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“Algumas vezes coisas ruins acontecem em nossas vidas para nos colocar na direção das melhores coisas que poderíamos viver.”
O aroma de café fresco pairava no ar da cafeteria lotada. O burburinho das conversas misturava-se ao tilintar de colheres contra xícaras de porcelana, criando um fundo sonoro aconchegante, mas caótico. Maya estava sentada em um canto próximo à janela, os dedos deslizando suavemente sobre a tela do tablet enquanto escrevia algumas ideias para uma nova história. Diante dela, um cappuccino esfriava lentamente, ignorado.
Ela gostava daquele lugar — não pelo movimento, mas pelo som ambiente, que de alguma forma ajudava a organizar seus pensamentos. No entanto, naquele dia, cada mesa estava ocupada, e algumas pessoas já começavam a rondar em busca de um espaço vago.
Foi quando uma voz suave se fez ouvir ao lado dela.
— Oi… Desculpa incomodar, mas a cafeteria está lotada e… você se importaria se eu me sentasse aqui? Prometo que não vou atrapalhar.
Maya levantou os olhos, encontrando o rosto de uma garota com um sorriso tímido e olhos brilhantes, um pouco ansiosos. Seu cabelo estava preso em um coque frouxo, com algumas mechas soltas emoldurando seu rosto. Nas mãos, segurava um sketchbook junto com um café.
Maya piscou algumas vezes, ponderando. Normalmente, não gostava de dividir espaço com desconhecidos, mas a jovem parecia sincera e, além disso, ela mesma tinha duas cadeiras sobrando.
— Não tem problema — respondeu, dando de ombros. — Pode ficar à vontade.
O sorriso da garota se alargou com alívio.
— Obrigada! — disse, puxando a cadeira e se acomodando.
Por alguns instantes, o silêncio pairou entre as duas. Maya voltou a deslizar os dedos pelo tablet, enquanto a jovem abriu seu sketchbook, rabiscando algo com um lápis.
Maya não se importava com o silêncio. Na verdade, o apreciava. Mas, por algum motivo, percebeu que aquele silêncio específico não era desconfortável. Pelo contrário, havia algo naturalmente tranquilo na presença da garota à sua frente.
O silêncio entre as duas durou alguns minutos, mas para a outra garota, parecia uma eternidade. Ela nunca teve problemas com o silêncio quando estava sozinha, mas, estando sentada com alguém que claramente não puxaria assunto, começou a se sentir inquieta.
Depois de rabiscar algumas linhas sem propósito no papel, largou o lápis e olhou para Maya com um sorriso leve.
— Qual o seu nome? — perguntou, inclinando a cabeça.
Maya, que estava concentrada em seu tablet, ergueu os olhos, surpresa pela pergunta repentina. Não que ela se importasse, mas não esperava que a garota fosse puxar assunto depois de dizer que "não iria incomodar".
— Maya.
— Ah, nome legal. Eu sou Hannah — disse, apoiando o queixo na mão. — Sou de Nova York.
Maya assentiu levemente, sem demonstrar muita reação, mas respondeu:
— Eu moro aqui mesmo, em Los Angeles.
— Sério? Isso é incrível! Sempre quis conhecer melhor a cidade — disse Hannah, empolgada. — Tem alguma coisa que você recomende? Um lugar que eu definitivamente não posso deixar de visitar?
Maya hesitou por um instante. Não era do tipo que fazia listas de lugares favoritos, mas depois de um segundo, deu de ombros.
— Depende do que você gosta. Se gosta de música, tem uns bares de jazz bem legais por aqui. Mas se prefere algo mais tranquilo, tem um café numa rua mais afastada que é ótimo pra ler ou desenhar sem muita gente em volta.
Os olhos de Hannah brilharam.
— Eu amo arte. Passaria horas em um lugar assim.
Maya arqueou uma sobrancelha.
— Você desenha?
Hannah sorriu, virando seu sketchbook na direção de Maya.
— Sim, desde criança. Não sou uma profissional nem nada, mas gosto de criar.
