❁ೋㅤ, 𝟏𝟒. ━━ garotos bons terminam por último.
𖡋 ̽ ᮫ ꪶ capítulo quatorze. ܓ ❃ ᜴
𓂃 pelo menos eu posso dizer
que eu tentei te dizer que
sinto muito por partir
seu coração. 𓂅
Um ano depois na Mui Antiga e Nobre casa dos Black.
No frio da noite escura com os galhos de árvores cujo as folhas deixam o tronco para demonstrar a mudança de estação, a madeira fina arranhava a vidraçaria, o formato que tomava conta das paredes pareciam se fechar enquanto todos estavam em silêncio absoluto. Aquele era outro daqueles muitos momentos em que Regulus sentia falta de Sirius, mesmo quando as risadas dele eram indesejadas ele continuava rindo sem se importar com o que aconteceria. A casa dos Black sempre foi silenciosa, mas agora ele podia ouvir uma gota escorrendo pelos canos até cair sobre a pia da cozinha enquanto Regulus Black estava no sótão. Foi ali que ele passou todo o tempo livre no último ano solitário do garoto que a pouco tempo completou seus dezoito anos.
Regulus ainda encarava a mesma vidraçaria decorada com um esqueleto mortífero, ainda estava em silêncio como sempre enquanto, mas dessa vez encarava um espelho quebrado e analisava sua aparência, ao menos ainda era consideravelmente bonito, mesmo estando no fundo do poço. Ele tinha seus cabelos castanhos ondulados compridos novamente e as únicas manchas na pele pálida eram de olheiras. O Black tinha dificuldade em dormir, principalmente agora que seus sonhos com a sua doce Daisy teriam desaparecido completamente.
Agora tudo que ele sabia ser era triste, vazio, e sem mais lembranças, não que Regulus não lembrasse todos os dias do rosto calmo e sorridente da garota, mas ele tinha se esquecido do cheiro de morangos, teria se esquecido de como o timbre da voz dela parecia muito com os de pequenas fadas sussurrando em seu ouvido. O vazio era tão grande que parecia estar causando o desaparecimento de toda a felicidade de Regulus, o garoto não conseguia lembrar do que fazia antes de tudo aquilo, não sabia por que vivia antes, não sabia o que o fazia sorrir ou o que o deixava chateado. Ele não lembrava de quase nada, sentia-se completamente consumido pela escuridão do que fazia.
Além de tudo aquilo, Regulus se tornou uma pessoa apática, já teria ouvido tanto e feito tanta coisa que não queria. Lembrava-se de cada um que teve que amaldiçoar, no início apenas Regulus tinha que terminar o trabalho, era um teste a sua fidelidade, a coragem dele.
Como se Regulus Black tivesse sido alguma vez capaz de ser corajoso.
Regulus sentiu-se tão covarde e assustado cada vez que falhou, levou muito tempo para que entendessem que ele nunca iria usar a azaração da morte. Seus parceiros ainda tinham dúvidas da lealdade do jovem Black, por isso, quando o Lorde Das Trevas pediu para que Regulus trouxesse para ele um elfo doméstico, o garoto foi rápido em oferecer Monstro .
Para mais, ele também queria saber o que o Lorde estava tramando, ele vinha sendo muito misterioso nos últimos tempos e o Black percebeu que sequer suas primas que eram, aparentemente as favoritas do mestre, sabiam o que estava acontecendo. Ele tinha um espião no que Dumbledore chamava "A Ordem Da Fênix" e isso já era claro para todos os comensais, Regulus porém falhou miseravelmente ao tentar descobrir quem era. Agora, o mestre estava focando suas atenções em algo muito importante, todos os que se diziam comensal da morte se perguntavam o que era e essa era a chance dele de descobrir.
━ Monstro. ━ Regulus murmurou baixo já preocupado com a demora de seu elfo doméstico.
