Ex's

    Eu sempre achei a ex-noiva de Dominic bonita. Eu sei que nós nos odiamos (apenas porque ela escolheu ser uma vaca comigo quando nos conhecemos) mas eu sempre fui uma pessoa justa e não posso negar que Anne é bonita.

Mas agora ela está... menos bonita? É, acho que sim. O cabelo loiro está preso em um rabo de cavalo, mas não de uma forma estilosa. Sua pele está pálida sob a luz fraca do poste de iluminação e ela fica olhando por cima do ombro.

— Você poderia, por favor, tirar sua mão de mim? — peço educadamente pois sua unha já está machucando minha pele.

Anne não solta.

— Eu preciso falar com você. — repete, mas apressada dessa vez.

— Eu ouvi da primeira vez que você disse — observo suas roupas amassadas. — mas eu não entendo...

— Eu sei que não nos damos bem, mas você precisa vir comigo. — diz, de alguma forma conseguindo chegar mais perto até eu estar vendo o branco de seus olhos.

— Espaço pessoal, por favor? — dou um passo para trás. Qual o problema dela? — Não nos damos bem? Você escolheu me odiar porque estou com o seu ex, eu apenas retribuí o favor.

— Eu não...

— Senhorita Abby? — ouvimos a voz de Zaac e eu dou um passo para o lado para lhe ver. — Está tudo bem? — seus olhos vão direto para a mão de Anne em meu braço.

Abro a boca para falar, mas Anne me interrompe, falando para mim:

— É sobre o Finn.

Isso definitivamente chama minha atenção, principalmente pela improvável situação. Quer dizer, quais as chances de a ex de Dominic conhecer Finn?

Mas quando Anne apenas fica me encarando como se não precisasse dizer mais nada – e não precisa – eu sei, de alguma forma, que ela está falando a verdade.

— Você veio de carro? — pergunto, dando uma rápida olhada em volta.

— Não, eu... — mas ela não termina, como se não tivesse lhe passado pela cabeça.

Viro-me para Zaac outra vez, estendendo a mão.

— Eu vou precisar do carro.

Eu quase nunca dirijo. Motivo 1) Eu nunca tive carro 2) Minha ansiedade atrapalha um pouco.

Agora, porém, eu não estou suando ou pensando que posso bater em um carro. Enquanto Anne fica movendo o cinto de segurança na mão, em um tic nervoso, eu estou calma concentrada.

Anne conhece o Finn. A ex-noiva do meu atual noivo conhece o meu ex-noivo.

Anne não quer falar, sugerindo que fôssemos à algum café. Ha vários café na região, mas suspeito que Zaac iria atrás de mim a pé. Eu consegui fazê-lo me entregar o carro, mas tenho certeza que não esperou que eu ligasse o veículo para telefonar para Dominic.

Ainda não recebi nenhuma ligação, então acredito que Zaac não tenha conseguido.

Chegamos à um café e quando estamos dentro e protegidas do frio, começo em pensar nas formas de ameçar Anne a desembuchar.

— Eu fui paciente até agora, então é melhor você não estar tramando alguma coisa — aviso depois de pedir uma água ao garçom. — Como você conhece Finn?

— Eu queria descobrir mais sobre a mulher que estava com o homem que amo — diz, não olhando em meus olhos, mas para o menu, como se estivesse lendo um roteiro. — Eu descobri que você tinha tido um noivado fracassado, como eu.

Foram situações diferentes, mas eu deixo que ela continue.

— Eu pesquisei um pouco mais, descobri quem era Finn e que estava na cidade. Então eu forjei um encontro, fingi que não o havia stalkeado e descobrido seu bar preferido. Daí para frente foi fácil. Ele ama alguém que o  odeia, assim como eu, além da coincidência de o destino ter investido nossos parceiros.

— E ele acreditou nessa coincidência? — é um difícil de acreditar. E sim, meu cérebro está ignorando o fato de Anne talvez ser tão psicopata quando Finn.

— De início. Viramos amigos e em algum momento surgiu a ideia de separar você de Dominic — a loira me encara. — O estacionamento, as mensagens, o Bruce... foi tudo eu.

