𝑪𝑨𝑷𝑰́𝑻𝑼𝑳𝑶 𝑪𝑰𝑵𝑪𝑶🌙
Theo Raeken
— Pai Nosso que estais nos Céus
Eu nunca entendi o seu propósito.
— Santificado seja o vosso Nome
Nunca entendi o motivo de isso ser como uma obrigação.
— Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade
Não é como se eu fosse rebelde e não acreditasse em Deus.
— Assim na terra como no Céu.
A terra, o céu... será que o céu existe mesmo?
— O pão nosso de cada dia nos dai hoje
Desde pequeno eu cresci ouvindo sobre Deus e todas as maravilhas que ele faz, eu não duvido de sua existência... bom, pelo menos não com tanta frequência.
— Perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido
Mas se o céu existe mesmo, e Deus é tão bom quanto as pessoas dizem ser...
— E não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.
Por que ele deixaria de fora aqueles que são diferentes?
— Amém.
O padre terminou de rezar, e, sinceramente, eu nunca vi a escola assim tão quieta. Geralmente nos dias que o padre fala sobre Deus, todos sempre respeitam quando ele está rezando e rezam juntos e se comportam, é como se a classe realmente fosse civilizada.
Mas há um problema nisso.
Eu não sei rezar.
Por mais que a minha família frequente a igreja desde que eu era bem pequeno, eu nunca aprendi a rezar. Eu posso até ter decorado exatamente todas as palavras ditas de todas as rezas que eu já ouvi, mas não parece ser o bastante.
Não importa o quanto eu reze, eu continuo sentindo a mesma coisa.
Talvez eu esteja fazendo errado.
Ou talvez Deus realmente não ouça esse tipo de pedido...
— Você já comeu? — Ouço uma voz atrás de mim, quando me viro, vejo Liam.
O Liam é uma boa pessoa, minha mãe disse que eu deveria arranjar amizades melhores... o Liam é melhor.
— Ainda não — digo — e você?
Ontem eu e o Liam tivemos um momento divertido, isso me fez querer passar mais tempo com ele, ele é uma pessoa divertida, os meninos deveriam conhecer ele antes de falarem tantas besteiras sobre o Liam.
Todos os alunos da escola estão na grande área externa da escola porque sempre às sextas feiras, o último dia de aula da semana, pela manhã nós rezamos e agradecemos pela nossa semana. É uma tradição que existe na escola desde sempre, então às sextas feiras todos os alunos de todas as séries se reúnem no pátio para isso.
— Também não — Liam respondeu — você quer comer alguma coisa antes de começar a aula?
Nós temos um tempo curto antes de voltar para a aula, acho que dá tempo de comer alguma coisa.
— Vamos lá!
Eu olhei ao redor para ver se os meus amigos estavam por perto e não os vi por aqui, Liam não parece confortável perto deles e eu até o entendo. Muitos deles são bem difíceis de lidar e nem sempre eu concordo com todas as suas atitudes, mas eles são os únicos amigos que eu tenho, de qualquer maneira eu não posso deixá-los.
Nós entramos na escola e caminhamos lado a lado para o refeitório.
— Você ficou sabendo da festa? — Liam me perguntou.
— Fiquei sim, você vai?
— Eu não gosto muito de festas.
Festas são sempre muito legais.
— Mesmo? É uma pena, todo mundo vai estar lá.
— Você vai para a sua casa no fim de semana?
— Sim, já faz um tempo que eu não vejo a minha mãe. E você? — perguntei.
— Eu pretendo ficar aqui — ele falou. Chegamos no refeitório e fomos procurar alguma coisa para comer.
— Eles nos fazem ajudar em algumas atividades para a igreja quando ficamos no fim de semana, os meninos odeiam e por isso raramente ficam aqui — expliquei — você deveria ir com a gente na festa.
— Os seus amigos vão estar lá, eu não quero ter que lidar com eles fora da escola também.
— Mas não vai acontecer nada de ruim, eu posso falar com eles se você quiser.
— Theo, eu agradeço por você me ajudar, mas você não pode ficar me defendendo o tempo todo, dessa forma eles pensam que eu sou realmente indefeso e não posso me cuidar sozinho — Liam falou.
Nós dois pegamos uma maçã.
— Mas... você consegue se defender sozinho?
— Vocês pensam que só porque sou pequeno, não sei me defender?
— Sim — digo, Liam me olhou com indignação.
— Quer pagar pra ver? — ele empurrou meu ombro de leve e em seguida riu.
Ele é fofo.
Quero dizer, ele é legal.
— Vai querer encarar mesmo, Dunbar? — Eu o provoquei.
