Capítulo 12

- Vamos, meu filho, funciona!! - Digo um pouco irritada enquanto tentava ligar o carro, mas sem sucesso - Megan vai me matar se eu me atrasar. - Tento mais uma vez e nada. Bato com força no volante apertando a buzina sem querer. 

Solto um suspiro e apoio a cabeça no volante frustrada. Tiro a chave da ignição e saio do carro. Tranco o mesmo e sigo em direção ao elevador. Quando as portas se abrem me deparo com o meu vizinho. Usando um terno preto, sapatos polidos, cabelo arrumadinho, como sempre, e super cheiroso... Reviro os olhos mentalmente por estar pensando esse tipo de coisa.

- Bom dia, senhorita Bianchi! 

- Bom dia, senhor Carter!

- Dormiu bem? - Perguntou com um sorriso de lado. Fiquem quietas, minhoquinhas

- Dormi sim! E você?

- Deitei na cama e capotei! - Riu - Esqueceu algo em casa? - Franzi as sobrancelhas sem entender sua pergunta - Estava esperando o elevador, certo? 

- Sim... - Foi quando me toquei onde estávamos e o que eu estava prestes a fazer - Ah, eu não estava voltando para casa! Meu carro não quer pegar, não sei o motivo, mas provavelmente chegarei bem atrasada no trabalho, então resolvi voltar e pegar um táxi e não perder tempo com isso agora.

- Entendi - Pensou um pouco - Você trabalha na Carolina Herrera não é? 

- Trabalho.

- Se você não se importar, posso te dar uma carona, tenho uma reunião ali perto. 

- Não será preciso, Roy! Não quero te incomodar ou atrapalhar. - Disse ajeitando minha bolsa no ombro.

- Não irá! Tenho certeza que não quer se atrasar, então vamos logo! - Passou por mim indo em direção ao seu carro, uma BMW X3.

- Uau! Esse carro é sensacional! - Digo admirada. - Mas não faz muito o seu estilo. - Ele abre a porta do passageiro para que eu entrasse.

- E qual seria o meu estilo? - Pergunta divertido.

- Ah, sei lá! Algum sedam que combine com um executivo... - Ele arqueou uma das sobrancelhas, fechou a porta do passageiro e deu a volta no carro entrando no mesmo. 

- Então eu tenho cara de executivo? - Ligou o carro e logo saiu da garagem.

- Sim?! 

- Isso é uma resposta ou uma pergunta? - Questionou.

- Ah, tanto faz! Como está a Emily? - Mudo de assunto e ele ri.

- Está bem! A essa hora já deve estar na escola. - Parou em um semáforo e me olhou - Ela ficou brava comigo ontem quando acordou e descobriu que não tomou sorvete conosco. - Não me contive e gargalhei imaginando a cena - Está rindo porque não foi com você! - O sinal abriu e ele voltou sua atenção para a rua.

- Exatamente! Mas eu gostaria de ter visto... - Olho pela janela e avisto o Starbucks que fica próximo à empresa.  - Roy, você poderia me deixar na próxima esquina? Preciso passar no Starbucks.

- É claro! - Ele parou o carro em um recuo - Que Deus te abençoe e te dê um ótimo dia, Clara! 

- Amém! Desejo o mesmo a você! - Sorrio - Muito obrigada pela carona! - Saio do carro e sigo em direção à cafeteria. Compro meu Cappuccino Chocolate e vou para o trabalho. 

- Bom dia, Kevin! - Saudei o segurança 

- Bom dia, senhorita Bianchi! - Sorriu largamente - Deixa-me atualizá-la, sua chefe não está nada bem hoje! Boa sorte! 

- Obrigada por me alertar! - Ainda bem que não cheguei atrasada, como pensei - Deixa eu me adiantar antes que leve uma bronca. Bom trabalho!

- Igualmente, senhorita! 

- Bom dia, meninas! - Cumprimentei as recepcionistas.

- Bom dia, senhorita Bianchi! - Disseram juntas 

- Obrigada pelo "meninas" - Agradeceu Nancy. Dei uma piscadinha em sua direção e peguei o elevador.

Cheguei em minha sala e dei de cara com uma Megan furiosa. Dá-me paciência e sabedoria, Senhor! 

- Finalmente você chegou! - Bufou apontando para a minha cadeira.

