe era um forte indício do que havia acontecido.

⸺ O que aconteceu?

⸺ Por favor, o banheiro... ⸺ Rine notou a voz completamente embriagada do mais velho, e decidiu por hora não fazer mais perguntas. Ela levantou-se e o ajudou, fechou a porta e serviu de apoio a ele até o banheiro.

Dongmin estava completamente fora de si, ele não sabia mais o que era sonho ou realidade, estava tonto, seu estômago revirava e sua cabeça latejava sem parar. Ao chegar no banheiro simplesmente deixou-se cair de joelhos em frente ao vaso sanitário, nem se importou com o fato de que Rine estava logo ali, seu corpo estava frio e tremia, botando para fora até mais do que podia, mas sentiu o toque de uma carícia sutil em suas costas. Fechou a tampa do vaso e se deixou cair sobre o chão gelado do banheiro, Rine apertou o botão da descarga e logo depois se virou para Dongmin, que estava pálido e tremendo, seus lábios não tinham mais o tom rosado mas sim um roxo escuro, assim como as olheiras abaixo de seus olhos que Rine havia notado desde cedo. Tentou ajudá-lo a se levantar e mesmo fraco Dongmin fez um esforço para se manter de pé, enquanto Rine o guiava até o chuveiro.

⸺ Consegue tomar banho sozinho? ⸺ Ela perguntou, Dongmin apenas respondeu com um balançar leve de sua cabeça, indicando que não. Mesmo se quisesse, não conseguiria nem abrir os botões de suas calças justas, quem dirá se manter em pé.

Rine respirou fundo, estava hesitando um pouco, porém Dongmin estava cabisbaixo, sem sequer conseguir manter sua cabeça erguida. Ele precisava de ajuda e Rine não poderia deixá-lo largado naquele estado, de forma alguma seria capaz de tal coisa. O ajudou a entrar no box do banheiro, tirou a jaqueta preta que ele usava, seguidamente da camisa branca, Dongmin se apoiou nas paredes do box enquanto ela terminava de lhe despir, absolutamente nada passava por sua mente naquele momento, parecia um sonho, tudo estava tão distante e distorcido que era como se estivesse a sonhar. Rine ligou o chuveiro ficando um pouco distante, evitando se molhar também pela água quente que caía, no entanto, Dongmin a puxou pela cintura.

Seus olhares se encontraram, e por mais que Dongmin estivesse embriagado, dava para notar os olhos sutilmente marejados dele, os lábios roxos estavam trêmulos não pelo frio, mas pelas palavras que tentava balbuciar e não conseguia. Rine não conseguia ter qualquer reação, doía em seu coração vê-lo daquela forma e doía ainda mais aquele olhar carregado de dor que ele lhe direcionava, por mais que tivesse se passado dois anos, ela ainda o amava. Dongmin suavemente tocou o rosto dela, passando seus dedos pela bochecha pouco farta da mais jovem, podia sentir o calor irradiando ao tocá-la, pode sentir a textura macia dos cabelos ruivos molhados dela ao tocá-los com seus dedos, brincando com as ondinhas deles como sempre fazia. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto misturando-se a água que caía do chuveiro, entretanto não conseguiu mais conter toda aquela dor que assolava seu coração, a segurou em seus braços com força, aproveitando cada segundo daquele sonho tão real, deixando suas lágrimas caírem e toda a dor que sentia se esvaziar através delas.

Rine o abraçou com força, por mais que tentasse não acabar chorando era inevitável, tentava se conter até o último segundo, apesar de que algumas lágrimas escapassem, ao menos tentava se manter forte em frente a ele tentando oferecer algum suporte. Mesmo que não tivesse uma certeza absoluta para a causa do choro compulsivo dele, Rine sentia-se mal em vê-lo naquele estado, era como uma dolorosa recordação de quando enfim se separaram. Na época, Dongmin não queria Rine lhe flagrasse aos prantos sem conseguir entrar no carro com suas malas, ele sequer sabia que ela o viu daquela maneira tão frágil depois de ter sido simplesmente destruído ao perder quem amava, na época Rine sentiu-se mal entretanto estava tomada pela raiva por ele de tal forma que infelizmente não deu tanta atenção a aquilo. Mas, naquele momento, arrependia-se amargamente de tê-lo deixado daquela forma, não iria ser infeliz em não admitir que a culpa daquele divórcio era majoritariamente sua, de fato era, Rine foi a maior culpada daquele triste fim, todavia, naquele momento, não era mais a mesma tola do passado e não se permitiria cometer os mesmos erros. Dongmin estava mal, claramente sofrendo, assim como há dois anos atrás, não houve um dia sequer em que não sentisse falta dela, e mesmo que o álcool fizesse tudo parecer apenas um sonho distante, ele queria aproveitar aquele momento em que estava nos braços de Rine, chorando feito uma criança ao cair e ralar seu joelho, sem se importar com absolutamente nada pois confiava nela, e sabia que ela lhe daria todo o suporte que precisava.

A ruiva acariciava delicadamente as costas nuas dele, molhadas pela água quente que aos poucos aquecia seu corpo anteriormente tão gélido. Mesmo que ainda chorasse, seus soluços aos poucos cessavam, escondeu seu rosto na curvatura do pescoço de Rine, sentindo o cheiro levemente adocicado do perfume que ela usava invadir suas narinas, aquele perfume era tão aconchegante que poderia adormecer ali nos braços dela. Rine subiu sua mão até tocar os cabelos dele, afagando-os enquanto os tocava com delicadeza. Não queria ser bruta e assustá-lo ou fazê-lo sentir-se ainda pior, então fez o que sabia que ele gostava quando estavam juntos, deixando-o descarregar toda a sua dor enquanto apenas lhe passava conforto através de seus toques.

