cap.013; acorde

Zuko encarava o horizonte, as mãos firmemente apertadas no corrimão do navio. Sua expressão era um misto de frustração e raiva, uma tempestade que ele não conseguia disfarçar. Primeiro, o Avatar escapara de suas mãos — outra vez. E depois, a garota conhecida como Ethereal, Amadahy, que poderia ter sido um trunfo inesperado para ajudá-lo a finalmente capturar o Avatar, desaparece de forma misteriosa, assim como surgiram. Era como se ambos estivessem fadados a frustrar todos os seus esforços.Ao lado de Zuko, seu tio Iroh observava silenciosamente, ciente da fúria do sobrinho, mas também compreensivo. Ele sabia que Zuko colocava um peso descomunal sobre seus ombros, especialmente quando se tratava de seu retorno à Nação do Fogo e a restauração de sua honra. A presença de Amadahy, mesmo breve, trouxe um vislumbre de algo diferente — uma possibilidade de ajuda que ele sequer perceberá até o momento em que ela sumira.

– Ah, meu sobrinho, - Iroh disse com um tom tranquilo. – Você deve se lembrar de que, às vezes, aquilo que perdemos tem uma forma estranha de retornar a nós. Talvez ela tenha ido embora por algum motivo que ainda não conseguimos compreender.

Zuko bufou, desviando o olhar, impaciente.
– Perder o Avatar já foi ruim o suficiente. Mas agora também perdemos alguém que parecia ter informações sobre ele. E sobre o que quer que seja essa... Ethereal. Como posso confiar no destino se até meus aliados se perdem? - Iroh sorriu serenamente.

– Talvez o destino nos traga o que precisamos na hora certa. A paciência é uma virtude que vale a pena cultivar.

Zuko ia responder, mas antes que pudesse, um som estranho ecoou pelo ar. Era como se o vento tivesse mudado de direção de repente, carregando consigo um sussurro distante. Os dois se entreolharam, e Zuko esticou o pescoço para ver melhor o céu acima do navio. Algo parecia... diferente.De repente, uma figura caiu do alto, desabando no convés com um baque surdo. Os marinheiros ao redor recuaram assustados, e Zuko e Iroh se aproximaram para ver o que tinha acontecido. Lá, estendida no convés, estava Amadahy, desacordada e com o rosto pálido. Seus cabelos emaranhados caíam ao redor de seu rosto, e as roupas estavam sujas e rasgadas, como se ela tivesse passado por uma batalha.Zuko mal conseguia acreditar no que via.

– Ela... voltou? - murmurou, sem saber ao certo se deveria ficar aliviado, confuso ou ainda mais irritado. Iroh se abaixou ao lado da jovem, verificando sua respiração e constatando que, apesar de desacordada, parecia estar bem.

– O destino é mesmo cheio de surpresas, não é? - disse ele, olhando para Zuko com um sorriso enigmático. –Parece que a Ethereal encontrou o caminho de volta ao nosso navio. - Zuko franziu a testa, encarando a garota desacordada. Ele ainda não sabia o que pensar sobre Amadahy, mas sabia que perder uma oportunidade de entendê-la melhor seria um erro. Afinal, se ela realmente era quem dizia ser — uma Ethereal, uma espécie de ligação com o mundo espiritual e todos os elementos —, poderia ser a chave que o ajudaria a finalmente capturar o Avatar.Ele fez sinal para que alguns de seus marinheiros a levassem de volta para a enfermaria, onde poderiam cuidar dela enquanto estivesse inconsciente. E mais uma vez, o navio da Nação do Fogo tinha uma convidada inesperada, uma jovem misteriosa que caíra do céu pela segunda vez.---Horas depois, Amadahy finalmente abriu os olhos. Sentiu o cheiro familiar do ambiente fechado e o leve balanço do mar. Ao seu redor, luzes tremulantes revelavam o interior de uma cabine bem arrumada, com móveis simples e um cheiro suave de chá. Sua cabeça estava pesada, e por um momento, pensou que talvez estivesse sonhando.

– Bem-vinda de volta ao nosso navio, Amadahy, - disse uma voz calma. Ela se virou e viu Iroh ao seu lado, sentado em uma cadeira e segurando uma xícara de chá.Ela piscou, confusa, lembrando-se do que acontecera antes de perder a consciência.

