CAPÍTULO 18 - PRIMEIRO BEIJO

Estávamos à beira de tomar uma decisão significativa, capaz de transformar completamente nossa noite. Alex, visivelmente pensativo, apertava as mãos com ansiedade. A responsabilidade dessa decisão recaía apenas sobre ele, pois, como todos já haviam percebido, eu não me incomodava com essa proximidade entre nós. Além disso, enxergava como uma oportunidade para nos abrirmos mais.

Após esse pensamento, Alex declarou:

- Vamos aceitar o quarto. - Ele concordou. - Quanto custa a estadia?

- A estadia é de 60 dólares por noite.

- Está bem. - Ele concordou, entregando seu cartão, enquanto eu permanecia em silêncio ao seu lado.

Após o pagamento, ele perguntou se havia roupas do hotel disponíveis. A funcionária então nos forneceu duas camisas brancas e shorts brancos. Aceitamos com um sorriso, e ela nos entregou as chaves do quarto 8 no segundo andar.

Nos despedimos e pegamos o elevador até o nosso andar desejado. Chegando lá, seguimos pelo piso xadrez em direção ao nosso quarto no final do corredor. Abrimos a porta, deparando-nos com um quarto simples, mas aparentemente aconchegante. Uma cama de casal com lençóis brancos, duas mesas de cabeceira com abajures, um sofá, uma pequena varanda e um banheiro.

Caminhamos mais a fundo no quarto. Com um sorriso no rosto, eu me sentei no sofá, jogando a cabeça para trás.

- Finalmente chegamos! - Afirmei. - Estou cansada...

- É... O frio também não está ajudando. - Alex afirmou, com o mesmo tom sarcástico que costuma usar, sentando-se na cama.

- Bem, deixando de lado o nosso infortúnio. O que vamos fazer agora? - Perguntei.

- É com você, mas eu sugiro que você vá tomar banho enquanto eu peço o serviço de quarto. - Ele sugeriu. - É claro, se tiver um aqui. - Ele completou, fechando a cara.

Eu sorri, - Bom, já vi que alguém aqui está de mal humor. Então eu já vou para o banho. - ao dizer isso, me levantei do sofá e peguei as roupas do hotel na cama. Entrei no banheiro e fechei a porta com chave em seguida.

O ambiente era simples, pequeno mas bem limpo. Porém, o que mais me chamava atenção, era o vaso sanitário e a pia antiga simplesmente da cor amarela. Com certeza era estranho, mas isso não me impediria de tomar um bom banho e descarregar todo o meu cansaço na água.

Após alguns minutos, desliguei o chuveiro e vesti as roupas do hotel, saindo do banheiro com os cabelos molhados, enquanto o vapor quente se dissipava no ar.

- Alex, terminei. Se quiser ir...

- Ok. - Ele concordou, ficando em silêncio por um momento, até dizer, - Já liguei para a recepção. Não temos serviços de quarto, mas ela nos trará algo para comer. - Ele explicou.

- Está bem. Eu ficarei aguardando aqui. - Consinti, enquanto ele caminhava até a cama e pegava as suas roupas.

- Bem, eu já vou para o banho. - Ele afirmou, seguindo para o banheiro e fechando a porta.

Totalmente ansiosa, eu sentei-me no sofá, refletindo sobre a situação que nos encontrávamos naquele momento, afinal, eu estava sozinha em um quarto com o Alex Hart, meu vizinho, talvez um assassino e agora meu "guarda-costas". Como também, iremos dividir a mesma cama pela primeira vez, e isso pode ser algo totalmente embaraçoso, já que isso não seria o ideal a se fazer, sendo que nem ao menos somos namorados.
Além disso, há um clima estranho entre nós, já que ele estava tão amigável antes mas agora, está voltando com a sua camada fria de novo, e isso me faz questionar ainda mais porquê ele é assim?

