Capítulo 45
— Querida, tem certeza que deseja fazer isso? — papai pergunta arrastando uma das malas atrás de nós.
Uma semana se passou desde que viajamos para o Brasil. Aproveitamos os momento de uma forma diferente. Levei o meu esposo para conhecer cada cantinho de São Paulo, principalmente os que eu tenho um carinho especial. Todos os dias jantávamos em um restaurante diferente. Não é novidade dizer que ele se apaixonou pela culinária. Principalmente pelo famoso dogão, que tinha lhe prometido.
Infelizmente o tempo corria, e não era ao nosso favor. Roy e eu conversamos a respeito do que iria fazer nesse meio tempo, até o dia da cirurgia. Ele deu algumas ideias bastante interessantes. Uma delas era voltar para a Grécia e aproveitar o período de descanso. No entanto, uma outra me agradou bem mais. E era isso que estávamos fazendo neste exato momento.
— Não se preocupe, pai! É exatamente isso que eu quero fazer. — ofereço um sorriso sincero.
— Tudo bem! — suspira. Entrega a mala ao meu esposo, que já despacha as bagagens — Sua mãe e eu iremos nos organizar no trabalho, para passarmos um tempo com vocês, quando retornarem de viagem.
— Pai... — tento protestar, mas ele me impede.
— Sem "pai" — imita minha voz, fazendo-nos rir. Contorno sua cintura com os braços e apoio a cabeça em seu peito.
— Eu amo o senhor! — digo baixo.
— Também te amo, querida! — beija o topo da minha cabeça.
— Cuide muito bem das minhas preciosidades, Roy! — escuto mamãe dizer ao meu esposo, ao se despedirem — Agora a responsabilidade é dupla!
— Isso mesmo, filho! — seu Samuel concorda com a esposa e se aproxima de ambos.
— Podem deixar! — responde olhando em meus olhos, com um sorriso nos lábios — Cuidarei com minha própria vida!
Terminamos de nos despedir dos dois rapidamente, assim que escutamos a chamada para o nosso voo. Estávamos mais que atrasados; porém conseguimos entrar no avião minutos antes de finalizarem o embarque.
A viagem foi longa e bem cansativa, como das outras vezes. Porém estava tão animada que nem percebi o tempo passar. Com um enorme sorriso nos lábios e os olhos brilhando, observo da pequena janela, a paisagem que tanto amava. Mordo o lábio inferior e solto um suspiro, encostando as costas no assento. Olho para o homem ao meu lado, que me encara com um sorriso torto.
— Por favor, não me olhe assim! — sussurro.
— Está parecendo uma criança, prestes a ganhar o presente mais desejado no natal. — acaricia minha bochecha com delicadeza.
— Não é um presente de natal, mas eu desejava bastante isso. Então a sensação é semelhante. — pisco e volta a observar a paisagem. Ele se aproxima de mim e faz o mesmo.
— Sente falta daqui? — questiona quase em um sussurro.
— Muita! Eu amo esse lugar, sempre fará parte da minha história. — quico os ombros uma única vez. Roy beija meu ombro direito e acaricia o mesmo braço.
— Quer voltar para cá? — pergunta após um tempo. Viro-me de frente para ele, fitando suas esmeraldas.
— Eu adoraria voltar para New York! É o que eu mais quero, na verdade. — sorrio e ele faz o mesmo — Mas acima de tudo, eu quero estar onde Ele quer que eu esteja. E pelo visto não é aqui. Não agora.
— Acho que você tem razão.
— Eu sempre tenho, senhor Carter! — ele nega com a cabeça antes de segurar o meu rosto e beijar os meus lábios com carinho.
***
As portas do elevador se abrem, revelando o corredor bem conhecido por nós. Quando avisto as duas portas, uma ao lado da outra, meu coração salta no peito. Levo as mãos aos lábios e começo a rir.
— Por que está rindo? — Roy questiona com a sobrancelha arqueada, apoiando uma das malas no chão e retirando as chaves do bolso da calça.
— Não sei! — digo, ainda rindo — Só estou feliz e animada por estar de volta! — pego o chaveiro de sua mão e solto um gritinho.
— Sabe, em alguns momentos eu penso que você e sua irmã são completamente diferentes, já em outros...
Destranco a porta, ignorando as gracinhas do meu esposo. A passos lentos, entro no apartamento, que há algum tempo era apenas o lar do meu vizinho charmoso e de sua irmã fofa. Hoje, porém, era meu também. Com os olhos, analiso cada canto, tentando achar algo diferente, mas pelo visto tudo continuava da mesma forma.
Caminho até a sala de estar. Toco o tecido macio do grande sofá e solto um suspiro baixo, recordando-me de tantos momentos bons que tivemos nesta residência.
