24
Interajam. 50 comentários
( sem comentários repetidos)
𝗩𝗶𝗰𝘁𝗼𝗿 𝗔𝘂𝗴𝘂𝘀𝘁𝗼
Bárbara leva uma colherada de sorvete até a boca e olha ao redor, parecendo pensar em algo.
——— Não sei se é impressão minha, mas parece que as pessoas estão evitando falar comigo, como se eu não existisse. Bom, as pessoas não, os homens! ——— ela fala e olha pra mim. ——— Meus colegas de turmas nem estão se sentando ao meu lado.
——— Deve ser impressão sua. ——— dou de ombros e mordo um sorriso.
Bárbara franze o cenho e deixa o sorvete na mesa, apoiando os cotovelos na mesa e cruzando os dedos.
——— Por que isso está me cheirando coisa sua? ——— ela pergunta. ——— Você fez alguma coisa, Victor?
——— Não. ——— falei e ela relaxou os ombros, voltando a pegar seu sorvete e levando uma colher até a boca. ——— Só deixei um aviso no vestiário masculino que se alguém chegasse perto de você eu iria cortar o pau fora.
——— Você o que? ——— ela perguntou exaltada e abriu a boca, parecendo surpresa com aquilo. ——— Você tem problema, sério mesmo. ——— Bárbara aponta a colher na minha direção. ——— Precisa procurar um psiquiatra urgentemente!
——— Não exagera, Bee. Eu estou sendo cuidadoso com você, deveria me agradecer por ter tal preocupação.
——— Agradecer você? Senhor. ——— ela bufa. ——— Isso não é preocupação, é o seu ciúme doentio!
——— Ciúme? Não tenho ciúme. ——— fui irônico.
——— Ah, imagina se tivesse então. Coitada de mim! ——— pego a colher da sua mão e levo um pouco de sorvete até a minha boca, depois entrego a colher para ela novamente. ——— Você foi assim com todas?
——— Como assim? ——— pergunto.
——— Todo esse ciúme, obsessão e possessividade.
——— Não. Claro que sempre gostei de exclusividade, mas não durava nem três dias. Com você é diferente, é automático minha loucura por você. ——— falo.
——— Por que? ——— ela pergunta.
——— Sinceramente eu não sei. Senti algo na primeira vez que te vi, algo que eu nunca tinha sentido antes. ——— confesso. ——— Eu só não sei o que é esse sentimento.
——— Eu entendo...——— ela fala e desvia o olhar. ——— Gosto de você mais do que eu deveria gostar. Eu sei que não deveria, você não é saudável para mim e ainda vai me machucar muito. Mas eu não consigo mais me afastar.
——— Nem se você quisesse se afastar, não poderia, eu não deixaria! ——— lembro ela e Bárbara confirma com a cabeça.
——— É...eu sei. ——— ela respira fundo.
Seguro seu queixo de leve e faço ela voltar a olhar para mim.
——— Eu estou tentando, por você. Não quero te machucar mais.
——— Sei que está tentando.
——— Que bom.
Selo nossos lábios em um beijo calmo. Sua mão larga o pote de sorvete e segura minha nuca, aprofundando o beijo.
——— Parem com essa trocação de saliva porque vou comer minha rosquinha. ——— escuto a voz da Carolina e separo meus lábios dos de Bee.
——— Para de ser chata, loirinha azeda. ——— implico Carol e ela revira os olhos.
——— Está quase dando a hora das notas saírem, estou nervosa! ——— a morena fala e passa a mão pela testa.
Era sexta à noite, tínhamos feito provas hoje de manhã e as notas vão sair daqui a vinte minutos. Não estou nervoso com isso, mas Bárbara está e muito!
——— Não fica aflita, Bee. Eu tenho certeza que você se saiu bem em todas! ——— passo meu braço pelo seu ombro e a puxo pra perto de mim, deixando um beijo no topo da sua cabeça. ——— Você é inteligente.
