Capítulo 48

Abro os olhos lentamente. Ainda está escuro, o que me faz chegar à conclusão de que era de madrugada. Viro-me na cama e olho o horário no relógio em cima da mesa de cabeceira.

- Duas e meia... - Resmungo esfregando os olhos. Sento-me na cama e calço as pantufas. Levanto e caminho até a janela, de lá observo a noite completamente escura, sem a linda luz do luar. Coloco o meu robe e saio do quarto.

Fico espantada ao perceber que não está um breu, como imaginava, pois o Lustre do hall, onde fica a escada, está aceso. Mas o que mais me surpreende é a melodia que vem do térreo. Aproximo-me da escada, e quando chego no primeiro degrau, tenho uma das visões mais lindas.

Apoio-me no guarda-corpo e fico observando Roy dedilhar uma linda melodia no piano. Ele veste uma calça de moletom cinza e uma camisa branca revelando um pouco dos seus músculos. Uma visão de tirar o fôlego.

Desço em silêncio sem tirar meus olhos dele. Roy está tão concentrado que não percebe quando eu quase caio ao tropeçar em meus pés. Desastrada! Repreendo-me. Ele fecha os olhos sentindo a melodia, sem tirar os dedos das teclas.

Desço o último degrau e me aproximo ainda mais. Não resistindo, minhas mãos tocam seus ombros, fazendo-o pular no banco e errar uma nota. Ele vira para trás assustado, mas logo relaxa ao perceber que sou eu.

- Perdão, não queria assustá-lo! - Digo um pouco sem graça por ter interrompido seu momento.

- Tudo bem, minha linda! - Beija uma de minhas mãos que está em seu ombro.

- Posso? - Aponto para o espaço em seu lado.

- Claro! - Ele chega um pouco para o lado e eu sento em seguida.

- Nunca tinha te visto tocando piano! Devo dizer que você toca muito bem! - Apoio minha cabeça em seu ombro e ele me abraça lateralmente.

- Obrigado! - Diz e começa a dedilhar com apenas uma mão - Espero não ter te acordado com o barulho.

- Não! - Digo rápido - O som nem chega ao meu quarto. Nem sei o motivo de eu ter despertado. - Ele sorri - E você?

- O que tem eu? - Pergunta sem tirar os olhos do piano.

- Por que está acordado uma hora dessa? - Viro meu rosto para encará-lo melhor.

- Não estava conseguindo dormir, e tocar me ajuda a relaxar. - Suspira.

Percebo que aquele seria um excelente momento para questioná-lo sobre o que o aflige, mas em meu íntimo sabia que ele não me dirá nada. Não agora.

- O que tanto tem te incomodado, ao ponto de tirar o seu sono? - Ele parece ficar um pouco mais tenso, mas logo disfarça. Olha para mim, sem parar de tocar e dá um pequeno sorriso.

- Nada de alarmante. - Beija meus lábios em um selinho demorado. Tenho a impressão de que ele fez isso apenas para me desestabilizar, pois logo em seguida muda de assunto - Está preparada para conhecer a França senhorita Bianchi?

- Sim! - Digo animada, mas logo um bocejo sai de minha boca.

- Acho que o sono está voltando. - Comenta rindo.

- Está mesmo. - Ele para de tocar e se levanta me estendendo a mão.

- Vamos dormir, pois amanhã, ou melhor, hoje, o nosso dia será cheio! - Subimos as escadas juntos - Boa noite, linda! Eu amo você!

- Boa noite, amor! Também amo você!

Entro no quarto já sonolenta, tiro o roupão e me jogo na cama me entregando à inconsciência.

***

Era o nosso sexto dia na França, e a cada dia Roy me levava em um local diferente. Já tínhamos ido ao Museu do Louvre, à Catedral de Notre-Dame, que não pudemos entrar pois está temporariamente fechada devido o triste incêndio. Passeamos pela Champs-Élysées e o arco do triunfo, fomos ao incrível Palácio de Versalhes.