— Como?

— Finn achou que devíamos dar um susto em você, mas achou que você o reconheceria, então eu fui. O que algumas roupas masculinas não faz, não é? — Anne suspira, abaixando os olhos de novo. — As mensagens foi algo totalmente impulsivo. Eu fiquei com raiva porque o que aconteceu no estacionamento não parecia ter afetado você.

Ela está errada. Aquele dia foi a primeira vez que minha segurança foi discutida. O medo que senti aquele ainda faz os pelos dos meus braços se arrepiarem, faz com que eu olhe por cima do ombro com frequência e odeei, profundamente, estacionamentos fechados.

— Quando vocês se separaram, achei que realmente tinha uma chance de ter dado certo, mas vocês voltaram, então Finn foi atrás de você, no seu apartamento, o que serviu de alguma coisa. Eu sabia que Dominic precisou contar sobre o que a família dele fazia e esperei que você se assustasse, mas, mais uma vez, você permaneceu lá. Foi quando eu mandei Bruce até vocês.

"Eu achei que com uma ameaça a sua vida, você iria perceber que a vida de Dominic pode ser perigosa, mas você continuou ao lado dele. Eu comecei a perceber que o que vocês tem é verdadeiro. Disse a Finn para pararmos, mas ele é obcecado por você. E não vai desistir."

A forma que ela diz a última parte faz os pelos dos meus braços se arrepiarem e aumentar o meu desconforto.

— E você está me contando tudo isso por quê? Ou melhor, por que devo acreditar no que você diz? — por mais que eu sinta que o que ela diz é verdade, talvez isso seja apenas um plano deles.

— Você ouviu o que eu disse? — Anne se inclina para frente, aquele olhar desesperado em seus olhos outra vez. — Aquele homem é louco. Eu queria apenas separar vocês, mas Finn é o tipo "se eu não a tiver, ninguém terá". Eu posso ser a ex maluca, mas Finn é um psicopata e eu nunca ajudaria ele a matar você... Ou Dominic.

Eu estou mesmo sentada em um café ouvindo a ex louca do meu noivo falar que o meu ex pode matar um de nós? Finn seria louco a esse ponto?

Você é uma idiota de duvidar.

Lembro-me das palavras de Finn, semanas atrás "Eu preciso tanto de você, que seria capaz de qualquer coisa para te ter de volta". Essa é a verdade e sempre esteve ali, mas eu não quis acreditar.

— Eu o tenho ignorado — Anne continua, engolindo em seco. — Quando percebi o quanto ele é louco. Achei que devia contar isso você para que você e Dominic estejam mais preparados.

— Como vocês se comunicavam? Onde ele está agora?

Anne conta que ela e Finn se encontravam em um bar e me deu o endereço. Ela não sabe onde ele tem ficado, mas ele apareceu algumas vezes na casa dela. Anne diz que não disse onde morava, ou seja, ele a seguiu.

Ela está com medo. Aparavorada. É isso que Finn faz com as mulheres: aterroriza elas até que estejam com medo da própria sombra. Mesmo com a "minha rivalidade" com a Anne, eu sinto por ela. Se Finn descobrir que ela me contou essas coisas...

— Você tem onde ficar? — pergunto a Anne enquanto ela assopra o café da xícara.

— Eu vou voltar para Nova York. Se vocês não me entregarem para a polícia, eu prometo que vou embora e deixar vocês em paz.

Mais uma vez, eu preciso duvidar da palavra dela, mas o medo em seus olhos já me diz o suficiente.

Fico de pé.

— Se eu descobrir que está mentindo, eu mesma vou caçar você. — digo, minha voz fria apesar do tremor em meus ossos. Anne anue, engolindo em seco.

Lhe dou as costas, mas depois de dois passos, me obrigo a dizer por cima do ombro:

— Obrigada e toma cuidado.

Deixo o lugar depois disso.

Não fico surpresa, quando as portas do elevador se abrem, e eu estou olhando para duas pessoas em fases diferentes da vida. Liam está de jaqueta e jeans, enquanto Dominic permanece de terno.