⸺ Fique tranquilo, você está muito bêbado, isso pode te deixar pior. ⸺ Rine pediu com a voz calma, Dongmin apenas a segurou um pouco mais forte, a sensação de tocar no corpo dela era tão realista que lhe dava algumas dúvidas se era mesmo apenas um sonho.

⸺ Senti sua falta ⸺ sussurrou, Rine engoliu em seco, sentindo todo o seu corpo se arrepiar com aquilo. Tentou manter a compostura, por sorte Dongmin estava bêbado o bastante para não reparar em nada.

⸺ Termine o seu banho, você precisa descansar, consegue fazer isso sozinho? ⸺ Dongmin se afastou lentamente de Rine, não queria fazê-lo mas precisava olhar nos olhos dela mais uma vez, e acabou por sorrir de lado ao notar o sutil rubor nas bochechas dela.

⸺ Ainda é a minha pandinha. ⸺ Ele apertou suavemente a bochecha dela. Rine mordeu os lábios evitando que um xingamento escapasse por ele, Dongmin falava de uma forma tão letárgica e embaralhada que dava para notar que ele estava totalmente fora de si.

⸺ Termine o banho, está bem? Eu vou me trocar, pegar algumas roupas que você deixou aqui, e...

⸺ Por que não jogou fora? ⸺ Dongmin perguntou, com os olhos cerrados e um levíssimo sorriso nos lábios, Rine abriu e fechou a boca sem emitir qualquer som, e pode notar o sorriso dele aumentando pouco a pouco. ⸺ Sentiu minha falta também, não foi?

⸺ Não é isso! É que... eu não ia mexer nas suas coisas e você nunca voltou para buscar! Enfim, eu já volto. ⸺ Rine saiu no chuveiro rapidamente, não olhou para trás nem um segundo mesmo tendo esquecido que suas roupas estavam molhadas e pingando pelo chão da casa.

⸺ Ela ainda gosta de mim. ⸺ Dongmin murmurou, sem tirar o sorrisinho dos lábios, conhecia Rine o suficiente para notar que a forma como a deixou era a mesma forma que ela ficava quando se conheceram.

Nem todas as doses de álcool do mundo fariam Dongmin não perceber o óbvio, Rine não era nada discreta quando gostava de alguém, principalmente quando se tratava de Lee Dongmin. Como iria mentir e dizer que não estava mais uma vez apaixonada por ele? Rine sabia que Dongmin estava bêbado e no dia seguinte nem lembraria de tudo o que disse ou fez, mas mesmo assim ele a deixava extremamente nervosa, e quando estivesse sóbrio isso provavelmente aumentaria ainda mais, fingir que estava tudo bem lhe desejando um boa noite ou em troca de mensagens era algo simples, porém passar mais tempo com ele era algo arriscado. Dongmin a conhecia bem, ele iria notar, Rine apenas não tinha ideia ainda se aquilo seria bom ou ruim.

Chegou em seu quarto e fechou a porta, trocou de roupa o mais rápido que pode e as deixou no cesto de roupa suja do pequeno banheiro que tinha em seu quarto. Abriu uma gaveta da parte debaixo de seu roupeiro, pegando de lá as roupas que guardava de Dongmin, pegou uma calça de moletom e um moletom cinza que ali guardava. As roupas estavam ali a tanto tempo que sequer tinham o cheiro dele, às vezes Rine abria aquela gaveta para limpar, ou para simplesmente se recordar dele, era um segredo que guardava ainda as roupas de seu ex-marido ali, e sabia o quão errado aquilo era. A separação foi uma decisão sua, deveria deixá-lo para trás, mas por que simplesmente não conseguia? Por que era tão difícil esquecê-lo de uma vez por todas?

Afastando-se de seus devaneios, ao selecionar as roupas dele, saiu de seu quarto e bateu a mão sobre sua própria testa ao notar que havia molhado todo o chão do corredor. Inferno, ele a deixava sem noção como se ainda fosse uma mera adolescente bobinha fugindo de seu crush da escola, mas não era mais uma adolescente, e depois teria que voltar ali para enxugar todo o chão molhado. Andou até o banheiro e abriu a porta lentamente, por uma pequena fresta pode ver que ele ainda estava no chuveiro, o box estava completamente embaçado e por sorte via apenas sua silhueta em meio ao vapor da água. Rine abriu a porta lentamente, com passos sorrateiros deixou as roupas sobre o balcão da pia do banheiro, abrindo uma das portas do balcão e tirando de lá também uma toalha branca que sempre deixava ali disponível para qualquer eventual emergência. Respirou fundo, tomando coragem para falar com Dongmin sem parecer a mesma pateta de minutos atrás, precisava ensaiar uma boa argumentação para o dia seguinte não parecer tão patética e arrependida.

⸺ Suas roupas e sua toalha estão aqui, eu vou fazer umas coisas então quando estiver devidamente vestido basta abrir a porta e me chamar. ⸺ Rine acabou se assustando quando Dongmin abriu a porta do box, por sorte não revelando nada além de seu rosto levemente ensaboado assim como seus cabelos.