Obviamente que o roteiro ficou por conta do meu namorado, e ele fez um trabalho incrível com o pouco tempo que tínhamos. Mas confesso que estava ficando agoniada. Era o nosso penúltimo dia aqui e até agora não conheci o lugar que mais sonhava em visitar: A Torre Eiffel.

Tínhamos acabado de tomar o café da manhã com a família Carter. Agora estava esperando o meu namorado terminar uma conversa séria com o primo. Desde o dia do piano, não tocamos mais no assunto, mas assim que voltássemos para New York, ele não me escaparia.

Andava de um lado para o outro na sala, minha mente criava altas expectativas de que iríamos conhecer a Torre hoje. Precisávamos!

- Ele está demorando demais! - Digo sentando ao lado de Lauren.

- Calma, Ana! - A morena ria da minha agonia.

- Agora é você que me pede calma? Há cinco dias estava pirando por causa do noivado.

- Eu sei, amiga, mas você está se preocupando à toa. Ou esqueceu que você morará aqui a partir do ano que vem? A Torre Eiffel não vai fugir de lá, pode ter certeza! Você verá tanto a bendita torre, que até enjoará.

- HA HA HA! Muito engraçadinha você! - Reviro os olhos - Impossível enjoar, ela é tão linda... - Suspiro fazendo minha amiga rir ainda mais.

- Está pronta amor? - Escuto Roy falando atrás de mim, o que me faz levantar rapidamente.

- Sim! - Digo quase gritando.

- Se ela está pronta? - Lauren ri debochada - Está mais que pronta! E acho melhor você a levar logo à Torre, antes que ela tenha um treco! - Olho feio para a prima do meu namorado.

- Vamos logo, amor! - Digo puxando-o pela mão - E pode tirando esse sorrisinho do rosto! - Resmungo.

- O quê? Não fiz nada! - Finge inocência.

Ele abre a porta do carona para que eu entrasse. Depois contorna o carro e assume a direção.

- Então a senhorita Bianchi está ansiosa par conhecer a Torre Eiffel... - Olha para mim com um sorriso brincalhão em seus lábios.

- Que mulher não deseja conhecê-la? - Pergunto, mais para mim mesma.

- Te garanto que tem muitas mulheres que não tem esse desejo. - Diz e eu dou de ombros.

- Pois eu não faço parte desse grupo!

- Fica tranquila, meu amor! Você não vai voltar para New York sem antes conhece-la. - Olho para ele com um sorriso enorme.

- Obrigado, amor! - Olho a paisagem pela janela do carro.

Não me contendo de tanta felicidade, solto um gritinho que faz meu namorado gargalhar, e eu virar um pimentão vermelho.

- Você me encanta a cada dia, princesa! - Uni nossas mãos - Espero que goste do nosso dia!

- Já estou amando!

Pouco tempo depois chegamos à uma praça movimentada. Roy estaciona o carro algumas ruas depois. Caminhamos de mãos dadas até voltarmos para a praça, onde pessoas tiravam fotos, e faziam uma pequena fila para entrar em um lugar. Quando encarei o edifício, parei e sorri.

- Como pude me esquecer da famosa Ópera de Paris!

- Se eu não a trouxesse aqui, minha avó me esganaria! - Diz acariciando minhas costas.

- Nada mais justo, afinal estamos falando de uma arquiteta! E cá entre nós, essa arquitetura é fantástica!

- Isso porque você ainda não viu o interior,

- Então o que estamos esperando? - Pergunto o puxando.

E Roy não estava brincando! Assim que contemplei o interior, perfeitamente ornamentado em um estilo neobarroco, encantei-me completamente. O edifício é considerado uma das obras-primas da arquitetura de seu tempo. Assim como eu, as pessoas tiravam fotos e comentavam umas com as outras sobre a beleza e o esplendor do edifício.