Maya olhou os traços soltos no papel, traços que pareciam capturar pequenos momentos e emoções com facilidade. Havia algo genuíno e expressivo ali.
— É bom — comentou, sincera.
Hannah sorriu.
— Obrigada. E você? Tá escrevendo alguma coisa aí?
Maya hesitou, olhando para o tablet.
— Sim. Escrevo histórias às vezes.
— Isso é incrível! Sobre o quê?
— No momento, apenas coisas que estão na minha cabeça. — Maya olhou para Hannah, avaliando seu entusiasmo, e por algum motivo, sentiu-se à vontade para continuar a conversa. — Mas vamos falar sobre outra coisa, o que te trouxe até Los Angeles?
Hannah ergueu os olhos do sketchbook e sorriu, apoiando-se na mesa.
— Estou de férias com meu irmão. Nós moramos em Nova York, mas faz um tempo que não vínhamos pra cá.
Maya assentiu, tomando um gole de seu café agora morno.
— E resolveram visitar a cidade?
— Sim, mas também porque estávamos com saudade da família — respondeu Hannah, ajeitando uma mecha de cabelo que havia escapado do coque. — Nosso tio mora aqui, então vamos passar um tempo com ele. Normalmente, costumamos sair com nosso tio e os amigos dele. Eles sempre nos levam para conhecer lugares legais.
Maya ergueu uma sobrancelha.
— Mas não dessa vez?
Hannah suspirou, apoiando o queixo na mão.
— Não muito. Eles estão ocupados com projetos e vão trabalhar em breve, então têm menos tempo livre. Meu irmão e eu acabamos explorando por conta própria.
Maya assentiu, entendendo a situação. Ela mesma não era do tipo que se incomodava em ficar sozinha, mas conseguia perceber que Hannah parecia gostar de companhia.
— Pelo menos você ainda tem seu irmão — comentou.
Hannah sorriu.
— Sim, mas ele gosta mais da parte agitada da cidade. Eu prefiro lugares tranquilos.
Maya deu um pequeno sorriso de canto.
— Então acho que você veio parar na mesa certa.
Hannah riu.
— Acho que sim.
Maya inclinou levemente a cabeça.
— E o que vocês planejam fazer?
Hannah riu.
— Meu irmão quer fazer aquelas coisas bem turísticas, tipo ir na Calçada da Fama e no letreiro de Hollywood. Eu, por outro lado, só quero encontrar lugares legais para desenhar e aproveitar o tempo com a família.
Maya soltou um pequeno sorriso de canto.
— Então aquele café que eu mencionei pode ser uma boa pra você.
— Parece perfeito — Hannah disse, animada. — Você vai lá com frequência?
— De vez em quando — respondeu Maya, dando de ombros.
Hannah sorriu, sentindo que, aos poucos, estava quebrando a barreira de Maya.
— Quem sabe eu te encontre por lá um dia.
Maya não respondeu de imediato, mas algo no jeito despreocupado de Hannah a fez sentir que, talvez, não seria uma má ideia.
O tempo passou mais rápido do que Maya esperava. Ela não era do tipo que gostava de interações longas, mas, de alguma forma, conversar com Hannah não havia sido exaustivo. Pelo contrário, tinha sido… surpreendentemente tranquilo.
Ela checou o relógio no canto do tablet e suspirou, fechando a capa do dispositivo.
— Bom, acho que já está na hora de eu voltar para o hospital.
Hannah franziu levemente a testa.
— Hospital?
— Minha mãe está internada — respondeu Maya, de maneira objetiva.
Hannah endireitou-se na cadeira, sua expressão suavizando.
— Ah… Espero que ela fique bem.
Maya assentiu, sem se aprofundar no assunto.
— Obrigada.
Ela pegou sua bolsa e empurrou a cadeira para trás, pronta para sair, mas então, fez uma pausa. Olhou para Hannah por um instante antes de dizer, com um pequeno aceno de cabeça:
— Foi bom conhecer uma pessoa nova.
O sorriso de Hannah se iluminou.
— Digo o mesmo.
Maya apenas acenou levemente com a mão antes de se afastar, sentindo que, de alguma forma, aquela conversa inesperada havia tornado seu dia um pouco menos pesado.