Já fazia algum tempo desde que o Monstro saiu como servo de você-sabe-quem. Era estranho para Regulus, ele sentia que era tão servo do Lorde quanto o monstro. Estava vivendo assim desde que negou o casamento, há mais de um ano atrás, com quase dezessete anos. Regulus tinha dezoito anos agora, na verdade ele estava fazendo aniversário naquele dia exato, em 20 de outubro. O garoto não esperava por presentes embora sua mãe tenha lhe trazido roupas novas, as deixando em sua cama sem esperar por um agradecimento.
Não existia nenhuma razão para Regulus agradecer, tudo que Walburga tinha feito por todos aqueles anos era mentira e forçar seus filhos a fazer coisas que eles não queriam. Era um monstro mas Regulus não conseguia a odiar, mesmo agora. A todo momento Regulus pensava em fugir pensava em ser tão corajoso quanto Sirius e deixar tudo para trás, mas sabia que agora não havia mais tempo, não quando aquela marca escura queimava em sua pele.
Ele lembrava da dor ardente e profunda que sentiu ao ganhar "o voto de confiança" do mestre, no início era sempre vermelha pois ele sempre era chamado para fazer os trabalhos sujos. Mas depois quando o mestre das trevas achou que Regulus já havia se provado o suficiente , o deixou descansar. Em seu descanso, Regulus pensava muitas vezes em como poderia ter impedido tudo aquilo, mas só o que ele fez foi assistir. O Black sabia que o fato dele não ser o primeiro a atacar não o fazia uma pessoa boa, ele não fazia mas deixava que fizessem por ele.
Regulus Black sabia que ele não era bom, e foi por isso que ele se afastou de tudo completamente, passando a viver apenas de sua vasta solidão. Não haviam mais cartas para os Kearney ou tentativas de conversas com Wendy. Parte disso também era escolha de seus amigos que achavam Regulus um egoísta mesquinho, mas Nate e Faith aparentemente não eram assim.
Daisy...
Alguns meses atrás Regulus recebeu uma carta que mágicamente apareceu em seu esconderijo do sótão, era uma carta dela e a maior dúvida do garoto era como Faith soube que ele estava escondido ali. Presumiu que Sirius tivesse dito a ela onde o Black mais novo costumava se esconder. O mesmo Sirius que teria o ajudado a fugir de seu casamento. Regulus ficou surpreso ao descobrir que era ele quem estava os perseguindo na floresta naquele dia.
Os irmãos Black encontraram-se na volta de Regulus para casa, o mais novo estava exausto, mas sentiu-se bem ao sentir os braços de seu irmão cobrindo seu corpo em uma abraço profundo, era quase estranho depois de tanto tempo, mas Regulus poderia se acostumar. Entretanto, não houve tempo, Regulus ficou junto de seu irmão apenas por dois dias. Ele tinha consciência do que deveria estar fazendo e sabia muito bem que não deveria ter fugido. Mas Sirius fazia questão de lembrar Regulus o que aconteceria se o garoto voltasse para casa.
Regulus, porém, sabia o que aconteceria se ele não voltasse, seria um fim para sua família. Andrômeda e Sirius causaram um grande desequilíbrio na família e isso fez com que todos os outros tivessem que arcar com as consequências, não era Regulus quem deveria receber a marca aos dezessete e sim, Sirius. Depois de tudo que viveu, Regulus Black não culpava o seu irmão por fugir, mas ele não faria o mesmo. Tinha medo do que aconteceria a sua família. Sua mãe, por pior que fosse ainda era sua mãe e sempre o teria tratado da melhor forma possível, o defendendo com garras e dentes sempre que era colocado em risco.
Exceto quando o risco era benéfico para seu nome, mas Regulus preferia não ver.
Regulus gostava de acreditar que era grato a sua mãe e que nunca poderia odiar a mulher que o colocou no mundo. Após descobrir o que teria acontecido com a família Galloway, o garoto começou a temer por todos de sua família e então rapidamente decidiu voltar e encarar seu destino. Sempre iria lembrar das palavras de seu irmão; "Se você for eu nunca poderei te perdoar."