⸺ Certo! ⸺ fez um joinha, Rine deu um sorriso sem jeito e saiu rapidamente mais uma vez. Ao fechar a porta, apoiou suas costas e mais uma vez respirou fundo.

Que merda eu fui fazer? ⸺ murmurou baixo, apenas para si mesma. Não era a primeira vez que pensava sobre aquilo, e sabia que não seria a última.

Não poderia ficar ali se lamentando, então voltou para o banheiro de seu quarto pegando o mop para enxugar a bagunça que havia feito. Mesmo quando enxugava a água do chão, sua mente ainda vagueava no passado, em como pode ter sido tão imatura e precipitada, cometeu muitos erros e sabia que não errou apenas com Dongmin, mas com todos que tentou se relacionar posteriormente buscando preencher o vazio que ele havia deixado. Não era digna de um perdão dele, foi mesquinha, foi dura demais, foi orgulhosa até o último momento, e apenas percebeu que estava errada quando seu ex-namorado lhe traiu, percebeu a revolta dele quando não se sentiu mal por aquilo, mesmo que uma traição não tivesse justificativa além de falta de caráter, Rine não odiava seu ex pelo que ele fez, pois simplesmente não conseguiu amá-lo. Foi tão errada quanto seu ex, foi tão boba e ridícula ao ponto de fazer quem amava sofrer daquela forma, também a si mesma, e ao seu filho.

Rine deixou o mop escorado próximo a parede, e ao olhar para a porta do banheiro seu olhar novamente se encontrava com o de Dongmin, que escorado na parede com sua toalha sobre os ombros, estava em silêncio a observá-la. Não parecia um sonho, muito provavelmente o efeito do álcool diminuiu depois do banho, ainda estava tonto e seu estômago ainda estava embrulhado, entretanto se sentia melhor do que a minutos atrás. Com passos lentos, se aproximou de Rine, ela estava parada, engolindo em seco enquanto o olhava sem conseguir mover um músculo sequer. Sentiu ele tocar seus lábios com seu polegar, admirando o vermelho que os tomava, desejando tocá-los com os seus naquele exato momento. Aproximou-se dela, sentindo o perfume e a respiração acelerada misturar-se com a sua, entretanto, Rine pôs seu dedo indicador sobre os lábios dele, impedindo que aqueles milímetros de distância entre ambos enfim fosse quebrado.

⸺ Você está com um corte horrível na testa, vou fazer um curativo. Pode ficar no meu quarto, tente descansar, parece que você não dorme direito a dias! ⸺ exclamou, se afastou dele e o olhou, dando uma leve risada ao ver a carinha de tacho que se formou em seu rosto.

⸺ Fiquei a semana toda cuidando do Donghyuk, ele esteve doente ⸺ explicou, mas antes que Rine percebesse, a puxou pela cintura fazendo com que seus corpos se chocassem. Rine tinha as mãos sobre o peitoral dele, mais uma vez sem saber como reagir, seu corpo estava novamente arrepiado com o simples toque dele, sem conseguir escapar daquele olhar que parecia atravessar sua alma, observando minuciosamente cada detalhe dela. ⸺ Não acha que seria melhor se nosso filho tivesse os pais juntos novamente? ⸺ perguntou, quase como um sussurro.

⸺ Talvez, mas não devemos resolver isso agora, você não está no seu juízo normal.

⸺ Eu sei o que eu quero, e eu quero você comigo ⸺ sussurrou dando uma leve mordidinha no lóbulo da orelha dela, arrastando seus lábios pelo rosto da ruiva em direção aos lábios dela. Entretanto, Rine o empurrou com toda a sua força, afastando-se dele mais uma vez.

⸺ O meu quarto é a terceira porta a direita, me espere lá. ⸺ Sem olhar para Dongmin, passou por ele entrando em outro cômodo.

Dongmin a seguiu com o olhar até que ela saísse de seu campo de vista, sentiu-se mal pela reação dela, talvez estivesse equivocado e Rine não sentisse mais nada, estava sendo apenas alguém desagradável e aquilo fazia sentir seu coração apertar. Andou até o quarto dela, era um cômodo pequeno com paredes brancas e tinha também alguns desenhos de Donghyuk pendurados pelas paredes. Sentou-se sobre a pequena cama de casal, olhando para as paredes do quarto, aquilo não era um sonho, era a mais pura realidade, da qual Rine não o queria mais em sua vida e precisava parar de se iludir a espera de que em algum momento iria tê-la ao seu lado mais uma vez. Aquela dor que sempre sentia quando pensava naquele fato voltava a assolar seu peito mais uma vez, e não tinha ali qualquer coisa que pudesse fazê-la diminuir, estava ali, sozinho, sofrendo como tantas e tantas vezes já havia acontecido desde que tudo acabou.

Rine cruzou a porta segurando uma pequena caixinha com alguns curativos dentre outras coisas, estranhou o olhar perdido de Dongmin, e nem mesmo pareceu notar a presença dela. Com uma certa relutância, Rine sentou-se ao lado dele, fazendo com que enfim ele a olhasse, porém nada foi dito por ambos, ela colocou um pouco de medicamento sobre o ferimento que ele tinha na testa, cobrindo-o com um curativo logo depois. Assim que estava pronto, notou os olhos levemente marejados do mais velho, olhando para ela com seu coração apertando, Dongmin a amava imensamente mas precisava aceitar que era o fim, tudo tinha um fim, e a história deles havia chegado a conclusão final.

