Capítulo 23
O que dizer sobre ontem? Foi maravilhoso estar com os meus amigos novamente. No fim do dia, decidimos que todos dormiríamos na casa dos Carter. Emily e Charlotte chegaram por volta das seis da tarde. A anciã ficou conosco por apenas uma hora, com o intuito de colocar o papo em dia. E é claro que gostamos demais da sua companhia, pois não havia uma pessoa do nosso grupo que não amasse a vovó Charly.
No dia seguinte, acordei antes mesmo dos primeiros raios surgirem no horizonte. Solto um pequeno suspiro antes de retirar o bracinho da minha cunhada, que contorna minha cintura. Sofia e eu dormimos no quarto da Em, que não desgrudou de mim a noite toda.
Olho para o relógio da cinderela na mesa de cabeceira e me espanto. Não são nem quatro e meia da manhã, e a bonita já despertou com a mente fervilhando. Emily resmunga e vira de lado quando resolvo sair da cama, deixando o espaço ao seu lado vago. Coloco minha sandália, um casaco quentinho e saio do quarto.
O corredor estava completamente escuro. Desta forma precisei ligar a lanterna do celular para poder, então, descer os degraus sem dar com a cara no mármore frio. Chegando ao térreo, ligo a luz do hall e sigo até a cozinha, onde encho um copo com água antes de me acomodar no grande sofá localizado na sala de estar.
Amanhã.
Graças às minhoquinhas, minha mente só conseguia pensar no amanhã com certo nervosismo. E meu estômago embrulhava com o bater de asas das borboletas em seu interior.
Amanhã será o grande dia, e internamente estou surtando com todos os pensamentos acerca da viagem de lua de mel, e nossa noite de núpcias. A partir de amanhã eu serei uma mulher casada, consequentemente, não serei mais virgem.
- Jesus Cristo, tenha misericórdia! - Abraço meus joelhos com um dos braços. Com o outro, termino de beber todas a água do copo, derramando boa parte no meu colo - Droga! - resmungo limpando o local.
- Não sei o porquê, mas algo me dizia que te encontraria aqui. - fecho com força os olhos para não encarar o meu noivo. Era só o que me faltava neste momento - Clara?
- Está dormindo sentada, por favor não interrompa o seu sono da beleza. - a gargalhada de Roy me faz abrir os olhos e encarar seus lindos orbes que estavam fixos em mim.
- Então lhe peço perdão, senhorita Bianchi! - diz indo em direção a cozinha. Ele pega uma maçã e volta, sentando-se em outro sofá de frente para mim - O que foi? - questiona em tom brincalhão quando percebe meu olhar seguindo cada movimento seu - Não estava dormindo?
- Estou desesperada! - digo por fim.
- Por causa de amanhã, certo? - pergunta. Inclina-se para frente, apoiando os antebraços nas pernas.
- Sim. - minha voz sai como um sussurro.
- Mon amour, - Roy se levanta, coloca a maçã na mesa de centro, e senta ao meu lado - Se você está preocupada com a cerimônia, não fique! Eu estou cuidando para que tudo saia como você planejou - segura minhas mãos e me olha com ternura - Até aqui o Senhor tem nos ajudado. Será perfeito, eu prometo!
- Não, Ro! Não estou preocupada com a cerimônia ou a festa. - retiro minhas mãos das suas com delicadeza e escondo meu rosto entre as mesmas.
- Então o que te preocupa, minha linda? - sinto sua mão acariciar meu cabelo. Permaneço calada, pois não me sinto à vontade para falar sobre sexo com ele neste momento - Clara! Sabe que estou aqui para te ouvir e ajudar. Por favor, fale comigo.
- É muito constrangedor... - sussurro mais uma vez.
Ao me ouvir, as carícias em meu cabelo sessam e eu temo abrir os olhos para conferir sua reação.
- Sua preocupação é com a nossa lua de mel? - pergunta com cautela, e eu simplesmente assinto, sem conseguir encará-lo - Mon amour, olhe para mim, por favor.
