𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 : 𝟎𝟐
Maki e Yuta estavam certos. Uma festa era tudo o que eu precisava para melhorar o que seria uma noite trágica. Já fazia algum tempo desde que tive a oportunidade de participar de uma verdadeira diversão, tanto tempo que acho que cheguei a me desacostumar com toda a atenção direcionada a mim.
As festas de Aoi sempre foram as melhores em todos os aspectos, e percebo como fiz falta no ambiente assim que o anfitrião vem em minha direção com um grande sorriso no rosto, sorriso este que estava largo demais até para ele, provavelmente sendo um efeito da bebida que ele ingeriu antes da minha chegada.
─ Hey, [Nome]! É muito bom ver a nossa estrela de volta nos holofotes, como vai? ─ ele passa o braço em volta do meu ombro com um tom animado, me trazendo para perto.
─ Quanto você já bebeu, Aoi? ─ questiono com curiosidade assim que o cheiro de álcool inevitavelmente chega aos meus sentidos, me fazendo soltar uma risada enquanto percebo que ele estava mais se apoiando em mim do que me cumprimentando.
─ Foram só quatro doses, tá legal? Eu tô bem ─ ele insiste em dizer, mas claramente não estava tão bem assim, o que era preocupante já que ele era o único que conseguia competir comigo em nível de tolerância.
─ Então esse é o seu limite, hein? Devem ter sido quatro doses bem generosas.
─ Não seja uma estraga prazeres, você já ficou bem pior do que isso das outras vezes, e eu ainda preciso aproveitar minha festa! Além disso, não consigo resistir ao que a Mai trouxe da última viagem ─ o sorriso dele cresce quando ele solta um suspiro satisfeito, como se estivesse se lembrando do sabor do que quer que seja que ele esteja falando, antes de se virar para mim novamente ─ Acho que você deveria experimentar também.
─ Meu caso não está envolvido, Aoi. Estou falando sério, eu não quero ter que terminar minha noite ajudando um bêbado musculoso a encontrar o caminho para o próprio quarto de novo.
Ele se afasta de mim com uma risada contagiante, levantando os braços em sinal de rendição, e me acompanha até um sofá no canto da sala. Este sofá é exatamente onde costumo descansar quando me canso de dançar ou preciso recuperar as energias após uma rodada, e tornou-se quase meu porto seguro a esse ponto.
─ Eu juro que vou me comportar, então você não precisa esquentar com nada essa noite. Só senta aí e relaxa, tenho uma pequena suspeita de que você precisa disso.
─ Muito obrigada pela consideração, Aoi ─ Maki zomba ao se aproximar, sentando-se do meu lado e cruzando as pernas ─ Estou realmente lisonjeada.
─ Nada de ressentimentos, nós nos vemos quase todo final de semana. Vocês não precisam de recepção, já são de casa ─ Aoi alterna o olhar entre Maki e Yuta enquanto eles se acomodam, mas sua atenção é rapidamente direcionada para mim mais uma vez quando tiro o celular do bolso ─ Ah, sim! Eu estava curioso a um tempo, mas qual foi o motivo do seu sumiço? Você sempre aparece em todas.
Diante daquele impasse, eu me sinto paralisada e fico sem palavras. A hesitação quanto a compartilhar minha ausência é palpável, pois se tornou um tema exaustivo e recorrente. Maki percebe meu desconforto sem nem mesmo precisar olhar para mim, conhecendo exatamente a razão. Rapidamente, ela franze a testa e assume a palavra em meu lugar, cruzando os braços em uma postura protetora.
─ Ela estava ocupada com a família, o tio dela está lidando com uma... doença grave ─ declara com uma expressão séria, uma que era capaz de convencer qualquer um. Não acho que essa desculpa precisava ter ido tão longe, mas ainda agradeço pela intervenção pois Aoi parece ter acreditado.
─ Mesmo? ─ e lá estava o tom de pena que eu tanto temia, eu não precisava ter mais alguém se preocupando comigo ─ Por que não contou antes? Eu sinto muito, [Nome].
─ Está tudo bem, ele ficará melhor daqui a algumas semanas. Não há nada com o que se preocupar agora ─ minto, dando de ombros e desviando o olhar para qualquer ponto que não fosse o rosto dele.