Eu ainda... ⸺ Dongmin tentou falar, ele queria dizer que ainda a amava, que a queria de volta, entretanto não conseguia dizer, as palavras simplesmente sumiram naquele momento. Rine deu um sorriso fraco, tentando tranquilizá-lo, tocou os cabelos ainda molhados dele com seus dedos.

⸺ Descanse, está bem? Quando estiver melhor conversamos, não quero mais te ver mal. ⸺ Dongmin ficou surpreso ao ouvir aquilo, não sabia se Rine se importava com ele apenas como um amigo, entretanto lhe trazia conforto saber que ela se importava.

⸺ Você pode ficar aqui comigo? ⸺ pediu, esperançoso de que ouvisse um sim.

⸺ Eu fico no sofá, não quero te atrapalhar, durma bem. ⸺ Rine bagunçou os cabelos dele, saindo do quarto enquanto mais uma vez ele apenas a olhava sair.

Dongmin queria chamá-la, entretanto talvez já estivesse sendo incômodo demais. Dobrou a toalha que usou e a deixou na mesa de cabeceira, deitando-se sobre a cama, mesmo que fosse uma cama de casal consideravelmente pequena, parecia tão grande e solitária, como nas primeiras noites em que dormiu sem ela, mesmo sua pequena cama de solteiro sempre pareceu tão grande. As noites de inverno pareciam sempre mais frias, os dias de chuva sempre pareciam mais solitários, e os dias ensolarados não tinham mais a mesma alegria de antes, o tempo pode curar tudo, porém não havia curado em nada a dor que Dongmin sentia.

Rolou pela cama de um lado para o outro, aos poucos sentia as dores de seu corpo se intensificaram mais devido a briga que teve com um qualquer dentro do bar. Não havia uma forma que conseguisse dormir, olhava para o despertador ao lado da cama, contando os minutos para que amanhecesse. Sentiu mais uma vez seu estômago embrulhando ainda mais, talvez por ter rolado pela cama consecutivas vezes ou pelo almoço mal feito que queimou sem querer. Levantou-se da cama tonto, ainda se recordava onde ficava o banheiro e conseguiu andar até lá, mais uma vez deixando-se cair de joelhos em frente ao vaso sanitário. Mentalmente jurou a si mesmo que nunca mais iria misturar várias bebidas de uma vez, que nunca mais iria comer arroz queimado no almoço e nunca mais iria brigar em um bar.

Assim que acabou, se levantou e deu a descarga no vaso, foi até a pia e lavou sua boca, se apoiando ali enquanto tentava se manter em pé. Se assustou ao olhar seu próprio reflexo no espelho, parecia um zumbi, e compreendeu porque Rine o pediu para apenas descansar, suas olheiras pareciam ainda mais fundas e sua pele ainda mais pálida. Saiu do banheiro se apoiando nas paredes, e olhou para o corredor, vendo a luz da sala acesa. Estava tão tonto que não conseguiria se manter em pé sozinho por muito tempo, poderia ir para o quarto e descansar, na manhã seguinte poderia conversar com Rine. Entretanto, o álcool que ainda afetava seu cérebro o fez tomar a decisão mais difícil.

Se apoiando nas paredes foi até a sala de estar, a TV estava desligada e Rine deitada sobre o sofá. Com dificuldade andou até lá, vendo-a adormecida, de uma forma tão adorável que um sorriso se formou em seus lábios ao observá-la, se recordando do quanto amava vê-la dormir, sempre acordava cedo propositalmente para vê-la adormecida, era um dos seus maiores entretenimentos matinais. Se apoiando nos braços do sofá, deitou-se ao lado dela, sentindo um tremor por seu corpo ao segurá-la em seus braços, o perfume dos cabelos dela o acalmavam, fazendo com que toda sua tensão saísse de seu corpo. Fechou seus olhos, poderia facilmente adormecer ali, mas um nó se formou em sua garganta, sabendo que ela não iria querê-lo ao seu lado.

Todavia, Rine abriu seus olhos e se virou para Dongmin, notou mais uma vez aquele olhar perdido, seus olhos estavam marejados novamente, ele apenas aguardava um sermão vindo dela, e sabia que merecia, afinal não deveria estar ali.

⸺ Por que não ficou na cama? ⸺ Rine perguntou com a voz baixa, o tom carinhoso que ela usava o fazia se sentir menos pior, apesar daquele aperto em seu peito ainda persistir.

⸺ Eu não consigo dormir ⸺ sentiu ela tocar seu rosto com uma das mãos, acariciando-o suavemente.

⸺ Eu também não ⸺ sussurrou, entretanto ele lhe ouviu.

⸺ Fica comigo ⸺ pediu, estava falando de muito mais do que apenas uma noite, mas sabia que Rine não compreenderia do que estava falando, precisava ser claro com ela, conhecia bem a mulher que amava para saber que ela era lerda e não pegava muito bem as indiretas que poderia deixar.

⸺ Tudo bem ⸺ respondeu olhando para os olhos escuros dele, que agora não pareciam mais vagos como antes, estavam preenchidos por um brilho que apenas ele o tinha.

Sentiu as mãos dele apertarem sua cintura, puxando-a para mais perto, deu um leve sorriso ao vê-lo cada vez mais perto, fechando os olhos lentamente, porém, Rine pôs seu dedo indicador sobre os lábios dele.