Nunca haveria perdão, o garoto voltou para casa aos prantos, mas quando passou pela porta ele decidiu o que fazer, aceitou toda e qualquer condição para não se casar. Ele iria ficar preso ao lorde das trevas de qualquer forma, e não queria ficar preso a um casamento falso também, não quando teria que se casar com alguém que ele nem sequer gostava daquela forma. Regulus de repente se pegou pensando em Wendy, o que ela estaria fazendo naquele momento ou onde estaria agora, percebendo por fim que não tinha ideia, e acreditava que sequer se importava mais com ela, não depois de tudo que ela causou a eles.
Havia apenas uma pessoa em que Regulus pensava o tempo todo, mesmo quando não queria, sua pouca lembrança dela o fazia sentir-se confortável, talvez até um pouco feliz por saber que todas aquelas memórias eram coisas reais que aconteceram com ele. Regulus teria visitado Faith uma vez, seis meses após sua marca. Ela não o viu, ele se escondeu na floresta negra porque o lugar não o assustava de forma alguma, e assistiu enquanto via ela ria na margem da floresta junto com Nate e Lucky, a garota gargalhava colocando a mão sobre a barriga que provavelmente doía por conta das gargalhadas.
Seus longos cabelos dourados haviam se transformado em fios curtos, as sobrancelhas mais finas e o rosto mais magro, ela parecia mais velha embora o olhar inocente ainda brilhasse em seus olhos azuis. Ela estava tão feliz, e Regulus só conseguia se perguntar se era possível alguém estar tão feliz e tão triste ao mesmo tempo. Sentia-se assim ao ver Faith tão brilhante, tão incondicionalmente feliz por estar vendo sua garota sorrindo e tão insuportavelmente triste por ver que ele parecia não ter existido ali, como se as lembranças dele fossem uma mera ilusão.
Regulus não pode negar que quando a carta de sua Daisy chegou, ele sentiu-se amado novamente. Na carta muitas coisas eram ditas, entre elas um convite para que ele a encontrasse um dia, uma promessa de que ela sempre estaria esperando por uma explicação, um outro ponto de vista além do que todos diziam sobre o famoso comensal da morte, Regulus Arcturus Black.
Seu coração partiu pelas esperanças dela, ele sabia que não iria voltar, não quando sabia que ela estava feliz e segura sem ele. Não importava quantas cartas chegassem, o garoto sabia exatamente o que deveria ser feito, de alguma forma o garoto sempre soube que nunca poderia ficar com o sol brilhante.
Faith era brilhante demais, era a única estrela que ele nunca poderia alcançar.
Regulus não era feito de luz como a Faith, ele vinha do escuro fazendo jus ao sobrenome. Ele não era gentil e sua alma não era mais pura, Regulus acreditava que teria perdido sua alma no momento em que viu diversas vidas se esvaindo e não tentou ajudar. Mas esse era o caminho que ele tinha escolhido, não era o caminho certo e muito menos um que ele se orgulhava, mas era o que ele teria de percorrer agora. Era irônico como ele conseguia sentir tanto e não saber descrever nada, a única coisa que Regulus sabia descrever era seu ódio por Voldemort, o homem que ele um dia admirou, e agora destruiria se tivesse uma única chance de torná-lo mortal novamente.
━ Senhor. ━ A voz rouca e fraca assustou Regulus, o garoto se virou rapidamente e viu monstro com uma aparência ainda pior do que tinha normalmente. O garoto rapidamente correu até ele e entregou água ao elfo que parecia desidratado e fraco.
O Black preocupou-se ao ver o estado do Monstro , rapidamente o pegou no colo e correu novamente para seu quarto o colocando em sua cama e o cobrindo com diversas cobertas, a criatura tremia enquanto bebia uma quantidade exagerada de água.
━ Monstro, me diga o que aconteceu. ━ Regulus ordenou sério ao ver que o elfo já estava melhorando, o jovem Black queria saber como monstro teria ficado naquela situação. Ele tentava imaginar qual teria sido a razão para Voldemort torturar um elfo doméstico, embora não duvidasse de sua crueldade sabia que ele não perderia tempo com a criatura.
━ Havia muita água senhor, muita água. ━ Monstro começou a dizer coisas sem sentido para Regulus. ━ Eu estava com tanta sede...