─ Que bom, é ótimo ouvir isso ─ ele nota minha atitude e apenas sorri gentilmente ─ Espero que aproveitem a festa ao máximo. Se precisarem de algo, já sabem onde me achar.
Assim, ele nos deixa sozinhos, a fim de se juntar ao seu grupo de amigos que estava do outro lado da sala. A música alta e a fraca iluminação presente no ambiente criavam uma atmosfera quase hipnotizante, era difícil não se sentir envolvido.
Mas o que mais me incomodava nisso tudo eram os odores; bebidas, cigarros e tudo o que pode existir de desagradável nesse tipo de festa. Eram apenas alguns jovens se divertindo, mas ainda assim, o incômodo persistia. Talvez esse seja o aspecto que eu mais odeio desse estilo de vida, e o que me faz questionar se realmente pertenço a esse lugar.
─ Sério, Maki? Doença? ─ questiono divertidamente, me encostando ainda mais no sofá.
─ Foi mal, foi a única coisa que consegui pensar no momento... ─ também é a única defesa que ela dá, estando mais interessada em captar atentamente as pessoas circulando na festa ─ Preciso resolver um assunto, volto logo.
Sigo o olhar dela e avisto Mai de longe conversando casualmente com o ficante de Maki, próximo a varanda da casa. Era deveras incomum que a Zenin mais velha tivesse algum interesse romântico, visto que seu foco estava cem por cento nos estudos, então era provável que esse "ficante" não fosse apenas um caso no fim das contas. E pelo visto, eu não era a única com problemas pessoais mal resolvidos.
─ E você, não ia se encontrar com a Rika? ─ inclino a cabeça para trás para encarar Yuta, que estava apoiado em pé no encosto do sofá atrás de mim, assim que Maki segue seu caminho.
─ Ia sim, mas eu não quero te deixar sozinha ainda ─ ele confessa com um sorriso caloroso, clássico dele.
─ Escuta, eu não quero ser a barreira entre você e a sua namorada essa noite. Relaxa, eu tô de boa ─ devolvo o sorriso com um igualmente adorável, era um fingimento muito bom para dizer o mínimo.
─ Tem certeza?
─ Absoluta.
Ele não parece muito satisfeito com essa decisão, mas deixa escapar um suspiro e coloca a mão no meu ombro de maneira reconfortante antes de se afastar também. Esses dois pareciam meus guardiões pessoais, e eu realmente ficava entretida com isso. Mas talvez eles fossem apenas bons amigos depois de tudo, mesmo que eu não quisesse admitir.
Desço lentamente o olhar para o meu telefone e pressiono os lábios, encarando a tela por um tempo. Quem eu estava tentando enganar agora? Essa seria sim uma noite trágica, independentemente de onde eu estivesse.
Eu não tinha a disposição ideal para aproveitar essa ocasião como eles esperavam, mas ao menos não estava sozinha, o que evitava que eu me perdesse em meus próprios pensamentos. Pelo restante da noite, limitei-me a permanecer no sofá. De forma apática, ouvindo a música, observando o vai e vem e ocasionalmente recebendo cantadas que eu prontamente dispensava.
Em certo momento, sinto a monotonia desse ritmo tomar conta de mim e decido fazer uma breve pausa no banheiro. Ergo-me do sofá e deslizo entre as pessoas, determinado a alcançar a porta do banheiro, apenas para descobrir que estava ocupado.
Com um suspiro de frustração, recosto-me contra a parede mais próxima e cruzo os braços, enquanto meus olhos vagam pelo ambiente. Eles se arregalam de surpresa ao encontrar uma figura alta que me encarava com uma intensidade nada confortável. Satoru Gojo.
Era só o que me faltava. O sujeito que estive tentando ignorar desde que entrei na festa e com a fama mais consolidada possível estava exatamente no mesmo lugar que eu. Gojo se assemelhava muito a mim quando se tratava de relacionamentos e todos os fatores amorosos envolvidos, nunca conseguindo permanecer em uma única parada pelo tédio proporcionado, mas nossas razões provavelmente eram muito diferentes.
No momento, ele parecia muito satisfeito com a descoberta da minha presença enquanto se aproximava, como se estivesse esperando que eu fizesse esse movimento a muito tempo. Não havia como escapar dessa vez, eu seria obrigada a conversar com ele.
