Estou Aqui Com Você


    A energia voltou pela manhã, mas permaneceu sem sinal de celular, então Dominic ligou para o reboque pelo telefone fixo do hotel. Também pediu um táxi e graças a isso nós chegamos na mansão.

Podíamos passar despercebidos se Liam, Karen e Beatrice não estivessem tomando café da manhã na sala de jantar.

— Minha nossa senhora, o que aconteceu com vocês? — minha cunhada pergunta, horrorizadas com nossas roupas amassadas. Meu cabelo também está uma bagunça, fora que estamos levando nossos calçados nas mãos. — Foram assaltados?

— Não. É uma longa história, mas estamos bem. — Dominic diz e tento conter meu sorriso, mas acho que falho pois Beatrice sorri de um jeito malicioso.

— Sentem para tomar café — ela sugere. — Repôr as energias.

— Cale a boca. — murmuro para ela, mas vou me sentar. Dominic faz o mesmo, sentando-se ao meu lado.

Sorrio para Liam, pois não tinha falado com ele e começo a servir meu café da manhã.

— Como estão os preparativos? — pergunto as duas noivas. O casamento delas é no sábado.

— Melhor impossível. Aliás, seu vestido ficou pronto.

Dominic e eu seremos padrinhos da Karen, enquanto Liam e Lauren serão os de Beatrice. Será a primeira vez que verei minha sogra depois que aquelas duas primeiras semanas após a... perda do bebê. Dominic a convenceu de que estávamos bem e praticamente a colocou em um avião para a Suiça, para que terminasse aquela viagem.

Eu não lembro se chegamos a conversar direito. Os dias que seguiram depois do que aconteceu são um borrão. Eu passava a maior parte do dia drogada pelos calmantes, sem fazer questão de realmente ver alguém.

Deixo esses pensamentos para lá, pois eu não preciso me afogar neles. Eu os reconheço e os deixo passar.

Percebo que Karen me fez uma pergunta.

— Desculpe, o que você disse?

Sinto a atenção de Dominic em mim e aperto sua mão para tranquilizá-lo quando ele a entrelaça a minha debaixo da mesa.

— O batismo do Zyan é hoje. Em duas horas, na verdade. Estou perguntando se vocês não vão. — Karen comenta e então eu me dou conta de que os três estão bem vestidos demais para tomarem café às seis da manhã.

— Merda. Phillipe vai me matar. — porque eu esqueci, mesmo ele tendo me avisado quando invadiu a mansão com meus irmãos e depois ter me mandando uma mensagem na quinta-feira.

Dou um selinho em Dominic ao ficar de pé.

— Eu vou me arrumar e você deveria fazer o mesmo. — eu já estou saindo da sala quando ele responde atrás de mim:

— Eu já estou indo.

— Agora.

Eu o ouço suspirar e murmurar algo parecido com "Por que as mulheres tem que ser tão mandonas?". Dou uma risadinha quando ouço o ranger da cadeira e eu sei que ele já está me seguindo.

Quando chego ao corredor, olho por cima do ombro para ter certeza e lá está Dominic. Eu conheço esse olhar, por isso ando mais rápido, dizendo a ele:

— Nós estamos atrasados. — aviso, mas fico muito consciente de que estou sem calcinha porque ele a pôs no bolso, então não seria muito difícil...

Dou um gritinho quando Dominic me alcança e eu vou parar contra a parede.

— Nós temos duas horas, não estamos atrasados. — sua boca já está na minha antes que eu rebata.

— Mas iremos nos atrasar. — tento afastá-lo ao mesmo tempo que tento puxá-lo para mais perto.

— Se pararmos de usar palavras, tenho certeza que vamos levar menos de dez minutos.

Luto contra um gemido quando minhas pernas magicamente se entrelaçam em sua cintura e eu o sinto através de sua calça.

— Dez minutos, hein? Bem que dizem que depois de casados, as coisas tendem a ir mais... rápidas. — eu digo e quero dar risada quando Dominic se afasta para me olhar.

— Como é?

— Você quem disse que levaria só dez minutos.

Ele semicerra os olhos.

Dominic se aproxima para sussurrar em meu ouvido.

— Se você quiser que eu foda você por horas, querida, você só precisa dizer.

Eu inspiro, mordendo o lábio e sorriu para ele.

— É aprecio a ideia, mas estamos realmente atrasados.

Então eu o empurro e vou para o quarto, tentando ignorar o calor entre minhas pernas.

Dominic me alcança meio segundo depois.

Vestindo um vestido branco, eu ajeito meu cabelo, de modo que fique metade preso com uma presilha e o resto solto, com alguns fios na frente.

Meu vestido é colado, indo até abaixo dos joelhos. A frente é todo de botão e as mangas são curtas. O decote também não é muito revelador, já que estamos indo para uma igreja.

