Tom sabia que precisava conversar com Emily sobre aquela noite, mas estava com muito medo de encará-la. Especialmente porque ele a estava evitando completamente desde a noite em que ela ficou na casa dele.
Ele precisava se desculpar e, com sorte, conversar sobre o assunto com ela. Bem, ele não precisava fazer aquilo porque os dois tinham um acordo, mas, como as coisas não estavam bem ultimamente, ele sabia que provavelmente deveria. E havia também uma parte dele que achava que precisava fazer aquilo, ele devia isso a Emily, no mínimo.
Ele fez uma jogada muito estúpida naquela noite, quando levou aquela garota para o prédio. Ele sabia que não deveria ter ido ao bar em primeiro lugar, mas estava procurando problemas e certamente os encontrou naquela noite. Levá-la para casa causou um arrependimento instantâneo, e foi exatamente por isso que ele a fez voltar antes que algo acontecesse.
E então Emily o viu com ela e ficou com uma ideia errada. Bem, ela teve uma ideia certa, mas não sabia que ele estava expulsando aquela garota dali. Não sabia que Tom estava furioso consigo mesmo por ter feito o que fez naquela noite. E certamente não sabia que era em Emily que ele pensava, que ele sabia que tinha errado naquela noite e que não queria perder o que tinha com ela.
Ele precisava falar com ela. Ele estava incrivelmente irritado consigo mesmo, com tanto medo de fazer aquilo que deixou que se arrastasse por quase uma semana. Assustado como um garotinho, escondido em seu apartamento, esperando não encontrá-la na sala de correspondência. Ele realmente era um idiota.
Os dias se arrastavam e parecia que o tempo estava passando ridiculamente devagar por ele ter perdido o contato com Emily. O que não era culpa de ninguém, a não ser dele mesmo. Mas ele sabia que precisava fazer alguma coisa.
Passando a mão no rosto ansiosamente, ele parou em frente à porta dela e bateu três vezes. Balançando para frente e para trás sobre os calcanhares, esperando que ela abrisse a porta, embora, se ele se visse do outro lado, provavelmente também não a abriria depois de suas ações estúpidas.
Sentiu o coração bater mais rápido quando ouviu a porta se abrir e viu Emily aparecer do outro lado. Ele não pôde deixar de sorrir ao finalmente ver seu rosto depois de séculos, embora tenha notado que ela não estava sorrindo de volta para ele.
— Posso entrar? — Perguntou com ousadia, engolindo em seco e lambendo os lábios.
— Sem pizza? — Ela ergueu a sobrancelha para ele com curiosidade e o deixou entrar em silêncio. Rangendo os dentes, ela caminhou de volta para a sala de estar na tentativa de evitar olhar para ele. — Normalmente, quando você vem aqui em busca de alguma coisa, pelo menos traz uma pizza.
Para falar a verdade, Emily não estava com vontade de que Tom fosse até o seu apartamento para ficar com ela. Ele estava evitando ela desde a noite em que a expulsou da casa dele e depois ela o encontrou no corredor com uma garota de lingerie às duas da manhã.
Ela sabia que não precisava de uma explicação para nada daquilo, mas isso não significava que não pudesse ficar irritada com ele. Especialmente por ele evitá-la e tratá-la como lixo.
— Eu não vim aqui para fazer sexo. — Tom deixou escapar enquanto observava Emily mantendo distância dele. Ele percebeu que ela estava tentando esconder sua irritação, podia ver isso estampado no rosto dela. A essa altura, ele a conhecia bem o suficiente para saber quando a irritava e não podia ficar chateado com ela por isso. — Eu... queria me desculpar. — Ele olhou para o chão, envergonhado por estar dizendo aquilo em voz alta.
Ele nunca se desculpava com garotas, mas com Emily era diferente.
Ela cruzou os braços em frente ao peito e apertou a mandíbula, mantendo o olhar nele.
