𝕮𝖆𝖕 6
Cap 6: Hawk
No dia seguinte, consegui falar com Eli na escola, confesso que fiquei surpresa ao saber que ele ainda queria tentar o caratê, achei que fosse desistir junto de Demitre.
Estávamos novamente no treino do sensei Lawrence.
— todos em seus lugares! — ordena Johnny
Olho para os lados e vejo que tinha reduzido o número de alunos de ontem pra hoje.
— cadê todo mundo? — pergunta o sensei — o cratera, o piercing, o estilingue?
— desistiram, sensei — responde Miguel
— é sério? — pergunta Johnny
— você praticamente humilhou eles — falo com um certa raiva ao me lembrar o jeito que ele falou de Eli
— se eles desistiram é porque não estavam preparados para o cobra Kai — responde Johnny — isso é um teste pra ver quem era bunda mole, agora vocês estão nessa pra vencer. Podiam estar em casa jogando joguinhos de computador, comendo doce. Mas estão aqui fazendo flexões, aprendendo a lutar. Lábio! — diz Johnny chamando a atenção de Eli — até o lábio é mais durão que aqueles caras, ele não é um bunda mole
— por favor não me chame assim...— diz Eli
— como é que é? — pergunta Lawrence
— só... pôr favor, não me chame assim...
— olha, deixa ele em paz, sense...— falo antes de ser interrompida por Johnny
— não, o lábio quer falar alguma coisa. Desculpa, fala, ou sua língua também é zoada? Você é um garoto especial?
— o médico disse que eu posso estar no espectro — responde Eli enquanto Johnny se aproximava
— eu não sei oque é mais sai disso agora, e se não quiser que eu te chame de lábio arruma essa coisa. Não pode operar?
— eu nasci com o lábio leporino, é um cicatriz da cirurgia...
— quer dizer que era pior ou o médico piorou as coisas?
— já chega sensei, tá pegando pesado demais! — retruco
— cara, você devia processar — diz Johnny ignorando novamente minha fala anterior
— será que a gente pode mudar de assunto? — pergunta Eli extremamente desconfortável
— eu também quero isso mais é difícil com você, se não quiser ser um nerd com uma cicatriz no lábio tem que ser radical, saco? — diz Lawrence — tatua a cara ou arranca um olho, a gente te chama de pirata, não faz isso, ainda vai ser uma aberração
Percebo que Eli não estava aguentando mais quando ele simplesmente saiu deixando o dojo. Eu ia atrás dele, entretanto sinto Miguel me segurando.
— depois fala com ele, melhor não abandonar a aula...
— ótimo, mais um babaca que sai — diz Johnny satisfeito
[...]
Depois da aula, mandei mensagem, procurei, fui até em sua casa mas nenhuma sinal do Eli. Eu estava tão preocupada, me sentindo tão culpada por não ter ido atrás dele...aonde será que ele se meteu?
Mal conseguia pegar no sono, passava milhares de pensamentos na minha cabeça de onde ele poderia estar, que droga...sabia que deveria ter impedido o sensei de falar aquelas coisas....mais oque eu poderia fazer? Todas as vezes que tentei interferir apenas fui ignorada.
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No treino seguinte, Eli não apareceu me deixando ainda mais preocupada.
— saíram mais três, sensei...— informa Miguel
— bando de mulherzinha — opina Aicha
— tô preocupada é com o Eli. Você pegou pesado demais com ele, sensei — falo
— olha Bea, acho melhor vocês conversarem depois...— responde Miguel
— não, a Bea está certa, é culpa minha — diz Johnny — Desde que entraram no cobra Kai eu tenho sido duro com vocês, inventei apelidos, humilhei vocês, até bati em alguns...e por isso eu não peço desculpas — completa Johnny, olho para ele incrédula — cobra Kai é sobre força, se não forem fortes por dentro não serão por fora, e nesse momento são fracos. Eu sei disso, já fui como vocês. Eu não tinha amigos, eu era esquisito — diz e olha para um dos garotos — não tão esquisito, ainda saia com garotas. O negócio é que eu nem sempre fui esse sensei durão, assim como uma cobra eu troquei a pele de fracassado e achei a minha força, e vocês também vão achar
Derrepente o discurso de Johnny foi interrompido após um barulho na porta. Assim que olhamos eu entrei em completo choque, e eu não era a única.
— Eli?, oque? Oque aconteceu? — pergunta Miguel
Sem nem hesitar, corro em direção a Eli e o abraço fortemente.
— nunca mais me dá esse susto, viu?
— tudo bem, me desculpe Beazinha...— responde Eli, com certeza ele estava diferente e não era só no jeito
Mais oque me deixou em choque foi ver o enorme moicano azul que tinha em sua cabeça e suas roupas novas iradas.