Ela saiu da cafeteria sentindo o vento frio de Los Angeles bater contra seu rosto. O encontro inesperado com Hannah havia sido um momento raro de leveza em sua rotina. Mas agora, sua mente voltava ao que realmente importava: sua mãe.
Ela pegou o celular do bolso enquanto caminhava até o hospital e digitou rapidamente uma mensagem para David.
Maya: Você já chegou no hospital?
Demorou apenas alguns segundos para ele responder.
David: Já tô aqui. Na recepção. Te esperando, coração de gelo.
Maya revirou os olhos com um pequeno sorriso.
Maya: Engraçadinho. E a Emy? Ela está com você?
David: Ela queria, mas tá presa em casa com a mãe. Não conseguiu sair.
Maya assentiu para si mesma. Emy sempre tentava estar presente, mas a relação dela com a mãe nem sempre tornava isso fácil.
Maya: Entendi. Avisa pra ela que mando um oi. Ah, e antes de vir pra cá, conheci uma pessoa nova.
David: O QUÊ? Você? Conhecendo gente nova? Preciso ver isso de perto. Quem é a vítima?
Maya riu baixinho.
Maya: O nome dela é Hannah. A gente acabou dividindo a mesa na cafeteria porque estava lotado. Ela parece legal.
David: Milagre. Você gostando de alguém logo de cara? Essa Hannah deve ser tipo a versão humana de um filhote de cachorro.
Maya: Idiota.
David mandou um emoji de riso e depois outra mensagem.
David: Anda logo. Tô te esperando.
Maya acelerou o passo. Mesmo com a leve distração da cafeteria e da conversa com David, a apreensão ainda pesava sobre seus ombros. Toda vez que ia ver sua mãe, um medo irracional a tomava: e se, um dia, ela chegasse tarde demais?
Ela apertou o celular com mais força na mão e respirou fundo. Só precisava chegar lá logo.
Maya atravessou a rua e avistou o hospital logo à frente. Entrou apressada no hospital, sentindo o cheiro característico de antisséptico e desinfetante no ar. As luzes frias da recepção contrastavam com o céu começando a escurecer, e o movimento de pessoas entrando e saindo parecia maior do que o normal.
Seu coração estava acelerado, não só pela pressa, mas também pela ansiedade de ver sua mãe. Ela digitou rapidamente uma mensagem para David:
Maya: Onde você tá? Cheguei agora.
Quase no mesmo instante, a resposta apareceu na tela.
David: Fui no refeitório pegar água, mas já tô voltando. Me espera aí.
Poucos minutos depois, ele apareceu segurando uma garrafa de água e um pequeno pacote de biscoitos.
— Peguei isso pra você, caso não tenha comido nada. — Ele disse, entregando o pacote para ela.
Maya sorriu levemente.
— Valeu. Mas acho que não consigo comer agora.
— Achei que você tinha desistido no meio do caminho.
Maya revirou os olhos, mas seu semblante suavizou.
— Dá um tempo. Eu não demorei tanto assim.
David guardou o celular no bolso e começou a caminhar ao lado dela em direção ao elevador.
— Então… me conta mais sobre essa tal de Hannah.
Maya suspirou, já sabendo que ele não ia largar esse assunto tão cedo.
— Não tem muito o que contar. A cafeteria tava cheia, e ela perguntou se podia dividir a mesa comigo. Disse que não ia incomodar.
— E incomodou? — Ele ergueu uma sobrancelha, brincalhão.
Maya balançou a cabeça com um pequeno sorriso.
— Não. Foi… estranho. Eu normalmente não gosto de conversar com desconhecidos, mas ela parecia legal. E eu percebi que ela tava meio inquieta com o silêncio.
David abriu um sorriso exagerado.
— Olha só! A Ice Queen fez uma amiga nova. Vou mandar uma mensagem pra Emy, ela vai surtar.
— Idiota. — Maya bufou, mas não conseguiu evitar um leve riso.
O elevador chegou, e os dois entraram. O silêncio preencheu o espaço enquanto subiam até o andar onde Eleanor estava. Maya sentia o nervosismo voltando a crescer em seu peito.