No momento em que eu pensava, alguém bateu à porta. Apressadamente, eu atendi, vendo a recepcionista trazer uma refeição com duas sopas quentes, chá e dois biscoitos da sorte. Agradeci com um sorriso, fechando a porta com nossa bandeja nas mãos, colocando-a cuidadosamente em cima da cama. Olhei para os biscoitos da sorte, pensando que seria uma boa ideia abri-los, afinal, poderiam revelar algo sobre essa noite.

Com um sorriso travesso, quebrei um deles, retirando o pequeno papel. Com o coração na boca, li a mensagem em voz alta:

- "Há três coisas que jamais voltam; a flecha lançada, a palavra dita e a oportunidade perdida." - Após essas palavras, senti um aperto no coração. Me perguntei se aquilo era realmente verdadeiro. Não sabia o que poderia significar, mas sabia que parte daquilo fazia sentido na minha vida. Mas não entendia o que significava tudo aquilo, será que talvez eu deveria agarrar o meu momento?

Eu engoli em seco, preocupada com essa mensagem, talvez aleatória. Entretanto, eu comecei a sentir um frio muito grande, como se o ar estivesse esfriando aos poucos; e sem pestanejar eu levei as minhas mãos para abraçar o meu corpo, e caminhei em direção ao aquecedor. Mas surpreendentemente a luz do quarto se apagou, levando todo o cômodo para uma imensa escuridão. Ouvi o chuveiro logo desarmar e Alex gritar:

- O que aconteceu!?

Com passos rápidos, eu caminhei até a porta do banheiro e disse:

- Houve um apagão.

- Mas é claro que eu sei que houve um apagão. - Ele impôs, - Eu quero saber se foi a nevasca que provocou tudo isso?

- Tá, eu vou dar uma olhada. - Disse revirando os olhos com a sua ignorância.

Eu peguei o meu celular no bolso do meu vestido, e liguei a lanterna; iluminando todo o quarto.

Em busca de respostas para o ocorrido, eu me dirigi à varanda, e encarei a estrada completamente coberta de neve. Como também todas as casas em uma completa escuridão, com apenas alguns pequenos clarões emitidos pelas velas na janela.

- Parece que todos nós estamos com o mesmo problema... - Sussurrei, voltando para a porta do banheiro.

- Alex! - Chamei.

- Diga. - Ele permitiu com o mesmo tom distante. Eu iria confirmar-lhe o motivo do apagão, no entanto, decidi ser sincera e confrontar o seu jeito rude.

Eu suspirei irritada, - O que foi?

- O quê? Não foi isso que eu te perguntei.

- Mas eu estou te perguntando agora, por que você ficou todo engraçadinho de repente? - Questionei, - Eu fiz alguma coisa?

Alex não disse nada, mas apenas permaneceu em silêncio, um sinal de que ele queria fugir do assunto.

- Alex... poxa, nós estávamos conversando tão bem antes... - Dizia até ser interrompida por ele.

- É, estávamos. - Ele disse friamente. - Mas, não haverá uma próxima vez.

- É... Você deve ter razão. - Concordei me afastando da porta, e voltando minha atenção para a varanda de novo.

Fiquei em silêncio, talvez um pouco magoada, observando a paisagem lá fora e pensando o quanto tudo parecia confuso. Eu queria me tornar parte da vida do Alex, ter um lugar em seu coração e principalmente sentir que ele me ama, mas será que não estou forçando a barra? Ele já me disse que não sente nada por mim, mas será que isso é verdade... Será que eu vou ter que abandonar os meus sentimentos por ele?

Eu estava distraída, quando alguém bateu na porta, despertando a minha atenção para ela. Abri-a delicadamente, deparando-me com a recepcionista segurando uma enorme lanterna. Com cuidado, ela explicou a situação, informando que o hotel não tinha um gerador em caso de queda de energia, o que significava que teríamos que esperar até a luz voltar. Ela nos forneceu uma lanterna totalmente diferente, que mais parecia uma lamparina de ferro.

