Olhe Em Meus Olhos E Diga A Verdade
— Abby — ouço alguém me chamar, mas a voz é distante e estou com sono. Viro o rosto, deitando-o em cima de algo duro. — Eu vou precisar jogar água em vocês dois?
Dois?
Abro um olho, encontrando uma versão mais jovem de Dominic só que com cabelo claro e olhos verdes.
— Liam... — murmuro, mas não faço menção de me mover. Está muito bom aqui.
— Sim, bela adormecida, sou eu, agora você poderia sair de cima do pau do seu noivinho e acordá-lo?
Eu não sei do que ele está falando, mas logo entendo quando me apoio em um cotovelo e percebo que estava com a cabeça no colo de Dominic. Ele colocou a cueca de volta em algum momento e agora está desacordado no sofá. Nós também pegamos no sono.
Na verdade, dando uma olhada em volta eu percebo que a festa já acabou e apenas algumas pessoas estão zanzando pelo lugar.
— Que horas são, hein? — tiro a perna de Dominic se cima de mim, sentando no sofá. Preciso segurar minha cabeça pois tenho a impressão que ela vai cair.
— Já é noite. Agora vamos embora. Onde estão as roupas dele?
Olho para Dominic, lembrando dele tirando a roupa na frente de todo mundo e logo depois o que aconteceu entre Hilary, ele e eu.
Sorrio, voltando a deitar por cima dele.
— Eu gosto dele sem roupa. — murmuro, começando a fechar os olhos de novo.
— Nem pensar — Liam me puxa, me pondo sentada de novo e eu o chamo de grosso enquanto o mesmo tenta acordar – sem sucesso – o seu irmão. — Que porra você deu a ele?
— Maconha. — dou risada da sua cara incrédula.
Liam parece perder a paciência e dá um tapa em Dominic.
— Ei! — tento dar um soco em seu estômago, mas Liam segura meu punho, me olhando em desafio.
Calo a boca e puxo minha mão de volta.
Dominic abre os olhos, piscando lentamente.
— Oi, lindo. — sorrio para ele, querendo pular nele agora mesmo e repetir o que aconteceu mais cedo.
— O que Liam tá fazendo no meu sonho e por que você está vestida? — Dominic começa a me puxa para ele, mas Liam o impede.
— Eu também odiaria estar atrapalhando seu sonho erótico, maninho, mas isso não é um sonho. Agora, por favor, lembre-se que você tem vinte oito anos e não dezoito e vamos embora.
— Você usa muitas palavras, Liam e parece estressado. Você tá bem? — pergunto ao meu cunhado, começando a ficar preocupada.
Liam me ignora, como se eu fosse uma criança de cinco anos que estivesse lhe aborrecendo.
Mostro a língua para ele, cruzando os braços.
— Onde estão suas roupas? Ou você quer sair daqui assim? — pergunta a Dominic. Meu noivo demora de raciocinar a pergunta, mas sinaliza para o bar.
Liam vai e volta mais rápido do que meu cérebro raciona, jogando as roupas em Dominic.
— Vamos logo.
Dominic se veste o mais rápido que consegue, mas ainda abotoa a camisa toda errada e eu começo a rir. Liam parece indignado, mas faz com que nos apressemos.
Quando chegamos nas escadas, ouço Jimie me chamar. Me inclino no corrimão e acho que dou um susto em Liam porque ele me segura como se eu fosse cair.
— Vejo você no casamento! Nós estaremos lá, onde quer que seja. — meu amigo ri e pela forma que falou, eu provavelmente devo ter comentado que ainda não tenho um lugar.
— Até mais, Jimie! — aceno para ele e depois sou afastada por Liam.
— Quem é "nós"? — pergunta, me guiando.
— Hum?
— Aquele cara, ele disse que "nós estaremos lá". Quem você convidou para o casamento?
Eu não tenho como lhe responder porque não lembro de ter convidado Jimie ou outra pessoa. E se eu convidei todos daquele bar...
Merda, o que foi que eu fiz?
— Lembrem-me de nunca mais beber na minha vida. — murmuro, engolindo o café amargo.
Minha cabeça dói e meus olhos estão sensíveis a luz, por isso estou usando óculos.
Liam nos levou para a cobertura ontem e não faço ideia de como chegamos à cama, mas acordei hoje de manhã na segurança do quarto de Dominic. Ele estava dormindo também e surpreendente ainda está.
Não sei do quanto ele se lembra do que aconteceu ontem, mas espero que esteja tudo bem entre a gente. Para mim não foi algo novo estar com dois parceiros – mesmo que tenha sido apenas por alguns momentos.
Termino o café que comprei na esquina, no mesmo momento que ouvimos o o sino da porta ecoar. Até esse simples som sacode meu cérebro.
Sabine aparece, franzindo as sobrancelhas para Beatrice, Karen e eu. O motivo é que além do silêncio na loja – pedi para as vendedoras desligarem o som – a duas outras mulheres comigo parecem estranhamente desconfortáveis. Apesar da minha curiosidade sobre a vida alheia, eu não xeretei dessa vez.
— Você está horrível. E isso aqui parece um enterro, não uma prova para o seu vestido de casamento.