─ Você é a [Nome], estou certo?
Eu e ele sabíamos que ele já me conhecia, e que aquela pergunta havia sido feita apenas como uma forma de iniciar seu jogo seja ele qual fosse. Estava estampado na cara dele que nosso encontro não foi apenas uma mera coincidência. Satoru Gojo não era um homem de coincidências, e isso fica bem evidente quando ele insiste em algum objetivo.
─ Sim, sou eu mesma ─ confirmo finalmente, tentando não demonstrar meu descontentamento interno.
Um sorriso atrevido atravessa os seus lábios, mas sua expressão rapidamente se suaviza para uma que quase parecia inocente enquanto ele se inclina levemente em minha direção, o suficiente para eu sentir o rastro quente de seu hálito no meu rosto. Não podia negar que o calor que irradiava dele era bastante tentador apesar das circunstâncias.
─ Que bom, porque tenho uma ótima proposta pra fazer para você agora.
─ Então diga, estou te ouvindo ─ ergui a cabeça, esperando qualquer coisa idiota que poderia sair da boca dele.
─ Sei que você é bem parecida comigo quando encontra alguém atraente e vai me entender, então vou ser bem direto. O que acha de transarmos?
Menos isso.
Apenas pisquei os olhos algumas vezes diante dele, tentando entender a pergunta para conferir se eu não havia cometido nenhum erro ao interpretá-la, mas não existia resquícios de brincadeira ou outro significado em sua entonação. Ele estava realmente tentando me levar para a cama de uma forma muito descarada, uma a qual me pegou totalmente de surpresa. Nenhum homem nunca havia chegado em mim assim, nem o mais confiante deles.
Enquanto penso sobre como deveria ser a minha resposta, sinto um forte aroma de menta invadir meus sentidos e uma presença mais intensa se formar perto de mim. O fitei com as sobrancelhas erguidas, mantendo-me totalmente indiferente ao impacto que ele supostamente esperava causar.
Não era preciso ir muito longe em profundas análises para que eu descobrisse que Gojo era um alfa, e também dava para sentir seu cheiro de longe naturalmente de qualquer maneira, mas sua tentativa não deixava de ser menos engraçada por isso.
─ O que você tá fazendo? Quer me mostrar que pode ser um bom garoto?
Devo admitir que o olhar de surpresa e curiosidade em seu rosto era impagável quando percebeu que eu não tive nenhuma resposta positiva ao cheiro. Sua reação foi mais do que autêntica para alguém como ele, que provavelmente estava apenas tentando usar seus feromônios para me controlar como todos os outros de sua espécie.
─ Você... você é uma beta? ─ ele testou a palavra na boca, franzindo o cenho em um claro sinal de desaprovação.
─ Que pena, não é? Parece que vai ter que se esforçar mais da próxima vez, docinho ─ zombei com um sorriso, aproveitando o tempo de poder que eu parecia ter sobre ele com seu comportamento desnorteado.
Após isso, tentei fazer meu melhor momento de vadia má como naqueles filmes colegiais para sair andando para longe dele, mas sua mão foi mais rápida que meus pensamentos e segurou meu pulso para que me impedisse de movimentar enquanto ele me encarava com os olhos escurecidos antes de murmurar baixo para que apenas eu escutasse.
─ Não importa o que você seja, eu não dou a mínima. Eu ainda vou ter você, [Nome].
─ Não estou dizendo que você é proibido de sonhar, mas no presente momento você pode apenas se contentar em manter suas mãos bem longe de mim ─ retruquei, puxando meu pulso de volta de seu aperto.
─ Ah, então você é das que se fazem de difícil, hein? ─ ele provoca enquanto recua e coloca as mãos no bolso da calça, mas é o suficiente para me fazer realmente gargalhar dessa vez.
─ Não, eu sou a das que gostam de manter o espaço pessoal preservado. Você acha mesmo que pode me tocar quando quiser? O quão acostumado você está com esse tipo de tratamento pra achar que é normal? ─ pauso em minha reflexão para estender a mão e segurar o queixo dele com o polegar ao inclinar sua cabeça para me encarar ─ Não é porque você tem um rostinho bonito que pode fazer o que bem entender.