— Eu não tenho medo de você, grandão — nós dois paramos de andar e Liam ficou em minha frente.
— E eu muito menos de você, baixinho — digo, com um pequeno sorriso de lado.
Liam leva a sua maçã até a boca e dá uma mordida.
— Domingo, eu e você na sala de música — digo, Liam franziu a testa.
— Você quer lutar? — ele perguntou rindo.
— Claro que não, seu bobo — dei uma mordida em minha maçã também — você vai me dar aula, lembra?
— Eu deveria cobrar por isso.
— Qual o seu orçamento?
— Cinquenta por hora, também quero uma massagem — Liam sorriu como uma criança atrevida.
— Você quer que eu massageie seu corpo? — eu ri, roubando a maçã de sua mão.
— Não, bobinho... meus pés — ele deu um chute na minha perna.
— Ei!
— Eu sou muito bom com os meus pés — ele me chutou de novo.
— Então eu deveria te mostrar o que sei fazer com as minhas mãos — segurei seu corpo e comecei a fazer cócegas nele.
— Não, não! Theo, pare com isso, pare! — Liam dizia enquanto ria.
Por um instante eu me esqueci que estávamos em público no meio do refeitório.
— O que estão fazendo? — ouço a voz de Scott atrás de mim e parei imediatamente o que estava fazendo antes.
— Ah, e aí? — limpei a garganta, me virando e vendo Scott, Brett, Gabe e Isaac à minha frente.
— A gente pode conversar um pouco, cara? — Gabe perguntou.
— Sim... Liam — olhei para ele — a gente se vê depois?
Liam assentiu com a cabeça e antes que eu pudesse me despedir direito, ele apenas saiu andando em outra direção.
— Por que estava com ele? — Gabe perguntou vindo mais perto de mim.
— É, vocês pareciam amigos íntimos conversando daquele jeito — Brett parecia confuso.
— Mas eu e o Liam somos amigos — eu disse.
— Escuta, cara — Gabe passou o braço em volta do meu pescoço — ele é um garoto muito diferente da gente.
— Muito diferente — Brett enfatizou.
— Não pega bem você ficar andando com ele, ele vai transformar você em alguém como ele — Gabe falou.
— Se ele fizer alguma coisa suspeita, nos avise — Brett disse.
— Isso aí — foi a vez de Isaac.
— Você sabia que as suas notas em geografia estão baixas? — eu perguntei, Gabe franziu a testa.
— O que?
— Você vai acabar ficando de recuperação nas férias, é melhor se preocupar apenas com isso, e vocês também — apontei para os outros dois — fiquem tranquilos que da minha vida eu sei cuidar muito bem.
Dei dois tapinhas no ombro de Gabe e saí para longe deles, deixando os três para trás com suas bocas abertas.
...⏳...
Liam Dunbar
Eles não são tão bons jogando futebol, as regras que eles inventam não fazem muito sentido e eles são muito agressivos. Assim que saímos da aula, todos se apressaram a vir jogar futebol aqui fora na área externa, o supervisor está de olho em nós e pelo que ele disse, temos que voltar para o dormitório às seis da tarde, agora já passam das cinco.
— Gol!! — Isaac gritou, comemorando o gol que seu time havia feito.
Eu sou do time oposto, formado por Nolan, Mason, Scott e mais três garotos do nosso dormitório. O nosso time está ganhando até então, eu fiz o primeiro gol e Mason o terceiro, estamos jogando bem juntos.
Theo está no time oposto que é formado por Gabe, Brett, Isaac, Stiles e os outros garotos. Eu quase me distraí duas vezes com a imagem de Theo correndo pelo campo um pouco suado e vestido uma regata assim...
Eu preciso afastar os meus pensamentos, Theo agora é meu amigo e eu não posso estragar a nossa amizade com esses meus pensamentos bobos.
A bola estava comigo, eu acabei de recuperá-la do time oposto e então comecei a correr direito para o gol enquanto guiava ela em meus pés, o caminho estava quase vazio, o goleiro parecia um pouco tenso e eu estava preparado e confiante para marcar mais um gol para o time.
Quando eu estava bem perto de chutar, senti um baque contra o meu corpo e imediatamente caí no chão com força, rolando duas vezes pela grama e sentindo uma dor muito forte no meu joelho.
— Falta! — Eu ouvi Garrett, que era o juiz do jogo, gritar.
Olhei para cima, deitado no chão e sentindo dor, vendo Gabe perto de mim, me olhando enquanto ria. Foi ele quem me empurrou.
Me sentei na grama, então vi todos eles correndo em minha direção e quando olhei para o meu joelho que estava doendo, percebi que estava sangrando.
