𝕮𝖆𝖕 23

Cap 23: O combate

Os murmúrios que preenchiam o ginásio cessaram de repente quando o apresentador começou a falar. Todas as atenções estavam voltadas para ele, e a tensão no ar era palpável.

No telão, surgiu a próxima luta: Miyagi-do contra Cobra Kai. O público ficou em silêncio por um breve momento.

— Já que tanto o Miyagi-do quanto o Cobra Kai estão com um a um, quem vencer esse combate avança, quem perder... está eliminado!

Essas palavras ecoaram como um ultimato. Era tudo ou nada. As equipes começaram a se movimentar, ajustando os quimonos, preparando-se mentalmente. Hana, no entanto, estava inquieta. A ansiedade e a aflição se misturavam como um nó em seu estômago.

Enquanto ela observava o ambiente ao seu redor, seus olhos acabaram recaindo sobre Kreese, que cochichava algo para Kwon. A postura dele era firme e atenta, mas Hana desviou o olhar rapidamente. Ela sabia que se ficasse se concentrando no que Kwon fazia ou dizia, sua mente iria mergulhar ainda mais no caos. Ela respirou fundo, forçando-se a ignorar aquilo.

Ao seu lado, a sensei Kim Dae-un permaneceu em silêncio por alguns segundos, como se avaliasse o estado de Hana. Então, sua voz cortou o ar de forma firme, mas controlada:

— Hana... é por causa do Kwon que está lutando tão mal?

As palavras fizeram Hana franzir levemente as sobrancelhas, mas ela continuou olhando para o tatame, evitando encará-la.

— Já até imagino o que vai dizer... esquece ele, ele é só uma distração. — Sua voz era tensa, quase fria, como se tentasse encerrar o assunto ali mesmo.

Kim Dae-un, no entanto, permaneceu imperturbável. Sua voz ganhou um tom mais incisivo, quase como um desafio.

— Não. Seja lá o que estiver sentindo por ele — confusão, mágoa, raiva —, sinta de verdade. E depois, use isso. O que foi? Acha que é a primeira garota que foi magoada por um garoto? Podemos deixá-los se safar dessa, ou podemos fazê-los pagar.

Hana finalmente olhou para ela, seus olhos carregados de dúvida e indignação.

— Mesmo que ele seja do mesmo dojo que você, coloque toda sua força e assuma a posição verdadeiramente de uma capitã melhor que ele.

As palavras da sensei ressoaram em sua mente enquanto ela tentava organizar seus pensamentos. Mas não havia tempo para mais reflexões.

O grupo do Cobra Kai se reuniu em uma roda rapidamente. O clima entre eles estava tenso, mas havia determinação nos olhos de cada um.

— O que a gente vai fazer, hein, capitães? — Yoon perguntou, olhando de Hana para Kwon, como se esperasse que eles tomassem a liderança.

Hana respirou fundo, tentando reunir toda a força que lhe restava.

Kwon se posicionou dizendo:

— Temos que focar primeiro. Quem vai ser o primeiro?

Antes que alguém pudesse responder, Tory ergueu a mão com confiança.

— Eu vou. — Sua voz era firme, mas seu olhar traiu um breve momento de hesitação quando seus olhos cruzaram com Robby, do outro dojo.

Hana assentiu, colocando uma mão firme no ombro de Tory.

— Você consegue. — Seu tom era encorajador, mas sua postura era a de uma líder que não aceitava nada menos que o melhor de sua equipe. — Essa é a nossa chance. Vamos deixar nossas brigas e desentendimentos de lado e lutar com toda força. Sem compaixão.

As palavras de Hana pareciam acender algo nos outros. Eles assentiram em uníssono antes de seguirem em direção ao tatame.

Assim que as duas equipes se alinharam e formaram a roda, o ambiente ficou em completo silêncio novamente. Os juízes sinalizaram o início da luta, e Tory foi a primeira a entrar no meio.

Do outro lado, Robby entrou com a mesma confiança, ajustando sua postura enquanto analisava sua oponente. A luta estava prestes a começar.

O combate começou explosivo. Tory partiu para cima de Robby sem hesitação, seus movimentos rápidos e precisos. Ela atacava com uma combinação de socos, enquanto ele se defendia com habilidade, esquivando-se com precisão. Quando ela viu uma abertura, desferiu um chute firme, mas Robby conseguiu bloquear no último segundo. Eles continuaram nesse ritmo, trocando ataques e defesas, até que Tory, com um movimento ágil, derrubou Robby no chão.

Antes que ela pudesse marcar o ponto, Robby rapidamente estendeu a mão para Samantha, que estava pronta na lateral. A troca foi feita, e Sam entrou na luta, assumindo uma postura defensiva contra Tory.

Tory avançou novamente, seus golpes cheios de força e determinação. No entanto, Samantha conseguiu resistir, mantendo-se na defensiva enquanto estudava os movimentos da oponente. Quando finalmente viu uma oportunidade, Sam contra-atacou, mas Tory, cansada da troca, estendeu a mão para Hana, que não hesitou em entrar na luta.