Nossa diferença de altura não era tão aparente visualmente, então era fácil nos encararmos de perto sem nenhuma dificuldade. E foi exatamente isso que fizemos por alguns breves segundos antes dele tomar a iniciativa e pegar minha mão, depositando um beijo suave nas costas dela. Aquele sorriso não sai de seus lábios nem por um momento enquanto seu tom se torna quase um sussurro, ao ponto de parecer que estava tentando me convencer.
─ Pelo menos você acha que eu tenho um rostinho bonito. É o bastante para que eu tenha uma chance, não é? Eu gosto de um desafio.
─ Você não é o meu tipo... ─ uma verdade que quase chegava a ser uma mentira. Claro que ele tinha suas qualidades e era realmente atraente, mas a personalidade dele estragava qualquer resquício de beleza ainda existente ─ Mas eu adoraria vê-lo tentar.
─ E qual seria seu tipo, exatamente? Eu prometo que posso ser isso, querida.
─ Bom, se quer tanto saber, talvez qualquer homem que não seja você.
─ Sério? Tenho certeza de que se estivesse no meu quarto, você não estaria pensando em outro homem além de mim ─ ele brinca, sua voz agora era um sotaque baixo e sedutor.
─ Acho que devo te parabenizar. É ousado da sua parte pensar que é capaz de me levar para o seu quarto.
─ Ousado o suficiente pra saber que sou mais do que capaz. Inclusive, eu vou ─ ele declara com confiança, entrando no meu espaço pessoal novamente ─ Sei exatamente como descobrir o que as mulheres querem mesmo que tentem se enganar, você não é diferente.
─ Que ótimo pra você, porque eu sou o tipo de mulher que não quer nada ─ tive que conter a vontade de afastá-lo, deixando que ele continuasse com a provocação para ver o quão longe ele estava disposto a levar esse jogo.
─ Não minta para mim, posso dizer que quer isso tanto quanto eu ─ ele provoca com um sorriso malicioso e cruza os braços ─ Então por que não pulamos as preliminares, hmm?
─ Por que você não tenta mais tarde? Quem sabe eu fique bêbada o suficiente para começar a te achar atraente de verdade.
─ Ah, mas eu não gosto de esperar. Por que mais tarde se eu posso ter agora? ─ ele finalmente faz um movimento e me prende contra a parede, posicionando os braços dos dois lados do meu corpo, ainda que não ousasse se aproximar muito do meu rosto enquanto me encarava com um olhar desafiador.
Antes que tenha a chance de reagir, eu sou lembrada do espaço que estávamos e do ambiente ao nosso redor quando a porta do banheiro se abre repentinamente e um rapaz de cabelos negros amarrados em um coque sai dele para presenciar a cena, mas isso não parece intimidar Gojo, que continua me mantendo pressionada na parede.
─ É incrível como você sempre tem que me interromper nas melhores horas ─ ele não estava nem sequer envergonhado dessa posição enquanto virava a cabeça para falar casualmente com o moreno.
─ Cara, eu não interrompi nada dessa vez. Agora é proibido circular pela casa também? Você que deveria escolher um lugar mais apropriado ─ Gojo revira os olhos com essa resposta e estava pronto para rebater quando minha voz se sobressai primeiro.
─ Espera, vocês se conhecem?
O moreno solta um suspiro frustrado, não se importando tanto com minha presença como achei que se importaria. Percebo também que seu olhar permanece fixo apenas nos meus olhos, algo extremamente raro vindo de um homem.
─ Infelizmente.
─ Amigos? E vieram juntos? ─ questiono com um sorriso e ele apenas concorda hesitante com a cabeça ─ Ótimo, vocês devem ter conversado bastante antes da festa. Com quantas mulheres ele disse que ficaria hoje?
─ Huh? ─ minha pergunta inesperada parece o ter pegado de surpresa.
─ Vamos lá, eu conheço a minha própria espécie. Você provavelmente estipulou uma meta pra essa noite, não é? ─ volto a olhar para Gojo em busca de alguma oposição, mas ele se recusa a me responder enquanto continua em silêncio.
─ Oito. Ele disse que ficaria com oito garotas ─ o moreno confessa, ainda que a sombra de uma expressão curiosa e divertida pairasse sobre seu rosto.