— Obrigada, você é sempre uma ótima motivadora.
A verdade é que eu não estou mesmo nenhum pouco animada para a prova de hoje. Simplesmente nada do meu casamento está indo para frente, porque eu teria que comprar um vestido?
— Tudo bem, vamos começar logo com isso. — murmuro, porque elevar a voz para mim hoje está fora de cogitação e deixo meus óculos no sofá.
Peço a uma das mulheres que trabalham aqui para trazerem o primeiro vestido. Karen e eu escolhemos alguns, mas eu só provaria quando Sabine chegasse.
Vou para o vestiário e a moça me ajuda a vestir. Eu não me olho no espelho até ela dizer que acabou de abotoar os botões nas minhas costas.
Uma respiração fica presa na minha garganta enquanto observo os detalhes do vestido de estilo sereia, com um decote simples e com uma calda que arrasta no chão.
Ele é realmente lindo e justo em cima, mas eu não estou sorrindo ou emocionada como qualquer outra noiva deveria estar. Minhas mãos tremem enquanto passo os dedos pela renda branca lembrando da primeira vez que usei um vestido de noiva.
Eu estava com a minha mãe e foi uma das poucas vezes que fomos apenas mãe e filha, sem o drama que nos ronda.
Nesse tempo todo sem vê-la, eu tentei não pensar muito em nada disso. Nunca tivemos uma relação de mãe e filha verdadeira, mas a dor em meu peito – algo que eu não queria reconhecer – é prova de que eu a queria aqui comigo. Não a Heyley que me criou e foi severa comigo, mas aquela que aparecia em raros momentos e que não parecia ser tão ruim assim.
Mas não posso esquecer como ela sempre esteve ao lado do Finn. Eu não queria pensar nele, mas aqui está, o desgraçado invadindo meus pensamentos outra vez, atrapalhando um momento que deveria ser de felicidade.
Até quando ele vai estragar meus momentos felizes? Eu queria estar feliz – e uma parte minha realmente está – mas eu não consigo me jogar completamente nisso e eu quero. Deus, como eu quero ser uma noiva feliz e animada, mas a voz na minha cabeça fica dizendo que vai dar tudo errado e eu serei deixada para trás mais uma vez.
Todos esses pensamentos começam a me sufocar e de repente o vestido parece apertado demais.
— Eu... Me ajude a tirar. — chamo pela mulher que me ajudou a colocar.
— A senhora não gostou? — pergunta, mas não faz sinal de abrir os botões.
— Eu só preciso...
— Por que você está demorando tanto? — ouço a voz de Sabine, então ela está invadindo o provador. Ela tapa a boca ao me ver — Você está tão linda... Ele é perfeito, e... — mas sua expressão desmancha quando ela encara meu rosto. — Ei, o que houve?
— O vestido está apertado. — puxo as mangas, tentando não me encolher. Sabine manda a mulher sair e quando estamos sozinhas, ela segura minhas mãos.
— Abigail Marion Peterson, olhe em meus olhos e diga a verdade.
Eu olho em seus olhos da cor do céu em um dia de verão, mas não digo nada. Ela provavelmente já deve estar cansada disso e venhamos e convenhamos, qualquer um estaria. Eu estou, por isso deixo que as lágrimas tomem meu rosto, estremecendo com a forma de como isso está me atingindo.
— O.K, está bem — Sabine me abraça. — Está tudo bem.
Respiro fundo algumas vezes, deixando que tudo saia.
Às vezes chorar é tudo o que precisamos, afinal.
Depois de colocar tudo para fora, afasto-me da minha cunhada.
— O.K. Eu estou bem. — digo, respirando fundo.
— Tem certeza? Podemos marcar a prova do vestido para a próxima semana. — Sabine enxuga meu rosto.
— Eu não posso adiar. Vou casar em três semanas, talvez ter um vestido me dê o empurrão que preciso. E eu realmente estou bem, só precisava pôr tudo para fora.
— Certo. Eu acredito em você — ela dá um passo para trás, olhando o vestido mais uma vez. — Ele é realmente lindo.
— É, não é? — viro-me para o espelho, alisando o tecido mais uma vez. — Vamos ver o que as meninas acham.
Seguro a barra do vestido e nós voltamos para onde Karen e Beatrice estão. Eu esperava encontrar as duas tendo uma trégua, mas continua a mesma.
Sabine pigarreia e as duas olham para mim. Karen praticamente pula do sofá.
— Oh, meu Deus! Ele é lindo! Você com certeza deve ser a primeira noiva que fica bonita com o primeiro vestido.
Dou risada, dando uma voltinha.
— Eu achei muito branco. — Beatrice diz, mas sei que ela está apenas implicando.
— Ele é lindo, mas achei a calda muito longa — digo, me olhando no espelho maior. — Eu... Eu quero algo mais solto, só que sexy.
— É claro que sim. — Sabine revira os olhos e eu lhe mostro o dedo.
— Tudo bem, próximo vestido. — Karen cantarola, batendo palmas.