Aigoo! De novo! ⸺ Rine riu ao ouvi-lo protestar, segurou o rosto dele com as mãos e suavemente beijou a testa dele, rindo novamente ao ver que o deixou sem reação.

⸺ Vamos logo. ⸺ Se levantou do sofá, dando um leve tapinha no ombro dele para que se levantasse também.

⸺ Estou sem energia, preciso de um beijo urgentemente para conseguir sair daqui ⸺ dramatizou, Rine pôs as mãos sobre a cintura, com os olhos cerrados.

⸺ Então vai dormir no sofá sozinho.

Aish! Era brincadeira! Mas, eu realmente preciso de ajuda. ⸺ Rine estendeu sua mão para ajudá-lo, ele a segurou e se apoiou nela, até pensou em tentar fazer alguma brincadeirinha mas de fato estava sem forças para aquilo, por mais que quisesse roubar um beijo dela naquele momento, decidiu deixar para quando estivesse melhor e também caso soubesse que ela iria querer.

Andaram juntos até o quarto, a cama era pequena mas couberam juntos ali perfeitamente, como se fosse feita para os dois. Rine tentou ficar um pouco mais distante, virada de costas para ele, porém Dongmin logo a abraçou, e não resistindo, ela segurou suas mãos, um sorriso tomou os lábios dele com aquilo, e assim fechou seus olhos, pouco demorando para adormecer. O plano de Rine era esperar que Dongmin adormecesse e assim iria sair dali, entretanto não podia mentir que não sentiu-se confortável nos braços dele, como ninguém conseguiu fazer com que se sentisse, era tão tranquilo, tão confortável, e até mais do que Rine se recordava. Por um momento esqueceu-se de toda a dor que causou a si própria, de todo o remorso e culpa que sentia, apenas a tranquilidade lhe tomou, deixando-se levar pelo sono, ali permaneceu, e não saiu pelo restante da noite.

Era como se tudo tivesse voltado ao que um dia já havia sido, como se aqueles dois anos fossem um mero pesadelo distante e estivessem juntos novamente.

No meio da noite, Dongmin acabou acordando com uma terrível dor de cabeça, e mais uma vez com enjôo. Ficou com os olhos abertos, mas não queria soltá-la e nem sair da cama, a observava dormir, como fazia quando estavam juntos, tocando o rosto dela com seus dedos carinhosamente podia sentir o calor das bochechas dela, não era um sonho e esperava que fosse real. Segurou-a com força e tentou dormir novamente, o enjôo passou aos poucos mas a dor de cabeça estava insustentável, e mais uma vez repetia em sua mente que jamais iria misturar bebidas mais uma vez. Ouviu o som da porta do quarto se abrir levemente, se levantou um pouco e se assustou ao ver Donghyuk, com uma expressão surpresa tão engraçada que se não estivesse passando mal certamente acabaria rindo.

⸺ Papai, você e a mamãe voltaram? ⸺ Donghyuk perguntou, com um largo sorriso se formando em seus lábios.

⸺ Ainda não posso responder isso, mas o que você está fazendo fora da cama?

⸺ Minha cabeça está doendo muito e eu tive um pesadelo horrível! ⸺ exclamou, abraçando fortemente seu ursinho de pelúcia.

⸺ Acho que peguei a sua gripe. ⸺ Dongmin murmurou, talvez pudesse ser efeito do álcool afinal suas ressacas também nunca foram fáceis de lidar, ou talvez o combo das duas coisas. ⸺ Vem aqui ⸺ chamou, Donghyuk não pensou duas vezes e correu para a cama de sua mãe, ficando entre seus pais e se escondendo embaixo dos cobertores. Dongmin pôs sua mão na testa do pequeno, vendo que ainda estava um pouquinho quente. ⸺ Tente dormir, se amanhã ainda estiver com dor vou te levar ao médico.

Ah não, papai! Eu quero... ⸺ Pôs o dedo indicador sobre os lábios do pequeno, apontando para Rine logo depois.

⸺ Você sabe como a sua mãe fica brava quando acorda cedo, não sabe? ⸺ Donghyuk apenas assentiu, apesar de que quando acordava sua mãe no meio da noite ela nunca tivesse sido brava com ele, Donghyuk sabia que mesmo assim ela ficava estressada. ⸺ Então, vamos dormir um pouco, se caso se sentir mal pode me acordar.

⸺ Certo! ⸺ Donghyuk fez um joinha com a mão, se aconchegando na cama e acabando por adormecer rapidamente, o garotinho estava tão animado com a possibilidade de uma reconciliação entre seus pais que até mesmo sua febre não lhe atrapalhou pelo restante da noite.

Dongmin abraçou Rine e Donghyuk, tentando voltar a dormir, entretanto simplesmente não conseguia, pois além da dor de cabeça estava receoso do que poderia acontecer no dia seguinte. Ao mesmo tempo que queria ter esperanças de um final feliz, não queria se decepcionar com a realidade, aquilo o deixava ansioso e nervoso ao ponto de que boa parte da noite viesse a mais uma vez passar em claro, pensando em cada possibilidade do que poderia ocorrer no dia seguinte.