─ É verdade? Bom, nesse caso... ─ diminuo o meu tom de voz para algo mais profundo, deslizando meus dedos pelo ombro do platinado na minha frente em um movimento provocativo, recebendo um arrepio involuntário da parte dele em troca ─ Eu te desafio a beber exatos oito shots da bebida mais forte de hoje, um para cada garota. Se você conseguir, a gente sobe as escadas e encontra um quarto confortável para nos acertamos, se é que me entende. Mas se não conseguir, você vai precisar encerrar a noite indo embora.
Tinha o total conhecimento de que oito shots não são exatamente o melhor número para permanecer estável, e não seria nem possível para uma pessoa que não tenha o hábito de beber muito - embora seja uma tarefa perigosa até para quem está acostumado -, mas seria um ótimo plano para ele desistir dessa ideia idiota de investir em mim.
Eu só não esperava que a proposta o acenderia ainda mais, pois agora seus olhos estavam quase brilhando e o seu sorriso era assustadoramente suspeito. Ele parecia feliz demais para alguém que foi desafiado com algo impossível de se realizar.
─ Ok, eu já vi o suficiente ─ o rapaz ao lado coça a nuca desconfortavelmente, se distanciando com pressa antes que algum de nós pudesse dizer mais alguma coisa.
─ Se eu conseguir mais de oito, posso ganhar mais um prêmio? ─ Gojo rebate, voltando a atenção para mim.
─ Cala a boca antes que eu mude de ideia ─ me desvencilho do aperto dele e ele apenas solta uma risada, me seguindo até a mesa de bebidas.
Aoi estava exatamente onde informou que estaria, ou pelo menos onde supôs que saberíamos que estaria. Ele não era um cara que bebia com frequência, mas seu lugar favorito em uma festa era o local onde ficavam as bebidas, sem sombra de dúvida.
─ Você é estranho, sinceramente ─ Aoi comenta, observando Inumaki misturar ingredientes nada convencionais para preparar uma bebida para ele e tendo um aceno como resposta.
Inumaki era mudo e conversava exclusivamente por sinais, mas ele ainda conseguia ouvir e entender as palavras perfeitamente, o que facilitava em certo ponto. Aoi foi uma das únicas pessoas do campus que aprendeu a linguagem apenas para ajudá-lo a se socializar depois que seu intérprete, um sujeito que tinha o apelido de Panda, se formou e foi embora no ano passado. E essa nova dinâmica parecia estar dando certo afinal, visto que Inumaki estava realmente confortável ao nosso redor, o que tornava a presença de Aoi perto dele muito mais recorrente.
─ Ei, o que você disse antes que eu também deveria experimentar? ─ interrompo o momento deles ao me aproximar, fitando a variedade de bebidas espalhadas.
─ Ah, você vai querer agora? É uma vodka de cereja que a Mai recebeu como prêmio de uma competição durante a viagem dela para o exterior. Tenho que confessar, é a melhor que já provei ─ Aoi rapidamente me ajuda a encontrar e segura a garrafa com um líquido vermelho e um rótulo estrangeiro, a entregando para mim.
─ Pode me passar dois copos também? ─ requisito, abrindo a garrafa enquanto Gojo apenas segue meus movimentos com o olhar atento. Se eu não estivesse habituada a isso, essa intensidade me deixaria corada.
─ Tá na mão.
Aoi também pega dois copos próximos e os coloca na nossa frente, inclinando a cabeça com curiosidade quando começo a encher ambos cuidadosamente. Embora aparentasse estar incerto sobre minha relação com Gojo, ele não pergunta nada. Inumaki o cutuca como forma de aviso, já que ele estava nos encarando demais, e ele nos entrega um sorriso enquanto apoia as mãos na mesa.
─ Está tentando comemorar a nossa vitória antes da hora, Gojo? ─ ele pergunta, seu olhar direcionado ao platinado ─ A nova temporada ainda nem começou, por que não vai com calma?
─ Você sabe que nunca comemoro sem vocês, e também não sou tão arrogante assim. Hoje pretendo jogar um jogo bem diferente.
─ Tem certeza de que se envolver com a [Nome] é um ótimo jogo? Dê uma boa olhada, você pode acabar perdendo pela primeira vez ─ ele brinca, sinalizando com a cabeça para o meu lado.
─ Awn, está preocupado comigo? Eu sei escolher as minhas brigas, Aoi ─ o platinado sorri abertamente quando acabo de encher o copo, pegando um deles antes que eu pudesse oferecer.
