Theo

- Alô?

- Alou, Bae?

A voz dele está estranha.

- Liam?

- Sou eu. Não, tira a mão daí.

- Liam, você está bem?

Me sento na cama. Que horas são?

- Alô?

- Está me ouvindo, Liam?

- Sim, quem é?

- Você está bêbado?

Onze e quinze da noite? Aonde ele está e por que está bêbado?

- Nãooo, eu só bebi um pouquinho assim, oh.

- Aonde você está? Eu vou te buscar - me levanto da cama e vou até meu closet.

- Mas eu nem sei quem tá falando, você não pode. Ops. Me buscar.

- Porra, sou eu, você me ligou.

- Porra? É você? Não acredito... - ouço Liam rir.

- Quê?

- Oi?

- Me diz onde você está - visto uma camisa e troco de calça.

O Liam nunca deve ter ficado bêbado antes.

- Eu estou na casa do Mason, mas... não, não precisa encostar.

Ele parece estar falando comigo e com mais alguém.

- Quem é Mason?

- Alô?

Outra voz.

- Quem é?

- Oi! Eu sou Mason, amigo do Liam da faculdade. É que a gente saiu pra beber e eu não sabia que ele era tão fraco pra bebida e...

- Não quero saber, só me diz onde ele está.

Não estou com muita paciência pra conversar agora, só quero saber onde ele está.

- Conhece o bar-bero?

- Não...?

- Do lado do mercadão, cara... - consigo ouvir Liam resmungando no fundo da ligação.

- Eu não tenho ideia do que você tá falando, me manda a localização por mensagem. Se não me mandar agora, vai se arrepender.

Encerro a ligação e em menos de um minuto o endereço chega no meu celular.

Vou para a garagem e ligo o GPS. Aonde ele foi se meter uma hora dessas? E por que caralhos ele estava bebendo? Ele nunca bebeu e por que decidiu começar logo agora? Não entende que é perigoso ficar bêbado com gente que ele nem conhece? Só de imaginar alguém tentando encostar nele, o meu sangue ferve.

Em vinte e cinco minutos chego na casa do tal do Mason e enquanto paro o carro vejo Liam sentado na calçada com um cara ao lado dele.

- Que porra voce tava fazendo?

- Sr.Raeken? - Liam estreita os olhos enquanto me olha - Bae! - Ele tenta se levantar, mas tomba para trás e eu e o outro cara o ajudamos.

- Você é namorado dele, né? Foi mal, cara, eu não fazia ideia que ele era tão fraco pra bebida. Alias, eu sou Mason - Mason me entrega o celular de Liam.

- Ele nunca bebeu antes, por isso está assim - Liam vem pra perto de mim e abre um sorriso enorme.

- Você veio beber com a gente, Bae? Que bom que você chegou, eu tava falando pro Mason que você é muuuuito bom de cama haha, você tem um pau muito grande.

Nem fica envergonhado pra dizer essas coisas bêbado, né, Liam?

- Vamos pra casa, Liam - ele me abraça e eu seguro seu corpo.

- Cuida dele, cara, ele não parou de falar de você em nenhum minuto - Mason falou.

- Obrigado por ter ficado aqui com ele - digo - vamos, Liam.

- Espeeera, a gente nem bebeu ainda... você é bonito - ele sorri pra mim.

- Eu sei. Valeu, Mason - digo, indo até o carro e abrindo a porta para Liam.

- Fica bem, Liam - ele diz com uma expressão preocupada.

- Tchauuuu, Masonnnn.

Coloco Liam no carro e entro no banco do motorista.

- Consegue pelo menos colocar o cinto?

- Você tá bravo comigo? - O sorriso dele desapareceu - por que você tá bravo comigo, Theo? - os olhos se enchem de lágrimas - você não quer mais a minha ajuda, é isso?

Droga...

Liam começou a chorar.

Ele está muito bêbado.

- Para de chorar, Liam...

- Você não gosta mais de mim, eu sabia, eu sabia...

Puta merda...

Respira, Theodore... ele está bêbado, tenha paciência.

- Não é nada disso, ok? Vamos pra minha casa e a gente conversa lá. Agora coloca o cinto.

- Pra sua casa? Nós vamos fazer amor?

