Sorvete
Eu estou feliz. Assustada, mas feliz. Eu não esperava me sentir assim. Pensei que ficaria neurótica e talvez eu até fique depois, quando minha barriga crescer, mas quando eu descobri a gravidez, eu nem sequer pensei em um aborto, apesar de ser a favor.
Estou me olhando no espelho, vestindo outra camisola de seda, com meu robe aberto. Apesar de me sentir diferente e um pouco inchada, não a qualquer outro sinal de que há um serzinho crescendo aqui.
— Será que vai demorar para crescer? — pergunto a Dominic, que já está todo engravatado e ainda são 5h da manhã, mas é compreensível já que ele vai viajar daqui a pouco.
— Só será notável no terceiro mês de gestão. — diz, abraçando-me por trás. Viro o rosto para olhar para ele.
— Como você sabe?
— Eu pesquisei algumas coisas. Aliás, quando eu voltar, vamos conversar sobre a sua alimentação. Você precisa comer coisas saudáveis.
— Eu sempre peço hambúrguer com salada. — volto-me para o espelho, as mãos ainda em minha barriga.
— Engraçadinha. Você entendeu o que eu quis dizer. Ah, e também não é saudável que você trabalhe tanto.
— Hum, entendi, mãe coruja.
— Eu estou falando sério. Não quero que nada aconteça a você ou ao bebê.
Suas palavras aquecem meu peito. Eu sei que ele está certo.
— Tudo bem — sussurro mordendo o lábio, porque estamos falando sobre o nosso filho. Algo que nunca achei que faria. — Isso é mais do que eu poderia pedir, sabe?
— O quê? — Dominic cobre minhas mãos e eu as encaro através do espelho.
— Nós. Você, eu e o bebê. Eu ainda estou com medo, mas não é nada comparado a felicidade que estou sentindo.
— Você descreveu exatamente o que estou sentindo. Eu sou grato por poder vivenciar isso com você.
Sorrimos um paro o outro e nos damos um momento na nossa bolha de felicidade.
— Dei-me seu celular. — peço, porque eu vi quando ele pôs no bolso.
Quando Dominic me entrega, abro a câmera e tiro uma foto nossa: eu sorrindo com o rosto molhado e sorridente, e Dominic com o rosto em meu pescoço, um sorriso suave moldando seus lábios enquanto minha mão cobre uma das suas, que estão em minha barriga.
— Nossa primeira foto com o bebê. — digo, lhe entregando o celular. Vejo que ele mexe em algo antes de guardar, mas consigo ver que colocou a foto como papel de parede.
— Você gosta de morar aqui? — pergunta, virando-me para ele. Brinco com os cabelos da sua nuca.
— Sim. Por quê?
Sorrio quando Dominic faz o seu gesto habitual de afastar minha franja dos meus olhos.
— Eu queria que o bebê crescesse em uma casa com jardim. Um lugar que pudéssemos decorar — ele olhar em volta — Você trouxe cor para esse apartamento, mas eu ainda acho impessoal — Dominic se volta para mim, acariciando minha barriga — E agora com o bebê, achei que pudesse começar algo do zero. Um lugar da nossa escolha — ergue os olhos para mim. — Mas apenas se você quiser, é claro.
Eu o amo. É tudo o que consigo pensar quando ele termina. Dominic já disse várias vezes que não me merece, mas... Como... O que eu fiz, para ser presenteada com esse tipo de amor? De felicidade? E eu não acho que isso seja demais ou estou dizendo que não mereço, só fico... maravilhada.
— Meu amor — Dominic diz, levando a mão ao meu rosto. — você está chorando.
— Eu amo você — sussurro — Eu amo você — fico na ponta dos pés para baijá-lo, sorrindo. — Sim, sim! Eu irei adorar.
Meu marido sorri, beijando minha testa.
— Vou ligar para um corretor assim que eu voltar. — promete, enxugando meu rosto.
— O.K — ajeito sua gravata e depois seu cabelo. — Agora vai ou você vai se atrasar.
— Tudo bem — Dominic me beija outra vez. — Não pegue pesado no trabalho, por favor. E eu fiz a comida, você só precisa esquentar no microondas.
— Você é mesmo uma mãe coruja. — reviro os olhos, empurrando-o para fora do quarto depois que ele pega a pequena mala.
Já no elevador, lhe dou um beijo de despedida que dura mais do que devia e menos do que eu queria.
— Volte para mim, está bem? — peço, encarando seus olhos azuis como o infinito.
— Eu irei — um último beijo, então ele entra no elevador. Olhando para mim, diz: — Amo você.
— Amo você.
As portas se fecham depois disso.
Eu segui os conselhos de Dominic e não fechei a boutique tarde hoje, mas foi apenas para tranquilizá-lo. Quando ele voltar e formos ao médico, ele verá que eu não estou correndo risco algum ficando atrás de um balcão ou ajudando mulheres a escolherem roupas.