Não dou uma resposta a essa interação ou a conversa silenciosa em suas trocas de olhares, como se Aoi estivesse duvidando dele. Em vez disso, inclino o copo rapidamente à boca, meus lábios se apertando com surpresa quando o sabor súbito me atinge enquanto lanço um olhar franzido na direção de Gojo para o lembrar de nossa situação.
Ele simplesmente encolhe os ombros com indiferença e segue o exemplo. Um. Restavam apenas sete para o total. A vodka de cereja realmente era boa e tinha um gosto particularmente fantástico, mas ainda tinha medo do efeito que me causaria mais tarde quando meu corpo precisasse lidar com todo esse álcool.
Eu enchi o copo novamente, repetindo o gesto enquanto Gojo acompanhava com tranquilidade. Eu havia cometido um erro? Ele parecia bastante resistente com bebida, já que não esboçou nenhuma reação diferente. Dois. Três. No momento em que termino de esvaziar o quarto, ele respira profundamente e deixa seu copo bater na mesa em um movimento exagerado, soltando uma pequena risada mais divertida que a anterior.
─ Esse é o meu limite, eu desisto.
─ O quê? ─ questiono confusa, já que sinceramente esperava uma resistência maior.
─ Exatamente o que você ouviu. Eu estou fora, você venceu ─ ele suspirou satisfeito, lambendo os lábios para experimentar o sabor adocicado que havia permanecido ─ Não sei se consigo beber mais que essa marca.
─ Então, suponho que isso seja um adeus. Aproveite o resto da noite na sua casa, vai ser mais divertido ─ o provoco, um sorriso surgindo nos meus lábios por conta própria.
─ Claro, eu sou um homem de palavra. Mas o que você acha de mim agora, hein? ─ ele pergunta, se inclinando em minha direção como antes para que apenas eu pudesse ouvi-lo ─ Você está bêbada o suficiente para mudar de opinião sobre eu ser atraente?
Ergui a sobrancelha com o atrevimento que ele tinha, mas não podia negar que ele era bom nisso. Entrei em seu espaço pessoal para fazer o mesmo que ele e sussurrar em seu ouvido: ─ Boa tentativa, idiota.
Ele me dá um sorriso de lobo e olha para baixo, mas sua expressão não se assemelhava a de alguém verdadeiramente derrotado enquanto ele se afastava. Não, ele parecia mais satisfeito do que nunca, como se tivesse alcançado o ponto mais alto da noite.
─ Certo, então eu vou apenas embora como combinamos. Mas eu não tenho nenhuma carona no momento, posso pedir um Uber do seu celular?
─ Vai me dizer que você não tem telefone?
Ele retira o celular do bolso e o levanta na minha direção, exibindo a tela para que eu pudesse ver, revelando que o aparelho estava sem carga alguma.
─ Uau, que conveniente ─ reviro os olhos, tirando o meu da bolsa e o estendendo para ele.
─ Não é culpa minha que a bateria desse descarrega tão rápido ─ ele dá de ombros.
Ao mexer no meu celular, Gojo ficou completamente diferente em sua postura. Parecia mais descontraído, sem toda aquela tensão da tentativa do flerte anterior. Nem mesmo tentou resistir ou continuar com as suas brincadeiras como costumava fazer com outras. Simplesmente desistiu mesmo. Era estranho, mas pelo menos ele demonstrou ser alguém que honrava um desafio.
─ Aqui, obrigado ─ ele me devolve o celular e eu ergo a sobrancelha em confusão, olhando para a tela inicial do aplicativo ─ Relaxa, eu vou me lembrar da placa.
Com essa confirmação, ele se aproxima de mim e segura a minha mão como fez anteriormente para deixar um beijo nas costas dela antes de se afastar e acenar em um gesto imperturbado, como se aquilo não significasse nada.
─ Nos vemos por aí, linda. Mas da próxima, eu definitivamente vou te levar para o meu quarto.
Uma breve risada descrente escapa de meus lábios enquanto o observo partir, sua postura refletindo seu ego elevado. Aquela noite não tinha chegado ao fim só para ele; eu também não estava em condições de ficar ali, e sinceramente, não era minha intenção de qualquer forma. Quatro doses realmente são muita coisa.
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