— Pega meus saltos para mim, por favor. Os de cor bege. — peço a Dominic. Estou no banheiro, agora terminando de pôr meus brincos de pérolas que combinam com o colar na caixa de veludo.

Passo um pouco de batom vermelho em meu dedo e depois esfrego em meus lábios, apenas para dar um pouco de cor.

Dominic aparece com os saltos e os põe nos chão. Eu agradeço e os calço com facilidade, ficando apenas alguns centímetros mais alta.

— Posso? — Dominic pega o colar, esperando a minha resposta.

Faço que sim e afasto meu cabelo.

O colar de pérolas é frio contra minha pele e não sei se o arrepio que sinto é por conta disso ou porque os dedos de Dominic roçam em minha nuca antes de ele me dar um beijo no ombro e fechar seus braços em volta de mim. Ponho minhas mãos em cima da sua, automaticamente lembrando-me da foto que tiramos assim... quando eu estava grávida.

Esse pensamento faz a dor ficar insuportável e eu tento engolir em seco, mas é difícil.

— Respire fundo, querida — Dominic sussurra em meu ouvido, mas sua voz ainda soa firme enquanto ele me encara através do espelho. — Estou aqui com você.

Ele beija o topo da minha cabeça, depois minha têmpora, meu maxilar... Até que enfim eu relaxo.

— Tudo bem? — meu marido pergunta, distraidamente acariciando minha pele.

— Sim. — digo após minha respiração ficar mais fácil.

— Você está linda.

Sorrio para ele.

— Obrigada. Você...

Meu telefone começa a tocar e a foto de Phillipe aparece.

Eu atendo.

— Nós já estamos dentro do carro. — minto, dando um beijo em Dominic ao passar por ele.

Por que eu acho que está mentindo?

— Não sei. Não consegue ouvir o rádio? — pego minha bolsa branca e ponho meus óculos. — Para falar a verdade, acho que já estamos perto da igreja.

Depois do batizado, nós seguimos para a casa de Jeff e Phillipe, onde será o almoço.

Não é isso que está me deixando um pouco inquieta. A cerimônia toda foi linda e é claro que eu me emocionei, afinal, agora sou madrinha do Zyan e Dominic o padrinho.

O que não me deixou relaxar por completo foi a presença da minha mãe. Phillipe não me avisou que ela vinha e suspeito que ele achou que eu não apareceria se soubesse. E eu não sei se ele estava certo.

Ela não falou comigo, mas eu senti seu olhar durante a cerimônia. Eu espero poder passar o resto do dia sem falar com ela.

Quando chegamos, Phillipe pede para que eu leve Zyan para se trocar.

— Então, você está gostando de morar aqui? — pergunto ao garotinho enquanto seguro sua mão e deixo que ele me guie para o seu quarto.

— Sim, é bem legal. Jeff e Phillipe me colocam para dormir toda noite. O papai Phillipe até lê histórias para mim. — Zyan conta e meu coração se derrete ao ouvir ele chamar meu irmão de pai.

— Ele fazia isso comigo também. Lia histórias. — sorrio, lembrando daqueles momentos.

— Aqui, esse é o meu quarto.

Quando entramos, a primeira coisa que noto são os adesivos no teto. O sistema solar.

— Você gosta de astrologia? — sento-me em sua cama com a colcha do Super-Choque.

— Eu acho legal. Qual seu planeta preferido?

— Saturno?

— Por quê?

— Não sei, foi o primeiro que veio na minha mente.

Nós rimos e continuamos conversando sobre planetas enquanto ajudo Zyan a se arrumar.

No fim, ele está usando uma camisa do Homem-Aranha, que eu descobri ser seu super-herói favorito, e jeans, com tênis brancos.

Seus cachinhos continuam perfeitos, então ele está pronto e nós descemos.

    Quando Abby desce com Zyan, eu noto o sorriso melancólico em seu rosto enquanto minha esposa observa o afilhado.

Eu sei os pensamentos que se passam em sua mente agora e são os mesmo de quando estávamos no banheiro. Eu estou orgulhoso que ela esteja reagindo bem, porém.

Abby nota que eu a estou observando e sorri, vindo na minha direção.

— Você não deveria estar socializando? — minha esposa pegunta, sorrindo para mim.

— Eu estou conversando com você nesse exato momento. — abraço sua cintura.

— Como eu posso ter um marido tão antisocial?

Sorrio ainda mais.

— Eu amo quando você me chama de marido. — conto a ela, porque eu fico bobo toda vez que a ouço me chamar assim.

— Sabe, eu tenho um marido fofo.

Faço careta e estou prestes a contradizê-la quando ouvimos uma voz.

— Abigail.

Sinto o corpo da minha esposa ficar tenso e eu me preparo quando Abby se vira para encarar a mãe.