David percebeu e tocou de leve no ombro dela.
— Vai ficar tudo bem.
Ela olhou para ele e assentiu, mas não respondeu. Não gostava de admitir o quanto se preocupava.
Quando as portas se abriram, eles saíram juntos e seguiram pelo corredor. Ao se aproximarem do quarto de Eleanor, Maya sentiu um aperto estranho no peito. Algo parecia diferente.
Quando abriu a porta, ela parou abruptamente.
Assim que seus olhos pousaram nas duas figuras ao lado da cama de sua mãe, seu corpo congelou.
Diante dela estavam Chris Evans e Kira Albayrak, dois rostos extremamente familiares — e não porque ela os conhecia pessoalmente, mas porque eram pessoas famosas.
Chris sentiu o ar escapar de seus pulmões ao encarar Maya. O tempo pareceu desacelerar por um instante. Ele não sabia o que esperava, mas, ao vê-la, teve certeza de que não precisava de teste de DNA algum. Ela era sua filha. E agora, ele precisava descobrir como dizer isso a ela.
Ela era parecida com Eleanor—os mesmos olhos intensos, a mesma postura levemente defensiva. Mas havia algo nele ali também. Talvez o jeito como ela arqueou a sobrancelha em desconfiança, ou a maneira como apertou os lábios ao vê-lo.
Os olhos de Maya se arregalaram. Ela olhou para sua mãe, que parecia cansada, mas serena, e depois para os dois famosos, que agora a observavam com expressões indecifráveis.
O tempo pareceu congelar. David, ao lado dela, arregalou os olhos.
— Espera… — Ele sussurrou. — Isso é real ou eu bati a cabeça no caminho?
Maya piscou, sentindo o coração disparar.
— O que... o que está acontecendo aqui? — Sua voz saiu hesitante, enquanto ela alternava o olhar entre sua mãe e Chris Evans.
David, ao seu lado, estava tão chocado quanto ela.
— Eu sabia que sua mãe era incrível, mas não sabia que ela conhecia celebridades... — Ele murmurou, sem conseguir tirar os olhos do ator e da mulher ao lado dele.
Maya sentiu um frio na barriga. Havia algo naquela situação que não fazia sentido. E, pelo jeito que Chris a olhava, com uma mistura de nervosismo e expectativa, ela sabia que alguma coisa muito maior estava prestes a ser revelada.
Chris levantou o olhar para ela, claramente surpreso, mas também com algo a mais nos olhos — um brilho incerto, hesitante.
O silêncio no quarto era sufocante. Maya sentia o coração martelando no peito enquanto tentava entender o que estava acontecendo. Chris Evans — um dos atores mais famosos do mundo — estava ali, ao lado da cama de sua mãe, olhando para ela de um jeito estranho. Como se... Como se a conhecesse.
Ela desviou o olhar para sua mãe, que parecia fraca, mas ainda assim esboçava um pequeno sorriso cansado.
— Mãe... O que está acontecendo? — Sua voz saiu hesitante, quase com medo da resposta.
David, ao seu lado, ainda estava boquiaberto, olhando de Chris para Kira, que permanecia quieta, observando a cena atentamente.
Chris pigarreou e deu um passo à frente, claramente tenso.
— Maya, eu... — Ele parou, passando a mão pelo cabelo em frustração, como se não soubesse por onde começar. Ele então olhou para Eleanor, que assentiu levemente, incentivando-o a continuar.
— Maya, tem algo muito importante que sua mãe precisa te contar. E... Eu também.
Os olhos de Maya se estreitaram em confusão e ela cruzou os braços, defensiva.
— Contar o quê? — Ela olhou para Eleanor novamente, esperando que a mãe esclarecesse a situação.
Eleanor olhou de Chris para Maya, respirou fundo, lutando contra a fraqueza que dominava seu corpo.
— Filha... Eu devia ter te contado isso há muito tempo. Eu sei que errei ao esconder a verdade, e me arrependo profundamente. — Ela fez uma pausa, tentando recuperar o fôlego. — Chris... Ele é seu pai.