Agradeci com um sorriso, peguei aquele objeto pesado, fechei a porta e o coloquei no chão perto de nossa cama. A lanterna era eficiente, e iluminava boa parte do quarto, dando a sensação de estarmos em um ambiente à luz de velas, criando eventualmente um clima mais romântico.

Apertei a barra da minha blusa, sorrindo e com rosto vermelho, afinal, poderia ser uma chance de entender melhor os sentimentos dele. Como também, o que pode decretar o nosso fim... Porque dependendo das palavras dele e se ele realmente não me desejar eu serei obrigada a parar de insistir novamente... pois, esse nosso relacionamento não está funcionando, eu digo que vou deixá-lo em paz mas nunca deixo, e ele fala que não gosta de mim, mas sempre dá índicios de que se importa demasiadamente diferente comigo... E esse jogo tem que acabar.

Quando levantei os meus olhos, vi a porta do banheiro se abrindo, e Alex sair com o cabelo úmido para trás, sem sua franja para atrapalhar a visão dos seus olhos. Sua beleza parecia a cada dia mais bonita e intacta, e seus olhos cor de verde eram os que eu mais admirava nele.

- Desculpe a demora. - Ele resmungou, percebendo a lanterna.
- A recepcionista que trouxe?

- Sim. Mas, ela é meio estranha...

Ele concordou com um sorriso fechado, e sentou-se ao meu lado na cama. Eu sorri disfarçadamente, surpresa com a nossa proximidade, até que me dei conta, e exclamei:

- Espera! Você trocou de roupa no escuro!?

- Sim... - Ele afirmou. - Por isso, acabei demorando mais.

- Mas por que você não me pediu o celular?

- E você acha o porquê que eu não fiz isso? - Ele questionou, enquanto eu dava de ombros, dando espaço para ele continuar, - Porque você saiu bicuda da porta, e eu não ia ficar te gritando.

- Nossa, isso ia ferir tanto o seu orgulho que você preferiu quase cair e bater a cabeça no vaso trocando de roupa, do que me chamar! - Disse indignada.

- Amy, eu não gosto de depender dos outros, apenas isso.

- Mas isso não é depender, eu estaria apenas te fazendo um favor... afinal, fui eu que trouxe você para cá...

- Até que enfim saiu uma verdade da sua boca. - Ele disse, enquanto eu o cerrava com os olhos.

Eu suspirei, deixando de lado todas as provocações dele dizendo:

- Temos pouca luz, mas ainda dá para comer. - Disse, - É só imaginar que estamos ao ar livre em uma noite estrelada e com apenas a fogueira acesa... - Sorri, enquanto o Alex me encarava como se eu fosse louca.

- Para mim continuamos no quarto. - Ele afirmou seriamente.

Eu revirei os olhos, - Nossa, você não tem imaginação!?

- Eu a perdi a muito tempo... acho que junto com a minha inocência. - Ele disse, me deixando completamente sem ter o que dizer.

- Sinto muito... - Foi a única coisa que eu consegui dizer.

- Tudo bem... Vamos comer. - Ele encerrou, começando a comer.

Eu peguei a tigela de sopa, sentindo uma temperatura média vinda do material de porcelana.

- Bem, não está do jeito que eu queria, mas, como estou com fome... - Disse, pegando a colher e sugando o caldo da sopa de galinha.

Alex fez uma expressão de desgosto enquanto engolia, então perguntei:

- Está tão ruim assim? -, ele parou de movimentar a colher e respondeu:

- Para ser sincero, está até difícil engolir... já não gosto de sopa, agora caldo morno! - Ele disse irritado, enquanto eu sorria.

- Não sabia que você era tão exigente.

