17. PRIMEIRO AMOR

    Herbologia era minha primeira aula pela manhã, praticamente devorei o café da manhã antes de vir para cá com Jungkook. Caminhávamos pela horta até as estufas, a ventania violenta do fim de semana finalmente cessara; a estranha névoa tinha voltado, e gastamos mais tempo do que o habitual para encontrar a estufa certa.

Jeon tagarelava do meu lado, ele falava sobre a copa quadribol, bom pelo menos eu acho que era. Não estava prestando atenção no seu papo matinal, chegando na estufa Jungkook parou abruptamente e se calou. O encarei confuso, seus olhos estavam fixos em uma carteira atrás de mim, virei-me acompanhando seu olhar enfurecido.

Logo entendi o motivo do seu estresse, Lisa estava conversando animadamente com um garoto cabeludo de lufa-lufa – conversando de tal maneira que nunca conversaria com Jungkook – olhei mais uma vez para meu amigo que atirava com o olhar para o pobre menino.

— Taehyung!  — Escuto Hoseok me chamar, meu coração mostrou que estava ali e acelerou. Um sorriso se tornou presente em meu rosto, fui até Hoseok.

Cumprimentei Hoseok com um aperto de mãos, olhei para Jungkook outra vez. Ele continuava parado, aposto que nem notou que já tinha saído do seu lado. Rosé entrou na sala, Jungkook olhou para a loira. Ela não pareceu notar que Lisa estava ali. Com um sorriso maroto Jungkook sentou-se ao lado da garota, então olhei para Lisa que por sua vez o fuzilou com o olhar.

— Aqueles dois se gostam, mas não admitem. — Falei baixinho, Hoseok olhou primeiro para Manoban e em seguida para Jeon. — Até quando o orgulho vai dominar eles?

— Talvez eles só estão com medo de admitir, provavelmente acham que não é recíproco. — Hoseok declara. — É doloroso gostar de alguém que não pode ou não sente o mesmo.

Encarei ele confuso, do que ele estava se referindo?

— Lisa é muito orgulhosa, não quer admitir que não odeia Jungkook. — Protestei, Hoseok deu os ombros.

— Pode ser. 

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa nosso professor de Herbologia, Neville, adentrou a sala. Neville já era um professor de idade, pelo que eu sei ele estudou com o grande Harry Potter. E hoje é um dos melhores professores de herbologia e diretor da casa de Grifinória.

Começamos a calçar as luvas de proteção, encaixei o protetor de gengivas rapidamente. Por fim coloquei os óculos protetores.

— Bom dia crianças. — Falou depois de um tempo, olhei para as vagens. Merda. — Hoje vamos colher vagem.

E blá-blá-blá, foi o que eu escutei depois. Hoseok por sua vez prestava atenção, logo todos começaram a colher. O primeiro a conseguir colher foi um garotinho pequeno de lufa-lufa, lá estava Tin com os lábios ensanguentados e vários arranhões feios na bochecha, mas apertando um objeto verde, do tamanho aproximado de uma toranja, que pulsava hostilmente.

Tomei fôlego e ataquei o toco nodoso.

A planta imediatamente ganhou vida; galhos longos, urticantes e espinhosos saíram do toco e chicotearam o ar. Um deles se enganchou nos cabelos de Hoseok, repeli com uma tesoura de poda.

Hoseok conseguiu conter uns dois galhos e prendê-los com um nó; abriu-se um buraco no meio desses tentáculos. Enfiei o braço corajosamente no buraco, que fechou como uma armadilha em torno do meu cotovelo.

Hoseok puxou e torceu os galhos, obrigando o buraco a reabrir, desvencilhei o braço, trazendo entre os dedos uma vagem igualzinha à de Tin. Na mesma hora, os galhos urticantes tornaram a se recolher e o toco nodoso se imobilizou, parecendo um inocente pedaço de madeira seca.

— Sabe, acho que não vou querer essa planta no jardim quando tiver a minha casa — comentou Hoseok, empurrando os óculos para a testa e enxugando o suor do rosto.

— Me passa uma tigela — pedi, segurando a vagem pulsante com o braço estendido, foi o que Hoseok fez e larguei a vagem dentro da vasilha com cara de nojo. — Também não.

Ao fim de mais uma aula caótica de herbologia estávamos saindo, professor Neville também estava com alguns arranhões feios no rosto. Ele foi ajudar uma dupla e acabou se dando mal. Jungkook disse alguma coisa que fez Rosé gargalhar, Lisa passou entre eles batendo seu ombro no de Jungkook e puxou Rosé para longe dali. Ele me encarou com confusão forçada, revirei os olhos.

— Não entendo as mulheres, por que são tão complicadas? — Indagou o moreno, ri alto.

— Cara, você fez aquilo para provocar. Não se faça de sonso. — Falei o óbvio, ele arregalou os olhos.

— Que? Tá maluco?

— Você sabe que é verdade, Jungkook. — Falei dormente, foi a vez do Jeon revirar os olhos. — Você tem que parar de ser bobão e ir admitir seus sentimentos.

— Sentimentos por Lalisa? Não tenho, obrigada.

— Está tentando enganar quem?

Hoseok apenas escutava a conversa.

— Ninguém, eu não gosto dela.