— Hayley.

Mãe e filha se encaram, como se estivessem travando uma guerra. E estão, de certa forma, porque a última vez que as duas estiveram cara a cara, Abby tirou a máscara de boa mãe de Hayley, o que causa uma rachadura na família Peterson.

— Eu não tive a oportunidade de desejar felicidades. — Hayley diz, referindo-se a Abby e eu, já que minhas mãos estão em sua cintura.

— Nós dispensamos. — Abby fala e eu não posso deixar de concordar.

— Eu também soube do que aconteceu e queria dizer que sinto...

— Não ouse. — apesar da raiva em sua voz, eu posso sentir a dor também.

— Então será assim? Você tratará sua mãe desse jeito para sempre?

Abby se afasta de mim, aproximando-se da mãe, provavelmente para que apenas ela ouça o que tenha a dizer, mas eu ouço mesmo assim.

— Você deixou de ser a minha mãe quando escolheu ele ao invés de mim. Então sim, Hayley, esse será o seu tratamento, porque para mim, você está morta.

Com essas últimas palavras, Abby se afasta da mãe e eu a sigo.

Eu nunca me importei de ser chamado de antisocial – e Abby não ficaria surpresa de saber que ela não foi a primeira a me chamar assim – mas desde que a conheci, os eventos sociais não parecem ser tão ruins assim.

Agora estamos na mesa, muito depois de comermos, mas ninguém parece incomodado com isso enquanto contam histórias da suas infâncias e riem. Incluindo Abby que estava há meia hora atrás discutindo com Steve. Nenhuma surpresa.

— Você pode falar o que quiser de nós três — Patrick está dizendo, referindo-se a si e aos irmãos. — Mas nós nunca pegamos a irmã de um amigo.

Agora todos os pares de olhos estão em mim.

— Que bom que eu fui o primeiro e único a fazer isso. — pisco para Abby, fazendo com que sorria para mim.

— Filho da...

— Olha a boca. — Phillipe interrompe Patrick antes que ele continue.

— Se vocês acham "errado" — Karen entra na conversa — o que Dominic fez, ficariam chocados em saber que a minha noiva...

— Lá vem. — Beatrice murmura, bebendo todo o vinho da taça.

—... ficou com o Liam, meu irmão gêmeo. Três vezes.

— Estávamos bêbedos! — Beatrice e Liam dizem na mesma hora, enquanto os outros não parecem acreditar.

— Nós temos uma família com muitas fofocas internas. — Abby sussurra para mim.

Dou risada, concordando e bebo mais da cerveja que eu tenho certeza que Steve quem trouxe.

Sabine, que está sentada ao lado de Abby, murmura alguma coisa e minha esposa se inclina para que elas possam conversar. Segundos depois, Abby me dá um beijo e sai.




— Para onde ela foi? — pergunto a Sabine, dez minutos depois e Abby ainda não voltou.

— Ela se ofereceu para dar mamadeira ao Louis — Sabine responde e eu noto um pouco de preocupação em sua face. — Eu perguntei se estava tudo bem para ela e ela disse que sim. Você sabe, por causa do bebê...

— Eu sei.

Digo a Sabine que vou dar uma olhada.

Desde que chegamos, não vi Abby brincar com Louis, como ela sempre fez e eu estaria mentindo se dissesse que não tem a ver com a perda do bebê.

Quando chego a um dos quartos, o qual presumo ser do Zyan, minha preocupação que ela estivesse tendo uma crise se vai.

— Qual sua cor preferida? — Zyan, que eu não tinha notado que subiu também, pergunta a Abby.

— Vermelho. A sua é... Amarelo! — minha esposa está sentada no chão, com Louis em seu colo enquanto segura a mão do garotinho e parece ensinar ele a desenhar.

— Eca! É azul.

— Dá no mesmo.

— Não dá, não.

Encosto-me no batente da porta e espero que algum deles note minha presença. Enquanto isso, eu observo Abby. Não importa quantas vezes ela diga que não é boa com crianças, cenas assim sempre dirão o contrário.

Louis é o primeiro a me notar. Ele se inclina no colo de Abby, como se fosse engatinhar até mim e eu sorrio.

— Louis, você está sendo um aluno terrível — minha esposa diz, mas deixa Louis sair do seu colo, provavelmente para ver até onde ele vai, quando me vê. — O que você está fazendo aí?

— Nada. — pego Louis no colo e faço cócegas em sua barriga, lhe tirando uma risada.

— Tio Dom, qual sua cor preferida? — Zyan me pergunta quando sento com eles.

— Preto.

— Ninguém notou. — Abby murmura e eu aperto seu nariz.

Nós ficamos com as crianças por um tempo, antes de descermos de novo.