— Liam, você está bem? — Theo foi o primeiro a me perguntar assim que correu em minha direção.
— Você empurrou ele de propósito! — Mason falou para Gabe.
— Que mentira! Eu esbarrei nele sem querer — Gabe se apressou em dizer.
— Existe uma grande diferença entre esbarrar e empurrar alguém, Gabe — Nolan disse.
— Foi um acidente, eu não tenho culpa se a bichinha não aguenta um empurrãozinho — Gabe falou, causando risadas de seus amigos idiotas.
— Você é um idiota, fez isso de propósito porque você vive implicando com ele sem razão — vi Theo empurrando Gabe com força, ele parecia muito bravo.
— Mas que porra! Vai defender seu amiguinho agora? Eu não fiz nada, Raeken — Gabe empurrou ele de volta.
— Eu cansei de ver você agindo como um filho da puta — Theo empurrou Gabe de novo, mas dessa vez foi muito mais forte porque ele caiu no chão.
Eu vi Gabe encarar Theo com ódio, então ele se levantou em um pulo e partiu para cima de Theo para bater nele, enquanto os outros meninos gritavam tentando separar os dois.
— Mas o que está acontecendo aqui?! — o inspetor apareceu correndo vindo na direção do campo.
— Está doendo? — Mason me perguntou enquanto me ajudava a levantar do chão.
— Um pouco — eu respondi distraído, preocupado com a situação em minha frente.
— Parem já com isso!
— Ele veio para cima de mim! — Gabe apontou para Theo.
— Ele que começou e agir como um idiota — Theo respondeu.
— Eu não quero saber quem começou, vocês vão parar com isso agora! — o homem mais velho gritou, ficando no meio dos dois — vocês estão com sorte que o diretor não está agora, mas amanhã bem cedo ele vai ser informado sobre essa arruaça.
— Eu não posso levar a culpa se eu não fiz nada — Gabe diz.
— Você fez sim!
— Será que dá pra vocês pararem!? — Nolan gritou, tomando a atenção de todos eles — o Liam está sangrando, vocês encontram o culpado depois, mas agora ele precisa cuidar disso!
— Liam, está doendo? Você consegue andar? — Theo veio até mim.
— Pelo amor de Deus... — Gabe resmungou.
— O que aconteceu com você? — o inspetor perguntou.
— Eu caí...
— O Gabe empurrou ele — Mason diz.
— Cale a boca, Mason — Brett falou.
— Parem! — o homem diz, já irritado — venha, vou te levar para a enfermaria. Enquanto ao resto de vocês, eu quero que vá direto para o banho e se eu souber que vocês estão brigando de novo, eu vou fazer todos vocês lavarem aquele dormitório imundo com a escova de dente de vocês!
Ele veio até mim e segurou meu braço com um pouco de brutalidade.
— Consegue andar?
— Dói um pouco.
— Você precisa de ajuda, Liam? — Mason perguntou.
— Eu posso ajudar — Nolan diz.
— Não, deixa que eu ajudo — Theo diz.
— Ninguém vai ajudar! Vocês vão para o banho, bando de porcos, estão fedendo!
O inspetor me "ajudou" a sair do campo e me levou para a enfermaria. Meu joelho está doendo muito, mas eu estou preocupado com o Theo, o Gabe parecia muito bravo e ele não vai deixar barato, da mesma forma que ele disse que se vingaria de mim, também acho que agora ele pode se vingar de Theo.
Theo Raeken
Eu não sei o que deu em mim.
Eu fiquei tão irritado quando vi o Gabe empurrando o Liam daquela forma, o meu corpo reagiu primeiro que eu quando eu o empurrei daquela forma e eu sinceramente, faria muito mais se pudesse. O Gabe machucou um amigo, eu não poderia ficar parado sem fazer nada apenas assistindo Liam sangrar, eu tinha que revidar, já que Liam não poderia fazer nada.
Foi estranho, de mesma forma que eu senti raiva, eu também senti medo por ver Liam sangrando daquele jeito, eu queria cuidar dele, ainda quero cuidar dele, e eu me sinto tão confuso por estar tão preocupado com meu amigo... eu nunca fiquei assim tão preocupado com os meus amigos de dormitório.
Com o Liam é totalmente diferente.
Depois do banho eu não fui jantar, não me importei com Gabe me olhando de cara feia e nem com a bronca do inspetor, eu só queria saber se o Liam estava bem. Então eu fugi para a enfermaria.
Aqui não temos a permissão de sair para onde quisermos e quando quisermos, é proibido ficar passeando quando bem entender pela escola, mas eu sou líder de classe e é meu dever ir saber se meu colega de classe está bem.