Porra, é impossivel não rir.

- Nós vamos. Coloca o cinto.

Ele coloca o cinto e me olha com um sorriso, os olhinhos ainda molhados pelas lágrimas.

- Theo, eu... acho que vou...

Porra, meu carro.

[ . . . ]

- THEEEEOOO, olha o cachorrinho!

- Liam, se você continuar gritando assim, eu vou ser expulso do condomínio.

Nós chegamos na minha casa, foi uma longa viagem com o Liam que não parava quieto no banco, ele vomitou no meu carro, depois chorou e ficou colocando a cabeça para fora da janela. Eu não sei como cuidar de alguém bêbado porque nunca fiz isso antes, mas o Liam já está se superando.

- Não vão te expulsar, você é rico, o filho do governador da cidade, todo mundo come na suuua mão - nós entramos em casa.

- Não é bem assim que funciona - murmurei - vamos lá pra cima, você precisa de um banho.

- Eu tô fedendo?

- A cachaça - digo e ele faz uma careta - a gente pode tomar banho juntos?

- Não tomo banho com bêbados - nós subimos as escadas.

- Nem eu. Podemos ou não?

- Não.

- Por que não? Eu... - Liam começa a falar mais baixo - eu queria ver você pelado, por isso te chamei pra tomar banho comigo... mas shiiiiu, é segredo.

- Entendi... - entramos no quarto - senta aí, eu vou pegar uma roupa pra você.

Coloco ele na cama e vou até o closet.

Eu não estou pagando ele para dar trabalho pra mim.

Mas eu não deixaria ele sozinho agora, também não sou assim.

Mesmo não sendo da minha conta. Mesmo que eu não me importe... é claro que eu me importo, até mais do que eu deveria.

Volto para o quarto e ele está sentado na cama passando a mão pelo cobertor aveludado.

- É macio...

- É sim. Vamos.

Ajudo ele a se levantar e vamos para o banheiro enquanto ele está cantarolando uma música.

- Não tem aula amanhã, né?

- Não, bobinho - ele toca meu nariz com o indicador.

- Fica parado, Liam.

Puxo a sua blusa para cima e tiro do seu corpo.

- Depois que você faz isso, você sempre me beija.

- Hoje não - ajudo ele a tirar seus sapatos.

- A gente transou no seu carro, por que não podemos transar agora?

- Porque você está bêbado - tiro a sua calça.

- E daí?

- É errado, Liam.

- Espera... eu não estou bêbado. Eu estou bem ali - ele aponta para o espelho - sou eu... eu tô pelado.

- Ainda não - tiro a sua cueca - agora está - Liam ri.

- Olha... eu tenho uma marca bem aqui... - ele aponta para o seu pescoço - você que fez, Theo... Bae.

- Vem.

Ajudo ele a ir até o chuveiro.

- Consegue sozinho?

- O que?

Quanto foi que ele bebeu?

- Agora nós vamos tomar banho juntos, Theo? - ele perguntou ao me ver tirar a camisa.

- Não - ligo o chuveiro,

- Está fria - ele reclama se afastando da água.

- Eu sei, fica parado.

- Eu não quero... não quero!

Paciência, Theodore...

- Facilita minha vida, Liam... por favor.

- Está muito fria, eu quero ir pra casa... não quero! - ele cruza os braços.

- Nem se eu entrar com você?

- Vai ficar pelado?

- Você fica bem assanhado quando está bêbado.

- Não estou bêbado - ele arrota - ops - começa a rir.

Tiro a minha calça e fico apenas de cueca.

- Vem.

Liam se aproxima de mim e abraça meu corpo.

- Eu não vou beber nunca mais - ele murmurou enquanto entramos debaixo da água fria.

Isso é horrível.

- Não mesmo.

A água cai pelo nosso corpo.

- Eu quero ir pra casa...

- Eu sei.

- Eu não tenho uma casa...

- Eu sei.

- Lá nem é minha casa de verdade... meu pai nem gosta de mim, Theo.

Lágrimas.

- Não chora, está tudo bem.

- Eu sinto falta da minha mãe... eu quero ir pro México.

Mais lágrimas.

A água é fria, mas ele me abraça mais forte e tudo parece quente.

