𝕮𝖆𝖕 6
Cap 6: Preparação
O dojang estava silencioso, exceto pelo leve som das grama sob os pés das duas. O sol da manhã atravessava o horizonte, lançando sombras geométricas no chão. Hana estava no centro, o corpo levemente inclinado para frente, a respiração controlada, mas ainda pesada pelo esforço das últimas sequências. À sua frente, a sensei Kim Da-Eun permanecia imóvel, como uma estátua de pedra, sua expressão firme e inabalável, os olhos analisando cada mínimo movimento de Hana.
— Preparada? — perguntou Kim Da-Eun, com a voz calma, mas com um tom desafiador que fazia o coração de Hana acelerar.
— Sempre — respondeu Hana, apertando os punhos, a determinação brilhando em seus olhos.
Já havia se passado uma semana desde o aviso sobre o torneio mundial chamado; Sekai Taikai. Desde então, Hana treinava duro sua nova habilidade que deveria aprender, o incrível e velho karatê.
Kim Da-Eun se moveu primeiro. Ela avançou com velocidade impressionante, os pés quase deslizando pela grama. Hana conseguiu esquivar de um chute frontal, mas sentiu o vento passar perto demais de seu rosto.
— Você ainda está se segurando, Hana — disse a sensei, recuando para medir a próxima investida. — Isso não é o bastante. Preciso que lute como se sua vida dependesse disso.
Antes que Hana pudesse responder, Kim Da-Eun atacou novamente, desta vez com uma sequência de golpes rápidos: um chute lateral seguido de um soco direto. Hana bloqueou o soco no último momento, mas foi forçada a recuar.
— Tang Soo Do tem fluidez, sim, mas você precisa ser mais firme. O karatê exige precisão! — Kim Da-Eun alertou, já iniciando outro movimento.
Hana fechou os olhos por um breve instante, tentando equilibrar sua mente. Lembre-se do ritmo, ela pensou. Lembre-se da fluidez. Quando abriu os olhos, o próximo golpe já estava vindo: um chute giratório. Desta vez, Hana não apenas esquivou, mas respondeu com um contra-ataque, lançando um chute frontal que quase acertou a sensei.
Kim Da-Eun desviou com maestria, mas levantou uma sobrancelha, satisfeita.
— Melhor. Mas ainda não o suficiente.
Elas continuaram em um embate intenso. A sensei atacava de todos os ângulos possíveis, testando não apenas os reflexos de Hana, mas também sua resistência mental. Hana estava começando a encontrar seu ritmo, misturando a flexibilidade do Tang Soo Do com a precisão do karatê. Ela desviava de um soco, respondia com um chute circular, e então tentava um golpe direto, mas Kim Da-Eun era implacável.
— Não abra espaços! — gritou Kim Da-Eun, enquanto desferia um soco que passou de raspão pelo rosto de Hana.
Hana começou a recuar, o suor escorrendo por sua testa. Seu coração estava acelerado, e suas pernas começavam a pesar, mas havia algo dentro dela que não queria desistir. Quando Kim Da-Eun tentou um golpe baixo, Hana saltou para trás, girando no ar, e pousou em posição defensiva.
— Muito bem — disse a sensei, com um leve sorriso. — Está começando a entender.
Kim Da-Eun avançou novamente, mas agora Hana estava mais ágil. Ela desviou, bloqueou e contra-atacou com movimentos que começavam a fluir com mais naturalidade. Um chute frontal de Hana acertou de leve o ombro de Kim Da-Eun, que recuou, mas não perdeu a compostura.
— Agora estamos lutando. Mas ainda falta algo — disse Kim Da-Eun, com o olhar afiado.
A sensei acelerou o ritmo, desferindo uma sequência que Hana mal conseguia acompanhar: um soco, um chute lateral, um golpe giratório. Hana bloqueava o que podia, mas sentiu o impacto de um chute em sua lateral.
— Você está cansada, mas o cansaço não pode ser uma desculpa! — gritou Kim Da-Eun, aproveitando para marcar um ponto ao tocar levemente o ombro de Hana com a palma aberta.
Hana respirou fundo, ignorando a dor que começava a surgir em seus músculos. Seu olhar encontrou o da sensei, e por um instante, tudo ao seu redor pareceu desacelerar. Ela sabia que Kim Da-Eun estava testando não apenas sua técnica, mas também sua força de vontade.
A sensei deu um passo para trás, preparando o golpe final.
— Você fez progressos, mas eu ainda... — Antes que pudesse terminar a frase, Hana avançou com velocidade.
Hana girou no ar, misturando a técnica do Tang Soo Do com a força do karatê. Seu chute acertou o ombro da sensei antes que esta pudesse reagir. Kim Da-Eun cambaleou para trás, e o ponto foi marcado.
Hana pousou no chão, ofegante, mas com um sorriso que iluminava seu rosto. Ela não conseguia conter a alegria que sentia.
Kim Da-Eun ajeitou sua postura, ajustando o cabelo preso. Sua expressão era neutra, mas seus olhos mostravam algo raro: orgulho.
— Parabéns, Hana — disse a sensei, com um leve aceno de cabeça. — Você está aprendendo.
Hana inclinou-se em reverência, ainda sorrindo. A sensei também fez uma leve reverência, mantendo sua postura rígida. O momento era pequeno, mas para Hana, era uma vitória que ela levaria consigo para sempre.
A sensei Kim Da-Eun ajustou sua postura, cruzando os braços enquanto observava Hana recuperar o fôlego após o treino intenso. Sua voz soou firme, quase cortante, mas com uma ponta de motivação.