Dongmin sentiu a cama vazia demais, porém estava muito cansado para conferir se estava sozinho mesmo. Seus sentidos ainda estavam embaralhados, podia sentir uma coberta quentinha sobre seu corpo, sentia a maciez do lençol e o cheiro diferente do travesseiro, tinha total convicção de que não havia sonhado, e ainda algumas dúvidas tomavam sua mente, entretanto se dissiparam quando abriu os olhos, vendo o quarto iluminado apenas pela luz que vinha da janela. Olhou para a cama vendo que naquele momento estava sozinho, mas um sorriso tomou seus lábios ao lembrar de cada detalhe da noite anterior. Se aconchegou sobre a cama voltando a fechar os olhos, sua dor de cabeça insuportável não lhe permitiria mantê-los abertos por mais tempo.

Abrindo apenas uma pequena fresta da porta, Donghyuk olhava para seu pai, se certificando de que ele estava bem, sua mãe lhe pediu para tomar conta dele enquanto estivesse fora e assim Donghyuk iria fazer, apesar de ter perdido um tempinho brincando com seus carrinhos na sala de estar. Entrou pela porta e subiu sobre a cama, tocando o rosto de seu pai com sua mãozinha para se certificar de que ele ainda estava dormindo, porém foi surpreendido quando seu pai fez cócegas em sua barriguinha, fazendo-o rir e se afastar rapidamente.

⸺ Papai, você está melhor? ⸺ Donghyuk colocou sua mãozinha sobre a testa de seu pai, mesmo que não soubesse como medir se alguém estava com febre.

⸺ Um pouco, onde sua mãe está? ⸺ Donghyuk sentou-se sobre a cama, com suas perninhas cruzadas.

⸺ A mamãe foi comprar mais remédio para febre porque eu tomei tudo, e você também estava muito mal. Ela deixou remédio para dor de cabeça e enjôo, e falou para você não sair da cama. ⸺ Donghyuk deu um sorriso orgulhoso por lembrar de tudo que sua mãe havia lhe dito, ao menos boa parte do que ela lhe disse antes de sair.

⸺ E onde estão os remédios? ⸺ O garotinho apontou para a mesa de cabeceira a esquerda de onde Dongmin estava deitado, haviam duas cartelas com comprimidos e um copo d'água. ⸺ E você também está doente?

Ah, não. Eu já estou melhor! Acordei a mamãe sem querer no meio da noite e ela me deu remédio ⸺ admitiu, não necessariamente tendo sido sem querer mas sim porque começou a chorar chamando por sua mãe, como sempre fazia quando estava doente.

⸺ Imagino que tenha sido "sem querer" ⸺ bagunçou os cabelos do pequeno, que apenas riu. Logo depois se sentou sobre a cama, notou que Rine havia deixado um pequeno post-it colado em cada cartela de remédio indicando a função de cada um, e também um post-it no copo d'água dizendo "beba-me". ⸺ Faz tempo que ela saiu? ⸺ perguntou enquanto tomava os remédios.

⸺ Eu não sei. ⸺ Donghyuk respondeu, batendo o dedo indicador sobre os lábios.

⸺ E o que você estava fazendo até agora? ⸺ Se virou para Donghyuk após tomar os remédios e voltou a se deitar sobre a cama.

⸺ Eu estava brincando com os meus carrinhos! ⸺ exclamou, porém ao se dar conta do que havia dito pos as mãozinhas sobre os lábios. ⸺ E também estava cuidando de você, papai! ⸺ Donghyuk deitou-se sobre a cama ao lado de seu pai, balançando suas perninhas.

⸺ Você pelo visto vai ser um bom enfermeiro. ⸺ Lentamente voltou a fechar seus olhos, havia dormido mal mais uma vez, e os efeitos da gripe junto da ressaca o deixaram completamente destruído fisicamente.

⸺ Eu não quero ser enfermeiro, eu quero ser médico ou dirigir uma ambulância! E... ⸺ olhou para seu pai, e ao perceber que ele estava dormindo fez um biquinho frustrado, que durou pouco. Donghyuk mais uma vez tocou o rosto de seu pai, e ao não ter resposta alguma saiu da cama, andando na pontinha dos pés até a sala de estar, voltando a brincar com seus carrinhos.

Por outro lado, Rine estava no volante de seu carro, mentalizando tudo o que iria fazer. Precisava conversar com Dongmin e resolver aquilo tudo de uma vez por todas, não poderiam viver ambos afastados sofrendo um pelo outro por pura estupidez, Rine se arrependia do que havia feito e sentia falta dele, precisava agir como adulta e por as cartas na mesa. Se Dongmin iria perdoá-la e querer reconstruir tudo ou não seria uma decisão única e exclusivamente dele, diante a isso Rine apenas tentaria aceitar e seguir sua vida da melhor forma possível, sem magoar mais ninguém. Pensava também em Donghyuk, e o que fez com que mudasse sua postura era justamente a alegria de seu filho ao ver seus pais juntos, Rine não era mais uma adolescente boba e insegura, tinha que pensar no melhor para si, e principalmente no melhor para Donghyuk.

Deixou seu carro na garagem, e mais uma vez repetiu em sua mente que precisava resolver tudo. Pegou a sacola com medicamentos que estava jogada no banco ao lado do seu e então saiu do carro, entrou pela porta dos fundos e foi em direção ao seu quarto, porém, ao passar pela sala de estar viu vários carrinhos e outros brinquedos jogados para todos os lados, e Donghyuk entretido brincando no meio daquela bagunça.

