fourteen
I can see you want me too
Now it's me and you
~ Cassie - Me & U
Eu lia e relia várias vezes o mesmo parágrafo do livro de história, tentando a todo custo entender o que aquelas palavras queriam me dizer. Passava das quatro da tarde, eu tentava estudar para as provas antecipadamente, porém andava tão cansada e estressada que não tinha disposição para tal ato. O relógio de parede ao meu lado batia de um lado para o outro, irritando-me minimamente e tirando minha concentração do capítulo onde estava. Olhei em volta, procurando alguma mesa vazia que fosse longe o suficiente daquele barulho infernal.
A biblioteca não estava tão cheia assim, embora todas as melhores localidades estivessem ocupadas. Observei uma que estava no fundo, perto da enorme vidraça do local, felizmente estava vazia e tinha uma iluminação boa. Busquei por meu materiais e andei em direção à mesa que chamou minha atenção, admirando o belo pôr do sol naquela tarde de segunda-feira. Alguns alunos encontravam-se na grama de frente para o vidro que separava a biblioteca do jardim em que estavam, o sol batia na pele dos mesmos e deixava uma cor alaranjada na derme dos estudantes. O clima estava agradável, e se não fosse por meu estresse, com certeza estaria aproveitando o momento junto com Louise, que provavelmente estaria em algum canto do colégio pintando a paisagem.
Sentei-me na cadeira acolchoada, ainda contemplando o entardecer majestoso que se fazia do lado de fora do edifício. Aconcheguei-me mais em meu blazer, organizei os livros e cadernos na madeira escura e coloquei novamente o livro de história em minha frente, abrindo no capítulo em que parei. Li os textos, sentindo o conhecimento preencher meu cérebro e as palavras tão difíceis tornarem-se compreensíveis. Tão absorta em meus estudos, acabei não percebendo a presença atrás de mim, observando minha concentração na história da humanidade. Escutei um sussurro em minha orelha, fazendo-me dar um pulo assustada e tampar a boca para não gritar dentro de uma biblioteca.
— Hey - olhei para trás, encontrando Suna com seu habitual sorriso cínico.
O maior tinha suas mãos no bolso da calça de uniforme, os olhos meio esverdeados estavam baixos e vermelhos, um pirulito pendia entre os lábios rosados e inchados. Ele se aproximou, vendo de cima o que eu estudava, uma de suas mãos prendia a folha de meu livro para que não saísse do lugar. Pude respirar com cuidado, sentindo o ódio pelo rapaz inflar meu peito.
— O que você está fazendo? - sussurrei, tirando seu pulso de perto dos meus materiais.
Suna riu, sentando-se com calma ao meu lado, tirando o doce da boca enquanto me respondia baixinho, os lábios quase colados em meu ouvido.
— Me parecia uma ótima oportunidade para vir te irritar - sua voz suave e rouca soou, o hálito de gomas batendo em minha bochecha e entrando por minhas narinas.
Cerrei as sobrancelhas, empurrando levemente o maior, em um uma tentativa de tirar ele de perto. Sua aproximação deixava-me envergonhada.
— Sai daqui, preciso estudar - virei meu rosto para os livros, tirando meu foco do rosto sarcástico do garoto.
— As provas são na semana que vem, para que estudar agora? - Suna cheirava a uma mistura de maconha com perfume afrodisíaco.
— Felizmente não sou uma irresponsável como você - encarei seus olhos amarelados, vendo um certo divertimento em sua expressão irônica.
— Irresponsável? - perguntou, uma expressão confusa se instalando no rosto - Não sou um irresponsável, sempre tiro notas boas e entrego todas as atividades no dia certo.
— Idiota - xinguei-o baixinho, voltando a ignorar o moreno.
Tentei focar novamente na matéria de história, porém era constrangedor se sentir observada por alguém que você não sabia se odiava ou secretamente achava atraente. Minha situação com Suna era confusa, eu tinha vontade de ter uma conversa estável com ele como da última vez, porém parecia ter uma barreira bloqueando nossa socialização, e eu me perguntava se ela vinha dele ou de mim, que não sabia como iniciar um assunto. O clima entre nós estava incrivelmente agradável, o silêncio não nos incomodava e eu me sentia bem com aquilo, esperava que o garoto também sentisse isso. Já não sentia mais seu olhar em mim e consegui me concentrar nos estudos, esquecendo-me pouco a pouco que Suna estava ao meu lado.
Quando percebi, o crepúsculo tomou o céu. Tons avermelhados misturados com o azul escuro da noite chegavam rapidamente e tomavam conta da tarde que envolvia os alunos em um abraço ameno da primavera. Eu observava o fenômeno que tanto admirava, vendo a coloração mudar a cada segundo, o vermelho ficando róseado e o azul se tornar em um roxo negrume. Fiquei contemplando a beleza natural do céu, até ter minha atenção tirada por o barulho de uma câmera e um flash por trás de mim. Virei-me para Suna, vendo o celular do garoto deitado em suas mãos, ele observava interessado a foto que havia tirado.
— Deixe eu ver - falei, um pouco irritada pelo fato dele ter feito isso em 'segredo'.
O moreno me mostrou a fotografia. Eu estava com o rosto virado para a vidraça, encarando o céu majestoso que encaixava-se muito bem no contexto da foto, um rosa misturado com dourado que quase sumia em contato com as montanhas distantes. Meu cabelo escuro brilhava e minha pele transcendia com o flash que batia fortemente em si.
— Ficou boa - devolvi seu aparelho, minha irritação se desfazendo - Você tem talento para tirar fotos.
Suna escutava o que eu dizia enquanto mexia em seu celular. Seus olhos subiram um pouco do eletrônico, me encarando com suavidade, ele parecia pensar em algo.
— Você acha? - perguntou, soltando o telefone encima da mesa com cuidado.
— Sim - fechei meu livro, ajeitando o resto dos materiais em minha bolsa.
Suna brincava com o palitinho do pirulito em sua boca, parecia pensativo e confuso com algo. Me levantei, colocando a mochila nas costas e buscando por meu relógio de pulso, vendo o ponteiro bater perto das seis horas. O garoto observava meus atos, uma expressão distante brincava em sua face pálida, quase translúcida. Encarei seus olhos, que tinham uma mistura homogênea de amarelo e verde, tornando suas orbes claras em um tom que eu não sabia descrever. Suna fazia o mesmo que eu, encontrando o preto da noite em meu olhar, parecia querer dizer algo, porém não se permitia fazer tal ato, então fiz por ele.
— Nos vemos por ai, Suna - dei um tchauzinho com a mão, deixando o garoto para trás enquanto andava para a saída da biblioteca.
*
hey!! é a nanda^^
gente!! fiz um ig no insta para interagir com vocês, sigam lá :)
@izzi.sat
cap sem revisão!! [16/05/21]
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