𝕮𝖆𝖕 13
Cap 13: Intensos
Na saída da escola, o sol brilhava forte, e o calor da tarde parecia intensificar o movimento dos alunos ao redor. Beatrice ajustava a alça só em um ombro da mochila, distraída enquanto caminhava ao lado de Falcão, Miguel e Samantha. O grupo conversava descontraído, trocando risadas e comentários.
- Bom, vou tentar resolver com meu pai sobre essa luta entre ele e o sensei Lawrence - Samantha comentou, sua voz firme, mas carregada de incerteza.
- Eu também vou falar com o Johnny - Miguel acrescentou.
- Até depois, então, gente - Beatrice disse com um sorriso, se despedindo de Miguel e Samantha, que seguiram por direções opostas.
Agora sozinha com Falcão, Beatrice sentiu o silêncio confortável entre eles. Ele parecia prestes a dizer algo, mas o som estridente de uma buzina os interrompeu. Ambos se viraram para a origem do som, e Beatrice ficou paralisada ao reconhecer o carro luxuoso estacionado à frente.
- E aí, Bea! - disse Oliver, debruçado na janela do veículo, com um sorriso confiante que parecia não combinar com a reação de surpresa de Beatrice.
Falcão franziu a testa, claramente desconfiado. - Quem é esse? - ele perguntou, sua voz carregada de curiosidade e algo mais, difícil de identificar.
Beatrice respirou fundo, desviando o olhar. - Falcão... depois a gente conversa, beleza? - respondeu rapidamente, deixando-o sem tempo para insistir antes de caminhar em direção ao carro.
Oliver abriu um sorriso maior ao vê-la se aproximar, mas Beatrice manteve sua expressão séria.
- O que você está fazendo aqui, Oliver? - ela perguntou, cruzando os braços enquanto o encarava.
- Vim te buscar na escola, por quê? Não gostou? - Ele riu, mas parou ao perceber que ela não estava achando graça.
- Como soube que eu estudava aqui? - Beatrice insistiu, estreitando os olhos.
Oliver hesitou antes de dar de ombros. - Tenho meus contatos. - Ele tentou brincar, mas ao ver que ela continuava séria, pigarreou. - Tá legal, eu perguntei pra sua mãe. Queria te fazer uma surpresa.
Beatrice bufou, balançando a cabeça. - Não precisava disso, eu ia voltar com meus amigos.
- Vai mesmo recusar essa belezinha aqui? - Oliver perguntou, batendo de leve no volante e indicando o carro com um gesto.
- Para de ser convencido - ela retrucou.
- Eu estava falando do carro... Mas beleza, não vai querer mesmo a carona?
Beatrice olhou para trás, avistando Falcão conversando com Demitre. Ela mordeu o lábio, pensativa por alguns instantes, antes de se virar novamente para Oliver.
- Até depois, Oliver.
Oliver suspirou, seu sorriso desaparecendo por um instante. - Então beleza. - Ele tentou parecer indiferente, mas a leve tensão em sua voz era evidente.
- Não vai ficar bravo, né?
- Não, relaxa. Até - ele respondeu, enquanto ligava o motor e arrancava, o som do carro se perdendo na rua movimentada.
De volta aos amigos, Beatrice logo foi recebida pelo tom provocador de Demitre.
- Como conheceu alguém com tanta influência pra ter um carro desses, hein? - ele perguntou com um sorriso malicioso.
Beatrice rolou os olhos antes de dar um leve tapa na cabeça dele. - Cala a boca. É só o filho do chefe da minha mãe, nada demais. Vamos, então?
O grupo começou a caminhar, mas Falcão permaneceu um pouco mais distante, observando Oliver partir enquanto pensamentos confusos lhe invadiam a mente. Ele não conseguia deixar de se perguntar: aquele era o mesmo garoto com quem Beatrice saiu na noite passada? O ciúme crescia silenciosamente, e ele apertou os lábios.
[...]
Assim que chegaram em frente à casa de Beatrice, ela se virou para eles, ajeitando a mochila nos ombros.
- Até depois, gente! Vou me trocar e a gente se encontra no dojô - ela disse com um tom animado, abraçando primeiro Demitre e depois Falcão.
Ao entrar em casa, Beatrice fechou a porta atrás de si, deixando os dois do lado de fora.
Demitre, que estava com um leve sorriso no rosto, virou-se para Falcão, enquanto os dois começavam a caminhar em direção à rua. Ele parecia analisar o amigo, que arqueou uma sobrancelha, confuso.