Também não me irritei quando Liam apareceu para irmos almoçar, alegando que ficou sabendo que eu precisava de companhia. É claro que Dominic deve ter-lhe pedido isso, de alguma forma não revelando sobre a gravidez ou Liam sabe guardar segredos muito bem.
Eu fiquei bastante animada com a ideia de nos mudarmos para uma casa, então dei uma pesquisada nos bairros calmos e seguros aqui em Seattle, mas não muito extravagantes. E eu sei que Dominic é um bilionário blá blá blá, mas ele disse uma vez que acha a mansão da sua mãe um pouco antiquada (o termo que ele usou foi museu) então eu sei que ele não quer morar em uma mansão como aquela.
Dominic é o tipo que prefere algo moderno, como uma casa que irá apagar as luzes se você bater palmas. Eu gosto disso também, então não é um problema para mim. Eu não menti quando disse que gosto da cobertura, mas a ideia de ter um jardim e poder sair quando estiver chovendo, é legal. Poderíamos até colocar um balanço para o bebê, futuramente.
Procuro por um lugar que fique entre a Davenport Company e a minha boutique.
Quando voltamos de lua de mel, Dominic precisou trabalhar mais para compensar, por isso foram poucas às vezes que almoçamos juntos, já que ele precisava ficar no trabalho. Mas imagino que se conseguirmos uma casa entre nossos trabalhos, ele possa ir para casa na hora do almoço e eu também. Sempre podemos ir à um restaurante, mas aquele homem gosta tanto de cozinhar que das vezes que almoçamos juntos, ele preferiu percorrer a cidade inteira para fazer a comida, do que ir a um restaurante.
Quando chego em casa ponho a ração de Lena e vou tomar banho. Mesmo a gravidez ainda estando no estágio inicial, eu tenho me sentindo cansada com mais frequência, incluindo hoje e por isso adormeço na banheira, acordando com meu celular vibrando.
Estendo a mão para pegá-lo, notando que é uma mensagem de Dominic.
|Amor <3|
Já jantou?
|Abby|
Eu estava cochilando
na banheira, mamãe coruja.
O que você está fazendo?
Já são 00h aí, certo?
|Amor <3|
Sim. Acabei de chegar de um jantar.
A comida estava boa, mas eu faço melhor.
Dou risada.
|Abby|
Com certeza.
Estou com saudades ♡︎♡︎♡︎.
|Amor<3|
Eu também, querida.
Passei o dia pensando em você.
Eu lhe comprei uma coisa.
Para o bebê, na verdade.
|Abby|
Eu estou apenas de seis semanas, você lembra, certo?
Nem sabemos o sexo do bebê ainda.
O que não digo a ele é como meu peito aquece ao saber que ele estava pensando em nós.
|Amor <3|
Isso deveria me impedir de
comprar coisas para o meu filho?
Sorrio, como a boba que sou.
|Abby|
Não. Na verdade, não.
Me diga o que comprou, então.
Para eu contar para o bebê, é claro.
|Amor <3|
Claro, você deve sempre
manter o bebê atualizado.
*foto anexada*
Abro a foto e sorrio. É um urso de pelúcia azul, com um laço formando uma gravata. É fofo e eu me sinto mais boba ainda. Tenho certeza que Dominic simplesmente não esbarrou em uma loja que vende coisas de bebê e comprou o urso de pelúcia. E saber disso me faz querer abraçá-lo.
|Abby|
O bebê amou. Disse que ama
você e quer que volte logo para casa.
|Amor <3|
Nós teremos um super bebê, então,
se ele fala com apenas seis semanas.
E eu também amo vocês.
Vou tentar voltar o mais rápido possível.
— Acho que acabei de quebrar minha coluna. — digo rindo quando Sarah pula em cima de mim e eu a pego no colo.
Não estou brincando, essa garota está pesando mais quilos desde a última vez que a vi.
— Tia, a mamãe falou que eu não posso brincar na piscina. Mas você deixa? Por favor? — Sarah choraminga quando eu a coloco no chão. Ela me abraça, me encarando com os olhos da mãe.
— É claro que eu deixo.
Minha sobrinha grita de alegria e vira para falar a mãe:
— Viu, mamãe? A tia Abby é a melhor tia do mundo! — então ela sai correndo pela cobertura atrás de Lena.
— Você não deveria ceder a tudo o que ela pede — Sabine diz, me entregando Louis. — Quero ver o que você vai fazer quando ela pedir coisas extravagantes.
— Ah, cale a boca. Eu sou a melhor tia do mundo — sorrio para Louis, segurando sua mãozinha. — Você não acha, gorducho? Eu não sou a melhor titia do mundo?
— Eu juro por Deus que eu vou dar os piores apelidos para o seu filho. — minha cunhada diz. Mostro a língua a ela.