— estou sendo radical — completa Eli
— você não é o garoto do lábio? Cabelo maneiro — diz Johnny — tão vendo? Não importa se você é um fracassado, um nerd ou uma aberração. O importante é você virar um casca grossa
Caminho de volta retornando ao meu lugar.
— entra, o do moicano — diz Johnny, Eli tira seus sapatos e sobe no tatame tomando sua posição ao meu lado — o medo não existe nesse esporte, não é?
— não, sensei! — responde Eli
— a fraqueza não existe nesse esporte, não é?
— não, sensei! — respondo
— a dor não existe nesse esporte, não é?
— não, sensei! — responde Aicha
— a derrota não existe nesse esporte, não é?
— não, sensei! — responde Miguel
— turma, prontos para aprender o método do punho?
— sim, sensei! — responde todos em sincronia
[...]
Após o treino, Eli, Miguel, Aicha e eu nos reunirmos.
— nossa, seu cabelo tá muito irado Eli — diz Miguel
— sim, tá mais lindo do que já é — falo
— agora sim você está pronto pro cobra Kai — diz Aicha
— não vou ter mais medo, vou bater de frente contra tudo! O antigo Eli não existe mais! — diz Eli confiança, sorriu para ele e o mesmo retribui
Eu estava tão feliz que Eli estava bem! E foi uma mudança bem radical, imagina só? Nunca imaginaria que Eli um dia estaria usando roupas iradas e um moicano enorme na cabeça.
Mais as pessoas mudam, igual a mim. Também não sou a mesma pessoa que Jackson fez de idiota, também sou uma nova Bea iniciando uma nova etapa na minha vida, e agora, cobra Kai está presente nessa nova etapa.
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No treino seguinte, eu estava com Miguel, Aicha e Eli nos alongando para a aula.
— gente...eu vou ter um encontro — diz Miguel me deixando surpresa
— Miguel Diaz, em um encontro? Essa é nova! — falo
— é sério, eu gosto muito dela — responde
— quem é? — pergunta Eli
— ah... é a Samantha, Samantha LaRusso
— Samantha?, fala sério! — falo e em seguida Eli olha para mim — tá ta. Mas qual é o problema?
— eu preciso de um lugar romântico, mais não tão romântico
— leva ela pra fazer uma tatu — sugere Eli
— tatu?, fala sério Eli, isso não é nada romântico — respondo
Eli se levantando e começa a desamarrar seu kimono.
— eu conheço um cara, ele fez essa belezinha pra mim — diz Moskovitz, ele se vira de costas e tira a parte de cima de seu kimono revelando uma tatuagem gigante em suas costas, era um falcão com um moicano igual ao dele
Sinto um leve rubor em minhas bochechas e meu coração acelerar. Eli estava muito gostoso com certeza!
— oque é isso? — pergunto impressionada
— gostou gatinha? — pergunta Eli se virando de frente a mim
— não gostei, amei! Tá incrível, por que não me mostrou antes?
— queria fazer uma surpresa
— isso tá demais cara! — diz Aicha também impressionada
— pois é, quatorze horas na cadeira — diz Eli
— caramba, quatorze horas?
— seus pais tão de boa com isso? — pergunta Aicha
— ah, eles não sabem...não vou tirar a camiseta até a faculdade, ou até depois disso. Não contam pra eles...— diz Eli vestindo seu kimono novamente e sentando ao meu lado
— alguma outra sujestão? — pergunta Miguel
— eu não faço ideia, não conheço nada dessa cidade ainda — respondo
Miguel olha para Aicha esperando ansiosamente sua resposta.
— não olha pra mim, nos duas éramos amigas, não somos mais!
— tá, mais me ajuda
— beleza, eu sei que ela gosta de chocolate e de astronomia — responde Aicha
— já é alguma coisa — diz Miguel
— pensou no que? — pergunto, entretanto quando Miguel ia responder, ouvimos o sensei Lawrence falar algo bem alto no seu escritório
— banido? Do que você está falando? — pergunta Johnny irritado, Miguel se levanta e vai até o escritório de Johnny ver oque aconteceu
— do que será que ele estava falando? — pergunto
— não sei, gatinha — responde Eli — aí, quer da uma volta hoje?
— ah, prefiro tudo menos ficar de vela — diz Aicha antes de se levantar e sair, dou uma risada logo em seguida
— ir pra onde? — pergunto
— surpresa, quer ir? — pergunta Eli novamente esperando ansiosamente minha resposta
— ah, não tenho nada pra fazer hoje então pode ser
— beleza, minha mãe me emprestou o carro por essa noite. Passo na sua casa as 20:00, ok?
— tranquilo — responde, podia ver a felicidade no rosto de Eli, ele sorria feito uma criança
Continua...
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1471 palavras...
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