- O que foi? - Falcão perguntou, quebrando o silêncio, sem entender a expressão de Demitre.
- E então? Estão voltando?
- O quê? Do que você tá falando? - Falcão respondeu com uma risada nervosa, tentando esconder qualquer desconforto.
- De você e da Bea, de quem mais seria? Eu vi o clima, eu percebo quando estou de vela. Os dois estavam bem juntinhos - Demitre provocou, lançando um olhar sugestivo enquanto mantinha o tom de brincadeira.
Falcão suspirou e balançou a cabeça, desviando o olhar.
- Ah, nada a ver. Ela é só... minha amiga agora. A gente resolveu deixar o passado de lado e até que está dando certo... Viramos melhores amigos de novo.
- Aham - Demitre disse, claramente não convencido, enquanto dava um sorriso zombeteiro. - E amigos sentem ciúmes?
Falcão franziu o cenho, tentando entender o que ele queria dizer.
- Não faz essa cara não. Eu vi o jeito que você ficou depois que ela falou com aquele riquinho do carro legal lá na porta da escola. Só faltou pular no pescoço dele.
- Ah, cala boca, Demitre - Falcão disse, tentando disfarçar o desconforto ao empurrar o ombro de seu amigo de leve.
- Beleza, beleza. Mas não importa o quanto neguem, não vão poder esconder seus sentimentos por muito tempo.
As palavras de Demitre pareciam ecoar na mente de Falcão enquanto continuavam caminhando. Ele não respondeu dessa vez, apenas olhou para frente com um semblante mais sério, perdido em pensamentos.
Por mais que negasse, Falcão sabia que havia algo verdadeiro no que o amigo disse. O ciúme, o jeito como seu coração acelerava perto de Beatrice, tudo isso denunciava o que ele insistia em ignorar. Ele nunca a esqueceu. No fundo, ele sabia que ainda a amava, talvez até mais intensamente do que na primeira vez em que a viu. E esse amor, que resistiu ao tempo e à distância, parecia ter crescido ainda mais com o afastamento.
Assim que entrou em casa, Beatrice fechou a porta lentamente atrás de si, soltando um suspiro cansado. O silêncio familiar do ambiente foi interrompido por sons apressados vindo da cozinha. Ela franziu o cenho, estranhando a movimentação incomum àquela hora. Ao se aproximar, encontrou sua mãe, Morgan, remexendo freneticamente em uma das gavetas do armário, como se procurasse algo muito importante.
Morgan, que estava tão concentrada, deu um leve sobressalto ao notar a presença da filha. Seu olhar rápido e inquieto denunciava que algo estava errado.
- Mãe? - Beatrice disse, colocando a mochila em cima da mesa com força o suficiente para chamar a atenção.
Morgan tentou disfarçar o nervosismo, mas a voz dela saiu hesitante.
- Filha? Achei que fosse direto para o dojô...
Beatrice arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços de forma impaciente.
- Eu ia, mas acabei esquecendo meu kimono em cima da cama... - explicou, antes de lançar um olhar afiado para a mãe. - Mas e você, o que está fazendo aqui? Você estava trabalhando tanto, nem estamos nos vendo direito. Às vezes, eu até esqueço que tenho uma mãe - acrescentou com um tom amargo, suspirando profundamente.
Morgan evitou encará-la diretamente, ajeitando a bolsa que estava sobre a bancada.
- Bea... olha, eu estou muito ocupada esses últimos dias, mas eu prometo que vou pedir folga para o meu chefe logo mais - disse rapidamente, pegando a bolsa e pendurando-a no ombro.
Beatrice a observava com desconfiança, percebendo a pressa incomum e a bagunça deixada na cozinha.
- Aonde vai com tanta pressa? Estava procurando alguma coisa? - perguntou, estreitando os olhos enquanto olhava para as gavetas abertas e utensílios espalhados pelo balcão.
Morgan respirou fundo, sem paciência, e respondeu de forma apressada.
- Beatrice, eu estou atrasada. Vai me encher de perguntas agora? Eu preciso ir. Pode limpar a cozinha pra mim?
Antes que Beatrice tivesse tempo de retrucar, Morgan passou pela porta como um furacão, fechando-a com pressa e, mais uma vez, sem se despedir.