Entrei na enfermaria escondido, a enfermeira é uma moça muito legal que cuida da gente quando estamos doentes, mas se o supervisor me ver pelo corredor eu vou ter problemas.
Assim que abri a porta, vi Liam sentado na cama e senti o nó em minha garganta se desfazer quando ouvi o som da sua risada. Se ele está rindo, então significa que ele está bem, né?
— O que você está fazendo?
— Oi, tia Mel — digo, entrando na dele completamente e fechando a porta atrás de mim.
— Theo?
— Oi, Liam.
— O que você está fazendo aqui? — ela veio em minha direção com as mãos na cintura.
— Eu queria ver se o Liam estava bem, eu vi aquele montão de sangue — digo.
— Não sabia que vocês eram amigos.
— Você veio aqui escondido só para saber se eu estou bem? — Liam perguntou.
— Sim... você está? — eu fui até ele.
Liam estava com um curativo no joelho e parecia bem aparentemente. Isso me deixa mais tranquilo.
— Estou sim, a tia Mel cuidou de mim — ele falou com um sorriso.
— Cuide do seu amigo, não deixe aqueles meninos brutos fazerem isso de novo.
— Deixa comigo, eu vou cuidar dele! — digo.
— Eu não preciso que cuidem de mim, não sou mais criança.
— Mas somos amigos, amigos cuidam um do outro — digo.
— E quem é que vai cuidar de você?
— Eu sei me cuidar — eu disse.
— Não é justo, se você vai cuidar de mim, então eu tenho que cuidar de você.
— Parem de brigar para ver quem vai cuidar de quem, vocês estão perdendo o jantar, sabia? — a tia Mel falou.
— Eu não estou com fome — digo.
— Mas eu estou — Liam disse — será que eles me deixam comer mais tarde? Eu queria tomar banho primeiro.
— Eles vão fechar o refeitório em breve — digo.
— Esperem aqui — a tia Mel disse de repente.
Aproveitei a sua ausência para falar para Liam algo que estava em minha mente desde hoje cedo.
— Liam, você sabia que essa noite é noite de lua cheia? — perguntei, ele me olhou atentamente.
— Sim! Eu acompanhei no calendário — ele respondeu.
— Será que...
Eu tenho que falar de uma vez.
— Você quer ir ver a lua comigo hoje a noite?
— A lua? Mas onde?
— Depois que todos forem dormir eu consigo escapar... o que acha de vir comigo?
Liam abriu um sorriso.
— Eu adoraria, já faz um tempo que eu não observo a lua... mas não tem risco de sermos pegos?
— Eu já disse, eu sou mais ágil do que pareço ser — deu uma piscadela para ele e Liam riu.
— Olhem, meninos — Mel voltou de onde ela havia ido — eu trouxe lanche de casa, mas comi na rua e não vou ter fome tão cedo, fiquem com isso — ela me entregou um pote.
— Mas é sua comida, não podemos aceitar — Liam diz.
— Não se preocupe, eu tenho mais lá dentro. Aí tem sanduíches de atum, presunto e queijo com maionese, comam escondidos ou não sobrará nada — ela falou.
— Isso é muito legal, obrigado, tia — digo.
— É, muito obrigado, tia — Liam agradeceu com um sorriso.
— Agora vão antes que o supervisor apareça! E cuide desse joelho, querido — ela falou.
— Pode deixar, tia. Obrigado.
Liam desceu da cama e eu percebi que ele estava mancando um pouco, então eu o ajudei a caminhar.
— Se apoie em mim.
— Não precisa.
— Precisa sim.
— Eu estou bem.
— Não seja teimoso.
...⏳...
Liam Dunbar
Estou fingindo que estou dormindo há um tempão, desse jeito eu vou ficar cansado e acabar dormindo de verdade. Depois que saímos da enfermaria, Theo me ajudou a ir para o banheiro sem que o supervisor nos visse e enquanto eu tomava banho ele até pegou roupa limpa no dormitório para mim.
Ele me chamou para ir ver a lua cheia com ele, então estamos esperando que todos durmam para que possamos sair escondidos lá para fora. O clima no dormitório não está dos melhores, Gabe e seus amigos parecem estar bravos comigo e principalmente com Theo, mas eu não quero pensar nisso agora, só quero ir ver a lua com o Theo e tentar não pensar no pior.
— Eles dormiram — senti a mão fria de Theo tocar meu braço.
— Você me assustou.
— Desculpa. Vamos?
Depois dos sussurros, me levantei e nós dois fomos até a porta em completo silêncio. Vi que Theo estava com uma mochila nas costas, provavelmente para carregar o lanche que a Mel nos deu, já que até agora nós ainda não comemos e eu estou morrendo de fome.