⸺ Lee Donghyuk. ⸺ Rine chamou pelo nome completo do garotinho, que ao ouvir a voz de sua mãe se levantou rapidamente do chão. Donghyuk esperava um imenso sermão, afinal sua mãe era brava ainda mais quando o flagrava fazendo bagunça, entretanto ela apenas pegou um carrinho do chão e estendeu a ele. ⸺ Você pode brincar aqui, mas não faça bagunça meu anjo, seu pai está bem mal e se ele passar por aqui pode acabar tropeçando e se machucando. ⸺ Donghyuk segurou o carrinho das mãos de sua mãe e sem jeito, apenas ficou cabisbaixo.

⸺ Eu vou guardar tudo! ⸺ exclamou, correndo pela sala para recolher todos os brinquedos que havia espalhado, Donghyuk era um bom menino e sempre respeitava seus pais, fazia birras algumas vezes mas nada além do esperado para uma criança da idade dele.

⸺ Fique aqui, eu já volto. ⸺ Rine então seguiu até seu quarto, abriu a porta lentamente e notou que Dongmin estava acordado, olhando para o nada.

Ele ouviu o som da porta se abrir, e se virou para ela lentamente, seu olhar mais uma vez se encontrava com o dela, aquele sorriso carinhoso que tanto amava mais uma vez estava sendo direcionado para si, fazendo com que seu coração se aquecesse apesar de todos os pensamentos negativos que estava tendo. Eram tantas dúvidas que lhe corroiam, tantos medos e até mesmo inseguranças, parecia que quando estava bêbado Dongmin conseguia ver além, conseguia perceber o óbvio, muito diferente de quando estava sóbrio e tomado por tantos pensamentos ruins.

Rine entrou pelo quarto, sem jeito sentou-se sobre a cama, sem dizer nada pôs a mão sobre a testa de Dongmin, a febre dele ao menos parecia ter abaixado, entretanto ele ainda tinha uma aparência abatida em seu rosto.

⸺ Parece que sua febre baixou, mas mesmo assim acho bom tomar os remédios que comprei. Está se sentindo melhor? Está com fome ou algo do gênero? ⸺ Dongmin não respondeu nada, apenas segurou a mão de Rine, levando-a até seus cabelos.

⸺ Isso funciona melhor do que remédio ⸺ brincou, Rine riu fraco e balançou a cabeça em negação, afagou os cabelos dele e notou quando ele fechou os olhos. Certamente, receber aquela massagem gostosa em seus cabelos ajudava a se sentir melhor.

⸺ Mesmo assim, tome os remédios direitinho. Também comprei uma escova de dentes caso queira usar provisoriamente, não sei se vai conseguir ir para casa agora estando tão mal, e também não me sentiria segura de deixar você sozinho nesse estado.

⸺ Não acha que está se preocupando demais comigo? ⸺ abriu seus olhos novamente, e até sentiu-se surpreso pois desta vez Rine não parecia desconcertada com sua pergunta, e ao notar que ele estava lhe olhando, um sorriso ladino surgiu nos lábios dela.

⸺ Não posso me preocupar com você? ⸺ Desta vez Dongmin quem ficou desconcertado, sua cabeça doía e não conseguia pensar em uma resposta, quando estavam juntos sempre conseguia fazer alguma boa sacada quando Rine lhe provocava daquela forma, porém naquele momento acabou sendo a vítima da vez. ⸺ Descanse, vou preparar uma sopa para você ⸺ beijou a testa dele, deixando-o ainda mais desconcertado do que anteriormente.

Rine saiu do quarto, mas desta vez os sinais estavam claros para Dongmin, lerdo ele certamente não era, suas esperanças de uma reconciliação dispararam rapidamente, e se tudo desse certo, não via uma razão para não tentar novamente e desta vez tentar fazer as coisas darem certo da melhor forma possível.

Sentadinho sobre a cadeira em frente a mesa, Donghyuk comia alguns cupcakes que sua mãe havia feito no dia anterior, e apenas contava a ela cada detalhe de sua semana na escola enquanto a via cozinhando, o cheirinho de sopa lhe dava ainda mais fome e mesmo que já estivesse comendo um imenso cupcake de chocolate não via problema em tentar roubar um pouquinho da sopa que sua mãe estava fazendo ⸺ na verdade, iria implorar para ela assim como implorou pelo cupcake.

Rine desligou o fogão e esperou que a sopa esfriasse, porém ao olhar para a porta se assustou ao ver Dongmin lhe observando, com os braços cruzados e escorado no batente da porta, o semblante sério no rosto dele a deixava nervosa, ao ponto de não conseguir dizer qualquer coisa que fosse suficiente para quebrar aquele silêncio que perdurava entre ambos.

⸺ Podemos conversar? ⸺ Dongmin pediu, Rine olhou para Donghyuk, que se esticava na mesa tentando pegar mais um cupcake.

⸺ Tudo bem ⸺ respondeu, porém antes de sair deu outro cupcake para Donghyuk, pedindo baixinho para que ele ficasse ali quietinho, e o garotinho apenas assentiu rapidamente.

Foram até a sala de estar, ambos tinham muito o que dizer um ao outro, tinham muito o que resolver naquele momento, todavia o silêncio perdurava mais uma vez. Olhando nos olhos um do outro, buscavam forças para aquele assunto que ambos tanto evitavam, era uma situação insustentável para se manter daquela forma, se fosse para seguir em frente juntos ou não, aquele seria o momento para decidir de uma vez por todas, aquela história precisava de um ponto final.

