16. FAZER AS PAZES
O vento gélido soprou sobre meu corpo, eu tremi de frio. Abri os olhos lentamente, olhei ao redor e encontrei a janela aberta. Ainda coberta eu caminhei até a janela e a fechei, antes de voltar para minha cama eu observei a paisagem.
Meu coração estava inquieto, tudo que eu sentia era saudades. Saudades do meu melhor amigo, das nossas conversas, dos nossos sonhos e metas. Nunca ficamos sem nos falar, nem por um dia sequer. Eu nem sei explicar o porque estávamos nos evitando durante todo esse tempo.
Suspirei e joguei meu cobertor na cama e comecei a me aprontar, eu poderia dormir mais. Porém preciso estudar alguns feitiços, irei aproveitar que as meninas provavelmente estão ocupadas ou dormindo para praticar.
Vesti o uniforme rapidamente, uma das minhas colegas de quarto ja havia saído. As outra estavam dormindo. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e peguei minha mochila, sai cuidadosamente para não acordar nenhuma das meninas.
Assim que cheguei ao corredor dei de cara com Jimin tagarelando com um garota ruiva de cabelos cacheados, revirei os olhos e me obriguei a ignorar. Poucos segundos depois eu escuros passos se aproximarem, Jimin estava ao meu lado.
Eu não falaria nada, pelo menos não até que ele fale.
Quando estou prestes a virar o corredor para ir para biblioteca ele apanha meu braço e me puxa para o lado contrário, franzi o cenho.
O que está acontecendo?
Não faço ideia, mas não irei questionar.
Chegando ao jardim ele parou e me encarou, ele estava hesitando. Eu nunca o vi hesitar. É estranho.
— Desculpe por aquele dia. — Falou de repente, sua voz era baixa. Senti meu coração se despedaçar.
— Oh tudo bem.
Ele acha que foi um erro, ver que ele não enxergava da mesma forma que eu enxergo é torturante.
— Mas não posso dizer que me arrependo.
Ergui meu rosto para encara-lo.
— Q-que?
Sinto uma vontade imensa de sorrir, isso é verdadeiramente uma supresa.
— Eu não me arrependo, eu realmente queria fazer aquilo há um bom tempo. — Jimin estava sendo sincero, mas eu via o medo irradiar sua íris. — Eu só fiquei com medo de perder sua amizade. — Ele lambeu os lábios, meu coração acelerou em resposta. — Não quero que você fique me evitando, mas também não posso mentir para você e falar que aquilo foi um erro e que não queria.
— Então você não acha que foi um erro? — Indaguei, precisava ter certeza que não estava entendendo errado.
— Eu não! — Afirmou, eu sorri.
— Bom, eu também não. — Jimin ficou boquiaberto, era visível que ele não esperava por essa resposta.
Sua expressão de supresa logo se foi e o seu sorriso arrogante se tornou presente novamente, ele tocou na minha cintura. Senti meu corpo borbulhar.
— Rosé! — Escutei me chamarem, a voz estava um pouco distante e por isso não consegui reconhecer. Olhei para o lado e encontrei Lisa nos encarando vermelha. — Desculpa, eu não queria atrapalhar.
— Não está. — Menti, Jimin encarou Lisa de cima a baixo. Ela relaxou e se aproximou.
— Atrapalhou sim. — Murmurou.
— Bom, temos avanços. — Declarou empolgada. — Jin convidou Jisoo para passear na cidade hoje. Precisamos ajudá-la a se aprontar.
— Oh, isso é incrível! — Exclamei. — Eu não sabia que podíamos sair, que horas eles vão?
— Não faço ideia, sei que precisamos ir arrumar ela agora. — Disse ansiosa, Jimin ainda estava segurando minha cintura.
— Vamos espiar eles? — Questionei, ela bufou.
— O que você acha?
— Que vamos.
— Bingo! — Ela pegou minha mão e me puxou. — Até mais Jimin.
Olhei para trás e ele me fitava, acenei.
— Tchau Ji.
Eu e Lisa corremos até o dormitório da Jisoo, antes de entrar as colegas de quarto de Jisoo nos encararam antes de sair sorrindo. Jennie estava olhando o guarda roupa da Jisoo.
— Desembucha! — Lisa falou quebrando o silêncio, Jisoo e Jennie me encararam confusas. — Ela estava agarrada com o Jimin no jardim. — Explicou, Jennie e Jisoo sorriram perversas.
Ótimo, era o que faltava.