- Estou envergonhada demais para isso. - minha voz sai abafada.
Sinto suas mãos tocarem as minhas e, com delicadeza, abaixa-las até meu colo. Com um pouquinho de coragem, abro apenas um dos olhos e me deparo com o lindo sorriso lateral, não de deboche ou zombaria, mas de compreensão.
- Você não tem com o que se preocupar, querida. - acaricia meu rosto. Abro a outra pálpebra e me perco em seu olhar apaixonado - Eu te amo! Você me ama! Nós estamos fazendo tudo de acordo com a palavra de Deus. Esperamos o tempo dEle para as nossas vidas. Tudo o que faremos será debaixo da benção do Senhor, e Ele estará conosco.
- Oh Deus! Roy, isso não está ajudando! Eu sei que o sexo é totalmente puro e espiritual, feito no casamento é claro. Mas só de pensar que Deus, realmente, estará presente, me dá mais nervoso ainda. - desato a falar.
- Clara, acalme-se! - Roy dá uma leve risada e eu me sinto ainda mais envergonhada e um pouco culpada por estar tendo esse tipo de pensamento.
- O que está acontecendo comigo? Me perdoe, Pai, mas acho que estou pirando. - começo a chorar, sentindo as emoções se alterarem rapidamente.
- Ei! - meu noivo me toma em seus braços acariciando minhas costas - Está tudo bem, mon amour! Está tudo bem!
- Não, não está! - desaguo minhas verdadeiras preocupações e angustias - Você é um homem experiente, Roy. Eu não tenho experiencia alguma. Nasci em um lar cristão e jamais deixei de obedecer aos mandamentos de Deus, mesmo quando me afastei da igreja.
Fecho os olhos com força ao sentir sua testa colando junto a minha.
- Infelizmente eu não posso voltar ao passado e apagar os erros que cometi em meus tempos de ignorância. Sinto muito por você estar sofrendo as consequências das minhas más escolhas. Porém a partir de amanhã eu serei apenas seu, completamente seu, Clara! - acaricia minhas bochechas com o polegar - Por favor não se aflija quanto a isso.
- E se eu não for boa o suficiente?
- Não diga tamanha besteira, por favor! - pede um pouco chateado - Olha, eu posso não ser virgem, mas será a nossa primeira vez, juntos. Mesmo que não pareça, isso também me deixa tenso. De qualquer forma eu darei o meu melhor para que você se sinta o mais confortável possível. - abro os olhos e enxergo a sinceridade de suas palavras através de seu olhar, profundo e penetrante - Confie em mim, amor! - sua voz é suave e amável.
Respiro fundo e balanço a cabeça em concordância.
Expondo nossos temores, receios, alegrias, contentamentos e certezas, assim ficamos até as primeiras pessoas começarem a acordar. Por volta das nove horas da manhã, estávamos na estrada rumo ao aeroporto, pois, meus pais e os parentes que puderam vir, chegavam hoje.
- Nem acredito que verei a Beta novamente, após tantos anos. - digo para Sofia, enquanto observo a paisagem através da janela do carro.
- Vocês falam tanto nessa prima, estou curioso para conhece-la. - Roy, que dirigia concentrado na estrada, comenta com um sorriso no rosto.
- Pois o grande dia chegou. Mas não vá criando muita expectativa não hein! - Sofi diz - Ela é doidinha, assim como o restante da família.
- Tenho que concordar.
- Na verdade, a única que se salva é a nossa prima Sandra que sempre foi muito na dela. Aliás, a Aninha já falou que ela morou aqui na França há alguns anos?
- Não! - Roy e eu respondemos juntos.
- Você sabe que não temos tanta proximidade assim, Sofi. - digo ainda encarando a paisagem externa.
- Isso tudo por causa das coisas que mamãe colocava em sua cabeça quando era adolescente. Das comparaçõ...