— Pelo quê? — Perguntou enquanto se aproximava dele, a raiva começando a borbulhar quando ela balançou a cabeça para Tom. — Você por acaso veio se desculpar por me foder, depois me expulsar e me tratar como aquelas desconhecidas que você leva para a sua cama? — Ela fez uma pausa quando a memória ressurgiu em sua mente, lembrando-a de como ela se sentiu chateada quando ele fez isso depois de ela ter tido uma noite tão divertida com ele. — Ou está se desculpando pelo fato de eu tê-lo visto com outra garota na outra noite? — Colocou uma mão no quadril enquanto mordia o lábio inferior.
Ela sabia que tinha soado como uma namorada ciumenta ou algo assim, mas a verdade é que ela estava com um pouco de ciúme e ver Tom com outra garota daquele jeito realmente a deixou mais chateada.
Tom apertou os lábios ao sentir que estava ficando irritado com aquelas palavras. Ele pode ter merecido aquilo e não ia negar que merecia. Ele sabia que tinha tratado ela mal e se odiava por isso. Mas ouvi-la dizer aquilo em voz alta o magoou mais do que qualquer outra coisa, fazendo com que ele se odiasse ainda mais ao ouvir aquilo sair da boca dela.
Ele nunca tinha tido uma garota que falasse com ele como Emily estava, fazendo com que ele se sentisse mais defensivo no momento.
— Eu sei e sinto muito por isso, mas... — Ele pausou enquanto tentava não olhar para rosto dela, mas sabia que não podia fazer isso. — Nós tínhamos um acordo por um motivo. — Lembrou Tom com simplicidade, e ela soltou uma risada sem emoção.
— Acho que já passamos um pouco disso, Tom. — Ela balançou a cabeça, sem certeza de onde queria chegar com aquilo, mas estava com raiva dele e, com tudo vindo à tona, queria contar-lhe.
— O que isso quer dizer? — Tom perguntou enquanto olhava para Emily como se estivesse surpreso com a sua fala.
Ele simplesmente não queria ter aquela conversa. A ideia de decepcioná-la era, sem dúvida, o sentimento mais avassalador que ele sentira em muito tempo.
— É sério? — Ela finalmente falou, passando por ele e indo até a cozinha para pegar um pouco de água e tentar se distrair da tensão que claramente havia entre ambos. — Não lembra aquela noite no seu apartamento? — Lembrou-o antes de tomar um gole de sua bebida com uma expressão de alerta.
— Lembro, o que tem? — Ele deu de ombros, fazendo-se de desentendido e sentindo o corpo tensionar quando ela olhava para ele.
Ambos sabiam exatamente o que tinha acontecido naquela noite, mas ele não queria dizer em voz alta, aquilo o assustava muito.
— Como assim o que... Tá bom. — Emily zombou enquanto não conseguia formar uma frase completa, jogando as mãos para cima, finalmente se virando em direção a Thomas. — Nós nos divertimos muito durante o nosso encontro e, na manhã seguinte, você ficou todo estranho e me expulsou de casa! As xícaras de café descartáveis lhe dizem alguma coisa? — Ela esclareceu ironicamente enquanto levantava a voz para ele.
Os olhos de Tom se arregalaram quando ele ouviu a frase que fez com que um milhão de alarmes disparassem na cabeça dele.
— Wow, wow. Aquilo não foi um encontro, Emily. — Ele afirmou enquanto sentia o peito se contrair mais uma vez.
— Então você cozinha bifes e bebe vinho com todas as garotas que você transa? — Ela tentou conter as lágrimas enquanto desviava o olhar dele. — Não estou dizendo para morarmos juntos, mas por que você me deixou usar seu chuveiro e passar a noite no seu apartamento, Tom?
Era claro que ela não estava pensando que estava tendo um encontro com Tom, no momento em que aconteceu parecia apenas uma noite normal. Foi mais recentemente, depois que Emily o viu com aquela garota, que ela começou a se sentir diferente.