- Dependendo da coisa eu sou. - Ele confirmou, - Afinal, minha mãe costumava fazer... - Ele parou abruptamente, percebendo que havia tocado em algo delicado. Afinal, mencionar a mãe dele foi algo extremamente inusitado, já que, para todos os efeitos, ele foi quem a matou.
Então, por qual motivo ele tocaria em sua mãe, como se tivesse tido uma lembrança muito boa? Na verdade, não parecia ser um assassino falando.

- Alex... está tudo bem? - Perguntei, com os olhos fixamente nos dele.

- Está. Não ligue para isso. - Ele disse.

- Mas, e se eu ligar? - Perguntei, olhando-o atentamente. - Talvez seja importante você se abrir caso algo te incomode.

- Eu sei! - Ele afirmou de forma ríspida, abaixando o tom em seguida, -Mas não agora...

- Alex... Não se preocupe. Eu não irei te julgar... - Disse, - Apenas me conte sobre a sua mãe e seu passado mais feliz. - Pedi, - Mas é claro, se você confiar em mim...

Ele pareceu engolir em seco, e seu olhar parecia nervoso e perdido. Ele encarou as mãos parecendo pensativo, enquanto eu aguardava a sua decisão. Ele largou a sopa de volta na bandeja, e eu acompanhei a sua ação. Seus olhos voltaram para os meus e seu lábios prumuciaram:

- Eu confio em você.

Aquela afirmação da parte dele, fez o meu coração palpitar. Eu senti os meus olhos cintilarem de emoção, ao ver que ele pelo mesmo sentia-se seguro perto de mim.

Sua boca, voltou novamente a se mexer, mas em um tom suave e melodioso:

- Quando eu era criança, a minha mãe sempre cozinhava para mim, independentemente de como eu estava... Nós tínhamos uma ligação muito forte entre nós, e ela era única que mais se importava com a nossa família. - ele disse, - Nessa época eu não morava aqui, mas no Texas, e a minha vizinhança costumava ser muito acolhedora ao contrário daqui. - Nós sorrimos, afinal, sabíamos o mal de uma cidade pequena. - Além disso, minha mãe era conhecida por fazer as melhores costelas de lá. - Ele sorriu, aparentemente se recordando do passado. - Lembro-me que tudo era mais gostoso na presença dos meus amigos. E naquele tempo eu sempre fui rodeado de pessoas importantes para mim, mas ninguém nunca foi tão especial quanto ela foi para mim... - Ele confessou.

- Ela? Essa pessoa era a sua namorada? - Questionei, um tanto curiosa e ao mesmo tempo, enciumada.

- Não... Ela era a minha melhor amiga de infância. Mas receio que se tudo tivesse sido perfeito naquela época, ela já seria a minha noiva. - Alex afirmou, fazendo o meu coração inquietar-se, pois doía ver ele tão apaixonado assim por um pessoa que não fosse eu...

Eu respirei fundo, e não permite que nenhuma lágrima caísse do meu rosto.

- Continue... - Consinti com um nó na garganta, enquanto ele continuava:

- Bem, nós costumávamos desde muito jovens caminhar pelos vales repletos de flores silvestres, brincando de esconde-esconde entre as vacas. Fazer piquenique, passear, conversar e até mesmo tínhamos um colar de amizade... - Ele dizia, enquanto o meu coração se enchia de emoção ao vê-lo falar de alguém tão importante em sua vida.

Por um momento, tive uma certa inveja dela, pois com certeza seria bom ter vivido momentos tão lindos com Alex. Afinal, eu sempre fui sozinha, com uma vids dolorosa e muitas vezes monótona.

Ter esse brilho da infância deveria ser algo extremamente precioso. E agora que ele perdeu esses momentos e cresceu, deve ser difícil enfrentar e se adaptar as dificuldades da vida.
Ele deve se sentir como um louco nessa situação, pois, na vida não existem viagens no tempo, se aquilo passou, nos resta apenas aceitar e seguir em frente...