- O que aconteceu, Megan? - Guardei minha bolsa e sentei.

- Ana, precisamos organizar um evento de última hora para esse fim de semana. - Encostou-se na cadeira - Carolina disse que alguns de seus amigos estilistas irão se unir em prol de uma campanha social. Serão ao todo quatro estilistas famosos com suas equipes. Fotógrafos, modelos... Enfim, não temos tempo a perder! Assim que Ashley chegar, quero as duas em minha sala! - Levantou-se e saiu.

- É, esse será um longo dia... - Apoiei a cabeça no encosto da cadeira e suspirei.

Assim que Ashley chegou fomos para a sala da nossa chefe e fizemos uma organização geral do evento. Separamos as funções e obrigações de cada uma, organizamos nossas equipes e começamos a colocar as ideias em prática. E assim foi ao logo de toda a semana.

***

- Lembrou que tem uma família, querida irmã? - Questionou atendendo minha ligação.

- Impossível esquecer, senhorita dramática! - Sorri imaginando a cara que Sofi deveria estar fazendo, ela odiava ser chamada dessa forma - Como estão as coisas por aí, sorella?  

- É... Está tudo bem, graças a Deus! - Não, não estava, minha irmã não é de ficar nervosa por qualquer coisa. 

- Sofia Bianchi, o que você está escondendo? - Questiono.

- Nada, Aninha! Agora me diz, como estão as coisa aí? E os preparativos para o evento que acontecerá neste fim de semana? - Disse desconversando.

- Está a mesma correria de sempre! Agora desembucha logo! - Pedi.

- Não sei se será uma boa ideia, irmã... - Falou um pouco mais baixo.

- Minha filha, venha jantar! - Escuto uma voz feminina do outro lado da linha. Filha?

- Filha? - Questiono - Aquela...

- CLARAAAA!! - Sinto umas mãozinhas rodeando minha cintura. - Ops desculpe, não tinha visto que você estava no telefone!

- Oi, princesa! Sem problemas!

- Quem é? A irmã do seu vizinho bonitão? - Questionou Sofia.

- É sim... quer dizer, é a Emily, minha vizinha. - Disse acariciando a cabeça da pequena que me olhava sorrindo.

- Mande um beijinho para ela! Não vou mais te atrapalhar, Aninha...

- Nós não terminamos essa conversa! - Disse firme, cortando minha irmã.

- Nos falamos depois, beijo! - Desligou sem esperar minha resposta. Bati com o punho fechado no guarda-corpo da varada.

- Está tudo bem, Clarinha? -  Questionou a pequena um pouco assustada. 

- Ficará tudo bem, pequena! - Sorri.

- Meu irmão sempre diz que quando estamos nervosos e irritados, devemos pedir para Deus tirar esses sentimentos do nosso coração. Talvez você devesse fazer isso. - Deu de ombros.

- Ele tem toda razão, querida! - Peguei sua mão e a levei para o meu apartamento - Já jantou? 

- Ainda não, o Ro chegará mais tarde em casa hoje, e a Cass, a moça que cuida de mim, precisou ir para casa mais cedo. Será que eu poderia ficar com você por enquanto? - Perguntou um pouco sem graça. 

- É claro que pode, Emily! 

- Obrigada, Clarinha! E por favor, me chame de Em ou Emy! Não gosto que me chamem de Emily... parece que estão me dando uma bronca. - Ri e concordei.

- Vamos preparar nosso jantar. - Fizemos uma lasanha com a massa pronta que tinha comprado antes de vir para casa. Em se divertiu em todo o processo. Arrumamos a mesa e sentamos para comer. 

- Nossa, Clarinha, sua lasanha é maravilhosa! Melhor que a do meu irmão, só não deixe ele escutar isso! - Rimos.

- Pode deixar, será nosso segredinho. 

Terminamos de jantar e logo coloquei um filme para assistirmos. Em e eu deitamos no sofá, o que não foi uma boa ideias, pois estava tão cansada que logo peguei no sono.

*** 

- Clara... - Sinto alguém tocando meu braço - Clara... - Com dificuldades abri meus olhos e me deparei com Roy sorrindo lindamente para mim. Que visão, meu Pai! Imagine acordar todos os dias olh... Para com isso, Ana Clara! Repreendo-me. 