— Agir dessa forma só vai afastar ela e fazer ela te odiar ainda mais, deixe se ser um bebê mimado. — Comentei cansado, Jungkook pressionou os lábios. — Fale de uma vez, você não quer perder ela para outro. Não é?

— Tem alguém paquerando ela? Além daquele lufano mongol, Hoseok você sabe o nome dele?

Hoseok levantou a cabeça confuso.

— Nome de quem? — Questionou perdido no assunto.

— Daquele garoto que estava com a Lisa, ele é da sua casa. Vocês tem aulas juntos. — Jungkook explicou.

— Oh, aquele é o Hyunjin. — Respondeu baixinho, os olhos do Jungkook brilharam como se ele tivesse aceitado o desafio.

— Fale de uma vez o que você sente e pare com essa novelinha, você não tem nada a perder. — Minha voz era cansada, porque eu realmente estava cansado de ver ele agindo que nem uma criança de cinco anos.

— Como não?! Se ele levar um fora, vai ter a perdido.— Hoseok comentou, Jungkook assentiu em concordância.

Não tem como perder alguém que nunca foi seu, Hoseok. — Falei como se fosse óbvio, e não era?!

— Então qual o sentido de contar sem ter a certeza antes? — Hoseok rebateu, Jungkook pareceu intrigado.

— Porque não tem como ter certeza se não falar, se for recíproco excelente. Se não, parte para outra.

— Partir para outra? — Jungkook repetiu.

— Sim, ou vai me dizer que vai se esforçar para conquista-la?

— E se eu fizer? — Jungkook perguntou.

— Pois faça logo, ao invés de ficar no pé da garota. — Rebati.

Jungkook sorriu, ele deu algumas batidinhas nas minhas costas e saiu correndo. Hoseok me encarou.

— Você acha mesmo que a pessoa deva contar? — Indagou, olhei para ele.

— Você não? Acho que se você tem certeza dos seus sentimentos, deveria arriscar.

🚂 quebra de tempo...

Hoje foi dia de treino, eu estava indo para meu dormitório suado. Só quero um bom e demorado banho. Meus olhos voltaram até Hoseok que perambulava pelos corredores, decidi segui-lo. Aparentemente ele estava indo para casa de Hagrid, porém ele desviou da trilha que levava até lá.

— Hoseok! — Gritei, ele olhou para trás assustado e então acenou com a mão para que eu o acompanhasse.

Corri até me melhor amigo, meu coração batia fortemente contra o peito. Eu não entendo, isso acontece há um certo tempo. Me sentia ansioso para passar mais tempo com meu amigo, creio que seja normal. Só nunca passei por isso.

Hoseok sentou-se na grama, eu me sentei ao seu lado. Ele parecia pensativo.

— Você já gostou de alguém? — Hoseok pergunta de repente, lembrei-me das garotas do colégio que vivam no meu pé. Mas nunca senti absolutamente nada por nenhuma delas.

— Sendo bem sincero, nunquinha. — Falei com sinceridade, ele olhava a grama. — Você já?

— Sim. — Respondeu baixinho. — Ninguém nunca fez seu coração acelerar apenas por olhar para você? Ou sorrir?

Um silêncio se fez presente, ele esperava uma resposta. A única pessoa que me fez sentir isso, bom, foi ele.

— O que você quer dizer? — Indaguei um tanto quanto confuso.

— É um dos sinais que você gosta de alguém, aquele frio na barriga. — Hoseok me encarou, nossos olhos se encontraram. — Vontade de passar seu dia todo com alguém, não consegue tirar a pessoa dos seus pensamentos. Tudo que você quer fazer, ou pensa é voltado a essa pessoa. Você até pensa sobre como tirá-lo da sua cabeça, mas nada da certo.

Pisquei, meu coração acelerou ainda mais e meus lábios ficaram secos. Fazendo-o umedecer com a língua.

O que está acontecendo comigo?

— Não sabia que você já tinha tido alguém assim. — Admiti.

— Não tive, mas já senti. — Falou, a curiosidade socou meu estômago. — Você já beijou alguém alguma vez?

A resposta era simples, sim, já tinha beijado uma garota uma vez. Porém não queria ter feito isso, fiz por conta da pressão dos meus amigos, como podia eu não querer beijar a garota mais bonita da classe?

— Já. — Respondi quase num sussurro, o rosto de Hoseok vacilou.

— Você não sentiu nada por ela? — Indagou, balancei a cabeça. — Então por que a beijou?

— Porque era o que meus amigos teriam feito.

— Eu estou gostando de alguém. — Falou rapidamente, o meu estômago revirou.

O que está havendo comigo? Por que estou triste de repente?

— Oh, quem é a garota?

Hoseok olhou para mim, o vento soprou entre nós. Nos encararam por alguns longos minutos, pisquei algumas vezes.

— Não é uma garota... — Disse  baixinho, então meu olhar caiu para os lábios carnudos do meu melhor amigo.

Hoseok se aproximou, não me afastei. Então Hoseok decidiu prosseguir, senti o frio na barriga pela primeira vez. Eu queria tanto beija-lo, eu sabia disso. Dessa vez eu sabia que queria. Realmente queria.

Poucos centímetros de distância, Hoseok olhou nos meus olhos, ele hesitou. Quando ele estava se afastando, segurei seu pescoço e o beijei com ternura.

Beijei como nunca tinha beijado alguém.

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