De repente, os olhos de Alex pararam por um momento, como se estivesse retirando algo de sua memória e o trazendo à tona. Emocionada, deixei uma lágrima escorrer das minhas vistas. Até que ele me fitou, com os olhos iluminados e úmidos, como se fosse desabar naquele mesmo instante. Talvez um pouco tímido, o mesmo piscou três vezes, tentando disfarçar as lágrimas que se formavam na sua retina. E disse aflito:

- Só que nos separamos... - Ele parou, me deixando evidentemente surpresa com sua afirmação. - Já faz muito tempo desde a última vez que nos encontramos. Acredito que, todas as nossas memórias juntos foram esquecidas por ela...

- Mas como assim?... Você já pelo menos perguntou para ela? Talvez ela se lembre. - Perguntei.

- Não é preciso perguntar. Porque eu sei disso.

- Mas... Não faz sentido... - Sussurrei. - Se ela te amasse ela nunca teria te esquecido. - Completei, com um semblante confuso.

Porém, antes que Alex pudesse dizer algo, eu o interrompi, segurando a sua mão no impulso do momento. Senti os meus dedos tocarem com carinho os seus, e surpreendentemente ele me permitiu deixá-los ali.

- Você sente saudades dela? - Perguntei.

Ele sorriu fechado, concordando com a cabeça, enquanto eu fazia o mesmo, apreciando o carinho que ele tinha por ela.

Entretanto, meu coração estava apertado ao saber que ele verdadeiramente gostava de outra pessoa. Sentia-me magoada e abaixei meu rosto para chorar sem que ele visse.

Não queria demonstrar que estava triste em um momento tão bom, que ele estava se abrindo e dizendo um pouco mais sobre o seu passado. Mas era tão duro perceber que eu não era a pessoa a fazer parte disso e que eu nunca seria a garota dos sonhos dele. Sei que se passaram poucas semanas, mas só esse meio tempo permitiu que eu me apega-se tanto ao seu jeito, à sua voz, e principalmente à barreira entre nós... Agora que não posso nem ao menos quebrá-la, sinto-me péssima.

Certamente, ele foi sincero comigo ao dizer que não gostava de mim, e eu, era única forçando um sentimento e as palavras que eu queria ouvir.
Queria estar com ele. Mas, se ele ama outra pessoa, terei que desistir...

De repente, as mãos de Alex tocaram minhas bochechas, levantando meu rosto para que eu pudesse olhá-lo.

- Por que está chorando, Amy?

Fiquei em silêncio, apenas soluçando, com medo do que dizer. Até que ele se aproximou mais de mim e me abraçou pela primeira vez.

Seus braços me envolveram em um aconchego reconfortante, enquanto suas mãos começavam a acariciar meu cabelo. Senti o cheiro do xampu ao cruzar meu rosto em seu pescoço e também abraçá-lo, deixando as lágrimas rolarem em seu ombro. Ele me abraçou ainda mais, aumentando o sentimento de segurança que eu sentia com ele. Suspirei, com os olhos vermelhos e o rosto molhado, começando a me distanciar do seu corpo até que nossos narizes e olhos inesperadamente se encontraram. Olhei-o intensamente e, sem pensar duas vezes, colei nossos lábios.

No mesmo instante, Alex reagiu tentando me afastar dele, porém, eu fui mais rápida em continuar o beijo.

Meu coração estava acelerado, enquanto o mundo a nossa volta parecia ter parado; a luz da lanterna nos iluminava ainda mais, e o silêncio nos envolvia com lindos sons de nossos lábios se tocando.

Meu corpo se aquecia lentamente; a emoção e o desejo eram fortes, e meus sentimentos mais ainda. Esse ato sutil era como uma descoberta para mim, um avanço, um sonho, uma felicidade mas também um medo sufocante. Em meio a esses sentimentos, meus olhos permaneciam fechados, apreciando cada momento do nosso primeiro beijo, até que as mãos de Alex desceram para a minha cintura, correspondendo ainda mais ao meu afeto. E com um sinal de carinho, eu me posicionei mais em sua direção e coloquei os meus braços em volta do seu pescoço. Continuamos assim por mais alguns segundos, quando inesperadamente um som forte e aguda pairou na minha cabeça. Em um movimento abrupto, eu desconectei os nossos lábios e saí da cama em um movimento repentino.