Ele abriu a porta e nós saímos de fininho, caminhando pelo corredor um ao lado do outro tentando fazer o mínimo de barulho, pareciamos dois ratinhos com medo de serem pegos por um humano.
A longa caminhada ficava cada vez mais aflita ao passar do tempo, até que chegamos até a porta e Theo tirou uma chave do bolso. Me pergunto como ele pode ter a chave da porta, acho que o líder da classe não pode ter acesso a isso, mas então como será que Theo conseguiu a chave?
Theo abre a porta e eu passo primeiro, meu joelho está doendo, mas é melhor eu não dizer nada porque Theo se preocupou muito comigo hoje.
— Olha só quantas estrelas — eu sussurrei enquanto olhava para o céu e Theo fechava a porta.
— É mesmo — ele diz no mesmo tom — vem — Theo segurou a minha mão.
Nós fomos para o outro lado do jardim e Theo ainda segurava a minha mão enquanto tirava uma alça da mochila do ombro. É bom esse tipo de contato, mas me causa frio na barriga.
— Eu queria trazer suco, mas eu não consegui arranjar em lugar nenhum, então eu trouxe água — ele soltou a minha mão.
Nos sentamos na grama e olhei para o céu novamente, a lua está muito bonita hoje.
— A lua está...
Nós começamos a dizer juntos e paramos assim que percebemos, então rimos.
— Aqui, coma um pouco — ele tirou o pote de dentro da mochila e me ofereceu um sanduíche.
— Obrigado.
Logo dei uma grande mordida, sentindo o gosto do presunto, queijo e maionese na minha boca. Isso está muito bom.
— A tia Mel é muito legal — digo.
— É mesmo, uma vez eu até fingi estar resfriado só para passar uma noite na enfermaria, ela sempre me dá comida — Theo falou e eu ri.
Isso com certeza é uma coisa que eu faria para passar um tempo longe do dormitório.
O tempo passou devagar, nós comemos alguns sanduíches enquanto conversamos sobre coisas aleatórias. Até que os sanduíches acabaram e tudo que nos restou foi fazer o que realmente estava planejando desde o começo, observar a lua.
Observar a lua na companhia do Theo, me passa um sentimento de paz.
— Você vai voltar para a sua casa amanhã, certo? — Eu quebrei o silêncio.
— Sim, já faz um tempo desde a última vez que voltei... confesso que eu não queria ter que lidar com o meu pai...
— Eu entendo perfeitamente o que é ter problemas com o pai — digo.
Entre passar o fim de semana aqui ou na minha casa, aqui é a melhor escolha que eu posso fazer.
— Tente não sentir a minha falta — Theo disse.
— Eu nunca sentiria — brinquei e ele riu — Você vai para a tal festa?
— Depois do que aconteceu eu não tenho tanta certeza.
Theo pareceu ficar um pouco chateado depois de dizer.
— Você não deveria ter brigado com seu amigo por minha causa — digo.
— Eu não poderia deixar impune.
— E por que não?
Nós dois nos olhamos por um breve momento.
— Você também é meu amigo, eu só queria te ajudar.
— Mas se me ajudar for meter você em problemas, então eu não quero que você faça isso.
— Apenas se preocupe em se recuperar logo, deixe o resto comigo, Liam.
— Você diz como se fosse resolver todos os problemas do mundo.
— Não custa tentar — ele sorri.
O Theo tem um sorriso muito bonito...
Ficamos em silêncio mais uma vez.
Não é desconfortável, pelo contrário.
Nós dois olhando para o céu, mãos na grama verde e respiração calma.
Já faz tempo que eu não sinto esse tipo de tranquilidade.
Eu acho que se não fosse pelo Theo, os meus dias aqui seriam horríveis, porque mesmo se eu tenho um dia ruim, Theo acaba aparecendo e fazendo algo legal por mim.
Poderiam existir mais Theo 's no mundo.
Eu senti algo tocar levemente o meu dedo, o toque foi se tornando mais próximo e eu senti meu coração bater tão rápido de repente que eu mal conseguia respirar direito. Era a mão de Theo que estava se aproximando da minha.
Mas porque eu me sinto assim? Ele segurou a minha mão há minutos atrás, eu não preciso me sentir assim agora...
Por que ele está fazendo isso?
Os nossos dedos se tocam levemente, então eu sinto um carinho singelo no meu dedo indicador e um pequeno e involuntário sorriso se forma no canto do meu lábio.
Acho que noites de lua cheia de tornaram as minhas favoritas.
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