——— Não consigo não ficar aflita. Eu entrei aqui por causa das minhas notas, se elas abaixarem meus pais me matam!
——— É só você não contar para eles, caso aconteça. ——— Carolina fala e eu concordo.
——— É meu pai que paga, ele deixou claro pro Decanto que se eu tirasse notas abaixo da média era pra ele avisar.
——— Mas você não vai tirar nota ruim, amiga. Além de prestar atenção em todas as aulas, você estudou pra caralho.
——— Verdade. ——— confirmo. ——— Quinta feira te ajudei a estudar, ficamos até de madrugada. Você não errava nada que eu tirava de você.
——— Eu espero. ——— ela abre um sorriso de lado.
Continuamos ali conversando. Os amigos de Bárbara passaram próximos da gente e acenaram para ela.
——— Eu já volto. ——— Bárbara falou pra mim e Carolina e se levantou, indo até seus amigos e logo sumindo das minhas vistas.
Carol e eu continuamos ali sentados por um tempinho. Bárbara não apareceu então fui para o meu dormitório e fiquei lá por um tempinho.
Bárbara e eu sempre estávamos dormindo juntos todos os dias, deu certo horário e ela ainda não havia aparecido no meu dormitório.
Fui até o dela e bati na porta, escutando a voz de Carolina falando que podia entrar. Abri a porta e entrei.
A cama da Babi estava arrumadinha, do mesmo jeito que ela havia deixado de manhã antes de sairmos para a aula.
——— Cadê a Babi? Ela está tomando banho? ——— perguntei para Carol.
——— Não. Ela foi pra cidade dela.
——— Que? Como assim? Ela nem me avisou nada.
——— Quando voltei pro dormitório ela estava conversando no telefone, com a mãe dela. Os olhos dela estavam cheios de lágrimas. A única coisa que ouvi ela dizer na chamada foi " por que vocês não me disseram antes?"
——— Merda. O que será que aconteceu?
——— Perguntei e ela não me explicou direito, só disse que estava indo passar um tempinho em sua cidade. Pelo que deduzi, é algo com os pais dela.
——— Você sabe em qual cidade ela mora? Nunca tocamos nesse assunto.
——— Não faço ideia. ——— a loira responde negando com a cabeça. ——— Vai atrás dela?
——— Queria, pelo que você falou ela não está bem.
——— Realmente...Bom, liga pra ela.
——— Vou tentar. ——— peguei meu celular no bolso e fui até o contato dela, ligando na mesma hora.
Chamou, chamou e caiu em caixa postal. Eu liguei mais 2 vezes e nada dela atender.
——— Porra! ——— xingo e guardo o celular no bolso.
——— Tainá deve saber aonde ela mora. As duas são bem amigas, com certeza sabem o endereço uma da outra. ——— Carol fala.
——— Creio que sim. Mas Tainá me odeia e eu acho que não falaria para mim. Que tal você pedir? ——— pergunto e Carolina ri.
——— Está doído? Tainá me odeia mais do que odeia você. ——— acho que não, mas okay.
——— Foda-se então. Vou pedir eu mesmo. Se ela não falar, descubro de outra forma.
Saio do dormitório e sigo rumo ao de Tainá. Quando cheguei na porta bati algumas vezes, mas ninguém atendeu.
Quando eu já estava prestes a ir embora, Tainá abriu a porta com uma cara de sono e mau humor.
——— O que você está fazendo aqui, Victor? São 23h da noite! ——— falou rispidamente.
——— Sabe em que cidade Bárbara mora e o endereço? ——— ignoro sua ignorância e faço a pergunta.
——— Sei!
——— Me fala.
——— Não.
——— Tainá...
——— Pra que você quer saber disso? Pergunta pra ela, uai!
——— Ela foi pra cidade dela, Carol disse ela estava mau e que provavelmente é algo com os pais.