Eu perdi a conta de quantos vestidos provei, mas acho que finalmente achei o vestido perfeito. O vestido branco de tecido leve vai até os tornozelos na frente, mas é mais longo atrás e solto, com pregas desleixadas na cintura, uma longa fenda que se estende até a parte superior da coxa. As mangas são transparentes e caídas com detalhes em renda, deixando a clavícula e ombros à mostra. O decote não é muito extravagante, mas me deixa bastante satisfeita.
— É esse. — eu murmuro, rodopiando, a saia do vestido flutuando. É mais simples que os outros, mas é o que mais amei.
— Você provavelmente já sabe disso, mas ele é lindo. — Sabine diz, sorrindo, assim como Beatrice. Karen sumiu. Ela estava aqui antes de eu entrar no provador.
— Como vai ficar o negócio da cerimonialista? — Beatrice pergunta.
— Liguei para Jessie Han no caminho para cá. Achei o nome dela na internet. Estou esperando que ela retorne dizendo alegremente que não sou maluca de querer planejar um casamento em três semanas.
— Então ela será uma mentirosa. — Beatrice diz e eu lhe lanço um olhar fulminante.
— Vocês são muito motivadoras.
— Por que casar agora, aliás? — Sabine se junta a melhor amiga do meu noivo.
— Para quê esperar? Casar agora ou em seis meses não daria no mesmo? — observo o vestido, pensando se devo usar um salto branco ou vermelho.
— Você teria mais tempo para organizar tudo. De quem foi a ideia?
— Do Dominic.
— Engraçado, ele não é de ter atitudes impulsivas.
Eu concordo com ela, mas confesso que não parei para analisar direito. Quando estamos apaixonados fazemos coisas impulsivas e nem o Sr Frio e Calculista – vulgo Dominic Davenport está livre disso.
Meus olhos desviam do meu vestido para a mulher saindo do provador.
Karen está com um vestido branco rodado, estilo princesa, coberto por renda. A parte superior e mangas quase transparente com um tecido cor de pele e detalhes em renda imitando cristais de neve.
— Você parece uma princesa. — digo, embasbacada em como ela parece a noiva perfeita.
— Ele é lindo, não é? — minha cunhada gira, um sorriso brilhante em seu rosto.
Dou uma espiada em Beatrice, vendo que está tão chocada e admirada quanto eu.
— Bem, agora só falta o noivo... ou a noiva. — provoco. Karen me lança um olhar, mas sua atenção volta para Beatrice quando a mesma fala:
— Você está linda.
As duas se encaram por uma eternidade, como se estivessem envolta numa bolha só delas. Eu sei exatamente como é, por isso cutuco Sabine.
— Acho que eu preciso de ajuda com o vestido.
Sabine e eu deixamos as duas, mas ainda olho por cima do ombro, vendo quando Beatrice dá um passo na direção da loira.
Eu falei sério quando disse que não beberia tão cedo. Acontece que a nossa "fugida" de ontem teve suas consequências. Parece que eu convidei todos os meus "amigos" da boate ontem, o que significa que a lista cresceu e o negócio de "só a família" foi por água abaixo.
Estou no meu apartamento para encaixotar algumas coisas. Eu tenho bastante roupa, então é melhor eu começar a fazer isso agora do que deixar para última hora.
Jessie Han me ligou de volta e aceitou marcar um horário amanhã pela manhã. Eu estou quase saltitando de alegria com isso, então mesmo que empacotar algumas coisas seja super chato, faço isso alegremente, sentindo que às coisas estão caminhando.
Perto das 22h, essa minha alegria diminuiu um pouco e minha fome aumentou. Dominic não pôde jantar comigo hoje e esses foi um dos motivos de eu vir para cá. Mando uma mensagem perguntando se eles quer nachos da esquina, mas ele não responde ou visualiza.
— Nachos só para mim então. — murmuro, saindo do prédio. Estou concentrada no celular e pensando se ligo para o meu noivo viciado em trabalho, por isso não percebo alguém se aproximando até uma mão se fechar em meu braço.
— Preciso falar com você.
Minha fome fica em segundo plano quando a curiosidade toma conta e eu quero saber o que diabos Anne Dempsey quer comigo.
Karen Abby
Não me matem, pelo amor de Deus.
Eu acho que tive um bloqueio, mas não tava querendo admitir, por isso a demora. Também estava lendo "Vermelho, Branco e Sangue Azul" que ganhei de aniversário adiantado (a propósito, leiam e vão cadelar por um casal gay)
Nós batemos 21K de um dia para o outro e estamos perto de bater 22K e tô feliz pra caralho, então mais uma vez, muuuuuuuito obrigada, vcs são tudo🤧♥️
Nao teve nada de muito especial nesse Capítulo, mas eu achei que devia um sinal de vida a vocês.
Amanhã tem Capítulo novo (juro que não tô enrolando)
Sobre o de hj, eu vou tentar fazer um edit bonitinho da Abby de noiva pra ficar melhor explicado.
Beijão, amo vocês, raparigas ♥️
E vão me seguir no ig, pleaseee, fiz um quotes bonitinhos e vou postar.
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MEU PERFIL: AUTORA.STELLA
2bjs, môres♥
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