— Agarrados é? — Jennie falou brincalhona, Jisoo correu e começou a me fazer cócegas.
— Não foi bem assim, nos apenas estávamos conversando. — Lisa revirou os olhos, antes que elas pudessem dizer mais alguma coisa eu corri para o guarda roupa. E apanhei um vestido florido, Jennie torceu o nariz.
— Nem pensar! Eu já montei um look, cuide do cabelo dela por favor. — Jennie falou, eu assenti e fui até Jisoo.
Peguei uma chapinha e o protetor térmico e comecei a passar no cabelo da Jisoo. Jennie trouxe um casaco peludo que tinha três cores, uma saia colada preta e uma bolsa. Lisa apanhou um tênis preto e levou até Jisoo.
🚂 quebra de tempo...
Jin esticou o braço para Jisoo, eles saíram de mãos dadas. Fomos logo atrás, eles pareciam estar em uma conversa divertida e descontraída.
— Pera ai, nos podemos ir? — Indaguei, Jennie e Lisa me olharam.
— Não, só a partir do terceiro ano letivo e ainda estamos no primeiro. — Lisa explicou, eu e Jennie suspiramos desanimadas. — Mas, podemos tentar fugir.
— De Hogwarts? — Jennie indagou.
— Sim, só não podemos ser pegas. — Falou, Jennie me encarou. — Olha, vamos nos misturar com aquelas meninas do terceiro ano. Ninguém vai notar.
Eu estava com medo, mas Lisa nos puxou. Ela começou uma conversa com as garotas, ficamos conversando e conseguimos passar sem ser barradas. Assim que chegamos Hogsmeade –vilarejo bruxo próximo de Hogwarts. – Nos despedimos das meninas, e fomos até as 3 vassouras – um bar – olhamos pela janela e então na entreolharmos.
— Deveríamos entrar? — Jennie indagou, Lisa mordeu o lábio inferior. — Será que não daria muito na cara?
Olhei para trás e vi Jimin e Yoongi se aproximarem, não era uma supresa que Jimin e Yoongi não seguiam as regras. Eles não nos viram, eu olhei para as meninas. Quando olhei novamente para eles, meus olhos encontraram com os de Jimin.
— Vamos! — Disse. — É só nos sentarmos distantes.
Entramos no bar e nos sentamos um pouco distante, mas não o suficiente para que não conseguíssemos enxergar. Olhávamos discretamente para Jisoo e Jin, eles estavam rindo e bebendo cerveja amanteigada. Cerca de dois minutos depois Jimin e Yoongi entraram no estabelecimento e sentaram-se perto de Jisoo. Eu perdi totalmente o foco na minha amiga e seu pretendente, vejo algumas meninas de Sonserina do terceiro ano se aproximarem de Jimin.
Duas meninas e dois meninos, eu não era tola. Eles tinham marcado um encontro, Jimin disse que queria me beijar e agora sai com outra?
Sinto meu estômago se revirar. Olhei para as meninas que estavam concentradas em Jisoo.
— Eu vou voltar, não estou me sentindo muito bem. — Elas viraram a cabeça juntas para me olhar, a preocupação era evidente. Então expliquei: — Não é nada demais, eu só acordei muito cedo. E estou com dor de cabeça.
— Vamos voltar então. — Jennie declarou, ela pegou sua bolsa.
— Não, fiquem. Eu vou sozinha, depois me contem tudo. — Levantei-me, elas me encararam confusas. — É sério, fiquem.
Elas assentiram e eu saí, eu andava pisando duro. Eu estava irritada e até decepcionada. A trilha que levava até Hogwarts estava deserta quando eu escorreguei e torci meu tornozelo. Senti uma dor fortíssima, tentei levantar e não consegui me manter de pé. Meus olhos encheram-se de lágrimas, tentei me recordar dos feitiços e não obtive sucesso algum.
Eu preciso de um feitiço, como era ele mesmo? Minha visão estava embaçada.
Escutei alguns passos se aproximarem rapidamente.
— Você está bem? — A voz calma e ofegante do Jimin se tornou presente, eu gemi de dor.
— Acho que fraturei meu pé, tá doendo muito. — Admiti, pisquei algumas vezes para conseguir enxergar melhor.
— Tenho uma poção para isso, é mais seguro que tentar feitiços. — Falou, ele tocou na minha coxa.
— Não consigo andar, pode tentar. — Pedi quase que desesperadamente, ele pressionou os lábios.
