sixteen
If I could paint the sky
All the stars would shine in bloody red
~ Phantogram - Black Out Days
Anotei as palavras que meu professor de inglês avançado dizia, verificando se os verbos estavam certos no outro idioma. Apesar de ser mestiça e ter sangue americano, não tive uma alfabetização completa em inglês, tendo que estudar a língua e aprender toda a gramática corretamente. Por sorte, eu já sabia falar muito bem e entender facilmente o que diziam para mim, tendo uma pronúncia boa e maleável do idioma. Faltavam poucos minutos para o final da aula, o relógio apontava para quatro e cinquenta, tendo apenas dez minutos para o sinal tocar e eu finalmente me livrar dos estudos.
Após um tempo escutando as explicações do professor, escutei o sino irritante bater, indicando o término das aulas. Levantei-me apressada, jogando meus cadernos de qualquer jeito na mochila preta e pegando meu celular debaixo da mesa clara, ligando-o e vendo as poucas notificações que havia no aparelho. Algumas mensagens de meus pais apareciam e eu os respondia com animação, sentindo uma pitada de saudades dos mesmos e da rotina de casa. Eu não era uma pessoa muito popular, tinha dificuldades em fazer amizade facilmente e isso influenciou em minha vida, ocasionando o meu afastamento social das crianças de meu bairro. Sempre preferi fazer minhas próprias coisas individualmente, gostando de brincar comigo mesma no quintal ou ver desenhos na televisão. Minhas amizades na infância se baseavam apenas em Paige — uma garota estadunidense de pele escura e cabelos encaracolados, lindos e brilhosos —, Kuro Tetsuro e Kozume Kenma.
Paige e eu nos conhecemos com apenas cinco anos de idade, em New York, onde meus pais haviam arrumado um emprego como advogados pessoais de uma empresa. Vivíamos no mesmo prédio, sendo vizinhas uma da outra por dois anos, até voltarmos para o Japão. Paige era sociável, extrovertida e alegre, levava-me para todo lugar e sempre gostava de fazer biscoitos de chocolate em minha casa. Eu sempre me perguntava se ela gostava de mim ou dos cookies que mamãe ajudava a fazer. Porém minhas dúvidas foram acabadas assim que vi a garotinha chorar por minha mudança para o outro país. Atualmente eu não mantinha muito contato com Paige, porém conversávamos raramente.
Quando cheguei ao Japão, de início conheci Tetsuro, um garoto alto e atrevido, uma personalidade terrivelmente provocativa e esperta. Kuro gostava de se aventurar e aprender coisas novas, assim que me viu chegar em casa, veio urgentemente me conhecer, carregando consigo um garoto baixinho e tímido. Ele não se importava com o que pensavam de si, apenas queria as sensações que o mundo e pessoas lhe traziam. Tetsuro e eu morávamos na mesma rua em um bairro de Tóquio, porém estudávamos em escolas diferentes, apenas nos víamos nos finais de semana. O moreno sempre aparecia nas tardes de sábado com Kenma ao seu lado, o objetivo evidente de me tirar de dentro de casa.
Passávamos horas do dia na rua, vivenciando aventuras em que Kuro nos colocava. Kenma sempre reclamava, concordando comigo que era melhor ficarmos quietos vendo televisão ou jogando algum jogo. Porém Tetsuro sempre discordava, afirmando que as melhores formas de se ver a vida estava nos problemas e detalhes arriscados, alegando que o esforço valia tudo e que deveríamos viver com outros olhos. Eu era criança demais para entender Kuro, ele sendo um ano mais velho que eu e Kenma.
Hoje em dia eu compreendia o que ele queria dizer. A vida deveria ser apreciada em momentos certeiros e eufóricos, como quando você recebe uma notícia feliz ou quando passa por uma situação difícil e perigosa. São esses acontecimentos que nos dão a sensação de viver e estar vivo. Fazia um bom tempo que não via Kuro e Kenma, última vez que nos vimos fora há alguns meses atrás. Após completarmos 12 anos, os três levaram caminhos diferentes, nos afastamos e conhecemos pessoas novas, deixando no passado as brincadeiras de criança. Encontrávamos uma vez ou outra, indo tomar um café para colocar as notícias em dia, porém nada tinha a mesma magia que antes.
Com meus 14 anos o meu corpo se desenvolveu e minha aparência transcendeu. Era como se finalmente eu tivesse desabrochado, imitando os movimentos de uma flor e mostrando minha beleza para o mundo, chamando a atenção de quem passava. Aquilo era um problema, as pessoas se aproximavam de mim por isso, aproveitando-se de minha ingenuidade e inocência para usufruir de meu corpo estrutural e atrativo. Fui obrigada a amadurecer e entender a maliciosidade do mundo, me isolando de relacionamentos e amizades, sabendo que se caísse novamente naquele golpe, seria feita de boba e seria usada como no passado.
Finalmente com 16 anos e um intelecto formado, eu escolhia por mim mesma em quem confiar e acreditar, sempre tomando o cuidado com pessoas tóxicas e ambiciosas. Mesmo minha personalidade não sendo uma das melhores, me esforçava para isso não atrapalhar em meu sonho, tentando lidar a todo custo com minha timidez e necessidade de ficar sozinha. Eu era a típica amiga introvertida, sempre me relacionando com pessoas animadas e com fácil vínculo social. Não significava que eu era introvertida ao extremo, eu apenas não queria ter que me aproximar demais de pessoas que me quebrariam por comportamentos arrogantes e interesseiros.
— Hey gatinha - senti um braço passar por meus ombros cansados - Por que está tão pensativa?
Atsumu perguntou, um sorriso brilhante em seus lábios rosados. Encarei os olhos escuros do maior, abraçando sua cintura enquanto andávamos juntos pelo campus do internato. O sol se escondia lentamente atrás das plantações de arroz, que estavam tão distantes que quase sumiam no horizonte junto a bola amarela gigante.
— Estou cansada, só isso - sorri um pouco, sentindo-me segura perto do gêmeo.
— Ainda bem que eu estou aqui para iluminar seu dia - gabou-se de sua beleza - Aproveite, esse privilégio não é para todos.
Ri de sua fala, uma sensação de conforto invadindo meu peito. Pelo menos eu havia escolhido pessoas certas para confiar, como os gêmeos, Louise e Suna, que secretamente eu admirava por ter pensamentos similares aos meus. Conseguia ver em seu olhar cansado que o moreno sentia o mesmo que eu, apenas alguns detalhes mudando os sentimentos.
*
oi gentee
como vão?
cap para vocês entenderem o
passado da protagonista e o amadurecimento dela
bom, é só isso que tenho a dizer skdksk
até próximo cap amores!!
cap sem revisão!! [21/05/21]
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