cap. vinte e dois

Paul estava reunido com a alcateia na clareira da reserva. Os risos e as brincadeiras amistosas preenchiam o ar, mas algo interrompeu aquele momento descontraído. Uma figura surgiu correndo entre as árvores, desajeitada e claramente aflita. Era Pandora.

Seu cabelo estava desgrenhado, e sua respiração saía em arfadas irregulares. Seus olhos estavam arregalados, a expressão tomada pelo pavor. Paul foi o primeiro a notar sua aproximação e, sem pensar duas vezes, correu até ela.

— Pandora? — ele chamou, a voz cheia de preocupação. A menina parecia atordoada, os ombros tensos como se carregassem o peso do mundo.

Ela parou abruptamente, tropeçando nos próprios pés antes de encontrar o equilíbrio. Suas palavras saíram entrecortadas.

— A floresta... — foi tudo o que ela conseguiu dizer antes de levar as mãos ao peito, tentando regular a respiração. — Tem um lobo na floresta. E... um homem.

Paul se aproximou com cuidado, os instintos protetores assumindo o controle. Ele a segurou pelos ombros, tentando ancorá-la na realidade.

— Ei, ei... calma, respira. — Sua voz era firme, mas gentil. — Vamos nos sentar. Você está segura agora.

Ele a guiou até um banco de madeira rústico que ficava perto da entrada da reserva. Pandora deixou-se ser conduzida, as pernas trêmulas e o corpo ainda tremendo. Quando finalmente se sentou, Paul permaneceu ao seu lado, atento a cada gesto dela. Os outros membros da alcateia estavam a uma curta distância, observando com expressões de curiosidade e preocupação.

— Agora, me conte o que aconteceu — Paul pediu, inclinando-se levemente para ouvir melhor.

Pandora passou as mãos pelo rosto, como se tentasse apagar as memórias recentes. Quando finalmente falou, sua voz estava embargada.

— Eu estava dormindo... ou pelo menos achava que estava. Tive um sonho horrível com a floresta. Era escuro, frio, e eu sentia que algo me perseguia. Mas quando acordei, eu não estava no meu quarto. Eu estava lá. Na floresta.

Paul franziu o cenho, mas não a interrompeu.

— Eu comecei a andar, tentando entender o que estava acontecendo. Foi quando o vi... o lobo. Ele era enorme, com olhos que brilhavam como fogo. Mas havia algo mais — um homem. Ele parecia... ele parecia comandá-lo.

A voz de Pandora quebrou nesse ponto, e ela engoliu em seco, como se a lembrança fosse sufocante.

— Ele disse que eu não deveria estar lá. Que não era seguro. Depois disso, eu corri. E a única pessoa em quem consegui pensar foi você, Paul. Eu não sabia para onde mais ir.

Paul sentiu o coração apertar com aquelas palavras. Havia algo profundamente vulnerável na forma como ela o encarava, como se ele fosse sua única ancora em meio ao caos.

— Você fez a coisa certa, Pandora — ele disse, colocando uma mão confortadora sobre a dela. — Mas precisamos entender o que está acontecendo. Você consegue descrever esse homem?

Ela fechou os olhos por um momento, tentando se concentrar.

— Ele era alto. Vestia algo escuro, como um manto que parecia se misturar com as sombras. Seus olhos... eram intensos, quase como os do lobo. Ele parecia saber quem eu era, Paul. É como se estivesse me esperando.

A alcateia estava agora completamente atenta. Sam, o líder do grupo, aproximou-se com um olhar preocupado.

— Você acha que isso tem a ver com os ataques recentes na floresta? — perguntou ele a Paul, mas claramente também queria a opinião de Pandora.

— Ataques? — ela repetiu, alarmada.

Paul hesitou antes de responder.

— Tem havido relatos de criaturas estranhas na floresta. Alguns moradores ouviram uivos e viram sombras que não pareciam de lobos comuns. Achamos que poderia ser algum tipo de predador novo, mas agora...

— Agora parece algo muito maior — completou Sam, cruzando os braços. — Pandora, você acha que esse homem representa uma ameaça direta?

Ela não respondeu de imediato. Havia algo em sua memória, uma sensação que ela não conseguia colocar em palavras. Finalmente, disse:

— Não sei se ele quer me machucar. Mas também não parecia querer me ajudar. Era como se ele estivesse... me observando, esperando algo.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Cada membro da alcateia parecia processar as informações, tentando encaixá-las em algum contexto.

Finalmente, Paul quebrou o silêncio.

— Precisamos voltar àquela parte da floresta. Ver se encontramos alguma pista.

Sam assentiu, mas seu olhar era cauteloso.

— Concordo. Mas você fica aqui, Pandora. Não é seguro para você voltar.

— Eu posso ajudar — ela insistiu, mas Paul segurou sua mão, interrompendo-a.

— Sua segurança é mais importante. Confie em nós. Vamos descobrir o que está acontecendo.

Relutante, Pandora cedeu, embora a preocupação ainda estivesse evidente em seus olhos. Enquanto Paul e a alcateia se preparavam para investigar a floresta, ela ficou na reserva, sentindo-se dividida entre o medo e a necessidade de respostas.

[...]

A floresta parecia diferente daquela descrita por Pandora, mas o ar ainda carregava um peso incomum. Paul liderava o grupo, seus sentidos aguçados enquanto buscava qualquer sinal de perigo. Os outros lobos estavam em suas formas humanas, mas prontos para se transformar a qualquer momento.

— Aqui é onde os moradores relataram ter ouvido os uivos — disse Sam, apontando para uma clareira adiante.

Paul estreitou os olhos, captando um cheiro que não era familiar. Algo estava definitivamente errado.

— Tem alguém aqui — ele disse, transformando-se em lobo instantaneamente.

Os outros o seguiram, e juntos eles adentraram a clareira, prontos para enfrentar o que quer que estivesse esperando por eles.













1. Tô lokinha pra terminar essa fanfic. Então, ela vai ter um rumo diferente do filme. Vou focar no filme em outra fanfic. O que vocês acham?

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