— Você está indo bem. Mas precisa aprender ainda mais para ganhar dos melhores lutadores do Sekai Taikai. Aproveite esse tempo que ainda temos e pratique o máximo que conseguir. Você precisa, acima de tudo, ganhar de todos eles. — As palavras foram proferidas com uma convicção que parecia cortar o ar.
Com isso, Kim Da-Eun deu as costas e saiu do dojang, seus passos ecoando no silêncio. Hana permaneceu imóvel por alguns segundos, seus olhos seguindo a figura rígida da sensei até ela desaparecer. Uma pontada de alegria e orgulho passou por ela ao reconhecer que estava progredindo, mas a sensação foi rapidamente substituída pela ansiedade que crescia em seu peito.
“Os melhores lutadores do mundo…”, pensou. A ideia era tão emocionante quanto assustadora. Ela sabia que o caminho seria árduo, mas não duvidava de suas habilidades. Mesmo assim, a pressão parecia sussurrar em seus ouvidos, desafiando-a a superar todas as expectativas.
Hana ajeitou sua postura, respirou fundo e se preparou para continuar treinando. Seus olhos estavam fixos à frente, e ela começava a ajustar os punhos, repetindo mentalmente as instruções que Kim havia dado durante o treino.
Ela fechou os olhos por um momento, respirando fundo para acalmar seus pensamentos. Assim que começou a ajustar sua postura para continuar treinando, uma voz grave e confiante ecoou pelo espaço.
— Deixa os punhos mais fechados e firmes. Coloque toda sua força no golpe.
Hana virou-se imediatamente. Não precisava de muito para reconhecer aquela voz. Kwon caminhava pela grama, seu kimono impecavelmente ajustado, os pés descalços movendo-se silenciosamente. Havia algo nele, uma presença inconfundível que atraía atenção.
— Kwon, já fazia um tempo que não conseguia te ver direito. — Ela sorriu de leve, enxugando o suor da testa com as costas da mão.
Kwon parou a alguns passos dela, cruzando os braços e exibindo um sorriso convencido.
— Ando treinando bastante. Apesar de saber que posso ganhar de qualquer um, quero deixar todo mundo surpreso com o que posso fazer.
Hana riu suavemente. Era tão típico dele ter essa confiança inabalável.
— É, eu também. A sensei Kim anda pegando pesado comigo, mas isso é até bom. Preciso ajeitar algumas coisas ainda nos golpes para aperfeiçoá-los.
Ele assentiu, seu sorriso desaparecendo para dar lugar a um olhar sério.
— Você é a melhor lutadora daqui, eu sei que consegue.
Hana sentiu o rosto esquentar levemente com o elogio. Não era comum Kwon ser tão direto assim. Ela retribuiu com um sorriso gentil.
— Ah, ficou sabendo como vai funcionar? — ele perguntou, inclinando-se levemente para frente, como se estivesse prestes a compartilhar um segredo.
— Não. Você sabe?
— Andei ouvindo uma conversa do sensei Kreese com a sensei Kim. Parece que são dojôs de vários países representando suas nações. Somos o Cobra Kai Coreia. E também vão eleger um líder masculino e uma líder feminina.
Hana arqueou as sobrancelhas, intrigada.
— E quem vão escolher?
Kwon deu de ombros, mas seu olhar ficou mais intenso.
— O sensei Kreese vai me colocar como líder masculino.
— Sabia que ia conseguir! — Ela tentou conter a felicidade, mas seus olhos brilharam.
— Mas… — Kwon continuou, o tom de voz mais grave. — Parece que ainda não decidiram uma líder feminina.
Hana estreitou os olhos, já sentindo a frustração subir.
— Isso é bastante revoltante, já que você é a melhor lutadora daqui.
Ela deu um sorriso tenso, tentando aliviar a tensão.
— Relaxa, Kwon. Eles devem estar querendo analisar as habilidades das outras.
Kwon balançou a cabeça, a irritação evidente em sua expressão.
— Não, Hana. Ouvi ele dizendo que tem uma garota em mente. Ela é americana. Mais revoltante ainda.
Hana congelou por um momento.
— Americana?
— Pois é. Obviamente deveriam colocar você no lugar de outra garota que nem é daqui.
Hana hesitou. Sua mente estava uma tempestade de pensamentos.
— É... talvez...
Kwon interrompeu abruptamente, sua voz carregada de indignação.
— Não, Hana. Você deveria ser a líder. Ele não viu do que você é capaz, mas você pode mostrar para ele.
— E como eu faria isso? — Ela perguntou, sentindo a dúvida pesar em suas palavras.
Kwon deu um sorriso quase desafiador.
— Enfrentando a tal campeã dele. Se ele conseguir trazê-la, nós vamos conhecê-la. Derrote ela e prove que é melhor.
Hana franziu o cenho, insegura.
— Eu não sei não…
— Bom, você quem sabe. Não acho certo esconder suas habilidades quando todo mundo aqui sabe que você é a melhor. — Kwon virou-se e começou a sair, as palavras pairando no ar como uma provocação.
Hana permaneceu ali, sozinha, o olhar fixo no chão enquanto seus pensamentos giravam. A frustração crescia a cada momento. A ideia de que Kreese estava subestimando suas habilidades a incomodava profundamente. Ela não queria que o orgulho a dominasse, mas também sabia que Kwon tinha razão. Ela precisava mostrar sua força. Não por ego, mas para provar a si mesma que era capaz.
Respirando fundo, Hana apertou os punhos. Talvez fosse hora de mostrar ao sensei Kreese exatamente quem era Hana.
Continua...
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