- Oi... - Tento me levantar, mas não consigo, pois os bracinhos de Emily estão ao meu redor. Sorrio e olho para Roy.

- Deixa comigo. - Sussurrou enquanto pegava a pequena no colo - Vou colocá-la na cama e já volto. 

Levantei e me espreguicei, estava um caco... A semana estava sendo muito agitada por causa do evento social que faríamos amanhã. Vou para varanda na mesma hora que Roy se aproximava do meu apartamento.

- Obrigado por ter cuidado da Em essa noite! - Agradeceu.

- Foi um prazer! - Abracei meu corpo tentando me aquecer. Tinha ido para a varanda apenas com uma blusa fina de manga, o inverno nem tinha chegado, mas já estava dando as caras - Acho melhor eu entrar, está muito frio aqui fora.

- Claro, desculpe-me - Disse um pouco sem graça - Mas antes de você entrar, gostaria de te dar isso como agradecimento por cuidar da minha irmã. - Disse entregando-me uma sacola. 

- Não precisa me presentear por isso, Roy! Pelo amor de Deus! Sempre que você precisar, pode contar comigo, mas não precisa disso! - Apontei para a embalagem.

- Está rejeitando o meu agradecimento? Isso me ofende! - Disse erguendo uma das sobrancelhas.

- Não, mas...

- Então aceite! - Pegou minha mão e colocou a sacola nela.

- Tudo bem! Muito obrigada, vizinho! 

- Por nada, vizinha! - Sorriu pegando minha mão e depositando um beijo de leve - Tenha uma excelente noite, Clara! Au revoir! - O encarei surpresa, não sei se pelo gesto ou pelo francês perfeito... O observei se afastar e logo entrei. 

Tirei a caixa da sacola e vi que se tratava de chocolates Godiva, meus olhos brilharam só de imaginar aquelas delícias em minha boca, reparei que tinha um bilhete, no mesmo papel envelhecido dos outros, acompanhando... Rapidamente abri a caixa e comi um dos vários chocolates que tinha lá dentro me deliciando com o sabor espetacular daquele doce. Desdobrei o bilhete e sorri com o que estava escrito.

Como não alimentar minhas minhoquinhas com essas coisas?? 

Comi mais alguns chocolates e fui para o quarto. Lembrei-me da ligação com Sofia, logo veio uma irritação, mas segui o conselho da pequena e orei entregando meu coração e minha mente a Deus. Pedi que ele retirasse do meu coração todo sentimento que não vinha dele. 

Eu sabia que estava precisando perdoar a minha mãe, mas não seria algo fácil... Peguei minha bíblia e abri no livro de Mateus no capítulo 18. Comecei a meditar na palavra do Senhor e alguns versículos me atingiram em cheio:


"Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? "

Jesus respondeu: "Eu lhe digo: não até sete, mas até setenta vezes sete. 

"Por isso, o Reino dos céus é como um rei que desejava acertar contas com seus servos.

Quando começou o acerto, foi trazido à sua presença um que lhe devia uma enorme quantidade de prata.

Como não tinha condições de pagar, o senhor ordenou que ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que ele possuía fossem vendidos para pagar a dívida. 

"O servo prostrou-se diante dele e lhe implorou: 'Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo'.
O senhor daquele servo teve compaixão dele, cancelou a dívida e o deixou ir.

"Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos, que lhe devia cem denários. Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: 'Pague-me o que me deve! '

"Então o seu conservo caiu de joelhos e implorou-lhe: 'Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei'.

"Mas ele não quis. Antes, saiu e mandou lançá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.

Quando os outros servos, companheiros dele, viram o que havia acontecido, ficaram muito tristes e foram contar ao seu senhor tudo o que havia acontecido.

"Então o senhor chamou o servo e disse: 'Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque você me implorou.

Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você? '

Irado, seu senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia.

"Assim também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão".

Mateus 18.21-35


- Eu sei, meu Deus, mas como é difícil perdoá-la... Ajuda-me, ensina-me! Preciso de Ti! - As lágrimas rolavam pelo meu rosto, mas ao mesmo tempo sentia a paz inundando o meu coração. E assim eu dormi.  

>>>><<<<


Oiiiii! Como estão? Mais um capítulo fresquinho 😉

Não esqueçam de clicar na estrelinha! Fiquem na paz!

Att. NAP 😘

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