- Imagine assistir uma ópera nesse lugar! - Comento com o meu namorado.

- Você irá amar, é perfeito! - Diz

- O que você ainda não fez? - Pergunto olhando-o incrédula. Ele acaricia meu rosto com uma de suas mãos olhando em meus olhos.

- Muitas coisas! - Não sei o porquê, mas seu comentário me deixa um pouco sem graça.

Durante o restante do passeio, Roy me explicou cada detalhe do lugar. Descobri que ele tinha tanto conhecimento devido a quantidade de vezes que Charlotte trazia os netos para visita a Ópera. Por conta disso, conheci o local sem ajuda de um guia.

Paramos para almoçar em um restaurante perto da praça. Ficamos conversando por horas que nem percebi o tempo passar. Só quando o meu namorado se levantou que me dei conta do horário.

- Nossa, já são quatro e meia!

- Preparada para conhecer a Torre Eiffel, senhorita? - Estende a mão para mim com um sorriso brincando nos lábios. Meus olhos brilham imediatamente.

- Mais do que pronta! - Pego sua mão e levanto.

A distância de onde estávamos até o Champ de Mars, local onde a torre fica, era de aproximadamente 10 minutos de carro. À medida que nos aproximávamos, meu coração se alegrava e o meu sorriso aumentava cada vez mais. Roy deveria pensar que eu era maluca, mas não estava nem aí. Deus estava realizando um dos meus sonhos mais íntimos.

Assim que chegamos, percorremos lentamente a distância que nos separava da enorme torre. Roy segurava minhas mãos e não tirava seus olhos de mim. Se eu não estivesse tão atônita, com certeza coraria.

- É incrível! - Sussurro admirando a enorme construção. Estava doida para entrar.

- Vamos subir? - Perguntou.

- Sim! - Confirmei positivamente com a cabeça - Vamos!

A fila não estava tão grande, pois era novembro, baixa temporada. Roy comprou nossos ingressos e logo subimos. A vista de lá era incrivelmente linda! Observava toda Paris encantada.

- Olha lá a Ópera! - Apontava freneticamente, parecendo uma criança elétrica - E ali está o Louvre! - Ria como uma boba.

Sinto as mãos do meu namorado envolverem minha cintura em um abraço e apoiar o queixo em meu ombro.

- Você está tão linda assim! - Sussurra. Viro o rosto para trás afim de olhá-lo.

- Assim como? - Pergunto no mesmo tom.

- Feliz, animada... Eu amo vê-la assim! - Diz seriamente.

Viro-me por completo ficando frente a frente com ele.

- Obrigada por me trazer nesta viagem maravilhosa, meu amor! - O envolvo pelo pescoço e o puxo para um beijo doce e calmo.

Ficamos lá em cima por mais algum tempo observando o sol se por. Olho para o lado e sorrio ao ver um homem pedindo a mão de sua companheira em casamento. Cutuco Roy e o faço olhar na mesma direção. Não vejo sua reação, mas o que escuto me faz rir.

- Ele está suando...

Descemos assim que escureceu. No térreo ainda haviam algumas pessoas na fila para subir. Outras faziam piqueniques pelo gramado, tiravam fotos, comemoravam aniversários. Tinha de tudo.

- Tem um lugar que quero te mostrar. - Ele comenta enquanto íamos para o carro.

- Ok! - Olho para trás e aceno - Tchau, torre! Até ano que vem! - Ao meu lado Roy solta uma risadinha - O que foi?

- Nada! - Diz rapidamente - Só é engraçado vê-la se despedindo de um grande objeto de metal. - Dá de ombros, e em resposta eu faço o mesmo.

Entramos no carro e Roy começa a dirigir pelas ruas movimentadas de Paris.

- Para onde está me levando? - Pergunto, mas logo ele estaciona o carro em frente à um prédio de porte médio. Ele sai do carro e eu faço o mesmo.

