𝕮𝖆𝖕 4
Cap 4: Dentro do labirinto
Na manhã seguinte, Lívia despertou ao som de uma voz baixa a chamando. Seus olhos se abriram lentamente, ajustando-se à luz fraca que entrava na tenda. Quando finalmente focou a visão, viu Newt parado ao lado de sua cama improvisada, com os braços cruzados e um sorriso contido nos lábios. Ele parecia calmo, mas sua postura firme indicava que ele tinha algo importante para dizer.
- Bom dia, Liv. Tenho que te mostrar uma coisa - disse ele
Ainda sonolenta, Lívia se sentou rapidamente e se espreguiçou antes de levantar. Ela ajeitou sua roupa e seguiu Newt, que caminhava na frente com passos decididos. Eles atravessaram a clareira, passando pelas tendas e pelo movimento já habitual dos clareanos começando suas tarefas diárias. O céu estava limpo, e o som distante das folhas balançando era acompanhado pelo burburinho das conversas.
Ao chegarem perto de uma das muralhas, Newt parou diante de um trecho desgastado, onde haviam diversos nomes gravados na pedra. Lívia notou que alguns desses nomes estavam riscados com traços profundos, quase como cicatrizes na superfície do muro. Ela franziu o cenho, curiosa e um pouco apreensiva.
- Todos que pertenceram à clareira têm seu nome escrito aqui. Agora é sua vez - disse Newt, enquanto retirava uma pequena faca do bolso e a estendia para ela.
Lívia hesitou por um momento, olhando para a lâmina e depois para os nomes. Sua respiração ficou ligeiramente mais pesada enquanto ponderava o significado daquele gesto.
Finalmente, pegou a faca das mãos de Newt e, com movimentos cuidadosos, começou a escrever seu nome no muro. Cada letra parecia carregada de uma mistura de determinação e aceitação.
Quando terminou, Newt sorriu satisfeito e assentiu.
- Agora sim, oficialmente você é uma de nós.
Lívia ainda olhava para os nomes quando algo chamou sua atenção.
- O que significam esses nomes riscados? - perguntou, apontando para as marcas profundas.
O semblante de Newt se tornou mais sério. Ele respirou fundo antes de responder, com sua voz carregada de peso.
- Infelizmente... são todos os que acabaram falecendo por vários motivos diferentes por aqui.
Lívia sentiu um nó se formar em sua garganta. A clareira parecia um lugar seguro à primeira vista, mas aquelas marcas no muro contavam outra história.
- Ah... entendi... - murmurou, desviando o olhar para o chão, como se estivesse tentando processar o peso daquela informação.
Newt colocou a faca de volta no bolso e suspirou.
- Bem, tenho que começar as tarefas. A gente se vê depois - disse ele antes de se virar e caminhar em direção ao centro da clareira.
Lívia observou-o se afastar, mas seus pensamentos ainda estavam presos naquelas palavras e nas marcas no muro. Ela estava prestes a voltar para as tendas quando um movimento chamou sua atenção. Olhando para o lado, viu os portões começando a se abrir lentamente, revelando um vislumbre do labirinto. Minho e Ben estavam entrando por eles, e aquilo despertou uma curiosidade arrebatadora na garota.
Sem conseguir se conter, Lívia correu até os portões e parou a poucos metros de distância. Seus olhos estavam fixos na vastidão do labirinto, tentando captar cada detalhe. Ela inclinou o corpo para frente, como se isso pudesse ajudá-la a ver mais longe.
- E se eu... Não, Lívia! Isso é uma regra... - murmurou para si mesma, tentando controlar a própria vontade.
Seu coração parecia bater mais rápido, dividido entre o fascínio pelo desconhecido e o medo de desobedecer. Tudo dentro dela gritava para entrar, mas ela sabia que havia regras, e quebrá-las tão cedo poderia trazer problemas.
Quando estava prestes a se afastar, algo inesperado aconteceu. Ben saiu correndo de dentro do labirinto, sozinho, com o rosto marcado pelo desespero. Ele parecia ofegante, suado e assustado.