Alex me encarou atônito, enquanto eu me agachava no chão, sentindo muita dor em vários lados do meu crânio, eu comecei a gritar colocando a minha cabeça dentre as minhas pernas... Quando de repente, foi como se eu estivesse entrando em uma cena de verdade; meus olhos viam um garoto loiro sorrindo, mas seu rosto era novamente coberto por um brilho desconhecido. E aparentemente, eu era a pessoa na qual ele olhava com tanto carinho, eu não sabia onde nós estávamos até então, mas logo percebi que estávamos dentro de um carro, no entanto, quando eu me virei um caminhão veio em nossa direção e tudo ficou branco...

Respirei fraco, e abri os olhos totalmente atordoada. Meu corpo estava tremendo, suado e as lágrimas já haviam me consumido. Eu estava assustada, e tudo parecia estar de volta a minha mente, o beijo, a visão e agora o medo...

Subitamente, Alex tocou os meus ombros e perguntou parecendo preocupado:

- Amy... Você está bem? - Ele questionou, - O que aconteceu?

- Eu não sei... - Disse totalmente confusa, sentindo o meu corpo ainda em estado de choque. No entanto, eu me recordei do beijo, e me afastei envergonhada dele, - Me desculpe... eu não deveria ter beijado você... - dizia lentamente, com o choro na garganta, - Eu não respeitei os seus sentimentos...

- Amy, por favor, se acalme primeiro. - Alex pediu firmemente, mas com um ar de preocupação.

Eu não sabia ao certo porque eu estava em choque daquela maneira, mas apenas entendia que o beijo e a minha visão repentina eram as culpadas de tudo aquilo. A minha respiração começou a acelerar, e eu estava começando a ficar ofegante, enquanto as minhas mãos tremiam e o suor escorria pelo meu pescoço.

Eu estava espantada com aquele terrível sentimento, que não aguentei ficar ali, eu me levantei e corri para a porta, afim de sair daquele quarto. Abri-a ficando logo de frente para a escuridão sentindo-me solitário. Afinal, eu queria apenas ficar sozinha... Porém, Alex alcançou a maçaneta da porta e tentou abri-la, mas eu a segurei do lado de fora impedindo que ele abrisse; eu estava envergonhada demais para vê-lo naquele momento.

- Não abre... por favor... - Pedi.

- Amy! - Ele exclamou, puxando ainda mais a maçaneta.

- Por favor... Alex... - Pedi, com os olhos repletos de lágrimas.

Ele então, aceitou soltá-la, e me deixou em silêncio, até dizer:

- Eu soltei. Mas vou ficar aqui, até você resolver entrar... - Ele disse, - E não se preocupe, nós não precisamos falar sobre o que aconteceu...

Eu continuei em silêncio, e coloquei as mãos no meu rosto afim de abafar o meu choro, e fui agachando até tocar o chão. Havia uma grande questão no meu coração, o que era tudo isso? Esses sentimentos estranhos, as visões e o beijo... Por que eu beijei ele? O meu primeiro beijo foi tomado, sem ao menos ele me dizer que me amava, e supostamente gostando de outra pessoa. Eu já imagino as coisas ruins que ele deve estar pensando de mim? O quanto fui irresponsável em fazer aquilo. Eu parecia tão confiante naquela hora, mas agora, parece que o meu mundo desabou e os meus medos aumentaram... Como posso agora encará-lo depois de tudo que aconteceu? Como vou explicar as coisas que eu senti e essas visões que estão me perturbando desde o primeiro dia que eu o vi?

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