——— Ela não me disse nada...——— Tainá disse preocupada.
——— Não disse pra ninguém. Quero ver como ela está, ela não atende.
——— Ver como ela está ou vigiar?
——— Pelo amor de Deus! Vai me falar o que pedi ou não?
Ela parece pensar um pouco sobre falar ou não falar.
——— Summerville, rua B, número 120.
——— Valeu!
Me apressei em voltar pro meu dormitório. Coloquei algumas coisas minhas em uma mochila e logo estava na estrada.
Demorei seis horas para chegar aqui. Já estava começando a amanhecer. A cidade era pequena, mas era bem bonitinha.
Já estava na frente da casa da Bárbara e eu não sei se toco a campainha ou espero alguém abrir a porta e eu perguntar sobre Babi.
Aqui fora estava muito frio, tipo, pra caralho. Estou tremendo e a neve já começou a cair por aqui.
Acho que vou ter que tocar a campainha.
Criei coragem e apertei o botão, podendo escutar daqui de fora o som se alastrando pela casa.
Esfreguei minhas mãos uma na outra e mordi o lábio.
Pela porta, vi a sombra de alguém de aproximando. A porta se abriu e era uma mulher, notei a semelhança que tinha com Bárbara e deduzi ser a mãe dela.
A mulher estava com os olhos cansados -provavelmente a acordei-. Ela me olhou de cima a baixo com o cenho franzido.
——— Pois não?
——— Oi, desculpa pelo horário, Bárbara está aí? ——— perguntei.
——— Quem é você? ——— ela perguntou confusa.
——— Victor. Sou namorado dela.
O semblante dela mudou e abriu um meio sorriso.
——— Ah...ela não me disse que tinha um namorado. Bárbara está lá em cima dormindo. Entre, vou te levar até lá.
Ela me deu passagem e eu entrei. A porta se fechou e o frio passou. Aqui dentro estava aquecido e aconchegante.
Ainda estava escuro dentro da casa, já que estava mais a noite do que de manhã. A mulher acendeu uma luz e pude ver a escada.
Começamos a subir. No andar de cima, ela abriu uma porta em um grande corredor, o quarto estava escuro.
——— Esse é o quarto dela, pode entrar.
——— Ela está bem? Ela não avisou pra ninguém que estava vindo. Foi meio que do nada.
——— Contei a ela que eu e o pai dela nos divorciamos. ——— ela contou de uma forma triste.
——— Ah...sinto muito.
——— Obrigada. ——— ela sorriu. ——— Vou ir para o meu quarto e tentar dormir mais um pouco.
Confirmei com a cabeça e ela entrou em outro quarto, fechando a porta em seguida.
Entrei no quarto de Bárbara e fechei a porta. Tateei até encontrar um abajur, acendendo ele.
Babi estava deitada em meio a cobertas, tão pequena em comparação a grande cama de casal...
Deixei minha mochila em cima de uma poltrona e me aproximei da cama, tirando meus tênis e me deitando ao lado dela.
Pelo movimento da cama Bárbara começou a se remexer e logo abriu os olhos, olhando ao redor. Quando seus olhos pararam em minha ela pareceu confusa. Então se sentou e passou a mão pelo cabelo.
Reparei que seus olhos estavam inchados e vermelhos, assim como a pontinha do seu nariz. Isso indicava que ela havia chorado e não tinha sido pouco.
——— Victor?...——— sua voz saiu rouca.
——— Você sumiu, Bee. Eu tive que vim até aqui ver se você estava bem.
Ela me abraçou fortemente, colocando o rosto na curva do meu pescoço e jogando sua perna por cima das minhas. Abracei sua cintura e colei mais nossos corpos.
——— Quer conversar sobre o que aconteceu? ——— perguntei.
——— Não. Agora não.
Levei minha mão até o abajur, desligando ele e deixando o quarto escuro novamente.
—
Postando tarde porque foi o único horário que deu.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top