Epílogo
Você tem prestado atenção em cada detalhe de sua vida? Consegue enxergar Deus em todas as coisas a sua volta e perceber que é Ele quem faz tudo? Ou será que tem buscado apenas os grandes milagres e experiências sobrenaturais?
A verdade é que, na maioria das vezes, muitos de nós temos o costume de buscar apenas por grandes milagres e grandes experiências. Entretanto, quando fazemos isso, passamos a olhar para o nosso relacionamento com Deus, como uma caminhada de acontecimentos. E em muitas vezes, isso causa um tipo de dependência. Dependemos do determinado milagre para estarmos felizes ou satisfeitos.
No entanto, Ele está além da compreensão humana. Nunca sabemos quando e como o Senhor irá agir. E quanto mais cedo entendemos isso, passamos a contemplar cada coisa ao nosso redor com mais cuidado. Consequentemente, percebemos também que em cada detalhe, é possível ver a mão do Criador, pois Ele cuida de tudo e está em tudo.
— Eu conheço esse sorrisinho. — Ashley empurra o meu ombro com o dela — Já está com saudades do boy?
Alargo o sorriso e viro em sua direção.
— Sinto em lhe dizer, mas errou desta vez, Ash! Não estou pensando em Roy.
— No que está pensando então? — pega umas uvas da cesta de piquenique e enfia na boca.
— Em como Deus é bom! E em como seus caminhos são perfeitos para nós.
— Tenho que concordar! — Lauren comenta observando as crianças brincando na beira do mar — É tão bom ter vocês perto de nós novamente. — olha para mim — Só estão faltando a gravidinha da minha cunhada e o insuportável do meu irmão.
— Nem me fale neles! O que me entristece é que talvez eu não esteja presente no momento em que eles irão nascer. Sofia está uma pilha de nervos, assim como certas pessoas. — olhos de soslaio para Ash.
— Por favor, vamos mudar de assunto ou irei chorar de nervoso! Esses hormônios estão me deixando maluca. — Ashley comenta tocando o ventre avantajado.
— Faz parte do processo, querida! — devolvo o empurrão com o ombro. Ashley e Sofia casaram e engravidaram uma atrás da outra. Minha amiga costuma dizer que Sofi se inspira nela. É óbvio que a minha irmã pira com tal afirmação.
— Mas é maravilhoso estar de volta! Nosso retorno foi resposta de muita oração.
— Verdade! Muita oração para ter vocês pertinho da gente de novo! — Lauren nos envolve em um abraço grupal — Vocês são as minhas amigas mais chegadas que irmãs, sabiam?
— Sim, a gente sabe, morena! Você já repetiu isso umas trocentas vezes desde que a Ana voltou, ou seja, desde ontem à noite. — Lau se limita a mostrar a língua para Ashley. E eu acho graça.
— MAMAN! — escuto a voz do meu filho — O PAPAI CHEGOU! — grita, correndo em direção ao mesmo.
Olho para trás, a tempo de ver o meu esposo se abaixando, pronto para receber Matt nos braços. O mais novo pula no colo do pai, que o gira no ar. Um sorriso bobo preenche meus lábios.
— Esse sim é o sorriso! — Ash comenta rindo.
Levanto da toalha e me aproximo dos meus meninos.
— Por que demoraram tanto? — Matthew pergunta cruzando os braços — O primo Sebastian comeu quase todos os morangos, mas eu consegui guardar alguns para você. — comenta a última parte mais baixo, ao perceber que Thom se aproxima acompanhado por Evs.
— Esse é o meu garoto! — os dois fazem hi-five. Seu olhar encontra o meu, e eu me perco brevemente em seus orbes verdes hipnotizantes, principalmente diante da luz do sol — Não ganho nem um beijinho? — questiona fazendo bico.
— Eca! — Matt vira o rosto quando selo nossos lábios.
— Quanto amor! — Evandro zomba e Thom ri, ao passarem por nós.
— Para onde foram? — pergunto ao meu marido.
— Surpresa! — reviro os olhos.
— Sete anos, Roy! Estamos juntos há sete anos e você não aprende! — digo irritadiça e ele aproveita para roubar outro beijo.
— Gente! — Emily se aproxima agitada.
Nossa pequena, não tão pequena assim, já está uma moça linda de quinze anos. Quase do meu tamanho. A cabeleira loira, batendo no meio das costas, voa com o vento enquanto ela corre até nós.
— Estava conversando com as meninas e a Milla disse que ela e a tia Jeanne virão no mês que vem para a inauguração do studio de vocês aqui em New York! Não é maravilhoso?
— É sim! — concordo, abraçando-a lateralmente — E isso me lembra que temos muito trabalho a fazer até lá.
Jeanne me convidou para ser sócia do studio de balé com ela há aproximadamente três anos. Desde então muitas coisas mudaram por lá. Nós ganhamos nome e fama em diversas partes do mundo. E no ano passado decidimos que já era hora de expandir. E esse é um dos motivos para termos voltado para os Estados Unidos, pois no mês que vem iremos inaugurar nosso studio em New York.
