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I need you to see through the void

~ The Neighbourhood - Void

— Acorda - senti meu corpo ser chacoalhado agressivamente.

   Ainda grogue de sono, não conseguia raciocinar o que estava acontecendo. Minha cabeça era deitada em travisseiro macio, com um edredom grosso cobrindo toda minha extensão. Sentia meus lábios ressecados e a garganta seca, os
olhos quase não se abriam de tanto sono. Ouvi novamente a voz me chamar e as mãos finas moverem-se por meu ombro.

— Acorda, caralho! - a pessoa forçou minhas pálpebras se abrirem, tirando seus dedos de meus olhos assim que os abri, indignada e confusa.

   Suna, vestido apenas com uma camiseta e bermuda, estava em minha frente, uma expressão de desgosto no rosto. Suas orbes amareladas encaravm as minhas, as sobrancelhas cerradas e a boca repuxada estranhamente. Passei as mãos no rosto, tentando entender o que caralhos o garoto queria comigo. As lembranças da noite passada vieram em minha mente e logo me senti envergonhada, porém disfarcei as sensações e voltei meu olhar para o moreno ao meu lado.

— O que é porra? - vi que estava sozinha na cama e então ouvi o barulho do chuveiro vindo da segunda porta do cômodo.

   Suna revirou os olhos, sentando-se em sua escrivaninha, que tinha vários papéis e cadernos. O garoto pegou seu celular e me respondeu.

— Vai logo embora - digitou algo no telefone - Ninguém te quer aqui.

— Seu amigo quer - encarei seus olhos amarelados, jogando o cabelo de lado.

   Vi o maior revirar as orbes, bufando logo em seguida. Ele ficou de costas para mim, voltando a se concentrar nas folhas encima de sua mesa, o telefone apitando com notificações frequentes.

— Quantas horas? - me espreguicei.

   Suna me ignorou, fingindo não ouvir o que eu dizia. O pé do garoto batia em ritmo constante, não mudando o intervalo de tempo entre uma batida a outra.

— Você é tão infantil ao ponto de ignorar uma pessoa te perguntando as horas? - levantei-me da cama, procurando por meu celular no quarto, não encontrando com facilidade.

— Prefiro ficar calado para garantir que não vou vomitar quando escuto sua voz - a voz baixa do rapaz soou e senti sua crueldade dominar o quarto.

   Finalmente encontrei meu telefone, que estava jogando ao pé da cama de Osamu. Algumas chamadas de Louise apareciam no ecrã junto com notificações do instagram. Ignorei todas, voltando a falar com Suna.

— Você deve sentir inveja - calcei meu sapato, parando na frente de um espelho e ajeitando meus fios negros, tentando a todo custo disfarçar minha cabeleira bagunçada.

— De você? - Suna questionou, debochando do que eu disse.

— Não afirmei nada - virei-me novamente para o moreno, encarando os olhos baixos do mesmo - Interprete como quiser.

   Dei uma última olhada pelo quarto, procurando algum pertence meu que havia esquecido, encontrando apenas a cama desarrumada como resultado da noite anterior. Eu ainda sentia os olhos de Suna me fuzilando, tentando compreender onde quis chegar com aquela afirmação. Apenas lhe dei uma encarada, abrindo a porta do quarto e sumindo de suas vistas, rumando para a ala feminina. Durante o caminho, mandei mensagem para Samu, dizendo que tive que ir mais cedo por conta do ensaio do clube de teatro. O garoto me respondeu alguns minutos depois, compreendendo meus compromissos e ainda comentando que teria treino também.

   Ao chegar em meu dormitório, vi a francesa deitada em sua cama, assistindo um seriado francês em seu notebook. A mesma tinha uma máscara facial em seu rosto, o cabelo jogado para trás com uma faixa e a garota vestia apenas um roupão. Quando me viu, Louise arregalou os olhos e largou seu computador no colchão, pausando sua série enquanto vinha em minha direção. Fiquei estática, tirando meus sapatos enquanto observava a francesa bater em meu ombro inquieta. Parei, encarando seus olhos esverdeados, esperando que dissesse algo.

— Transaram? - foi o que perguntou e revirei os olhos decepcionada com. a imaginação fértil da garota.

— Bom dia também, Louise - tirei a blusa que usava, ficando apenas de sutiã e saia na frente de minha amiga.

A loira fez um barulho parecido com "wow" e abanou o próprio rosto, seguindo-me para o banheiro. Fechei a porta do lavabo, sendo acompanhada pela francesa curiosa que sentava-se na tampa do vaso enquanto me observava tirar a saia e fica apenas com as roupas íntimas.

— Transaram ou não? - suspirei, encarando sua cara coberta pela máscara facial.

— Quase isso - desabotoei a roupa que cobria meus seios.

Louise tampou os olhos, dando me privacidade enquanto tirava o resto de tecido que prendia-se em meu corpo. Adentrei o box, escutando mais uma frase vinda da loira.

— Como assim? Fizeram meia nove? - exclamou, aumentando o tom para que eu a escutasse.

— Não - senti a água morna cair por meus ombros desnudos, molhando meu cabelo e o grudando em minhas costas - Ele me chupou.

Falei logo, escutando um gritinho de Louise por pura animação. A garota era fofoqueira de corpo e alma, gostava de saber todos os detalhes da vida alheia, porém sabia guardar segredo e eu admirava isso nela.

— E o que mais?

— Eu bati uma para ele - esfreguei a bucha em minha derme, sentindo a sujeira escorrer por todo o líquido transparente.

Eu simplesmente não me sentia envergonhada em contar aquele tipo de coisa para Louise, pois me sentia extremamente confortável perto da mesma e se pudesse, confessaria todos meus segredos obscuros para a francesa. Contávamos uma com a outra, a francesa sempre desabafava sobre sua família homofóbica e sobre suas peguetes do internato. Confessava tudo o que era lhe possível, sentia-se confortável em mim presença e a única forma que pude retribuir a garota foi me expondo também, contando para ela tudo o que queria saber.

— Meu deus que tarada - comentou.

— Mas é você quem sai chupando todas as garotas dessa escola - retruquei, começando a passar o shampoo em meu couro cabeludo.

A loira riu de meu comentário, voltando a conversar comigo sobre garotas com quem saia. Dizia tudo, falando o que gostava em algumas e o que odiava em outras. Eu tinha a leve impressão de que Louise se sentia sozinha e que não tinha tantas pessoas para contar sobre si própria. Ela parecia tão feliz por finalmente poder dizer algo sem alguém a julgar. Sorri internamente, ficando contente por ter ela em minha vida.

*
ai gente eu gosto tanto da Louise af

esse final de cap eu quis mostrar como anda a amizade entre as duas e como elas se entendem bem...

espero que tenham gostado, eu me esforço muito com minhas fics

enfim gatinhes, até a próxima ^^

cap se revisão!!!!! [07/05/21]

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