- Lívia? - chamou ele, tentando recuperar o fôlego.
- Ben... eu...
- Tá tudo bem. Eu preciso da sua ajuda! - interrompeu ele, com uma certa urgência em sua voz a deixando em alerta.
- O que aconteceu? - perguntou Lívia, dando um passo à frente.
- Minho está encurralado. Ele acabou ficando preso, e estamos ouvindo barulhos estranhos, como se fossem os verdugos se aproximando...
Lívia arregalou os olhos.
- Mas os verdugos não aparecem só à noite?
- Era o que achávamos... - disse Ben, com sua voz trêmula.
Lívia olhou para trás, pensando se realmente deveria fazer aquilo. Por um instante, sua mente gritou que era loucura, mas quando olhou novamente para Ben e viu o desespero em seus olhos, tomou sua decisão. Sem dizer mais nada, ela assentiu e começou a segui-lo para dentro do labirinto.
Os dois correram pelo caminho sinuoso até encontrar Minho. Ele estava preso em algumas plantas que haviam enroscado suas pernas, e seu rosto estava marcado por uma mistura de frustração e alívio ao vê-los.
- Lívia? Eu falei pra você chamar o Alby ou o Newt, Ben! - disse Minho, exasperado.
- Ela foi a primeira pessoa que eu achei. E ela parece correr bem! - defendeu Ben.
Lívia ignorou os dois. Sem perder tempo, começou a puxar os braços de Minho com todas as suas forças, enquanto Ben ajudava. As plantas pareciam mais resistentes do que imaginavam.
- Não dá, é melhor vocês irem pedir ajuda pra mais pessoas! - disse Minho, já desistindo.
- Não, eu já sei... - respondeu Lívia, decidida. Sem pensar duas vezes, começou a escalar o muro, usando as plantas como apoio.
Enquanto subia, Lívia puxava as plantas para cima, aliviando a pressão sobre as pernas de Minho. Ben aproveitou para puxá-lo para o lado, e, após alguns segundos de esforço, ele finalmente estava livre.
- Conseguimos! - disse Ben, ofegante.
Lívia começou a descer com cuidado, mas quando estava quase no final, Ben a segurou pela cintura, ajudando-a a descer com segurança.
- Além de ser uma boa corredora, ainda é inteligente. Seria uma boa ajuda para nós - disse Minho com um sorriso, que foi retribuído por Lívia.
Ao retornarem para a clareira, o clima mudou completamente. Os clareanos que os viram voltar pararam o que estavam fazendo. Gally e Newt foram os primeiros a se aproximar, ambos com expressões de raiva.
- O que falamos sobre não quebrar as regras? - questionou Gally, com as mãos na cintura e um tom acusador.
- Não foi culpa dela. Eu que a chamei! - afirmou Ben, colocando-se entre eles.
- Não se intrometa, Ben! - rebateu Newt, lançando um olhar irritado para Lívia.
Ela retribuiu o olhar, claramente incomodada com a forma como ele a encarava.
- Ela me ajudou. Se não fosse por ela, talvez algum verdugo tivesse aparecido! - defendeu Minho.
Alby interveio, sua voz firme cortando o ambiente.
- Tudo bem. Teremos uma reunião hoje. Vamos discutir isso com os outros - disse ele antes de se virar.
Lívia deu um passo à frente, chamando sua atenção.
- Alby! Leva em consideração que eu posso ser uma corredora!
Ele a olhou por alguns segundos, refletindo.
- Ok, Lívia. Vamos discutir sobre isso hoje - respondeu antes de voltar para as tendas.
Os clareanos começaram a se dispersar, voltando às suas tarefas. Lívia se virou para Minho, sorrindo, e o abraçou brevemente. Logo depois, foi até Ben e o envolveu com os braços em um abraço mais apertado. Ele a segurou pela cintura, retribuindo o gesto.
- Obrigada... - disse ela, sua voz baixa, mas carregada de gratidão.
Continua...
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