O fato de Tom ter dispensado Emily tão rapidamente naquela manhã, misturado com a pequena pontada de ciúme por tê-lo visto com outra garota, foi uma combinação letal, mas fez com que ela abrisse os olhos.
Emily não tinha certeza de seus sentimentos por ele, mas, o modo como ele estava agindo fez ela se sentir completamente desanimada com toda a situação. Ela não reconhecia aquela pessoa e ele não parecia amigo dela, muito menos alguém por quem ela pudesse ter desenvolvido sentimentos.
— Eu deixei você tomar banho e passar a noite no meu apartamento porque você é minha amiga, Emily. — Tom insistiu, nem mesmo tendo certeza de que seu tom era convincente, passou a mão no rosto antes de olhar para ela novamente enquanto tentava se explicar. — E, sim, obviamente, tratar você daquela forma foi um erro e eu sinto muito por isso. Mas nós tínhamos esse acordo por um motivo, e agora você está chamando a outra noite de encontro? Sinto muito, Emily... mas não foi um encontro para mim. — Ele rebateu enquanto observava a expressão no rosto mudar de irritada para desapontada.
Um olhar que ele sabia que não queria ver nela novamente.
Fechando os olhos com uma respiração pesada, Emily se esforçou ao máximo para manter a calma. O fato de Tom vê-la assim tão chateada por causa de algo que claramente não era grande coisa para ele só faria com que ela parecesse ainda mais fraca, e o que quer que estivesse sentindo em relação a Tom já havia desaparecido, sobretudo porque no momento ele estava fazendo aquele discurso devastador na sua frente.
Aquele não era o Tom de quem Emily tinha se tornado amiga e de quem tinha gostado naqueles últimos meses. Ela não queria ter nada a ver com aquele cara com quem estava conversando.
Limpando rapidamente uma lágrima do rosto, ela deu alguns passos para perto dele.
— Certo. E eu adorava nosso pequeno acordo. Era perfeito quando não estávamos procurando nada além de sexo. E talvez por um breve momento naquela noite, uma pequena parte de mim pensou que eu poderia estar procurando por algo mais. Mas agora, confrontando você com isso, percebo que você só quer agir como um maldito covarde. — Disse grosseiramente, esperando que talvez aquilo o irritasse da mesma forma que ele estava a irritando com aqueles comentários.
— O objetivo do nosso acordo era não ter sentimentos, Emily! — Tom começou a elevar o tom de voz para tentar evitar que suas emoções levassem a melhor, passando a mão pelos cachos enquanto balançava a cabeça. — Sem compromisso. Palavras suas, certo? Sou um covarde por querer manter o acordo igual? — Apontou para ela, sabendo que toda aquela ideia era dela para começar.
Observando-a parecer cada vez mais perturbada, Tom começou a sentir todas as suas defesas voltarem à tona.
— Olhe, aquela noite que tivemos... foi ótima, mas foi apenas uma noite, Emily. Nós nos divertimos, como sempre fazemos. Só isso.
Tom nem tinha mais certeza de quem estava tentando convencer. Ele sempre soube que Emily merecia alguém melhor do que ele, independentemente de qual fosse o relacionamento entre os dois.
— Você é um maldito covarde, Tom! — Ela se cansou da conversa fiada e começou a caminhar em direção à porta da frente, girando a maçaneta lentamente enquanto falava entre os dentes. — No momento em que alguém pode querer passar algum tempo com você, você se fecha completamente e afasta tudo de você. Não foi exatamente isso que aconteceu com a sua mãe? Não é de se admirar que você tenha tanto medo de se comprometer com qualquer coisa.
Ela tinha de admitir que a última parte foi um golpe um pouco baixo, mas talvez ele precisasse ouvir aquilo.
De repente, Tom sentiu a raiva percorrer o seu corpo com as palavras duras dela enquanto se dirigia para a porta. Ele mal olhou para ela, permanecendo congelado por um momento, antes de se voltar sutilmente para a garota.
— Que se dane o seu acordo, acabou. — Disse Tom em voz baixa quando ela fechou a porta.
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