— Já estamos indo, Ro? — Emily pergunta, olhando de forma significativa para o irmão.
— Estamos!
— Para onde? — crispo os olhos — Por acaso estão de complô contra mim? — os dois riem e eu me viro para a versão mirim do meu esposo, que tenta prender o riso. Sim nosso filho é a cópia de Roy. A única coisa que ele puxou de mim é o formato da boca e uma marca de nascença na perna esquerda — Até você, Matt? — ele dá de ombros e esconde o rosto entre o pescoço do pai.
— Desista, mon amor!
— Jamais! — dou as costas para os três e volto a me aproximar dos nossos amigos — Ah! — dou uma rápida olhada para trás, com um sorriso brincalhão dançando nos lábios — Não estamos mais na França para me chamar assim. — pisco para ele.
— Titia Ana, o Matt vai domi lá em casa hoje?
— Não, querido! — Lauren responde — O seu primo irá para a casa dele.
— Ah, mãe! Po quê? — cai de joelhos na frente da morena.
— Porque temos muta coisa para arrumarmos, Sebastian!
— Foi bom passar esse tempo com vocês, mas agora precisamos ir! — Roy diz atrás de mim.
— Bom? Vocês mal ficaram aqui, priminho! — Lauren olha com incredulidade para o primo.
— Foi para vocês poderem passar mais tempo juntas. — Thomas se intromete — Sabe, esse lance de mulher. Colocar a fofoca em dia...
— Está nos chamando de fofoqueira? — Ashley arregala os olhos para Thom, que se inclina para trás assustado.
— Não foi isso que ele quis dizer, meu bem! — Evs sai em socorro do amigo.
— E você está o defendendo! — franzo o nariz e meneio a cabeça — Acho que não foi uma escolha sábia, meu amigo!
— Não mesmo! — Roy diz baixo, apenas para que eu escute — Nós realmente precisamos ir! — toca minha cintura.
Despedimo-nos do pessoal e seguimos para o carro, estacionado na orla da praia. A volta para casa foi agradável e bem animada. Emily colocou sua playlist com louvores brasileiros para tocar. Ela e Roy já estavam falando muito bem minha língua materna, assim como Matt, que fala melhor ainda.
Chegando à garagem do prédio, um sorriso imenso preenche o meu rosto e eu sou a primeira a sair do veículo. Como eu amo este lugar!
— Em, quem chegar no elevador primeiro é a mulher do padre! — o mais novo corre em disparada.
— É por último, garoto! — Emily revira os olhos — E eu não sou mais criança!
— Infelizmente! — meu esposo sussurra.
— Você é sem graça! — o pequeno para no meio do caminho e cruza os braços. Ele sempre faz isso quando está chateado.
Aproveitando a distração do irmão, Emily corre, passando por ele. E os dois começam a discutir, quando a mais velha chega primeiro.
— Não valeu! Você roubou!
— Você que não prestou atenção!
— Eu vou contar para o papai!
— Mas ele já está vendo! — ela aponta para nós rindo.
— Tem certeza que quer outro? — pergunto ao meu esposo.
— Absoluta!
Chegando ao nosso andar, sou impedida de abrir a porta pelos três, que me seguram ao mesmo tempo.
— Ei! — protesto.
— Temos uma surpresinha! — Roy retira uma venda do bolso e sacode em minha frente.
— Não acredito! — meus ombros caem e minha expressão é de pura perplexidade.
— Acredite! — Em e Matt respondem juntos.
Me viro de costas e afasto o cabelo para que ele coloque a venda. Antes de fazê-lo, Roy deposita um beijo em minha nuca. Cansando-me arrepios. O mesmo ri baixo, ao perceber minha reação.
— Está pronta? — pergunta baixo.
— É claro!
Escuto a porta sendo destrancada e aberta. Ele me incentiva a andar, e assim o faço.
— Fique tranquila, não deixarei você bater em nada, minha linda. — diz abaixando meus braços, que se estenderam automaticamente.
Após alguns passos, nós paramos. A venda é retirada, e minha primeira reação é olhar feio para os três, que me encaram com expectativa. Emily, com os olhos arregalados e brilhantes. Matthew mordendo os lábios unindo as mãos atrás das costas. E Roy... bom, ele solta um suspiro e esfrega a nuca.
— Espero que goste! — diz baixo, olhando para algo atrás de mim.
Só então percebo o ambiente ao meu redor. A nossa casa estava bem diferente. Não uma simples mudança na mobília ou na decoração. Giro sobre o calcanhar, observando cada alteração. Até que meus olhos batem no espaço onde deveria existir uma grande parede, separando os dois apartamentos.
— Meu Deus! — levo as mãos à boca.
— Gostou? — se aproxima de mim.