⸺ Eu sinto muito por você estar assim. ⸺ Rine iniciou, quebrando o silêncio que se instaurava, e até mesmo surpreendendo Dongmin. ⸺ A culpa é minha pelo término da nossa relação, acho que poderíamos ter resolvido de outra forma, mas fui precipitada em pensar que seria melhor para ter você longe de mim. Claramente eu estava errada, não foi o melhor para ninguém, causei sofrimento a você, a mim e ao Donghyuk.

⸺ Eu deveria ter te impedido, nunca fiz qualquer objeção ou demonstrei o quanto eu não estava de acordo com aquilo. Fui conivente com tudo, eu achava que você iria voltar e iria sentir a minha falta, mas eu me enganei. ⸺ Se aproximou de Rine, tocando o rosto dela com uma das mãos e colocando uma mexa de seu cabelo para trás. ⸺ Não importa o passado, eu digo o que sinto agora no presente, eu ainda te amo e eu quero passar o meu futuro ao seu lado, quero ter você, o Donghyuk e quem sabe mais um filho no futuro, eu adoraria ter quantos você quisesse. Eu te amo, Rine. ⸺ olhava nos olhos castanhos dela, podia ver seu reflexo naqueles olhos que o analisavam com tanto carinho, Rine pôs sua mão sobre a dele, se aproximando um pouco mais dele.

⸺ Eu também te amo, Cha Eunwoo. ⸺ Dongmin ficou surpreso ao ouvi-la dizer aquilo, até mesmo ficando um pouquinho boquiaberto. Poderia sentir que Rine lhe olhava com carinho de fato, mas não esperava ouvir aquilo declaradamente vindo dela. Se restava alguma dúvida sobre o que ela sentia, havia acabado naquele momento.

Não pensou em mais nada, apenas precisava sentir seus lábios beijando os dela e sentindo toda a paixão que ela escondia. Tocou os lábios dela com certa relutância, porém Rine o puxou pelo pescoço aprofundando o beijo de uma vez por todas, enfim acabando com todo aquele drama, com toda aquela dor e toda aquela saudade. Se Dongmin a queria do seu lado iria tê-la até o último dia de sua vida, pois ela agora tinha plena convicção de que era ao lado dele que queria estar. As mãos dele desceram para sua cintura, puxando-a mais para si enquanto sua língua invadia a boca da ruiva, como sentia de sentir os lábios tocando os seus daquela forma afoita como naquele momento, dois anos sem tocá-los fez com que todo aquele desejo viesse a tona como uma inundação ao derrubar uma barragem. Se não fosse a falta de ar não teriam se separado com tanta facilidade, seus rostos ainda estavam próximos, e Dongmin ainda deixava alguns selares, implorava por mais, entretanto ambos se afastaram ao ouvirem um som estranho vindo da cozinha, seguido pelo choro de Donghyuk.

Voltaram rapidamente para a cozinha e Dongmin segurou em seus braços o garotinho que estava caído sobre o chão, enquanto Rine levantava a cadeira onde anteriormente o pequeno estava sentado. Dongmin tentava acalmar Donghyuk, embalando-o enquanto repetia baixinho que estava tudo bem.

⸺ Meu neném, fique tranquilo. ⸺ Rine acariciou os cabelo do pequeno, que ainda soluçando, olhou para seus pais.

⸺ Vocês não estavam brigando, não é? ⸺ Donghyuk perguntou entre as lágrimas.

⸺ Não, está tudo bem entre nós. ⸺ Rine explicou, e aos poucos as lágrimas de Donghyuk foram cessando.

⸺ Vocês vão ficar juntos novamente? ⸺ Rine olhou para Dongmin, como se esperasse a resposta para aquela mesma pergunta.

⸺ Vamos. ⸺ Tanto Rine quanto Donghyuk ficaram surpresos com aquela resposta tão direta, Dongmin riu achando engraçado que Rine e Donghyuk pareciam estar com a exata mesma expressão, mesmo que Donghyuk se parecesse muito mais com seu pai.

Dongmin abraçou Rine de lado, dando um beijinho em sua bochecha.

⸺ Se vamos recomeçar então devo pedir o seu número e te chamar para sair novamente? ⸺ brincou, apenas Rine balançou a cabeça em negação.

⸺ Vai cuidar do Donghyuk, acho que vai precisar dividir sua sopa com ele.

⸺ Eu suspeito que ele caiu da cadeira justamente por isso. ⸺ Olhou para Donghyuk, que apenas escondeu o rosto em seus braços. ⸺ Vou ver se ele não se machucou ⸺ deu mais um beijinho rápido na bochecha de Rine, antes de levar Donghyuk até o sofá para verificar se o pequeno não havia se machucado mais gravemente.

Aos poucos parecia que tudo estava voltando ao que deveria ser o normal, por mais que Rine sentisse que ainda tinha muitas coisas que ela quem deveria consertar. Ao menos daquela vez, seu erro não acabou em uma tragédia, havia aprendido a lição, e jamais deixaria Dongmin escapar novamente ou se permitiria agir de forma tão impulsiva novamente, iria fazê-lo sentir que sua escolha havia valido a pena, e também, Rine queria provar a si mesma que era digna de uma segunda chance, apesar de todos os seus erros.

Amo escrever um draminha mas sinto que esse final ficou meio merda, enfim, tentei 🥺

Espero que tenham gostado! Sentem o dedo na estrela deixem comentários cheiros e até a próxima, bye 😼


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