CAPÍTULO VINTE E TRÊS
Acordo com meu corpo todo dolorido e a luz calorosa do sol em meu rosto, cheiro de hospital, gente doente é evidente e eu não preciso nem abrir os olhos para saber exatamente onde estou. Mas quando os abro tenho a visão mais fofa da minha vida, Lisa dormindo profundamente no colo da sua mãe.
Levantei-me com cautela para fazer o mínimo barulho possível, sai do quarto indo direto para a garagem. Hoje era o último dia que eu e Lisa teríamos de "folga" do balé, fui até a padaria mais próxima e comprei um café da manhã para mim e outro para Lisa. Mas não entraria lá novamente, eu apenas deixei com a enfermeira e sai.
Fui direto para casa e tomei um banho quente e demorado, o apartamento é tão bonito de manhã cedo. Na verdade, eu acho tudo tão bonito de manhã. O único problema é que essa hora da muito sono e preguiça, então quase nunca aproveitamos uma bela manhã.
Hoje eu passaria no Olimpo, tinha que pegar umas flechas especiais. Nunca as usei, elas tem um efeito mais forte que a tradicional. Nunca usei por medo de causa dependência emocional no alvo, com a tradicional isso acontece as vezes. E tem casos que a pessoa cria essa dependência com alguém que nem sua alma gêmea é, a coisa mais triste é ter que ver a pessoa superar isso sozinha muitas das vezes.
Essa mais forte tem que funcionar na Lisa, a única vez que usei essa flecha foi em uma das minha tentativas de me fazer amar. Que falhou miseravelmente e eu ainda fiquei com um machucado mega dolorido, que demorou para cicatrizar. As minhas flechas não me atingem emocionalmente como deveria ser, elas me atingem fisicamente. E essa porra dói muito.
Sentei-me no sofá e coloquei um filme, era um filme de romance. Que advinha... sim, é o meu gênero predileto. E o maior crime na minha visão foi Hollywood parar de produzir romances, mas por sorte temos Netflix e doramas asiáticos.
Eu estava quase quando no sono, quando Harry caiu no sofá. Eu olhei para ele assustado. Seu olhos estavam arregalados, sua boca e pele estava pálida e ele estava trêmulo.
Merda!
— O que aconteceu? — Indaguei rapidamente, ele lambeu os beiços.
— Mentiram para você. — Ele falou disparado, eu franzi o cenho.
— Do que você está falando? Quem mentiu para mim?
— Os Deuses mais velhos, todos eles mentiram para gente. Nos enganaram. — Ele falou trêmulo, eu virei-me completamente para ele. — Você não é o primeiro e único cúpido da história!
Puta merda?
— Do que diabos você está falando, Harry? — Perguntei confuso, ele olhou em volta como se tivesse medo de alguém chegar.
— Existiu um cúpido antes de você, talvez antes de Zeus! — Exclamou. Isso estava me dando uma má impressão.
— Não, eu sou o primeiro.
— Ah é? — Eu assenti. — Então me conte da sua vida antes da Terra.
Eu abri a boca, mas não saiu nada. Eu não lembrava.
— Faz bilhões de anos, Harry. — Justifiquei-me.
— Engraçado, você lembra de você criança. Mas você criança estava aonde mesmo?
— Oras, eu estava aqui... — Falei lentamente, então eu entendi o que ele queria dizer. — Na Terra.
— Você cresceu, você não é como nas lendas antigas que falam que você é uma criança. — Explicou.
— O que aconteceu com o primeiro cúpido então? — Indaguei, sentindo o desespero percorrer minhas veias.
— Não tenho certeza, mas acho que ele amou e isso foi o seu fim.
— Cúpidos não podem amar! — Lembrei-o, mas ele balançou a cabeça negativamente.
— Isso é o que nos contaram, mas não é verdade.
— Mas que merda você está dizendo? Eu li as páginas da minha maldição!
— Em um folheto entregue por Zeus, você nunca reparou que seu livro falta algumas páginas? O livro da sua origem, porra.
Eu travei, não faltavam não! Estavam todas lá, eu tenho certeza. Então Harry me puxou e voamos para o Olimpo, diretamente para meu castelo.
— Eu ouvi Zeus e Poseidon conversando sobre aquela princesa que você era próximo. — Harry contava baixinho, andávamos até a sala de missão. — Eles acham que você a amou, na sua maldição você pode amar. Mas é apenas uma pessoa exata e tem que ser uma mortal, nunca uma imortal. Não importa se seja Deus ou monstro.
— Eu só posso amar uma pessoa e tem que ser mortal, que porcaria é essa?
— Não sei, ainda.
Ele pegou o livro da minha origem, então logo de cara eu reparei outra pessoa na capa. Outro cúpido! Apontei para essa pessoa e Harry olhou. Era uma mulher, cabelos longos, cochas grossas, cintura fina e ela usava uma vestido delicado. Não consegui ver mais detalhes, afinal ela estava pintada totalmente de dourada, assim como eu.
Harry abriu o enorme livro e me mostrou locais que aparentam ter folhas rasgadas, meu coração acelerou.
— Aquela na capa deve ter sido a primeira cúpido, Poseidon está pensando na possibilidade da tal princesa não ter sido sua amada e sim a Lalisa.
Meus olhos se desfocaram.
— Impossível.
— Temos que achar essas folhas! — Harry exclamou, ele começou a andar. Mas eu fiquei parado. — Tá esperando o que? Vamos procurar.
— E onde procuraríamos isso? — Indaguei, ele deu os ombros e continuou andando. Corri atrás dele. — Isso é loucura.
— Totalmente, mas precisamos descobrir a verdade sobre sua história.
Então fomos direito para o palácio de Zeus, mas não fomos de visitantes e sim de invasores.
Fomos até o escritório de Zeus, procuramos em todo canto e nada. Ficamos lá por horas, até escutarmos a voz de Zeus e Poseidon e nos escondermos.
— Acho que deveríamos contar para o menino. — Poseidon disse, escutei Zeus bufar.
— E para que? Causa mais catástrofe?
— Ele merecia saber. — Insisitiu Poseidon.
— E como você planeja contar que ele pode amar e que amou sua falecia princesa, que nos o obrigamos a ficar longe da moça?
— Não contaremos, isso só lhe trará dor. — Zeus respondeu.
O assunto se cessou e um tempo depois eles saíram, eu e Harry saímos dos nossos "esconderijos" e eu não pensei duas vezes e fui procurar a parte que faltava da minha maldição. Do meu livro. Da minha história.
Nunca pensei que ficaria bravo, decepcionado com Poseidon e Zeus como estou agora. Eles mentiram para mim toda a minha existência e o pior, eles pretendem continuar mentindo.
— Achei! — Harry falou, corri até ele. — Bom ao menos eu acho que é isso.
Eu peguei o papel da sua mão e voei para fora dali, Harry me seguiu. Se essa página pertencer ao meu livro, ela deve se colar sozinha no livro.
Abri o enorme livro onde faltava e coloquei a folha encima, magicamente ela colou-se completando o enorme livro.
— Vamos ler isso. — Falei, Harry sentou-se.
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