O mundo de Maya pareceu parar naquele instante.
Ela piscou, sentindo o chão sumir sob seus pés.
— O quê...? — Sua voz saiu num sussurro, quase sem ar.
Chris abaixou a cabeça por um momento, antes de voltar a encará-la. Seus olhos estavam carregados de emoção — medo, esperança e, acima de tudo, um desejo intenso de conexão.
— Eu não sabia, Maya. Eu juro. — Sua voz era sincera, quase suplicante. — Eu nunca soube que você existia até hoje.
Maya balançou a cabeça, tentando processar tudo.
— Isso... Isso não faz sentido. — Sua respiração estava acelerada. Ela olhou para a mãe, buscando alguma pista de que isso não passava de um engano. Mas Eleanor apenas assentiu, confirmando tudo.
David, ao seu lado, soltou um longo "uau", parecendo tão perdido quanto ela.
— Então... Você é filha do Chris Evans? — Ele murmurou, ainda em choque.
Maya deu um passo para trás, sentindo-se sobrecarregada.
— Eu... Eu não sei o que dizer. — Sua voz estava trêmula. Seu olhar encontrou o de Chris, e ela viu nele uma mistura de felicidade e receio, como se tivesse medo da reação dela.
E, de certa forma, Maya também estava com medo. Porque, em questão de minutos, sua vida havia mudado completamente.
Maya sentia a respiração descompassada enquanto tentava organizar os pensamentos. Seu olhar ia de Chris para sua mãe, como se sua mente se recusasse a acreditar no que tinha acabado de ouvir.
Chris Evans. Seu pai.
Era uma piada, só podia ser.
— Eu... — Maya abriu a boca para falar, mas nenhum som saiu. Ela sentia como se o mundo estivesse girando rápido demais para que conseguisse acompanhar.
Chris deu um passo à frente, hesitante.
— Maya, eu sei que isso é muita coisa pra absorver. Eu também ainda estou processando tudo. Mas eu só quero que você saiba que... eu estou aqui. Eu não vou a lugar nenhum.
Ela o encarou, sentindo um nó na garganta. Não sabia como reagir. Parte dela queria gritar, exigir respostas da mãe por ter escondido isso dela por toda a vida. Outra parte queria simplesmente sair dali e fingir que nada daquilo estava acontecendo.
David, ao seu lado, parecia prestes a explodir de curiosidade, mas, pela primeira vez na vida, decidiu manter a boca fechada.
Kira observava tudo em silêncio, os braços cruzados, mas com um olhar que demonstrava compreensão.
Maya passou a mão pelo rosto, sentindo uma mistura de emoções que nunca havia experimentado antes.
— Por quê? — Sua voz saiu fraca, quase um sussurro. Ela olhou para Eleanor. — Por que você nunca me contou?
A mulher fechou os olhos por um momento, como se tentasse encontrar forças para responder.
— Eu... Eu tive medo. — Eleanor finalmente disse, sua voz embargada. — Medo de como você reagiria. Medo de complicar a vida do Chris. Medo de tudo.
Maya soltou uma risada amarga, sem humor.
— Medo? Você me privou de conhecer meu pai por causa de medo?
Chris fechou os olhos por um segundo, claramente afetado por aquilo.
Eleanor respirou fundo, sua expressão cheia de dor.
— Eu sei que errei. Eu sei que não tenho justificativas. Mas tudo que fiz foi tentando te proteger.
Maya balançou a cabeça, sentindo uma onda de frustração e tristeza crescendo dentro dela.
Chris olhou para a filha, seu olhar cheio de sentimentos conflitantes.
— Eu sei que você não tem motivo para confiar em mim agora, mas eu realmente quero estar na sua vida. Eu quero recuperar o tempo perdido, se você deixar.
Maya engoliu em seco. Ainda não sabia como se sentir em relação a tudo aquilo. Mas havia uma coisa que ela sabia: nada mais seria como antes.
Ela sentia um peso esmagador no peito, como se tivesse sido arrancada de sua própria realidade e jogada em uma vida que nunca imaginou.