— A donzela em perigo voltou para casa. — Liam diz, mas por trás do divertimento, noto como seus ombros relaxam.

— Eu não estava em perigo, mas fiquei decepcionada de não ter sido resgatada. — tiro minha atenção do irmão mais novo, encarando o mais velho que tem meu rosto em suas mãos.

— Você está bem? — Dominic se afasta apenas para me olhar de cima abaixo. Seguro suas mãos, fazendo-o encarar meus olhos.

— Eu estou ótima, inteira e faminta — eu sei que nenhuma graça minha fará com que ele relaxe, então suspiro. — Anne e Finn são cúmplices. Eram, na verdade.

— É claro — Liam diz. — Os ex's de vocês tinham que está conspirando para separá-los porque estamos na porra de um filme. Isso é tão clichê.

Encaro Liam, erguendo a sobrancelha. Ele está de braços cruzados e parece chateado. Acho que essa não é a grande revelação que ele esperava.

Conto aos dois o que Anne me contou, me afastando de Dominic para pedir pizza. Descobri que Liam come uma inteira, então precisei pedir três. Eu ainda preferia os nachos, mas vou ter que deixar para outro dia.

— Você tem dedo podre para homens — Liam está dizendo, uma hora depois quando a pizza chega, a boca cheia. — E isso inclui você, maninho.

— Isso seria verdade se eu estivesse noiva de você e não dele. — defendo meu noivo que até agora não tocou na pizza.

— Você não cansa de magoar meu pobre coração? — Liam leva a mão cheia gordura ao peito.

— Você tem um coração?

Liam vira para Dominic, indignado.

— Por que você vai casar com ela mesmo? Nossa prima tem mais maturidade que ela e a Josie tem seis anos.

Atiro uma ervilha nele, que desvia.

— A Anne pode estar mentindo. — Dominic finalmente fala, ignorando as brincadeiras idiotas do irmão.

— Eu considerei isso, mas o medo dela era real. Eu sei como é.

Nenhum dos dois diz nada.

Dominic está tão tenso que não parece respirar. Eu o conheço bem agora e já imagino o que deve estar passando por sua mente, mas espero muito que ele não proponha o fim do nosso relacionamento outra vez. Nem Liam vai conseguir me impedir de socar o rosto bonito do seu irmão.

O Davenport mais novo fica de pé.

— Obrigado pela pizza, é um pagamento justo depois de eu ter deslocado minha bunda até aqui.

— De nada. Tchau para você e sua bunda. — eu jogo mais uma ervilha nele e dessa vez acerto a parte de trás da sua cabeça. Liam me mostra o dedo do meio.

Dominic levanta repentinamente, indo falar com o irmão.

Eu pego as caixas de pizza e levo para cozinha, colocando o que sobrou na geladeira. Provavelmente será o meu café da manhã. Tem algo de diferente na pizza gelada que a deixa mais deliciosa.

Acho uma caixa de bombons na geladeira e pego, abrindo para comer.

Eu simplesmente amo chocolate, então não sei quanto tempo passou e eu estou sentada na ilha da cozinha, me entupindo de açúcar.

— Isso era para a minha mãe. — ouço a voz de Dominic e minha mão para a um centímetro de colocar outro bombom na boca.

Viro no banquinho, e o encaro.

— Porra, sério?

Dominic ri, se aproximando. Ele pega com a boca o bombom da minha mão.

— Não.

— Idiota.

Ponho mais um na boca, percebendo que comi metade da caixa.

— Comprei como pedido de desculpas por não ter jantado com você.

— Pedido aceito, mas agora será sua culpa se o vestido de noiva não entrar daqui há três semanas.

Dominic murmura alguma coisa, beijando minha bochecha. Deixo os bombons de lado e abraço sua cintura. Sua mão em meu cabelo, a forma que ele relaxa sob meu toque, percebendo finalmente que eu estou bem e ele não falhou comigo... respiro todas essas coisas e não preciso mais me entupir de chocolate ou pensar em beber para conseguir pensar direito. E o fato de Dominic saber disso faz eu amá-lo mais.

Oooi. Eu sei que disse que ia postar ontem, mas eu dormi e esqueci ksksksksk.

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