Hana assumiu o combate com uma intensidade impressionante. Seus movimentos eram rápidos e implacáveis, como se toda a frustração acumulada fosse despejada naquela luta. Samantha, percebendo o ímpeto da oponente, recuou para a defesa, tentando encontrar uma abertura. Mas Hana não dava trégua. Com um movimento rápido e decisivo, desferiu um chute forte no estômago de Sam, que não teve tempo de reagir.

— Cobra Kai, ponto! — anunciou o juiz.l

Sam rapidamente bateu na mão de Miguel, que entrou com confiança. Do lado do Cobra Kai, tanto Kwon quanto Taeyang estenderam suas mãos para Hana, oferecendo-se para a próxima troca.

Enquanto lutava contra Miguel, Hana percebeu as duas mãos estendidas ao seu lado. Seu olhar oscilava entre Kwon e Taeyang, seu coração dividido. A decisão parecia pesar mais do que o próprio combate.

— Hana, aqui! — Kwon chamou, sua voz carregada de urgência.

Hana hesitou, mas quando Miguel quase a atingiu, ela tomou uma decisão no último segundo, batendo a mão na de Kwon. Ela recuou para o lado, deixando o tatame enquanto Kwon assumia a luta contra Miguel.

Taeyang, percebendo o desconforto de Hana, a olhou com calma.

— Relaxa, tá tudo bem.

— Tae... — Hana começou, ainda com a voz incerta.

— Hana, estamos em uma luta. Está tudo bem.

Hana apenas assentiu, embora seus pensamentos ainda estivessem confusos. Ela voltou sua atenção para o tatame, onde Kwon e Miguel trocavam golpes intensos, sem descanso. Ambos mostravam habilidade e força, mas o combate estava equilibrado. Após alguns minutos de luta, Kwon estendeu a mão para Hyuhn, que entrou com determinação.

Hyuhn e Miguel continuaram o duelo, mas Miguel conseguiu, com um movimento brusco e preciso, desferir um chute direto no estômago de Hyuhn, derrubando-o no chão.

— Miyagi-do, ponto! Um a um! — anunciou o juiz.

Mesmo caído, Hyuhn rapidamente estendeu a mão para Yoon, que estava à sua espera. Yoon entrou, determinado a recuperar a vantagem. No entanto, o Miyagi-do começou a adotar uma estratégia inteligente. Miguel passou sua vez para outro lutador, e assim eles continuaram, trocando constantemente.

A tática era clara: cansar Yoon. Sem oportunidade de trocar, ele começou a mostrar sinais de desgaste, enquanto os oponentes se revezavam, sempre frescos e prontos para atacar. Hana, assistindo do lado, percebeu rapidamente a estratégia deles, mas não havia muito que pudesse fazer.

Quando Yoon tentou trocar com Taeyang, os lutadores do Miyagi-do bloquearam sua tentativa, continuando a pressioná-lo com golpes. Cada troca deles o deixava mais exausto, e o desgaste físico começou a cobrar seu preço.

O garoto do moicano, que estava entre os mais habilidosos, aproveitou a vantagem e desferiu um chute duplo no ar, acertando Yoon com força no peito. Ele caiu no chão, claramente cansado e sem reação imediata.

— Miyagi-do, ponto! Dois a um! — gritou o juiz novamente.

Agora, seria a vez de Kwon voltar para o tatame. Ele entrou com um sorriso confiante e um olhar desafiador, fitando Miguel do outro lado.

— Vamos lá de novo, número 2 — Kwon debochou, seu tom cheio de sarcasmo. A luta decisiva estava apenas começando.

Kwon e Miguel mantinham os olhos fixos um no outro, seus movimentos calculados, cada um testando os limites do outro. A tensão entre eles era quase palpável, e ambos se moviam com uma precisão impecável, como se cada passo, cada golpe e cada esquiva fossem ensaiados em perfeita sincronia.

Miguel avançou com um soco rápido, mas Kwon desviou com agilidade, girando para o lado e tentando um chute alto que Miguel bloqueou no último instante. Eles se afastaram por um segundo, apenas para voltar a atacar com mais intensidade. Kwon desferiu uma sequência de chutes rápidos, forçando Miguel a recuar e buscar uma brecha para contra-atacar.

Miguel, ágil, encontrou uma abertura e tentou um golpe direto no torso de Kwon, mas Kwon bloqueou com os braços, girando o corpo para lançar um chute baixo que fez Miguel perder ligeiramente o equilíbrio. Aproveitando a oportunidade, Kwon avançou com uma sequência de socos poderosos, fazendo Miguel recuar novamente, seus pés arrastando pelo tatame enquanto tentava se defender.

O público estava em silêncio absoluto, hipnotizado pela habilidade de ambos os lutadores. Kwon não dava espaço para Miguel respirar, pressionando-o com golpes contínuos e precisos. E então, em um movimento rápido e certeiro, Kwon girou o corpo, utilizando toda a força em um chute que atingiu Miguel no torso com um impacto seco.