— Bem-vinda novamente, minha linda!
— Obrigada! — olho para ele e sorrio sem mostrar os dentes.
Roy pega as malas e segue para o quarto, após fechar a porta da sala. Continuo observando o ambiente integrado ao meu redor, nostalgicamente, até que me deparo com as cortinas fechadas. Sem pensar demais, sigo até lá e procuro o controle. Quando o acho, aperto o botão que suspende as persianas, dando-me livre acesso às janelas e portas de correr.
Sinto os olhos arderem ao me deparar com a bela vista. Abro as portas e, no mesmo instante, sinto a brisa gélida do outono estadunidense. Não me importando com o frio, saio para a varanda. A nossa varanda.
Os bancos, a mesa de ferro fundido, com as cadeiras do mesmo material, as plantas de porte baixo, tudo continuava no mesmo lugar. Continuo caminhando, até o lado oposto da sacada. Chego em frente à porta do meu antigo apartamento e sorrio.
— Está aberta. — Roy diz, aproximando-se — Não havia motivos para trancá-la.
— Não pensaram em alugar outra vez? — abraço meu próprio corpo, já sentindo o frio castigando, e olho para ele.
— Não! — nega com a cabeça, antes de me puxar para perto de si.
— Por quê? — pergunto com curiosidade, sem deixar de aproveita a sensação de ter os braços quentes do meu esposo ao redor de mim — Agora que não tem mais ninguém morando no seu apartamento...
— Nosso. — interrompe-me.
— Nosso! — tento não revirar os olhos, mas é inevitável sorrir — Agora que não tem ninguém morando no apartamento ao lado, com certeza será mais fácil de alugar.
— Você tem razão! — diz observando a paisagem, e eu faço o mesmo — Mas eu tenho outros planos em mentes. — volto a olhar para ele — Vamos entras? Estou faminto e pensei em pedirmos comida italiana no restaurante favorito da minha esposa.
Ao ouvir sobre comida, meu estômago responde imediatamente.
— É, acho que também estou com fome. — entramos na sala, que já estava mais quente, devido os aquecedores ligados, e Roy fecha as portas da varanda — Agradeço por pensar em mim, meu bem. Mas que tal pedirmos comida japonesa? — Roy arregala os olhos e inclina um pouco a cabeça.
— Você não suporta comida japonesa!
— Eu sei! Eu sei! Mas parece que as coisas estão mudando um pouquinho. — toco meu ventre e abro um sorriso — Pelo menos por enquanto.
— Gostei dessa mudança! — ele caminha até mim, também com um sorriso e beija minha bochecha, depois minha barriga.
Roy segue até a cozinha, onde encontra o número do seu restaurante favorito de comida japonesa. Após fazer nosso pedido, tomamos um banho e ficamos deitados no sofá da sala, esperando a refeição chegar.
— Como se sente? — pergunta, fazendo leves carícias em meu ventre, mas sem desviar os olhos da TV, onde passa Agents of Shield, nosso novo vício.
— Em relação a...?
— De estarmos aqui, sobre sua saúde, sobre termos passado um tempo com os seus pais, sobre revermos nossos amigos. — dá de ombros e finalmente olha para mim — Tudo!
— Bem, confesso que estou um pouco aliviada em saber que esta será a última vez que precisarei contar sobre a minha doença para alguém. — digo o que realmente sentia. Roy pausa a série e se ajeita no sofá.
— Então... — une os lábios e desvia seu olhar do meu.
— Então...? — também me ajeito.
— Pode ser que eu já tenha contado para eles ontem à noite, quando você estava conversando com os seus pais, após o filme que vimos. — diz por fim — Me perdoe, caso tenho agido precipitadamente, mas eu imaginei que você já não quisesse mais passar por isso. — volta a me fitar, com temor.
— Está tudo bem! — acaricio seu rosto e ofereço um sorriso reconfortante — Obrigada por ter feito isso, eu realmente não queria. Fico ainda mais aliviada.
Ele relaxa um pouco e concorda.
— Estou pensando em ir à Carolina Herrera amanhã. Fazer uma surpresa à Ash. — crispo os olhos — Só espero que não tenha contado aos nossos amigos sobre a viagem.
— Eu disse que seria surpresa, meu amor! Não contei a ninguém! — garante.
— Ótimo! — volto a me acomodar no sofá e Roy faz o mesmo, despausando a série — Não sei o porquê, mas a Sky me lembra bastante a Ash.
— Nossa, não tinha reparado nisso! — responde analisando a personagem — Elas são bem parecidas mesmo. Damos de ombros juntos e continuamos a prestar atenção no episódio, até que a comida chegar.
>>>><<<<
Voltamos para NY 🗽♥️ onde tudo começou!
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