Chris Evans. Seu pai.
Ela apertou os punhos, tentando acalmar a tempestade dentro de si. Seu olhar voltou para Eleanor, que parecia exausta, mas ainda esperava pela reação da filha.
— Isso é... grande demais para simplesmente aceitar de uma hora para outra. — A voz de Maya saiu hesitante, mas firme. Ela olhou para Chris e depois para sua mãe. Ele assentiu, respeitando o espaço dela.
— Eu entendo. — Ele disse baixinho, com um olhar carregado de emoções. — Mas eu estou aqui. Se precisar de mim, se quiser conversar... Eu estou aqui, Maya.
Ela engoliu em seco e desviou o olhar. Sua cabeça girava com tantas perguntas, tantas emoções conflitantes.
David, que até então estava em silêncio, decidiu se manifestar.
— Ok, isso foi intenso. — Ele olhou para Maya com preocupação. — Quer que eu te leve pra dar uma volta?
Ela hesitou, mas acabou assentindo levemente.
— Sim. Eu preciso respirar.
Ela lançou um último olhar para sua mãe, que parecia prestes a dizer algo, mas apenas assentiu. Kira, que até então estava quieta, finalmente falou, dirigindo-se a Maya com um tom calmo e seguro.
— Vai no seu tempo. Ninguém aqui quer te pressionar.
Maya apenas assentiu antes de sair do quarto com David ao seu lado.
Assim que as portas se fecharam, Chris soltou um longo suspiro, passando as mãos pelo rosto.
— Isso foi... difícil.
Kira colocou uma mão no ombro dele, seu olhar cheio de compreensão.
— Você esperava que fosse fácil?
Chris riu sem humor e balançou a cabeça.
— Não. Mas, droga, eu não sabia que ia doer tanto.
Ele olhou para a porta por onde Maya havia saído, sentindo o coração apertado.
Agora que finalmente sabia que tinha uma filha, a ideia de perdê-la antes mesmo de tê-la em sua vida o aterrorizava.
Chris passou a mão pelo rosto, tentando processar tudo. Ainda era difícil acreditar que, depois de todos esses anos, ele tinha uma filha — e que ela havia crescido sem nunca saber quem ele era.
Kira apertou seu ombro levemente, tentando oferecer algum conforto.
— Você precisa dar tempo a ela, Chris. É muita coisa para absorver.
Ele soltou um suspiro cansado.
— Eu sei... Mas e se ela nunca me aceitar? E se ela simplesmente decidir que não quer nada comigo?
Kira cruzou os braços, inclinando ligeiramente a cabeça.
— Se isso acontecer, você vai respeitar a decisão dela. Mas, sinceramente? — Ela sorriu de canto. — Você não é um cara fácil de odiar.
Chris soltou uma risada curta, sem muito humor.
— Acha mesmo que isso vai dar certo?
Kira deu de ombros.
— Eu acho que ela está confusa e magoada. Mas também acho que, no fundo, ela quer conhecer o pai. Só precisa de tempo.
Ele assentiu lentamente, refletindo sobre aquilo.
Eleanor, que estava observando a interação entre os dois, finalmente encontrou forças para falar.
— Chris... — Sua voz saiu fraca, mas carregada de emoção. — Obrigada por não ter simplesmente ido embora.
Ele virou-se para ela, seu olhar suavizando.
— Eu nunca faria isso. Não depois de saber que tenho uma filha.
Eleanor sorriu, aliviada.
— Então faça tudo certo agora e cuide dela, Chris. Não deixa minha menina ficar sozinha.
Chris apertou os lábios e assentiu, determinado.
— Eu prometo.
Ele faria. Por Maya.
🄽ᴏᴛᴀs!!
— (𝟢𝟣) A Maya conheceu a Hannah que não vai aparecer com tanta frequência nesses primeiros capítulos, mas que é importante para a história.
— (𝟢𝟤) Ela também descobriu a verdade sobre seu pai, o que acharam?
— (03) Perdoem se tiver alguma escrita errada.
— (𝟢4) Eu espero que tenham gostado <3
— (05) Votem e comentem por favor.
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