- Tem tanta coisa que eu quero fazer e eu ainda não fiz... e se eu morrer, Theo?

- Você não vai morrer, Liam.

- Todo mundo vai morrer um dia.

- Mas você não vai agora. Para de falar isso.

Não gosto da morte.

Ficamos em silêncio. Eu não deveria estar ajudando ele a tomar banho?

- Theo, acho que eu quero vomitar.

[ . . . ]

- Eu prometo que não vou vomitar.

- Vem logo, eu nem ia te colocar pra dormir no sofá.

Duas horas se passaram, Liam continua bêbado, o banho frio não resolveu muita coisa, mas ele pelo menos parou de gritar.

Depois do banho eu dei uma roupa minha para ele vestir e tentei dar algo pra comer, mas ele não quis comer porque disse que estava cansado e queria tirar uma soneca. Ele nunca falaria algo assim sóbrio.

Nos deitamos na cama, ajudei ele com o cobertor, está frio.

Apaguei a luz, mas o quarto estava um pouco iluminado pela luz da varanda, gosto de dormir assim.

- Eu pensei que a galera da faculdade era legal comigo agora - Liam começa dizer - mas eles só estavam interessados em saber se você era mesmo meu namorado, acho que não acreditam que alguém como eu possa namorar alguém como você - ele solta uma risadinha - eles não estão totalmente errados.

- Não fala isso, Liam.

- Mas é verdade - Liam procura a minha mão e quando encontra com ela brincar com meus dedos - se você não quisesse a minha ajuda, você nunca olharia pra mim com outros olhos.

- Como tem tanta certeza?

- Ninguém nunca me olhou de outra forma, Theo... até eu conhrcer você - estamos encarando o teto, nossos dedos brincando um com o outro para fora da coberta - você me olhou de um jeito diferente, eu acho que me sinto até mais bonito agora, quando você me olha daquele jeito quando fazemos sexo... voce faz eu me sentir bonito.

É bom que ele esteja se aceitando.

- Mas só você consegue fazer eu me sentir assim... eu... eu acho que tudo no mundo é falso, tudo isso é falso, a grama da casa do Mason nem é grama, e brilha muito mesmo que esteja de noite, sabia? Todas as pessoas são falsas, elas são só pedaços de metal - Liam olha para mim - mas eu gosto de você e eu sinto que isso não é de mentira.

Seria muito errado se a gente se beijasse agora?

Por que ele continua se declarando pra mim? Sabe que não é recíproco e...

Você sabe que não é normal você ter sentido a falta dele daquela forma, Theodore. Foram as duas semanas mais longas e entediantes da minha vida sem ele por perto, ficando envergonhado ou dizendo alguma coisa engraçada, falando algo bobo ou beijando meus lábios, me tocando, me sentindo, chamando o meu nome, gemendo o meu nome.

E se for mesmo recíproco?

Talvez não seja por completo.

Eu só quero ele por perto, só isso.

Talvez um pouco mais do que isso.

- A gente pode ir pra Seul? - Saio dos meus pensamentos quando Liam diz de repente.

- Coreia do Sul?

- Sim, eu quero ver a neve.

- Mas aqui neva.

- Quero ver a neve de Seul.

Como se fossem diferentes...

- Mas você não disse que queria ir pro México? - perguntei.

- Eu quero ir pro México e para Seul.

- Você quer muitas coisas.

- Quero você também, mas isso é mais fácil de conseguir.

- Tá dizendo que eu sou fácil?

- Quem?

- Eu.

- Você?

- Sim.

- Sim.

- Sim?

- Não.

Nos encaramos por um instante e rimos.

- Eu estou com sono, é melhor eu dormir - ele diz, ainda segura minha mão - boa noite. Bae... espera, você quer ser meu bae?

- Ser seu bae?

- Sim.

- Mas isso não era...

- Sim ou não?

Ficamos em silêncio.

Me aproximo e dou um beijo em sua testa.

- Boa noite, Bae - digo.

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Oi, pfvr me digam que vcs pegaram a referência de Young Royals.

Até quinta feira ᕙ⁠(⁠ ͡⁠◉⁠ ͜⁠ ⁠ʖ⁠ ͡⁠◉⁠)⁠ᕗ