━ Por que você estava com sede? ━ Regulus tentava achar alguma coisa que fizesse sentido, mas tudo parecia estranho para o garoto, Monstro poderia estar delirando e ele tinha que levar isso em consideração. ━ Responda monstro!
━ Havia uma poção, ele me fez beber tanto e eu senti tanta dor, existiam tantas coisas me atormentando e eu estava com tanta sede... ━ Monstro começou a dizer, as coisas faziam mais sentido dessa vez embora Regulus estivesse com dificuldade para entender grande parte. ━ E ele me deixou lá para morrer nas mãos de inferis.
━ Onde monstro? Onde ele te deixou? ━ Regulus perguntou ansioso vendo o Monstro recuperar a sanidade devagar e levantar rapidamente de sua cama parecendo totalmente envergonhado por ter sido tratado como um dos seus senhores. ━ Diga de uma vez, Monstro!
━ Na Caverna de Cristal, senhor.
━ Descobriu o que ele está tramando? ━ Regulus lembrou da razão pela qual teria mandado Monstro para o Lorde das trevas.
━ Sim senhor, foi fácil ele falou o tempo todo durante o caminho. ━ Monstro surpreendeu Regulus com aquela fala, era difícil para o Black imaginar o mestre falando sem parar como uma criança tagarela. ━ Ele certamente pensou que eu estaria morto quando ele acabasse.
━ E o que ele disse, Monstro? ━ Regulus estava tão curioso e preocupado com o que seu mestre poderia estar causando. O Black sabia que ele era uma pessoa terrível que mataria qualquer um que entrasse em sua frente sem hesitar. Mas o fato de que agora ele tinha uma vantagem e poderia saber o que o bruxo tanto escondia o trazia um certo tipo de esperança, talvez não estivesse tudo perdido, talvez ele conseguisse acabar com tudo aquilo.
━ Ele está fazendo coisas terríveis, meu senhor... ━ Monstro piscou algumas vezes parecendo lembrar de tudo que sabia agora. ━ Ele levou um medalhão para esconder na caverna, foi por isso que me fez beber toda a poção, ele escondeu o medalhão lá.
━ Que medalhão, Monstro? ━ Regulus perguntou cada vez mais curioso sobre tudo que estava descobrindo agora. O Black sentia que tinha uma chance novamente, o que Monstro sabia parecia ser importante, uma fraqueza secreta que precisou ser escondida.
━ Era o medalhão de Salazar Sonserina. ━ Monstro respondeu rapidamente e Regulus arregalou os olhos, a realização começando a nascer em sua mente. ━ O senhor precisa fugir!
Regulus olhou incrédulo e confuso para Monstro, o elfo que costumava elogiar sua coragem de ficar. ━ O que?
━ Ele está fazendo coisas, o medalhão é uma horcrux, o senhor precisa ir, fuja para longe antes que ele se torne invencível! ━ As palavras de Monstro saíram como facas e Regulus paralisou no lugar assim que a realização o atingiu.
Quando era mais jovem, até seus quinze anos, Regulus achava que Voldemort era como um deus, uma salvação divina para todos aqueles que mereciam. Regulus tinha recortes de notícias sobre ele e também algumas fotos que suas primas traziam para ele usar como decoração em seu quarto, ele era o ídolo do pequeno Regulus. Era irônico como as coisas teriam mudado e agora Regulus o odiava, eram terríveis e cruéis as coisas que estavam acontecendo por culpa de seu mestre. Só havia dor e destruição em todos os lugares, e sua salvação parecia estar muito longe da realidade.
━ Ele escondeu o medalhão lá? ━ Regulus perguntou vendo monstro concordar rapidamente parecendo curioso sobre as ações de seu mestre. ━ E você pode me levar lá?
━ O que? O senhor não pode ir lá! ━ Monstro, além de ser o elfo de Regulus, também era um amigo. Ele não queria que seu mestre estivesse morto antes de viver uma longa vida.
━ Você pode me levar lá? ━ Regulus repetiu mais rígido dessa vez e então Monstro percebeu que não podia fazer com que o garoto mudasse de ideia.
━ Sim, meu senhor...
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