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                         𝗕𝗮́𝗿𝗯𝗮𝗿𝗮 𝗣𝗮𝘀𝘀𝗼𝘀

Eu ainda estava em choque por ter reencontrado o Victor. Falar que não mexeu com meus sentimentos seria uma mentira.

Senti vontade de abraçá-lo e não soltar mais, para que ele nunca saísse do meu lado independente de tudo. Mas não posso, não foram duas semanas ou dois meses, foram dois anos. Dois anos longe dele, sem ter nem ao menos uma notícia de como ele estava!

Liam me buscou em New York e acabamos de chegar em New Haven. Não consegui nem conversar com ele direito. Ainda estou tremendo e não paro de pensar no ocorrido de mais cedo.

Quando chegamos no meu apartamento, deixei minha bolsa em cima do balcão e me sentei no sofá. Eu só queria ligar pra Carol e contar a ela o que tinha acontecido, mas vou ter que deixar pra amanhã, já que Liam vai dormir aqui hoje.

——— Como foi seu dia hoje? Você nem falou nada...——— Liam pergunta.

É algo comum entre nós dois conversar sobre o que cada um fez no dia e as novidades.

——— Foi bom. Consegui um estágio pra quando esse atual acabar. ——— sorri de lado.

——— Meu Deus, que legal, amor. ——— ele vem até mim com um sorrisão e deixa um selinho em meus lábios.

——— Sim. ——— puxo ele para se sentar ao meu lado. ——— E o seu dia, como foi?

——— Normal, o mesmo de sempre. Só que hoje teve um trabalho fodido que valia alguns pontos, mas consegui fazer. ——— sua mão deslizou pela minha bochecha e acariciou ali. ——— Amanhã é sábado, hoje podemos ficar até mais tarde acordados...

——— Filme e pipoca? ——— pergunto.

——— Sim.

——— Então tá. Preciso tomar um banho primeiro, para poder ficar relaxada. ——— me levantei.

——— Vou junto. ——— Liam se levantou também.

——— Tudo bem...

Eu queria tomar um banho para pensar sobre algumas coisas, mas acabei não protestando sobre Liam ir junto.

Nosso banho foi rápido, não rolou nada. Quando saímos, nos trocamos e fomos fritar a pipoca.

Com tudo pronto, nos deitamos e fomos assistir alguns filmes no quarto.

Liam acabou dormindo mais ou menos perto das duas da manhã. Desliguei a televisão e me levantei da cama com cuidado para não acorda-lo.

Deixei o balde de pipoca e os copos, que antes tinham refrigerante, em cima da pia e fui até a varanda, fechando a porta e me sentando no sofazinho que tinha ali.

Disquei o número da minha amiga e deixei tocar. Eu não conseguiria esperar até amanhã, preciso conversar com ela sobre isso.

Carol não demorou para me atender.

——— Oi, Babi. Tudo bem? ——— ela disse assim que atendeu.

——— Oi, está sim. ——— abracei meu próprio corpo quando uma brisa gelada bateu sobre meu corpo. ——— É que...preciso de contar uma coisa.

——— Pode falar.

——— Me encontro com Victor. ——— falo e ela continua em silêncio do outro lado da linha. ——— Pensei que era uma entrevista para um novo estágio e quando cheguei lá o chefe era o Victor. Ele veio atrás de mim.

——— Aí. Meu. Deus! ——— ela fala pausadamente. ——— Eae? Como foi?

——— Eu fiquei muito surpresa, de verdade...eu não esperava ver ele. Foi estranho, muito estranho.

——— Quero os detalhes. ——— minha amiga fala.

——— Amanhã vem aqui em casa e eu te conto, o que acha? ——— pergunto.

——— Sim, pode ser. A gente aproveita e fofoca sobre outras coisas.

——— Beleza. Vem lá pelas onze da manhã, aí a gente faz almoço e fica a juntas.

——— Tá bom. Vou ir deitar agora, beijos, até amanhã. Amo você.

——— Te amo. ——— desligo o celular e me coloco de pé, retornando para o quarto e me deitando ao lado do meu namorado.

No outro dia acordamos por volta das dez da manhã. Liam foi embora para sua república e um tempinho depois Carolina entrou no meu apartamento, segurando algumas sacolas na mão.

Me aproximei dela e deixei um beijo em seu rosto.

——— O que você trouxe aí? ——— perguntei já começando abrir as sacolas, com curiosidade.

——— Coisinhas para fazermos lasanha e algumas cervejinhas para tomarmos enquanto cozinhamos e fofocamos.

——— Ótimo, era tudo que eu precisava. ——— abraço minha amiga de lado e ela deixa um beijo em meu rosto.

Organizamos as coisas e começamos a cozinhar.

——— O que vocês estão pensando em fazer amanhã no aniversário do Arthur? ——— pergunto e bebo um gole da minha cerveja.

——— Não sei, provavelmente hoje ele vai planejar alguma festa, você sabe como ele é.