— Se eu gostei? Eu amei! — me lanço em seus braços — Não acredito que você fez isso! — ele suspira aliviado.
Ainda em seus braços, volto a analisar as mudanças. As salas de jantar e estar, assim como as cozinhas foram unidas, criando um grande ambiente, completamente integrado.
— Vovó que fez o novo projeto. Segundo ela, foi o último. — diz apontando para minha antiga sala, que agora são a enorme e moderna cozinha e a sala de jantar. — Deixamos a sala de estar deste lado mesmo, mais pelo costume. — dá de ombros — Aqui também ficou a área privada, com os nossos quartos. Do outro lado, estão o escritório, brinquedoteca e um pequeno studio de ballet.
— Tudo está incrível! — olho para a minha direita e contemplo as fachadas unificadas.
Afasto-me dele e me aproximo das enormes janelas e portas de vidro, que estão abertas. A paisagem, que já era incrível, vista de um apartamento só, ficou ainda melhor com os dois espaços integrados. Agora temos uma vista panorâmica perfeita na parte interna da casa.
Saio para varanda e inalo, com gosto, o ar fresco. Viro a cabeça e fito Roy, que permanece parado no mesmo lugar, apenas me observando. As crianças já tinham sumido pelo apartamento. E ao ouvir o miado de Cookie, imagino que Matt já deve ter encontrado o coitadinho.
— Como Charly deixou isso acontecer? E o valor sentimental? Isso tudo significava muito para ela. — ele se aproxima lentamente, com as mãos no bolso.
— Ainda significa! E se tornou ainda mais especial quando aconteceu o que ela mais desejava. — posiciona-se atrás de mim, envolvendo minha cintura e apoiando o queixo em meu ombro.
— E o que seria?
— Que eu tivesse uma experiencia semelhante a que ela e o vovô tiveram bem aqui. — olho confuso para ele — Quando viajamos pela primeira vez juntos para a cabana Dalyon, ela me visitou em uma das noites. Me deu passe livre para fazer o que eu quisesse com a varanda. — arregalo os olhos — Não entendi na hora, mas depois percebi que ela já tinha conhecimento dos meus sentimentos por você.
— Ela sempre sabe das coisas! — sorrio lembrando-me da querida Charly.
— Pois é! — beija minha bochecha antes de continuar — Ela sabia que as minhas intenções com você eram sérias. Então quando me deu o passe livre, foi com a certeza de que eu não o faria. E é claro que eu neguei! Disse que estávamos nos dando bem e que a varanda tinha se tornado um lugar agradável e especial para nós.
— Agradável? — arqueio a sobrancelha — Isso me lembra da nossa primeira conversa aqui, neste mesmo lugar. — contorno sua cintura.
— Exatamente! — olha o espaço ao nosso redor e depois para mim — Foi aqui onde tudo começou!
— Onde eu me apaixonei perdidamente pelo meu vizinho bonitão. Onde tivemos as melhores conversas e paqueras. — acaricia minha bochecha com um sorriso lateral.
— Onde oramos e buscamos juntos a Deus! — complementa.
— Ah! E foi aqui onde eu perdi a minha fobia por gatos! Pelo menos pelo Cookie! — rimos.
— Isso é muito importante, realmente! — concorda, puxando-me para mais perto — E é aqui onde eu quero criar novas memórias e viver momentos maravilhosos ao lado da minha família. Esta varanda faz parte da nossa história, assim como fez parte da história dos meus avós. Não só ela, mas os dois apartamentos também. — assinto — Não poderia fechar a varanda e simplesmente alugar a casa ao lado, não seria certo. Então decidi fazer essa mudança. Por nós!
— Foi a melhor escolha que você fez, amor! Obrigada! Eu amei demais!
— E eu te amo demais! — aproxima seu rosto do meu lentamente, mas quando estávamos prestes a nos beijar...
— MÃE! O MATT ESTÁ VESTINDO O COOKIE COM ROUPA DE SUPER HERÓI! — Emily grita.
— SUA FOFOQUEIRA! — o outro retribui.
Nos afastamos na mesma hora. Roy indignado, e eu dando risada. Dou leves tapinhas em seu peito.
— Agora é a sua vez, papai!
— Não saia daqui! Já volto para terminaremos esta conversa! — pisca para mim, enquanto entra na sala — MATTHEW CARTER, O QUE CONVERSAMOS SOBRE ISSO? — viro-me de volta para a paisagem, ainda dando risada.
Da Varanda, de olhos fechados, sentindo a brisa suave do verão norte americano, reflito mais um pouco sobre a nossa linda história de amor. Deus, especialista em romances, caprichou neste cenário, em específico. Como sempre, Ele cuida de cada detalhe. Abro os olhos e contemplo a bela vista que foi testemunha de diversos momentos especiais da nossa história. Realmente, não importa para onde a gente vá, este sempre será o nosso lugar!
FIM!
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