    Dias depois, é o casamento de Karen e Beatrice. Sem surpresa alguma, a última escolheu um terno preto para usar, enquanto Karen um vestido semelhante aquele que provou no dia que fui escolher o meu.

O casamento aconteceu na mansão, mais especificamente no jardim, no final da tarde e durou até de madrugada. Karen e Beatrice foram para um hotel e devem estar nas Maldivas agora, incomunicáveis por duas semanas.

Dominic voltou para a empresa, mas não disse se é definitivo. Ele disse que conversou com Karen e mim cunhada disse que não vê problema algum em assumir a presidência permanentemente se for isso que ele quer. Dominic não lhe deu uma resposta, dizendo que ia pensar, mas eu já suspeito qual seja sua decisão.

Estou no elevador na Davenport Company, pois vim lhe fazer uma surpresa. É seu horário de almoço, então não irei atrapalhar. Eu liguei para ele, mas caiu na caixa postal, algo que quase nunca acontece e ele deve estar trabalhando demais se não atendeu, ou seja, eu tenho que entrar em ação.

— Sra Davenport, posso ajudar? — Grace me recebe, provavelmente tendo sido avisada que eu estava subindo. Não deixo de notar que ela me chamou de senhora pela primeira vez na vida.

— Eu vim ver o meu marido. — sim, a escolha de palavras foi proposital, pois eu não me esqueci que ela me odeia.

— Ele não está. Saiu tem duas horas.

Eu paro, franzindo as sobrancelhas. Dominic saiu no meio do expediente?

— Você sabe para onde ele foi? — mantenho minha voz neutra, mas meu estômago está começando a embrulhar.

— Não, mas acredito que ele foi para onde sempre vai quando sai assim.

— Ele costuma fazer isso com frequência? — a pergunta sai antes que eu me contenha.

— Sim. Eu tenho o endereço, se quiser. Ele manda flores constantemente.

Grace não espera minha resposta quando vai para trás do balcão enquanto eu ainda estou processando o que ela disse. Flores?

— Sabe, eu acabei de lembrar que também tenho a chave do apartamento.

Apartamento. Isso não está me cheirando bem, mas eu não hesito ao pegar o endereço e as chaves.

A cada passo que dou até o meu carro, tenho mais certeza ainda que há algo errado. Muito errado. E para falar a verdade, não é apenas o que Grace falou e esse endereço e chaves, mas há também o que eu não quis ver. Dominic tem andado estranho. Toda vez que eu perguntava, ele dizia que não era nada, mas enquanto dirijo, a certeza que tudo está ligado faz com que eu queira vomitar.

O apartamento não fica muito longe da empresa. Não é tão luxuoso, mas não deixa de cheirar a coisa cara.

Não sei se é sorte, mas não tem porteiro, por isso eu vou direto para o elevador e aperto o botão para o sexto andar, como está no papel que Grace me deu.

Meu coração está batendo rápido demais para o meu próprio bem e minhas mãos tremem levemente quando eu ponho a chave na fechadura.

Por favor, não abra.

Mas o barulho mínimo me diz o suficiente: Grace não estava mentindo.

Abro a porta, fazendo o mínimo de barulho possível.  Meus olhos vão direto para o paletó no sofá. Ele estava vestindo isso hoje, no café da manhã.

Respiro fundo, pensando que isso não pode estar acontecendo. Não. Dominic não seria capaz de me trair, seria? Porque não há outra explicação para isso. Por que ele teria esse apartamento e mandaria flores? Por qual motivo ele largaria constantemente o trabalho para vir aqui? Por que ele esconderia coisas de mim? Agiria estranho?

O apartamento parece ter apenas um quarto e da sala da para ver a cozinha, então a outra porta deve dar para o quarto.

Está aberta, mas eu não consigo ver nada além de um buquê de rosas em um jarro de onde estou parada.

Deixo meu medo de lado e me aproximo, minha mente já projetando várias cenas, como Dominic adorando o corpo de outra mulher...

Mas definitivamente não ele sentado na cama, completamente vestido enquanto conversa baixinho com uma mulher deitada na cama, que também está vestida.

Eu não consigo ver direito a mulher e nem um dos dois me notou ainda, mas a situação ainda é estranha...

Eu não sei o que chama sua atenção, mas de repente Dominic está olhando para mim, os olhos arregalados. Eu abro a boca para pedir uma explicação quando ele fica de pé e todas as palavras morrem na minha boca quando meus olhos se concentram na mulher. Na barriga dela.

E eu não sei se quero saber a resposta do por que Dominic está nesse apartamento com uma mulher grávida.

~•~
Sabem aquele ditado? "Joguei a bomba e saí correndo?" Sou nesse momento!

Fiquem bem e Até. Se eu não postar nada nesses dois dias é pq não posto no final de semana, mas quem sabe... <3

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2bjs, môres♥

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