- Não poderia esperar o cavalheiro abrir a porta do carro para a dama? - Finge estar aborrecido.

- Perdão, cavalheiro! - Ofereço minha mão e ele a pega depositando um leve beijo na mesma.

- Vamos! - Caminhamos até a portaria. Assim que Roy fala com o porteiro, o mesmo libera nossa passagem. Entramos no elevador em silêncio.

- Você ainda não disse para onde estamos indo. - Sussurro olhando para frente.

- E você ainda não percebeu que é muito curiosa! - Diz zombeteiro. Empurro-o com meu corpo.

Assim que o elevador parou, no que parecia ser a cobertura, Roy me dá passagem.

- Que lugar elegante. - Comento observando o Hall. Ele ri de mim enquanto retira do bolso de sua calça um molho de chaves e abre a porta do único apartamento daquele andar. Olho para ele com os olhos arregalados. Ele sinaliza com a mão para que eu entre, e assim o faço.

Entrando no apartamento, fico impressionada com a beleza do local. O piso em madeira contrasta com a mobília branca. O interior é claramente moderno, no entanto, é possível notar detalhes da arquitetura neoclássica nas paredes e tetos. O que, em minha opinião, traz um pouco de charme.

A sala de estar, jantar e cozinha eram integradas, tornando o ambiente ainda maior. As janelas ocupavam boa parte da parede que dava para a fachada. Iluminando bem o interior do cômodo, sem que fosse necessário acendermos as luzes.

Olho para o homem atrás de mim, que me observa atentamente, e o lanço um olhar interrogativo.

- O que significa isso? - Pergunto calmamente.

Ele coloca uma das mãos na nuca e eu cruzo os braços sabendo que ele está desconsertado e nervoso.

- Você não gostou? - Pergunta por fim.

- Se eu não gostei? - Ergo uma sobrancelha e abro os braços - Esse lugar é incrível, Roy! A pessoa que projetou pensou em absolutamente tudo!

- Então agradeça à minha avó - Sorri.

- Charlotte? - Franzo o cenho - Este apartamento é dela?

- Não! - Coloca as mãos no bolso da calça - É meu.

- Se...Seu? - Gaguejo um pouco surpresa.

- Sim! Eu morava aqui antes da minha mãe ficar doente.

- Ah... - Olho novamente para o local - Vocês têm muito bom gosto! - Ofereço-lhe um sorriso. A passos curtos e lentos Roy se aproxima me deixando nervosa. Pela primeira vez no dia percebi como ele estava incrivelmente lindo. Estou usando muito essa palavra hoje, incrível... Penso rapidamente. Foca no homem à sua frente.

- Que bom que gostou! - Segura uma de minhas mãos - Está com fome?

- Na verdade, estou sim! - Respondo.

- Ótimo! - Diz me puxando para o andar superior.

- Para onde estamos indo? A cozinha não fica ali? - Aponto. Mas não recebo resposta alguma.

Caminhamos por um corredor com algumas outras portas. Chegando no final, Roy abre a última porta e percebo se tratar de um quarto. Um quarto não, O quarto! Seguindo o mesmo estilo do andar inferior, no entanto, bem amplo e aconchegante.

- Venha, meu amor! - Sinto as mãos dele me conduzirem às portas francesas, que parecem dar para uma varanda - Essa é a parte da casa que eu mais gosto! - Sussurra em meu ouvido - Espero que goste também! - Diz abrindo-as.

Assim que olho para a parte externa, meus pés travam no lugar, minha boca abre formando um O e a bolsa que até então estava segurando, vai ao chão.

- Oh. Meu. Deus!

>>>><<<<

O que será??? O que será????

Amanhã descobriremos HAHAHAHA!

Não esqueçam de clicar na estrelinha, por favor! ⭐️

Beijinhos doces!!

Att.

NAP 😘

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