- Ok, já chega, Sofia! Esse assunto já foi jogado no mar do esquecimento, eis que todas as coisas foram feitas novas. - olho feio para ela. Em seguida volto minha atenção para Roy - A Sandra também é estilista, e hoje em dia mora na Dinamarca junto com seu marido e dois filhos, porém não temos tanto contato assim, devido a distância e as coisas que aconteceram no passado.
- Essa é uma das primas que não poderão vir, certo? - ele pergunta.
- Isso mesmo. - sorrio.
- Por causa da viagem né?
- Não! - Sofi e eu respondemos juntas aos risos - Essa já é outra, a Giovanna Antonella. Nossa prima por parte de pai.
- Ela está em uma viagem missionária neste exato momento. - minha irmã comenta pensativa.
- Que incrível! Para onde ela foi? - quis saber.
- Para Líbia. - Respondo e percebo o exato momento em que Roy engole em seco.
- De acordo com papai, nonna estava com o coração apertado. Afinal de contas Antonella, que preferimos chamá-la pelo primeiro nome, foi criada com nossa avó paterna, e agora corre risco de vida. - Sofi complementa.
Esse assunto era um dos mais comentados na família Bianchi nas última semanas. Nossa prima Gio e um grupo de missionários viajaram para Líbia, um lugar extremamente perigoso e conhecido por seu alto índice de perseguição e morte aos que professam sua fé em Jesus. Nossa família e a igreja onde ela congrega na Itália, estão fazendo um propósito por esta causa. Pois eles necessitam de nossas intercessões.
- Uau, que Deus os guarde e ajude em toda essa viagem. Bom, com o tempo eu vou me acostumando e conhecendo a sua família. - diz - ela é enorme.
- Põe enorme nisso! - aperto sua bochecha.
***
- Família, este é o apartamento do Roy, que muito em breve será o nosso lar. - olho de relance para o meu noivo parado na porta ao lado de papai com um lindo sorriso no rosto - Fiquem à vontade!
- Meus queridos, que lugar bonito! - vovó diz em seu sotaque italiano.
- Que bom que gostou, nonna! - abraço minha velha. Estava com tanta saudade das minhas avós. Porém eu não via a mãe do meu pai, desde os dezenove anos de idade. Há quase oito anos.
- Já estou aguardando uma visita de vocês dois - aponta de Roy para mim - lá na Itália.
- Providenciaremos em breve! - ele responde com animação.
- Eu posso ir também, vovó? - Emily, que estava entre mamãe e vovó Claudia, pergunta um pouco envergonhada.
- Mas é claro, docinho! - a mais velha segue até a mais nova e acaricia suas bochechas - Ai desses dois se não te levarem!
- Percebi que o convite não se estendeu a mim, mas eu irei de qualquer forma, também sou neta. - Sofi diz, de braços cruzados.
- Vai começar... - mamãe sussurra fazendo-nos rir, deixando-a ainda mais chateada.
Após decidirmos quem vai e quem não vai à Itália, Roy e eu levamos cada hóspedes aos seus respectivos quartos. Sofi, Beta e Ash dormiriam no atual quarto da minha amiga. Mamãe e papai, no quarto onde minha irmã dormia antes. E as minhas duas avós no outro quarto.
Resumidamente, minha família amou conhecer o meu noivo e minha cunhada. Os dois conquistaram os corações de cada membro. Alguns familiares ficaram hospedados em hotéis próximos a minha casa, pois não quiseram incomodar ninguém, por mais que disséssemos que teria espaço para todos.
A tarde mal chegara e com ela a movimentação dentro do nosso futuro lar. Roy e Emily ficaram mais um tempo em nosso meio precisaram, no entanto, retornar para a mansão dos Carter a fim de prepararem suas coisas para o grande dia.
>>>><<<<
Agora a família está toda reunida, quer dizer, quase toda... Uma perguntinha, alguém aí já ouviu falar sobre a prima da Ana e da Sofi, a tal da Gio? Eu tenho a leve impressão de que já ouvi falar dela em algum lugar 🤔🤔
Amanhã tem maaais (assim espero)!!! Não esqueçam da 🌟🙏🏼
Att.
NAP 😘
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