– Eu... não sei como voltei aqui, - murmurou, olhando ao redor, confusa. – Achei que... estivesse longe.

– E talvez estivesse, - respondeu Iroh, dando um sorriso compreensivo. – Mas o importante é que você está aqui agora.

Antes que ela pudesse responder, Zuko entrou na cabine, os braços cruzados e um olhar de desconfiança no rosto.

– Você desaparece sem deixar rastro e, de repente, cai do céu no meu navio. Que tipo de truque é esse, Ethereal? - Amadahy respirou fundo, reunindo as forças para responder.

– Eu... também não sei como vim parar aqui novamente,- disse ela, olhando diretamente para ele. – Mas não estou tentando enganá-lo. O que aconteceu foi... estranho.

Zuko arqueou uma sobrancelha.
– Estranho? É só isso que você consegue dizer? - Ele deu um passo à frente, sua expressão endurecida. – O Avatar escapou, e eu esperava que você, com seu conhecimento, pudesse me ajudar a encontrá-lo. Mas você desapareceu.

Amadahy fechou os olhos, sentindo a pressão de sua responsabilidade. Ela sabia que a conexão que tinha com o mundo espiritual era algo raro e valioso, e que muitos a veriam como uma peça estratégica. Mas Zuko parecia motivado por algo mais profundo, uma urgência que ela não conseguia entender completamente.

– Eu sei que parece difícil de entender, - ela começou, – mas meu poder... ele não é algo que posso controlar totalmente. Em momentos de grande tensão ou esgotamento, ele pode me transportar para onde eu menos espero. Parece que... há algo que me liga a este navio, ou talvez a você.

Zuko estreitou os olhos.
– O que quer dizer com isso? - Amadahy suspirou, tentando explicar o que ela mesma não compreendia totalmente. – Às vezes, sinto que estou sendo guiada por algo maior. Uma espécie de força que me traz para os lugares onde preciso estar. Quando luto com tudo que tenho, perco o controle, e isso pode me levar para outro lugar. Não sei o que isso significa, mas talvez... talvez tenha sido o destino me trazendo de volta até aqui.

Zuko balançou a cabeça, incrédulo. Ele não gostava de depender do destino. Preferia acreditar que a força e a determinação pessoal eram o que moviam o mundo. Mas havia algo em Amadahy, em sua conexão com o mundo espiritual, que mexia com suas convicções.

– Se é o destino ou apenas uma coincidência, isso não importa, - ele disse, com um toque de frieza na voz. – O que importa é que você está aqui agora. E se for realmente quem diz ser, vou usar sua ajuda para encontrar o Avatar.

Amadahy assentiu lentamente, sentindo a responsabilidade pesar em seus ombros novamente.

– Se minha presença aqui pode realmente ajudá-lo... eu o farei. Mas saiba que o que busca, príncipe Zuko, pode não ser o que espera encontrar.

Por um momento, Zuko pareceu hesitar, como se as palavras dela o tivessem atingido. Havia algo perturbador na profundidade do olhar de Amadahy, algo que ele não conseguia decifrar completamente. E isso o incomodava profundamente.

– Eu encontrarei o Avatar e restaurarei minha honra, - ele respondeu com determinação. – E nada — nem mesmo o destino — vai me impedir.

Iroh, que escutava a conversa em silêncio, sorriu. Sabia que Zuko era obstinado e focado, mas também sabia que talvez, em algum momento, o caminho de seu sobrinho poderia ser desviado para algo maior do que ele imaginava. Nos dias que se seguiram, Amadahy permaneceu no navio, ajudando Zuko e sua tripulação a rastrear pistas do Avatar. Sua presença trouxe uma nova perspectiva para todos a bordo, e mesmo Zuko, relutante, começou a ver o valor de tê-la ao seu lado. Embora ainda houvesse desconfiança, havia também a semente de uma possível aliança.Enquanto Amadahy caminhava pelo convés certa noite, sentindo o vento no rosto, ela olhou para as estrelas e se perguntou se o destino realmente a guiara até ali. Sabia que ainda havia muitas respostas a serem descobertas, tanto sobre seu próprio poder quanto sobre o destino que compartilhava com o príncipe Zuko.Por agora, ela estava onde deveria estar.

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1. eu disse que tinha ficado confuso!!!

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