— Ponto, cobra Kai! Dois a dois! O próximo ponto vence!

Agora, Miguel bateu na mão de Robby que parecia determinado a ganhar.

— Ja tava na hora, vamos ver do que é capaz — Kwon disse.

Kwon e Robby se posicionaram no tatame, os olhos fixos um no outro. A tensão no ambiente era palpável, e os dois lutadores sabiam que o próximo ponto decidiria tudo. Ambos assumiram posturas firmes, a determinação brilhando em seus olhares.

O confronto começou com Robby avançando rapidamente, seus movimentos fluidos e ágeis. Kwon, no entanto, estava preparado, bloqueando cada golpe com precisão e respondendo com ataques poderosos. Os sons dos pés se movendo pelo tatame e os impactos dos golpes preenchiam o ambiente, enquanto o público prendia a respiração, imerso no duelo.

Robby tentou uma sequência de chutes rápidos, mas Kwon desviou habilmente, contra-atacando com um chute giratório que Robby bloqueou no último segundo. Os dois continuaram trocando golpes em alta velocidade, cada um mostrando suas habilidades e recusando-se a recuar.

A intensidade da luta aumentava a cada segundo. Nenhum deles queria ceder ou trocar, ambos determinados a lutar até o fim. Robby lançou um soco direto, mas Kwon o desviou e tentou um chute baixo. Robby saltou para evitá-lo e, no mesmo movimento, tentou acertar um chute no torso de Kwon. O golpe passou a milímetros, mas Kwon aproveitou a abertura para atacar com uma sequência de socos, forçando Robby a recuar.

Os dois estavam exaustos, mas não demonstravam fraqueza. Kwon avançou novamente, tentando dominar a luta, mas Robby se esquivou com um giro elegante, pegando impulso para desferir um chute que Kwon conseguiu bloquear. O equilíbrio entre os dois era impressionante, e ninguém no público conseguia prever quem levaria o ponto final.

Hana, observando da lateral, apertava os punhos com força. Ela mal conseguia respirar, o coração disparado ao assistir Kwon lutar com tanta intensidade. Seus lábios se moveram em um sussurro quase inaudível:

— Kwon...

No centro do tatame, ambos os lutadores se afastaram por um breve momento, seus olhares cheios de determinação. Eles sabiam que aquele seria o movimento final. Sem hesitar, Kwon e Robby avançaram ao mesmo tempo, os corpos em sincronia enquanto saltavam no ar, cada um buscando o golpe decisivo.

A tensão era insuportável. O tempo parecia desacelerar enquanto os dois voavam, os pés estendidos em um chute que decidiria o vencedor. E então, o impacto.

Robby acertou o chute primeiro, atingindo Kwon com precisão no torso, enquanto Kwon caía no chão com força. O som do golpe ecoou pelo ginásio, seguido pelo silêncio absoluto.

— Ponto, Miyagi-do! Miyagi-do vence! — anunciou o juiz, erguendo o braço na direção do vencedor.

Kwon permaneceu deitado por um momento, o olhar perdido no teto enquanto tentava processar a derrota.

Hana fechou os olhos brevemente, sentindo uma mistura de frustração e tristeza. Não era apenas uma derrota no tatame, era algo que parecia pessoal.

O som da comemoração do Miyagi-do ecoava pelo ambiente, contrastando com a atmosfera mais contida do Cobra Kai. O público aplaudia, enquanto alguns gritavam em euforia pela vitória de Robby. Hana, ainda parada no mesmo lugar, observava Kwon ao longe. Ele estava no chão, respirando com dificuldade, seu olhar fixo no tatame como se ainda processasse a derrota.

Ela hesitou por um momento, sentindo o peso de tudo o que havia acontecido. Cada briga, cada desentendimento, cada sentimento reprimido parecia culminar naquele instante. Mas, desta vez, algo em seu coração a empurrou para frente. Lentamente, ela caminhou em direção a ele, ignorando os olhares ao redor.

Quando chegou perto, Kwon ergueu os olhos para ela. Pela primeira vez em muito tempo, não havia arrogância, raiva ou desprezo no olhar dele. Apenas cansaço e uma certa vulnerabilidade. Hana parou, olhando para ele em silêncio antes de estender sua mão.

Kwon hesitou por um momento, como se estivesse surpreso com o gesto. Mas então, ele levantou sua mão e a segurou, aceitando a ajuda. Quando ele se ergueu com a ajuda dela, os dois trocaram olhares que carregavam tudo o que não tinham conseguido dizer antes. Não era necessário falar nada. Naquele instante, havia compreensão.

Enquanto ele se firmava sobre os pés, Hana soltou sua mão e deu um passo para trás. Ela respirou fundo, desviando o olhar para o tatame novamente.

Agora, era o fim... ou talvez o recomeço de um pesadelo que ambos ainda precisavam enfrentar. O resultado da luta não era apenas uma derrota ou vitória no torneio, mas o início de algo muito maior que ainda estava por vir.

Continua...

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