— Não, eu ainda não me sinto seguro com esses feitiços. — Admitiu. — Um feitiço conjurado errado pode trazer péssimas consequências, mas minha poção é certeira.
— Eu não consigo andaar. — Falei novamente.
— Não tem problema, eu te carrego. — Ele veio para minha frente, virou de costas. Me joguei para frente passando os meus braços por seu pescoço. Ele segurou minhas coxas com firmeza.
— Como vamos passar sem levar bronca? — Indaguei chorosa.
— Não se preocupe com isso, eles nem observam tanto assim.
Jimin andava rápido, como ele disse ninguém observou ou pareceu se importar com nossa entrada e uma saída proibida. Chegando perto da sala comunal da Sonserina ele foi mais cuidadoso, não devia ter ninguém em seu quarto e meninas não podem ficar entrando no quarto dos meninos.
Como se isso impedisse de alguma coisa, a partir do terceiro ano podemos sair nos finais de semana. Ninguém fica nos vigiando e como hoje três alunas e dois alunos do primeiro ano saíram sem muita dificuldade.
Park me colocou delicadamente na cama, ele virou-se e foi até seu armário atrás da poção. Meu tornozelo estava doendo muito. Estava lutando contra um choro.
— Ei ei, não chore! — Falou, ele sentou-se ao meu lado e passou a mão no meu rosto. — É um Esquelesce vai te curar.
Peguei a poção da sua mão e abri o pequeno frasco, Jimin segurou minha mão. Ele abriu sua gaveta e pegou um chocolate, do meu favorito.
— Tem um gosto horrível, muito ruim mesmo. Porém vc vai ficar novinha em folha.
Eu hesitei, até que veio um pontada de dor forte e eu virei o frasco engolindo toda a poção. Era realmente muito, muito, muito ruim. Ele abriu o chocolate e me entregou, apanhei de sua mão e mordisquei.
— Obrigada! — Agradeci, ele sorriu.
— Por nada, Rosie. — Ele pegou minha mão e me tirou dali, realmente tinha me curado. Eu não sentia mais dor, infelizmente o gosto ainda era um pouco presente.
Saímos cuidadosamente, não seria nada legal se fôssemos pegos juntos ali. Ainda mais sozinhos. Chegando ao corredor ele sentou no mármore, fiquei em pé encarando ele.
— Está tudo bem? — Indagou ainda preocupado.
— Hã?
— Você parecia irritada quando saiu do bar. — Falou, senti minhas bochechas queimarem.
— Ah, isso. Bom não era nada. — Menti, ele me puxou para mais perto.
— Você discutiu com as meninas? Elas fizeram algo?
Eu ri baixinho.
— Está tudo bem, eu não discuti com elas. Só estava cansada. — Menti novamente, ele me olhou receoso.
— Rosie, se estiver acontecendo algo você pode me contar. Não farei nada se for o que vc desejar. — Tranquilizou, eu relaxei. Ele me puxou novamente, mas dessa vez para sentar em seu colo.
— Está tudo bem, eu só estava com dor de cabeça e cansada. — Disse calmamente, então decidi devolver as perguntas. — Mas e você? Por que saiu de lá? Você estava com Yoongi e suas amigas.
— Elas não eram minhas amigas. — Falou com firmeza.
— Não?! E eram o que? — Indaguei, estava com medo da resposta.
— Desconhecidas, nunca as vi. — Falou, eu podia ver a sinceridade no seu olhar.
— Oh. E por que saiu de lá?
— Porque você saiu sozinha, fiquei preocupado. — Admitiu, meu coração traidor acelerou.
— Eu sei me cuidar.
Ele sorriu.
— Eu sei que sabe, você não precisa de mim. Mas é bom ver se está tudo ok, de vez em quando precisamos de ajuda. Não?!
— Realmente, como foi o caso. Obrigada. — Falei cabisbaixa.
— Estamos bem?
— Por que não estaríamos?
— Não sei, pensei que você me odiasse. — Declarou tristemente.
— Impossível!
— Que bom, não suportaria ver você me odiando.
— Eu não conseguiria te odiar. — Olhei nos seus olhos.
— Não tenho tanta certeza, muitos me odeiam.
Isso era verdade, o odiavam sem nenhum sequer motivo.
— Porque não te conhecem.
— Você é a única que me conhece de fato. — Disse, ele colocou uma mecha do meu cabelo de trás da orelha. — Não me importo com o que os outros pensam, desde que você não pense o mesmo.
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