A loira permaneceu onde estava, encarando a porta fechada por alguns segundos. A irritação crescia dentro dela, misturada com uma sensação de confusão e tristeza. A forma como Morgan agia ultimamente trazia lembranças desconfortáveis do comportamento de seu pai antes de falecer. Ele também começou a sair apressado, a se tornar distante e ausente de suas vidas, até que se foi de vez.
Beatrice balançou a cabeça, tentando afastar o pensamento. Ela respirou fundo, aproximou-se da bagunça deixada na cozinha e começou a organizar as gavetas e utensílios espalhados. Enquanto ajeitava tudo, sua mente trabalhava incansavelmente. Algo estava errado, ela sabia. Morgan estava escondendo alguma coisa, e reviver aquele ciclo de incertezas e ausências não era algo que Beatrice estava disposta a aceitar tão facilmente.
Isabella caminhava determinada pelas ruas tranquilas do bairro em direção à casa de Beatrice. Seus passos firmes denunciavam sua intenção: queria deixar claro que o torneio que se aproximava não era algo para ser levado de forma leviana. Beatrice podia ser uma adversária habilidosa, mas Isabella não estava disposta a perder.
No entanto, ao dobrar a esquina que dava para a casa da loira, seus olhos captaram algo que fez seu coração acelerar. Morgan, a mãe de Beatrice, estava parada próxima ao portão da casa. Ela parecia distraída, com o celular nas mãos, examinando algo rapidamente antes de guardá-lo de volta na bolsa. Isabella imediatamente se abaixou, escondendo-se atrás de uma lixeira próxima.
- O que está acontecendo aqui? - murmurou para si mesma, espiando cuidadosamente por cima da lixeira.
Morgan parecia tranquila, mas o que chamou a atenção de Isabella foi um detalhe pequeno, porém inconfundível: um adesivo estampado na capa do celular da mulher. Era um símbolo que Isabella reconhecia instantaneamente, um emblema que trazia à tona memórias e alertas. Sua testa se franziu em confusão e preocupação.
- Por que ela teria isso? - pensou, enquanto tentava decifrar as implicações daquele símbolo estar nas mãos de Morgan.
Antes que pudesse refletir mais, Morgan guardou o celular, ajeitou a bolsa no ombro e começou a caminhar apressada. Isabella esperou alguns segundos para sair de seu esconderijo, observando a mulher se afastar. A dúvida em sua mente rapidamente se transformou em curiosidade crescente, e ela tomou uma decisão impulsiva.
- Preciso descobrir o que está acontecendo...
Isabella começou a segui-la a uma distância segura, certificando-se de não ser notada. Morgan caminhava com passos rápidos e seguros, sem olhar para trás. A rota que ela tomava era estranha, levando-a para fora das áreas residenciais e em direção a uma zona mais isolada.
Após alguns minutos, Isabella parou atrás de uma árvore ao notar um carro preto estacionado ao lado da calçada. O veículo, limpo e bem polido, tinha janelas escuras que impediam qualquer visão do interior. Mas o que realmente chamou sua atenção foi a lateral do carro.
- O mesmo símbolo... - Isabella sussurrou, os olhos arregalados.
Seu coração disparou ao ver Morgan aproximar-se do veículo e abrir a porta. Ela tentou se inclinar um pouco mais para frente, esperando ver quem estava no volante, mas as janelas escuras dificultavam completamente sua visão.
Morgan entrou no carro sem hesitar, fechando a porta atrás de si. Isabella permaneceu imóvel, o cérebro trabalhando a mil para entender o que estava testemunhando.
- O que é isso tudo? Como ela conhece esse símbolo? Ela não deveria conhecer... - murmurou para si mesma, as mãos tremendo levemente.
A presença do símbolo no carro e na capa de celular de Morgan não era coincidência. Havia algo maior acontecendo, e Isabella sabia que precisava descobrir. O mistério e o peso daquela descoberta eram suficientes para alimentar sua determinação ainda mais.
Ainda escondida, ela observou o carro dar partida e se afastar. Com os lábios comprimidos em uma linha tensa, Isabella sabia que não poderia ignorar o que acabara de presenciar. Ela precisava de respostas, e estava disposta a ir até o fim para encontrá-las.
Continua...
Não esqueça de votar no cap ⭐
Esse capítulo me deixou bem empolgada de escrever, confesso que tentei ao máximo expressar o que estava acontecendo para entenderem melhor. Algo muito ruim está por vir, e espero que se preparem para ver a relação de Morgan, o pai da Bea, Isabella e esse símbolo tão misterioso.
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