Eu chamei ela para passar o dia comigo, mas não tinha ninguém para deixar as crianças, já que a babá trabalha apenas em dias úteis. Eu amo meus sobrinhos, então falei para que ela os trouxessem.
Eu havia chamada Beatrice e Karen também, mas nenhuma das duas respondeu minhas mensagens ou atendeu minhas ligações. Eu suspeito o motivo.
— Então, como tem se sentido? — Sabine pergunta quando sentamos no sofá. Nenhum sinal de Sarah e da minha cachorra.
— Vomitei no café da manhã e não acho que posso comer pão com geleia tão cedo. E estou com um tesão do caralho. E não ajuda o meu marido estar...
— O que é tesão?
Nós duas demos um pulo quando Sarah surge detrás do sofá, com Lena no colo.
— Sarah, o que eu disse sobre ouvir as conversas dos outros? — sua mãe pergunta, o rosto tão vermelho quanto o cabelo.
— Desculpa... Mas o que é...
— Pelo amor de Deus — Sabine murmura antes de colocar a máscara de mãe mais plena do mundo. — É algo que os adultos sentem, meu bem. Sabe quando você está com muita vontade de comer sorvete?
Sarah anue.
— É tipo isso.
— Então a tia Abby quer comer sorvete?
Pressiono os lábios um no outro para não rir. Apesar da curiosidade da filha, Sabine não perde a paciência.
— Algo parecido.
Satisfeita com a explicação, Sarah volta a sumir e suspeito que ela tenha ido para a varanda.
Sabine suspira.
— Você acabou de ter uma amostra grátis do que te aguarda.
Estamos na piscina, como prometi a Sarah. Bem, ela está na água, enquanto Sabine e eu estamos nas espreguiçadeiras e Louis dorme no carrinho.
— Quando você vai contar para os outros sobre a gravidez? — minha cunhada questiona, bebendo coquetel enquanto permaneço no suco.
— Quando Dominic voltar de viagem. Vamos dar um jantar. Como estão as coisas? — refiro-me a casa da minha família. Faz um tempo que não vejo meu pai.
— Para ser sincera, está tenso. Heyley vê problema em tudo o que eu faço e diz não concordar com a forma que eu educo os meus filhos — minha cunhada suspira e posso ver como ele está cansada dessa situação. — Steve tem tentado um empréstimo no banco, para podermos dar entrada na compra de uma casa, mas não demos sorte.
Fico em silêncio, pensando no que ela disse. Eu sei como é se sentir sufocada por morar debaixo do mesmo teto que a mimha mãe e não é justo com Steve, Sabine e as crianças.
Pego minha bolsa na mesa, que eu trouxe apenas porque não achei outro lugar para colocar os sanduíches.
Em poucos segundos, eu faço um cheque para Sabine.
Lhe entrego.
— O quê... — seus olhos se arregalam quando ela nota a quantia. Olha para mim. — Você sabe que eu não vou aceitar isso, né?
— Vai sim. Eu sei como está se sentindo e posso ajudar, então aí está. — guardo o talão e caneta novamente. Dominic tinha me dado e eu disse que com certeza nunca usaria, mas bem, que bom que ele me deu.
— Abby, você tem noção de quanto dinheiro é isso? Eu não posso aceitar. Aliás, Steve também não, você sabe como ela é todo orgulhoso. — Sabine tenta me devolver mais eu recuso.
— Mande Steve enfiar o orgulho dele no rabo, tá legal? Mas o que você não pode não aceitar é morar naquela casa e ouvir desaforo da minha mãe.
Sabine engole em seco, encaro o cheque.
— Eu vou devolver cada centavo, você sabe, não é? — sua voz é séria, mesmo com os olhos marejados. Eu poderia dizer a ela que não precisa pagar nada, mas isso seria um insulto para ela e meu irmão.
— Eu sei. — aperto sua mão, mas minha cunhada me puxa para um abraço.
— Obrigada.
Pego no sono logo depois do banho, quando Sabine e meus sobrinhos vão embora. Eu nem mesmo levantaria para jantar se Dominic não tivesse me ligado, como a mãe coruja que se tornou.
Ainda estou com fome quando desligo depois de mandá-lo ir dormir. Peço uma pizza e tento me manter acordada, assistindo.
Quando o porteiro liga avisando, eu mando que deixe o entregador subir e vou esperá-lo na frente do elevador.
Assim que as portas se abrem, porém, desejo não ter feito isso, pois desse jeito não estaria olhando para Finn Jhonson.
Hey!
Eu fico muito boba com o Dominic cuidando da Abby. Eles são tão perfeitos 🤧
Não postei antes porque sou preguiçosa, desculpem ksksksksk
Vou nem falar nada sobre esse final...
Por hoje é isso, não sei se vou postar no final de semana <3
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2bjs, môres♥
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