Realmente. Ano passado o Arthur deu uma festa gigantesca que até polícia deu. Provavelmente a de amanhã será no mesmo nível.

——— Mas agora vamos ao que interessa...——— Carol fala. ——— Como foi ontem, quando encontrou Victor?

Respiro fundo. ——— Foi torturante. Senti um monte de coisas ao mesmo tempo, sabe? Eu estava com raiva mas queria abraça-lo e beija-lo. Você sabe o tanto que eu sofri quando ele se foi, e agora ele aparece assim? Do nada? Mexeu muito comigo.

——— Eu imagino. No fundo eu sabia que ele alguma hora iria voltar atrás de você. Você foi a primeira e a única que fez ele se sentir diferente, que ele se apaixonou e amou. Não sei se ele tem capacidade de amar outra mulher.

——— Eu sei. Mas ele não pode achar que voltando, eu correria pros braços dele. Ele me disse que mudou, que começou a se cuidar e eu acredito nisso porque percebi a diferença. Nós dois mudamos, amadurecemos e não dá para simplesmente voltarmos a ser como antes. Além do mais, eu estou em outra, Liam é um cara perfeito e não quero jogar tudo pro ar pra apostar em um relacionamento que eu nem sei se vai dar certo, já que deu errado uma vez.

——— Você está certa, deve seguir o seu coração.

——— Meu coração é do Victor, Carol. ——— molho os lábios. ——— Mas devo agir racionalmente. Vou começar a trabalhar com ele daqui uma semana.

——— Sério? Isso poderia unir vocês novamente, fazer com que vocês se entendam, vejam como o outro está e quem sabe da certo?

——— Nem sei o que pensar...——— nego com a cabeça e começo a mexer o molho branco. ——— Sinto saudade dele.

——— Sei que sente, é normal. E agora que ele voltou, todos os sentimentos que estavam guardados vieram a tona.

——— Sim. Arthur vai chamar ele pro aniversário amanhã?

——— Não faço ideia, Babi. Talvez sim.

——— Vai ficar um clima de merda. Imagina só? Eu lá com Liam...preciso me preparar psicologicamente.

——— Precisa mesmo. Vamos encher a cara amanhã, só para te avisar. Quero curtir muito.

——— Cuidado pra não extrapolar igual você anda fazendo...——— alfineto.

——— Me respeita, piranha.

Dou risada.

Tínhamos acabado de almoçar e estávamos jogadas no sofá. Lá fora estava chovendo e ventando.

——— Que clima de dia triste. ——— minha amiga fala.

——— Verdade. ——— confirmo com a cabeça. ——— Combinando com a situação da minha vida ultimamente.

Carol da risada.

Passamos o restante da tarde na morga. Carol foi embora por volta das sete da noite.

Liam me mandou mensagem me chamando para jantar. Me arrumei e ele passou aqui para me buscar.

Fomos a um restaurante e jantamos, depois fomos tomar sorvete e Liam me deixou em casa.

Deixei um beijo lento em seus lábios e desci do carro, fechando a porta.

——— Te vejo amanhã, gostosa. ——— ele manda um beijo pela janela e eu abro um sorriso pra ele.

Entro na portaria e cumprimento o porteiro. Entro no elevador e me encosto no espelho. A porta abre no meu andar e eu saio do elevador. Virando no corredor do meu apê.

Paro de andar quando vejo a silhueta do Victor parada em frente à porta da minha casa.

Seus olhos pousaram em mim e ele sorriu de lado.

Com as pernas trêmulas caminho até ele. Quando finalmente paro em sua frente, por algum tipo de impulso os meus braços rodeiam seu pescoço, o puxando para um abraço.

Seus braçais rodearam minha cintura, me abraçando fortemente.

Depois de um tempo me afastei, um pouco sem graça. Não entendi o motivo desse abraço, o motivo pelo qual eu simplesmente o abracei.

——— O que veio fazer aqui? ——— pergunto e coço a ponta do meu nariz.

——— Não sei...Eu estava com Arthur e ele acabou de contando aonde você morava. Eu estava indo pra casa e dirigi automaticamente até você.

——— Acho...——— abaixo a cabeça. ——— Acho que é melhor você ir embora.

——— Estou com uma saudade de você...

——— É complicado, não é assim que as coisas funcionam. ——— pego minha chave dentro da bolsa e destranco a porta, abrindo.

——— Bee...

——— Não me chama assim.

——— De como vou te chamar? Você é minha bee. ——— desvio o olhar e apoio a cabeça no batente da porta.

——— Vai embora, Victor!

——— Okay...Tá legal, eu vou. Mas saiba que não vou desistir de você nunca. 𝗡𝘂𝗻𝗰𝗮!

Ele se aproxima e deixa um beijo em meu maxilar, fecho os olhos e logo escuto seus passos se afastando de mim.

—

Hum...qual a conclusão de vocês sobre esses dois e a confusão da cabeça da Babi?

Só observo 👀